domingo, 30 de dezembro de 2007

Make a Jazz Noise Here - FRANK ZAPPA - CD02


1 The Black Page 6:45
2 T'Mershi Duween 1:42
3 Dupree's Paradise 8:34
4 City of Tiny Lites 8:01
5 Royal March from l'Histoire du Soldat (Stravinsky) :59
6 Theme from 'The Bartok Piano Concerto #3 (Bartok) :43
7 Sinister Footwear, 2nd Movement 6:39
8 Stevie's Spanking 4:25
9 Alien Orifice 4:15
10 Cruisin' for Burgers 8:27
11 Advance Romance 7:43
12 Strictly Genteel 6:36

Este segundo Cd segue uma linha mais coerente, enquanto no primeiro Cd os temas passam por improvisações louquissímas, quase avacalhadas em que tudo parece ser permitido, neste segundo Cd as peças são mais contidas, a improvisação mantêm-se mas mais controlada, e tambem temos mais solos de Zappa em guitarra. Este Cd tambem apresenta mais vocalizações, "City of Tiny Lights", "Stevie's Spanking", "Cruisin' for Burgers" e "Advance Romance", e uma peça de Stravinski e outra de Bartok ambas sob arranjo de Scott Thunes, o baixista de serviço.
A banda em si é de facto um grande ponto aqui, como noutros albuns de Zappa, Chad Wackerman na Bateria é imparável e minuncioso, Scott Thunes no Baixo complementa perfeitamente a secção ritmica, o naipe dos sopros é provavelmente a secção que mais se nota nestes cds dada a sua forte presença e sonoridade, Ed Mann é fundamental na Marimba. Bobby Martin, nos teclados, Mike Keneally e Ike Willis completam a equipa divertida que assegura as partes vocais e guitarras. Fazer parte de uma banda destas deve ser de facto uma experiência única e inesquecível, a riqueza, o humor, o à vontade, isto tudo, claro, depois de muito bem ensaiados e prontos para enfrentar todo o tipo de audiências e surpresas.
Volto aqui a repetir que apesar do título este Cd não tem nada a ver com Jazz, nem com qualquer outro género musical e é isso que faz de Zappa um compositor, e performer, genial. Zappa simplesmente gostava de fazer música sem qualquer espécie de conectividade com géneros, que são mais que muitos. Parafraseando Zappa "falar sobre música é como dançar sobre arquitectura".


terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Make a Jazz Noise Here - FRANK ZAPPA - CD01


1 Stinkfoot 7:39
2 When Yuppies Go to Hell 13:28
3 Fire and Chains 5:04
4 Let's Make the Water Turn Black 1:36
5 Harry, You're a Beast :47
6 The Orange County Lumber Truck :41
7 Oh No 4:43
8 Theme from 'Lumpy Gravy' 1:11
9 Eat That Question 1:54
10 Black Napkins 6:56
11 Big Swifty 11:12
12 King Kong 13:04
13 Star Wars Won't Work 3:40

Edição em CD duplo, como tal vai ser apresentada em duas partes, as usual, e aqui vai o primeiro Cd.
A digressão Europeia e Americana de Frank Zappa em 1988 está bem documentada e repartida por 3 cds oficiais sendo este 1 deles. "Make a Jazz Noise Here" não é um cd de Jazz mas há muita improvisação por aqui, e uma banda muítissimo bem ensaiada como esta e com um líder como este presta-se a grandes aventuras em palco e as audiências agradecem. Interessante a intervenção de Zappa em "Stinkfoot" ao fazer a apresentação da banda, e chegando à vez de apresentar Ed Mann, o homem da Marimba e do Vibrafone, contar que o mesmo Ed Mann, momentos antes de subirem ao palco onde se encontram, teria sido abordado por um fã da banda que o insultou e tratou abaixo de cão por este, num concerto anterior, ter feito mal o solo de Marimba no tema "Dickie's Such An Asshole", então Zappa "obriga" Ed, naquele momento, a repetir o solo como deve ser de forma a compensar o bilhete daquele fã naquela noite. A história terá sido real ou apenas a forma de Zappa o adverter fazendo-o pagar o erro perante uma audiência? Ficou registada.
Este Cd debruça-se mais sobre os temas instrumentais, parte deles nunca editados e quanto a mim practicamente criados no palco, na hora, no momento. "When Yuppies Go To Hell" é um grande exemplo disso mesmo, "Fire and Chains" e "Star Wars Won't Work" são os outros temas, deste primeiro Cd, que vem aqui a sua primeira edição. Os restantes já foram gravados e usados noutras edições mas nunca são apresentados da mesma forma parecem sempre novos, Zappa terá dito uma vez numa entrevista "Going on the road and playing the same songs every night? What kind of a life is that?", realmente Zappa era único.
Os temas aqui apresentados são retirados de diversas performances nos mais diversificados lugares ao longo dos dois continentes, não há uma sequência lógica nem qualquer critério. Alguns temas, tomemos "King Kong" como exemplo, são apresentados como uma só peça mas é na realidade a peça apresentada em três localidades diferentes, diante de três audiências diferentes, sendo depois colada como uma só performance sendo na realidade três, se é que me fiz entender. Este era outro dos trabalhos predilectos e inventivos de Zappa, retirar partes das composições, grande parte das vezes ao vivo, e colá-las noutras peças e ambientes, processo esse que criou essa maravilhosa obra da guitarra que é "Shut Up 'n Play Yer Guitar", mas isso é outra conversa.
Parto assim para o Cd02 e ouvir que surpresas me aguardam.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

BUDDY GUY and Friends - CD02


1 I Didn't Know My Mother Had a Son Like Me (Guy) 5:01
2 Have You Ever Been Lonesome (Guy) 6:23
3 Me and My Guitar (Guy) 4:49
4 Feeling Sexy, Performed by Guy, Phil Guy (Guy) 5:18
5 You Gave Me the Blues, Performed by Guitar Shorty (Kearney) 5:11
6 Texas Flood, Performed by Guy, Phil Guy (Davis, Scott) 5:45
7 Have a Little Mercy, Performed by Jimmy Dawkins (Dawkins) 7:59
8 Garbge Man Blues, Performed by Guy, Phil Guy (Guy) 7:11
9 Shorty Jumps In, Performed by Guitar Shorty (Kearney, Grand) 5:57
10 Ice Around My Heart, Performed by Guy, Phil Guy (Guy) 8:55
11 You Can Make It If You Try (Jarrett) 4:39
12 Breaking Out on Top, Performed by Guy, Phil Guy (Guy) 7:22

Este segundo Cd da colectânea Buddy Guy and Friends continua a senda do primeiro com a excepção de Buddy Guy aparecer menos vezes como líder mas mais como acompanhante do irmão Phil Guy. Guitar Shorty aparece com mais dois temas e Jimmy Dawkins parte a loiça toda com um só tema, mas soberbo.
Nos três primeiros temas Buddy Guy tem um som de guitarra muito saturado, quase como que um efeito Fuzz e sinceramente não gosto muito deste som, pelo menos neste enquadramento. Excelente Jimmy Dawkins em "Have a Little Mercy", uma bela e grandiosa balada Bluesy com o orgão a ter aqui uma boa participação através de Eddie Lusk. "Ice Around My Heart" é outra faixa a ter em conta, com um bom riff a marcar o tema, e Buddy Guy solta o espiríto na balada Soul "You Can Make It If You Try". Os irmãos Guy falam da traição da mulher, toada humoristica em "Garbage Man Blues" e proporcionam um grande momento com uma boa interpretação de "Texas Flood".
É uma boa colectânea capaz de proporcionar bons momentos dos nomes aqui envolvidos, e obviamente que não serão estes os melhores mas isso será sempre impossível de conseguir e não será essa a intenção. Como já foi referido no comentário ao Cd01 esta colectânea limita-se a querer divulgar a dedicação destes homens, como artistas, a um estilo que tem vindo a lutar no meio de tantos outros que aparecem quase todos os dias, e de como são portadores de um "feeling" que nenhuma escola pode ensinar.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

BUDDY GUY and Friends - CD01


1 She Suits Me to a T (Guy) 4:32
2 Girl You're Nice and Clean (Guy) 4:40
3 Stone Crazy, Performed by Guy, Phil Guy (Guy) 5:26
4 Tell Me What's Inside of You (Guy) 9:26
5 Comin' On (Guy) 3:01
6 Love Is Like Quicksand, Performed by Guy, Phil Guy (Jackson) 5:07
7 All I Can Do, Performed by Hubert Sumlin (Sumlin) 5:12
8 Smokin' Dynamite, Performed by Lurrie Bell (Bell) 5:32
9 The Dollar Done Fell (Guy) 6:37
10 Blues at My Baby's House (Guy) 7:07
11 Highway Man Blues, Performed by Jimmy Dawkins (Dawkins) 7:41
12 My Way or the Highway, Performed by Guitar Shorty (Kearney) 5:45
13 I've Got a Right to Love My Woman/Blues in the Night (Guy/Arlen, Mercer)9:10
Esta colectânea de 1996, editada em formato de Cd duplo e acerca da qual vou falar em duas partes, chama-se Buddy Guy and Friends mas tambem pode ser vista como uma pequena síntese dos Blues de Chicago nas últimas décadas uma vez que para além de um apanhado de temas de Buddy Guy, desde uma gravação ao vivo em 1979 a albuns de finais de 80, tambem aparecem por aqui gravações com o irmão Phil Guy como líder, e alguns temas de Jimmy Dawkins, Guitar Shorty, Hubert Sumlin e Lurrie Bell, todos eles nomes ligados aos Blues de Chicago, e as gravações destes são todas de albuns da década de 90, e só para a editora JSP. A colectânea pretende demonstrar como os Blues passaram por um processo de renascimento criativo nas ultimas décadas e de como estes homens contribuiram para o renascimento do género através das suas qualidades de mestres experientes e possuidores de um dom único capaz de proporcionar a emoção que eleva os Blues ao carácter de música emocional, o tal "feeling" que as escolas não conseguem ensinar, servindo aqui Buddy Guy, o rei dos Blues de Chicago, como o melhor exemplo dessas virtudes.
Todos os temas são bons, muito bons mesmo, sem excepção mas mesmo assim vou salientar os temas "Girl You're Nice and Clean", "Comin'On" ou "She Suits me To a T"que são muito ritmados, com um balanço muito Funky, "Smokin' Dynamite" é um Blues explosivo numa interpretação emocionante de Lurrie Bell tal como Buddy Guy o faz com "Blues at my Baby's House". "Stone Crazy" e "Love Is Like Quicksand" em que Buddy Guy acompanha o irmão Phil, e os temas captados ao vivo, "Tell Me What's Inside of You", "The Dollar Done Fell" e "I've Got a Right To Love My Woman/In the Night", que foram gravados no bar de Buddy Guy em Chicago que se chama Checkerboard Lounge, e são tambem eles muito intensos e é interessante o ambiente que se ouve do público.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Has Been - WILLIAM SHATNER


1 Common People, featuring Joe Jackson (Banks, Cocker, Doyle, Mackey, Senior) 4:40
2 It Hasn't Happened Yet 3:49
3 You'll Have Time 5:18
4 That's Me Trying, featuring Aimee Mann and Ben Folds (Folds, Hornby) 3:48
5 What Have You Done 1:46
6 Together, featuring Lemon Jelly 5:39
7 Familiar Love 4:00
8 Ideal Woman 2:23
9 Has Been 2:18
10 I Can't Get Behind That, featuring Henry Rollins 3:00
11 Real, featuring Brad Paisley 3:08

William Shatner é mais conhecido como o famoso capitão James Kirk da nave Enterprise na mítica serie de ficção cientifica, dos anos 60 e 70, Star Trek. Para espanto de muitos, inclusive o meu, ele partilha de uma carreira discográfica curiosa mas deveras interessante com dois albuns editados, o primeiro "The Transformed Man" de 1968, e este "Has Been" em 2004.
Apesar de editado em nome próprio "Has Been" conta com a preciosa parceria de Ben Folds que assume todos os arranjos musicais do album, Shatner é apenas um homem que se entretém por aqui a narrar histórias, algumas bem divertidas, por cima do trabalho musical de Folds, e que conta ainda com a participação de alguns nomes bem conhecidos como Joe Jackson que canta o refrão de "Common People" versão do conhecido tema dos britânicos Pulp, presença de Aimeé Mann e Ben Folds no refrão de "That's Me Trying" com letra do escritor britânico Nick Hornby, "Together" conta com Lemon Jelly, "I Can't Get Behind That" é um bom momento disputado com Henry Rollins, e "Real" tem voz de Brad Paisley. Aparecem ainda por aqui, Adrian Belew em Guitarra, Matt Chamberlain em Bateria, John Mark Patinter em Baixo, Guitarra e Trompete, e Sebastian Steinberg em Contrabaixo.
É um bom trabalho vindo de fontes inesperadas e talvez por isso cause um maior efeito de surpresa começando logo com a boa versão de "Common People". Excelente paródia à temática da morte, num ambiente Gospel, em "You'll Have Time", "Familiar Love" é doce com um bom coro feminino a dar a Harmonia ao tema, grande cowboiada em "Has Been" podia ter vindo de um filme de John Ford, "I Can't Get Behind That" coloca Shatner e Henry Rollins a confrontarem-se com algumas situações bastante intoleráveis, momento bastante divertido, e em "Real" Shatner conta que não passa de um homem normal em detrimento da sua conhecida personagem de ficção.
Vale a pena a aventura neste território dos domínios da narração.

domingo, 2 de dezembro de 2007

L.A. Woman - THE DOORS

Side 1
1 The Changeling 4:21
2 Love Her Madly 3:20
3 Been Down So Long 4:12
4 Cars Hiss by My Window 4:41
5 L.A. Woman 7:53
Side 2
1 L' America 4:38
2 Hyacinth House 3:12
3 Crawling King Snake (Hooker) 5:00
4 The WASP (Texas Radio and the Big Beat) 4:15
5 Riders on the Storm 7:15
Foi o último album dos Doors com Jim Morrison, lançado em 1971, o ano da morte de Morrison. Os Doors encerram em grande forma sem saber que esta seria a última gravação com Jim Morrison, à altura em decadência total devido ao vicío do alcool, e é já com Morrison na Europa, em Paris para não mais voltar, que o album vê a luz do dia.
É um album de Blues, ou melhor, o grande album de Blues dos Doors, o album que Morrison sempre quis. Excepção para "Love Her Madly", tema mais comercial a lembrar os primeiros tempos da banda, "Hyacinth House" é dominado pelo orgão de Ray Manzarek com passagem por Chopin, e "Riders on the Storm" é hipnótico, encerra este album como "The End" encerrou o primeiro album da banda. O resto é pura e simplesmente Blues em grande estilo, com direito a versão de John Lee Hooker em "Crawling King Snake". "Been Down so Long", "Cars Hiss by my Window", "L.A.Woman" e "Crawling King Snake" contam com a presença de uma segunda guitarra, ritmo, de Marc Benno, e há a presença, no album, do baixista Jerry Scheff que viria, na mesma altura, a tornar-se no baixista de Elvis Presley.
"Been Down So Long" é um grande tema, o meu favorito, com um bom fraseado de guitarra, logo seguido do pausado "Cars Hiss by my Window" que termina com um "solo" de Morrison a imitar uma guitarra. "The Wasp" tambem é poderoso com o tempo marcado por um riff construido entre a guitarra e o baixo.
Foi o fim do capítulo, e o início da lenda, para uma banda que surge na altura certa, com o líder certo. A altura em que se deram a conhecer, 1967, era conflituosa e Morrison foi dos líderes mais conflituosos de que a história do Rock tem memória. A sua morte prematura ajudou a criar a lenda.

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Into the Gap -THOMPSON TWINS


1 Doctor! Doctor! 4:40
2 You Take Me Up 4:26
3 Day After Day 3:50
4 Sister of Mercy 5:10
5 No Peace for the Wicked 4:07
6 The Gap 4:46
7 Hold Me Now 4:47
8 Storm on the Sea 5:33
9 Who Can Stop the Rain :45
Edição em vinil de 1984, este "Into the Gap" contêm os hit singles "Hold me Now", "You Take me Up" e "Doctor! Doctor!", qualquer um deles com lugar garantido nos anais do Electro-Pop dos anos 80. Tom Bailey era o líder deste trio e para além de dar voz aos temas tambem tocava Guitarra, Baixo, Sintetizador, Piano, Harmónica e fazia as programações, Alannah Currie era a companheira de Tom e a percussionista de serviço, passando pela Marimba e pelo Xylophone, e Joe Leeway tocava um Prophet V, e Congas.
O trio de origem britânica praticava um som Pop e era detentor de uma imagem muito caracteristica que sempre os identificou. Os temas podem soar Funky, Orientais, ou Africanos, ou podem simplesmente ser belas canções Pop, como "Hold me Now", tudo muito bem acompanhado por sintetizadores, e pelas percussões de Alannah. O album é bastante equilibrado sem ter momentos que possam desestabilizar o trabalho, todos os temas estão ao nível do que nos é aqui apresentado, um bom trabalho Pop.

domingo, 25 de novembro de 2007

Running in the Family - LEVEL42


Side A
1 Lessons in Love 4:04
2 Children Say 4:53
3 Running in the Family 6:12
4 It's Over 6:02
Side B
5 To Be With You Again 5:19
6 Two Solitudes 5:37
7 Fashion Fever 4:35
8 The Sleepwalkers 6:02

Este album deu aos Level42, liderados pelo baixista Mark King, um grande êxito no ano de 1987 com o single "Lessons in Love". É um album Pop mas mais adulto que a maior parte dos albuns e bandas dos Tops da altura. A banda vem de raízes Jazz e Soul e chega pela via comercial a um som mais mainstream, conseguindo assim um trabalho mais consistente e sério.
Esta edição em vinil apresenta 8 temas bem elaborados, por quatro bons músicos britânicos, com uma secção ritmica bem suportada por Mark King no baixo, bastante reconhecido pelo seu Slap, vozes bem enquadradas tal como os teclados. A guitarra têm um toque muito Funky e Boon, guitarrista, apresenta pequenos solos mas muito bem enquadrados.
"Lessons in Love" foi a apresentação deste registo, e o sucesso imediato, "Running in the Family" tambem funcionou bem como single e foi outro dos temas mais ouvidos do album. "Two Solitudes" é uma peça interessante, com guitarra acústica, e "Children Say" vale pela combinação das vozes.
Não é uma referência obrigatória mas ouve-se bem.

Take a Look in the Mirror - KORN


1 Right Now 3:09
2 Break Some Off 2:35
3 Counting on Me 4:49
4 Here It Comes Again 3:33
5 Deep Inside 2:46
6 Did My Time 4:04
7 Everything I've Known 3:34
8 Play Me 3:21
9 Alive 4:30
10 Let's Do This Now 3:18
11 I'm Done 3:23
12 Y'All Want a Single 3:17
13 When Will This End 14:23

Tenho de começar por dizer que só comprei este registo por estar numa promoção de cds a 4euros, e numa grande superfície comercial da qual, obviamente, não vou divulgar o nome.
Não é o primeiro album que adquiro dos Korn, não são uma banda pela qual nutra qual espécie de paixão ou respeito, não gosto da sua atitude agressiva nem da sua imagem, no entanto despertam-me alguma curiosidade musical.
Explodiram com a corrente Nu-Metal, ou Punk, nos anos 90, e o uso das guitarras de 7 cordas que dão mais enfâse a tonalidades mais graves, mas que tambem tornam o som menos perceptível, tal é o enrolamento sonoro, e sempre achei que Jonathan Davis berra demais. Tive sempre a sensação de que iriam desaparecer a curto prazo mas o êxito adquirido ditou o contrário, e acabou por desaparecer primeiro a banda irmã, concorrente, "Limp Bizkit", que eu preferia bastante em detrimento dos Korn. Esta questão da longevidade dos Korn, num género que caiu em desuso, lá anda a história das modas, deve-se provavelmente a uma questão de força interior da banda, força essa que explode toda a energia nos albuns e concertos.
Nesta edição de 2003 encontrei, curiosamente, uma banda amadurecida. O género é o mesmo, Jonathan Davis continua a berrar como ninguem mas já começa a cantar algumas coisas, começa-se a notar alguma melodia. Dá para pensar que a raiva, ou ira, começa a desaparecer da vida destes rapazes, talvez por agora serem mais famosos, e mais ricos, mas ainda há muita força dentro desta banda. O album é isso, são os Korn como já se conheciam num album de boas canções com a força e pujança característica mas um pouco mais equilibrado em termos de estrutura, começa-se a perceber melhor o que se passa dentro de cada música.
A edição do Cd é dupla, traz um Dvd que inclui uma revisão, publicitária, de todos os videos da banda, uma nova mistura do video de "Right Now" e alguns excertos da banda na tournée "The Untouchables" de 2002. O Cd tem ainda uma faixa escondida em que os Korn tocam "One" dos Metallica ao vivo.

domingo, 18 de novembro de 2007

Burning Bridges - NAKED EYES


Side 1
1 Voices in My Head 3:46
2 I Could Show You How 3:24
3 Very Hard Act to Follow 4:01
4 Always Something There to Remind Me (Bacharach, David) 3:41
5 Fortune and Fame 3:16
6 Could Be 2:48
Side 2
7 Burning Bridges 3:34
8 Emotion in Motion 4:40
9 Low Life 3:51
10 Time Is Now 3:22
11 When the Lights Go Out 3:00
12 Promises, Promises 4:26
Pete Byrne (Voz) e Rob Fisher (Teclados) iniciaram o projecto britânico Naked Eyes em 1981 no entanto só em 1983 viriam a editar um album, Burning Bridges. Este trabalho conseguiu algum impacto muito por causa do single, e do video, "Always Something There To Remind Me" uma boa versão do duo autor Bacharach and David. Em 1984 os Naked Eyes voltam à carga com novo registo, Fuel for the Fire, mas sem grandes resultados, em consequência nesse mesmo ano deram por findas as suas actividades como duo. Resume-se assim a curta carreira de mais uma banda Pop nos anos 80 mas ainda há alguma coisa a dizer acerca deste seu primeiro album que afinal não se resume só ao dito single.
Em 1983, com 13 anos, eu era um dos possuidores desse single maravilhoso que era "Always Something There to Remind Me", e adorava a canção, e nem fazia ideia que a música era uma versão de "um tal" de Bacharach. Ao fim de 24 anos venho a adquirir o Lp que tem o referido Single e descubro, para meu espanto, uma obra bem feita à altura de outros trabalhos maiores tidos como referência desta época, hoje tão saudosa.
A Pop electrónica dominou os inícios desta década, os sintetizadores ditaram o som que se ouvia e este album conta com alguns, Rob Fisher usou os seguintes: Fairlight CMI, Synclavier 2, PPG Wave2.2, Emulator, OBX-a, Prophet 5, um Grand Piano e até um Cravo. Como músicos adicionais pode-se ainda contar com o produtor do album, Tony Mansfield, que tambem dá uma ajuda em guitarra, e toca uma bateria electrónica Simmons Drums, C.C.Smith ocupa-se dos sopros, Martin Dobson só para Saxofone e Flauta e um baterista convencional que é Phil Towner.
Como estou a escrever acerca de um Lp posso dividir a opinião pelo que temos um Lado A em grande nível, canções muito equilibradas sem nada a apontar, as quatro primeiras deveriam mesmo constar de um registo acerca de canções, Pop, obrigatórias dos anos 80. A última faixa deste lado, "Could Be", conta com um bem metido solo de Saxofone. Quanto ao Lado B já é menos equilibrado, os quatro primeiros temas são boas canções mas não tão envolventes como as do lado oposto, são construidas de uma forma menos directa, obrigam o ouvinte a prestar mais atenção ao que se passa, "Low Life" foge aos parâmetros iniciais da obra por incluir um modesto arranjo de sopros, por exemplo. Os dois ultimos temas estão ao nível de todo o Lado A, "Promises, Promises" foi inclusive o segundo single e tem forte presença de guitarra eléctrica com direito a um pequeno, mas bom, solo.
É uma obra a re-descobrir pertença de uma época que ainda têm, certamente, muitas pérolas por encontrar. Na altura dizia-se que este género facilmente passaria de moda e rapidamente seria esquecido. Não me parece, pois acontece precisamente o contrário e chego agora à conclusão que tudo deveria ter sido levado mais a sério. A música só passa de moda para os seguidores das modas, para o melómano será sempre um prazer não estar na moda e apreciar o que bem lhe apetece, seja de que época for.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Everything You Always Wanted To Hear On The Moog* - Semi-conducted by Andrew Kazdin and Thomas Z.Shepard


Side 1
1 CHABRIER: España (6.17)
2 LECUONA: Malagueña (3:14)
3 BIZET: Prelude to Act I; Habanera; Introduction to Act I (Los Toreadores) from "Carmen" (5.30)
Side 2
RAVEL: Bolero (14.33)

A turbulenta década de 60 chegava ao fim e após tanta revolução, tanta vontade de alterar a forma de ver o mundo, muitas coisas viriam mesmo a mudar, nomeadamente na arte de fazer música. A década de 70 acelerava rapidamente em direcção ao futuro, novas ideias, novas experiências, novas fusões e novos instrumentos. São tudo situações que ainda hoje acontecem, e ainda bem que estamos em permanente evolução, seja isso bom ou mau, mas na década de 60 começaram-se a desenvolver, mais atenciosamente, conceitos de utilização electrónica na música e nascem as primeiras formas de sintetizadores, que ainda hoje são olhados de soslaio por muitos. Um dos mais conhecidos era o famoso Moog, que inicialmente era uma máquina enorme, dividida por vários módulos. É este Moog que é utilizado neste Lp, editado em 1971, por dois produtores da CBS, Andrew Kazdin e Thomas Z.Shepard. Para além de produtores eram tambem; A.Kazdin contribuiu para bastantes albuns da CBS como arranjador e condutor, compôs algumas obras e tocava profissionalmente Timpanos na zona de Nova Iorque, T.Shepard compôs, arranjou e conduziu, tal como o colega, diversos trabalhos para a CBS e tocava Piano na area da música de câmara.
Ambos decidiram fazer algo inédito na altura, utilizar essa amálgama de osciladores, filtros e amplificadores, denominada de sintetizador Moog, para reproduzirem integralmente uma colecção de peças orquestrais, criteriosamente selecionadas para terem um tratamento natural nesta nova forma de fazer música, as peças escolhidas foram peças elementares da música Espanhola. Nasceu assim este album, hoje em dia mais uma curiosidade do que uma peça fundamental. É interessante passar por esta experiência, ouvir estas peças desta forma que por vezes nos soa bastante cómica, e admirar tal trabalho visto à altura em que foi feito.
De salientar que o Moog não tocava mais que duas notas em simultâneo, quer isto dizer que os dois homens tiveram de tocar as melodias, tal como nas peças originais, individualmente e em algumas vezes eram vinte elementos musicais a precisarem de ser reproduzidos num processo de gravação multi-pistas, ainda em desenvolvimento na altura.
É de ouvir e perceber como a electronica tem vindo a evoluir e pode ser utilizada em qualquer estilo de música.
*but were afraid to ask for

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Emerson, Lake & Palmer - EMERSON, LAKE & PALMER


Side A
1 The Barbarian (Adapted from Bela Bartok's "Allegro Barbaro") 4:35
2 Take a Pebble 12:39
3 Knife-Edge (Adapted from Janaceck's "Sinfonietta") 5:10
Side B
1 The Three Fates: Clotho/Lachesis/Atropos 7:47
2 Tank 6:53
3 Lucky Man 4:40
Foi o primeiro album deste extraordinário trio, datava o ano de 1970, o ano do nascimento deste escriba. Foi fabulosa a forma como o trio se apresentou neste primeiro album, de tal maneira imponentes, tão poderosos e seguros que os dotes virtuosos dos três elementos impressionam facilmente. Keith Emerson, nos teclados, impressiona pela ligeireza com que passeia os dedos pelo Piano e pela forma agressiva como ataca o Orgão. Nota-se a escola clássica a ser aplicada como grande influência e bem incorporada nos temas "The Barbarian", o primeiro do Lp e que é uma adaptação da peça "Allegro Barbaro" de Bela Bartok, e tambem em "Knife-Edge" que é uma adaptação da peça "Sinfonietta" de Janaceck. Carl Palmer é um extraordinário baterista, em constante ritmo, sempre a marcar os andamentos e que tem direito a solo em "Tank". Greg Lake empresta a sua bela voz, toca o Baixo e tambem Guitarra, e é dele o êxito que foi "Lucky Man" o tema em Guitarra acústica que encerra o album e que é a peça mais convencional deste album, uma bonita melodia.
"Take a Pebble" é um longo tema, escrito por Greg Lake, com três andamentos diferentes; a introdução cantada, o devaneio de Keith Emerson no Piano, e um interregno para um solo de Guitarra acústica de Greg Lake, para depois acabar como começou. São 12 longos minutos mas que sabem tão bem. "The Three Fates" é uma peça semelhante, em andamentos, escrita por Keith Emerson que entra violentamente na peça introduzindo o Orgão de uma forma louca e apaixonada, tal como um autêntico Dr.Phibes. Acalma um pouco com um pequeno solo de Piano a que em seguida junta o trio para concluir a peça.
É de facto impressionante a forma como este Trio, pouco convencional na altura e até ainda hoje, conseguia esta sonoridade progressiva, cheia de energia e tão carregada de paixão e inventividade. Eram de facto 3 magníficos músicos e muito criativos.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Taming The Tiger - JONI MITCHELL


1 Harlem in Havana 4:25
2 Man from Mars 4:09
3 Love Puts on a New Face 3:46
4 Lead Balloon 3:38
5 No Apologies 4:17
6 Taming the Tiger 4:18
7 The Crazy Cries of Love 3:54
8 Stay in Touch 2:59
9 Face Lift 4:41
10 My Best to You (Jones, Willadsen) 2:52
11 Tiger Bones 4:22

Em 1998 Joni Mitchell brindou-nos com mais um Cd, pleno de complexas harmonias mas que tão bem nos soam. Wayne Shorter no Sax-Soprano, Brian Blade na Bateria, Larry Klein no baixo e Greg Leisz em Pedal Steel acompanham esta respeitadissíma senhora, tão cuidadosa nas suas obras, e complementam o seu trabalho ajudando a criar a sonoridade jazzística que por aqui paira, excepção para os cinco temas em que Joni Mitchell faz tudo maioritariamente. Wayne Shorter é já um repetente nestas andanças e fica sempre tão bem o seu som de Sax-Soprano. Brian Blade é um baterista minuncioso capaz de criar o ambiente cuidado deste tipo de trabalho, aqui mais como percussionista do que baterista.
Tal como as outras obras de Joni Mitchell são peças com estruturas pouco convencionais, diria mesmo que filosoficamente elaboradas, é preciso apanhar o espírito destes trabalhos e depois de se entrar neles é fácil entender o que não estava evidente. Não há mensagens escondidas só um gosto instituído de criar música de uma forma bem elaborada e prazerosa, não são obviamente peças de que se goste numa primeira audição, é necessário ir entrando e saboreando estas "pequenas" canções, mas tão envolventes.
Uma das grandes particularidades deste album é a utilização por Joni Mitchell de um sintetizador de guitarra, o que lhe possibilitou a utilização de novos sons criados a partir de sons de guitarra e orquestra, os mais explicítos aqui, e permitiu tambem acabar com o problema das afinações.
A única faixa que saliento neste Cd, sem qualquer critério qualitativo, é "Lead Balloon" que é a faixa mais convencional, uma toada mais Rock com Michael Landau na guitarra eléctrica e um registo pouco habitual em trabalhos anteriores de Mitchell, as restantes faixas são as tais canções que Joni Mitchell tão bem cria e partilha com quem adquire os seus trabalhos.

domingo, 4 de novembro de 2007

Bug - DINOSAUR JR.


1 Freak Scene 3:35
2 No Bones 3:42
3 They Always Come 4:25
4 Yeah We Know 5:30
5 Let It Ride 3:34
6 Pond Song 2:54
7 Budge 2:29
8 The Post 3:36
9 Don't 5:39

Os Dinosaur Jr. praticam neste album de 1989, o seu terceiro, um Rock a que chamarei honesto. Trio de guitarra, baixo e bateria soam Rock'n Roll, tanto numa toada mais acústica como arranham altos décibeis de distorção. Soam-me bastante a uns Violent Femmes em estado mais eléctrico. Não era este o som que esperava deste album, contava com uma sonoridade mais potente e mais raivosa, e encontro uma sonoridade controlada e bem construída, excepção feita à anarquia do ultimo tema, "Don't", preenchido com solos descontrolados de guitarra e urros. O resto do conteudo enquadra-se nos cânones estereotipados do Rock'n Roll, cantigas curtas, melodiosas e ritmadas. "Pond Song" numa toada acústica bastante alegre, "Yeah We Know" tem um wha-wha cavalgante, "Let it Ride" podia ter sido dos "Pixies", "Freak Scene" foi a mais badalada.
Foi um dos principais registos a influenciar a sonoridade indie-rock dos anos 90.

domingo, 28 de outubro de 2007

Loveless - MY BLOODY VALENTINE


1 Only Shallow 4:17
2 Loomer 2:38
3 Touched :56
4 To Here Knows When 5:31
5 When You Sleep 4:11
6 I Only Said 5:34
7 Come in Alone 3:58
8 Sometimes 5:19
9 Blown a Wish 3:36
10 What You Want 5:33
11 Soon 6:58
Brumas sónicas, saturadas de distorção, chegam-nos de Dublin e preenchem este album, no entanto é interessante encontrar tanta sensibilidade em tamanha brutalidade. A banda esconde-se, timidamente, por detrás desta muralha de som distorcido, no entanto tão melódico e tão Pop. As letras mal se conseguem perceber mas o canto está bem inserido nas músicas, funde-se de tal forma que a melodia sai fluentemente incorporada na estrutura das canções. Originais? É dificil aceitar, actualmente, alguem como original num universo Pop ou Rock tantas são as influências que podem alterar o curso das coisas, e isso verifica-se aqui pois são várias as sonoridades que aqui se podem encontrar e que neste album, de 1991, quase criam uma colectânea da sonoridade Indie dos anos 80.
Encontrei os inicíos dos New Order em "When You Sleep", construção de acordes tipicamente deles. Em "Blown a Wish" lembrei-me logo dos Cocteau Twins, bela canção. Os Jesus and Mary Chain são constantemente evocados na maior parte dos temas, mas mais evidentes em "Come in Alone", tal como os Sonic Youth, os reis de toda a sonoridade Indie, cujo espirito terá influenciado grandemente a banda a esconder-se por tras da tal muralha distorcida. "To Here Knows When" têm qualquer coisa de minimal, via Philip Glass que tão em voga andou nos anos 80. "I Only Said" é outra faixa que nos entra bem, muito Pop, e "Sometimes" tem uma guitarra acústica a tentar sobreviver a tamanha distorção e consegue-o e distingue-se bem e acaba por criar uma excelente atmosfera, à la Cure. A fechar esta obra, tão apreciada no geral, vem o tema com a sonoridade mais vulgar, "Soon". A bateria aqui, ao contrário dos outros temas, sobressai bastante num ritmo muito dançável ao andamento de Madchester que estava nesta altura em pleno apogeu, quase que parecem os Stone Roses.
Ao evocar tamanhas influências não quero com isso criticar negativamente o trabalho da banda, pelo contrário, acho que usaram muito bem essas influências, e quem é que hoje em dia não é influenciado pelo quer que seja? Pena é não ter surgido mais nenhum trabalho após este lançamento, o terceiro da banda apenas.

sábado, 27 de outubro de 2007

Music of my Mind - STEVIE WONDER


1 Love Having You Around 7:23
2 Superwoman (Where Were You When I Needed You) 8:07
3 I Love Every Little Thing About You 3:55
4 Sweet Little Girl 4:59
5 Happier Than the Morning Sun 5:18
6 Girl Blue 3:36
7 Seems So Long 4:22
8 Keep on Running 6:40
9 Evil 3:33

A carreira musical de Stevie Wonder começou bastante cedo, o seu primeiro album data de 1962, então com 11 anos de idade. 10 anos depois surge este "Music of my Mind" com um talento já amadurecido e no arranque para sua "melhor" fase. É neste album que ele começa a explorar os sintetizadores Moog e Arp que lhe vão dar um dos seus sons mais reconheciveis. A juntar a tudo isto Stevie Wonder assume o papel de produtor e de único músico de serviço sendo pau para toda a obra, exceptuando a presença do guitarrista Buzzy Feiton em "Superwoman" e de Art Baron solo de trombone em "Love Having you Around" todo o resto é executado por Stevie.
"Superwoman" será a peça mais conhecida deste album mas outros momentos a merecer a devida atenção são; "Love Having you Around" o primeiro tema, que abre as honras introduzindo-nos no album ao jeito de Stevie, a alegria, apaixonada, de "I Love Every Little Thing About You", o melódico arpegio de "Happier Than the Morning Sun", e a irrequieta "Keep on Running".
Stevie divide-se pela parafernália das teclas, pela harmónica, tão caracteristica, e até pela bateria. Constroi assim a "música da sua mente".

domingo, 21 de outubro de 2007

Emotive - A PERFECT CIRCLE


1 Annihilation (Borruso, Douglas, Pheng) 2:13
2 Imagine (Lennon) 4:48
3 (What's So Funny 'Bout) Peace, Love and Understanding? (Lowe) 5:03
4 What's Going On (Benson, Cleveland, Gaye) 4:53
5 Passive (Howerdel, Keenan, Lohner, Reznor) 4:10
6 Gimmie Gimmie Gimmie (Ginn) 2:18
7 People Are People (Gore) 3:43
8 Freedom of Choice (Casale, Mothersbaugh) 2:59
9 Let's Have a War (Cramer, Ving) 3:28
10 Counting Bodies Like Sheep to the Rhythm of the War Drums (Howerdel, Keenan) 5:36
11 When the Levee Breaks (Public Domain) 5:55
12 Fiddle and the Drum (Mitchell) 3:06

Ao terceiro album este excelente projecto entregou-se às versões, o que se passou? Falta de inspiração? Necessidade de cumprir contrato e meter rapidamente um novo album na rua? Não sei a resposta a estas questões mas confesso que ao saber que este era um album de versões, excluindo dois temas, "Passive" e "Counting Bodies Like Sheep to the Rhythm of the War Drums", fiquei um tanto ao quanto desconfiado quanto ao seu conteudo, ainda para mais com temas como "Imagine" de John Lennon, "What's Going On" de Marvin Gaye, "When the Levee Breaks" conhecida pela interpretação dos Led Zeppelin ou "Fiddle and the Drum" de Joni Mitchell. Não entendo que critério terá levado à escolha destes trabalhos, acima de tudo históricos mas dos quais não vejo ligação com a banda. Poderão ter sido escolhidos por uma questão de admiração e respeito, no entanto penso que uma banda destas não teria necessidade de recorrer tão cedo a este tipo de trabalho, mas o certo é que depois deste lançamento em 2004 não apareceu nada de novo.
Depois dos medos e das dúvidas acerca do conteudo desta edição é com satisfação que escrevo agora sobre este trabalho. Gosto bastante do que me é aqui apresentado, a banda trabalhou as versões e tornou-as suas vestindo-as com a sua sonoridade. Não vou dizer que estão melhores que os originais, porque não estão, mas estão ao melhor estilo dos "A Perfect Circle" e por isso soam-nos grandiosas e envolventes. "What's Going On", de Marvin Gaye, não tem a sonoridade Soul do original, mas tem uma ambiência etérea e espacial, em contraste "Imagine" de John Lennon, é apresentado ainda mais triste e pesaroso, deve ser o que gostei menos. "People Are People", dos Depeche Mode, não o consigo conhecer aqui, apesar de manter uma linha electronica como o original. "When the Levee Breaks" é um tema de Blues originalmente gravado em 1929, mas mais conhecido pela versão dos Led Zeppelin no grandioso album que é "Led Zeppelin IV" em 1971. Este tema aparece creditado como "Public Domain" isto deve-se ao facto de uma vez que já passaram 78 anos sobre a sua primeira gravação este tema é hoje considerado"Public Domain", significando isso que qualquer um o pode tocar ou gravar sem ter de pagar quaisquer direitos de autor. A versão não tem nada a ver com a dos Led Zeppelin, a mais conhecida, a letra está alterada mas temos aqui outra boa versão com uma sonoridade muito enigmática. "Let's Have a War" é um tema que não conheço no formato original, tal como a banda Punk que o escreveu em 1982, os "Fear", mas é dos que gostei mais.
Como já referi no inicio há aqui dois temas que não são versões, "não" no sentido de não serem temas exteriores à banda. "Passive" foi escrito por Maynard James Keenan, co-fundador da banda, Trent Reznor (Nine Inch Nails) e Danny Lohner para um projecto que tentavam desenvolver chamado Tapeworm mas que nunca chegou a ver a luz do dia. O tema foi adoptado pelos A Perfect Circle e aqui apresentado, como versão. O outro tema em condições semelhantes é "Counting Bodies Like Sheep to the Rhythm of the War Drums" que é, aparentemente, uma sequela de "Pet" do segundo album dos A Perfect Circle "Thirteenth Step", de 2003.
Para quem gosta da banda ser-lhe-á fácil adaptar aos temas, pois soam como os outros albuns da banda, não há razões para preconceitos. Tocar estes temas, dar-lhes novas vidas vestindo-os de uma nova forma é tambem um trabalho de criação que requer uma certa dose de visão pessoal de quem o está a fazer, e essa visão reflecte-se aqui. Quem gosta da banda gosta deste album.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

The Corpse Bride - ORIGINAL SOUNDTRACK


1 Main Titles 2:05
2 According to Plan 3:45
3 Victor's Piano Solo 1:18
4 Into the Forest 4:35
5 Remains of the Day 3:26
6 Casting a Spell 1:25
7 Moon Dance 1:28
8 Victor's Deception 4:00
9 Tears to Shed 2:45
10 Victoria's Escape 2:31
11 The Piano Duet 1:53
12 New Arrival 0:42
13 Victoria's Wedding 3:15
14 The Wedding Song 3:01
15 The Party Arrives 3:21
16 Victor's Wedding 2:08
17 Barkis's Bummer 2:07
18 The Finale 2:35
19 End Credits, Pt. 1 1:50
20 End Credits, Pt. 2 2:33
21 Ball & Socket Lounge Music #1 [Band Version] 2:15
22 Remains of the Day [version] 3:06
23 Ball & Socket Lounge Music #2 1:10
24 Ball & Socket Lounge Music #1 [Combo Version] 2:14

As bandas sonoras são sempre feitas para os respectivos filmes, obviamente. Às vezes é dificil estar a ouvir uma banda sonora sem estar a visualizar o filme, a associação do que ouvimos parece desenquadrado com o momento. O contrário tambem sucede, depois de termos visto determinado filme sabe-nos bem recordar certas passagens que identificamos facilmente através da audição da respectiva banda sonora. Dá para tudo, e apesar de ser trabalhada com o intuito de acompanhar o desenlace cinematográfico, ou outro, a banda sonora não deixa de ser mais uma criação do seu próprio autor, isto no caso da criação de raiz da mesma pois muitas vezes os realizadores limitam-se a adicionar temas já conhecidos que são adaptados às cenas. Quantas músicas já esquecidas no tempo não foram recuperadas assim? O que tambem não deixa de ser interessante.
Danny Elfman é neste caso o compositor de serviço, como já acontecera anteriormente noutros filmes do mestre Tim Burton. O trabalho de Danny Elfman é já facilmente reconhecivel, a sua assinatura é inconfundivel, e Tim Burton deposita nele total confiança e confidentemente lhe entrega a tarefa das partituras de forma a musicar maravilhosamente os seus filmes de sonho.
The Corpse Bride, de 2005, foi mais um desses trabalhos de sonho de Burton, e lá está Danny Elfman a compor mais uma peça. Dá-nos a ambiência visual e sonora de marca desta estranha dupla mas que a todos faz sonhar, mesmo que o tema seja a morte essa temática tão romântica como horrenda. As peças que Elfman compôs para o sub-mundo, dos mortos, são bastante mais alegres que as de cima, do mundo dos vivos, das intrigas, da ganância, da conquista de poder e ânsia de luxuria. No mundo das trevas goza-se a "morte", "vive-se" esse estado de uma forma boémia ao som de Jazz, "Remains of the Day" ilustra este momento da melhor forma, no mundo real vive-se sombriamente ao som de música quase de câmara, as orquestrações são sombrias e por vezes quase sinfónicas. A personagem Victor, a principal, sabe tocar piano e de vez em quando oferece-nos uma pequena peça, triste mas bonita e esperançosa.
O ideal é de facto ver o filme e usufruir da banda sonora no seu esplendor no écran, acompanhar o seu efeito seja ele alegre, ou triste. "The Piano Duet" é um desses momentos que se vivem durante o filme, com o estranho casal a partilhar o piano a duas mãos numa conciliação conjugal. "According to Plan" tambem se vive mais no cinema ao visualizarmos duas familias que aparentam ser o que não são, ao som de uma peça bastante satiríca, e operática.
Este Cd inclui ainda 4 temas bonus que não aparecem no filme, uma versão instrumental do estonteante "Remains of the Day", e 3 variações de uma peça, muito Jazzy, intitulada "Ball & Socket Loungue Music".

domingo, 14 de outubro de 2007

Stellafly - ITHAKA


1 The Bum With Blue Blood 5:31
2 Substance-Free Exhile 3:38
3 The Plot 3:15
4 Eden By the Sea 4:30
5 Ain't no Breeze 3:55
6 Butterfly of Wisdom 5:12
7 Seabra is Mad 4:22
8 Stay Strong Little Brother 4:12
9 Capricorn and Cancer 4:07
10 King Tardy 2:13
11 Sunny the Bunny 2:46
12 Sushi Pack Subway 1:18
13 Alabama Cave Party 7:57
14 The Rise and Fall of a Fortune 4:03
15 Spiritual Graveyard 3:47
16 Upsula of Ithaka 4:35
17 Stellafly 8:32
Obra grande no panorama do Hip-Hop Português no ano de 1997, numa altura em que o estilo ainda não se tinha totalmente afirmado por cá. Confesso não ser grande apreciador do género mas há obras que realmente nos chamam a atenção, seja qual for o género, e esta é uma delas.
Darin Pappas, oriundo da longínqua, e terra de sonhos, Califórnia veio até Portugal e por cá ficou mais as suas pranchas de Surf. É poeta, artista plástico e surfista. Criou o "Korvorão" uma "personagem tão faminta de experiências, o tubarão, como da sua introspecção, o Corvo".
Joe Fossard produziu e criou as músicas, em parceria com Ewan Butler, para este album. Darin Pappas é o poeta que dá a voz e a alma ao projecto Ithaka. Ewan Butler assume as partes de Guitarra e do Baixo, excepto nos temas "Sunny the Bunny" e "Sushi-Pack Subway" dois temas dos Red Beans gravados pela banda, por Fossard, para o album "Even Dogs Like It" e que são aqui emprestados a Darin Pappas para lhes dar a sua voz num ambiente Funky e quase Hardcore.
É um album a descobrir atentamente, tem boa qualidade sonora e os temas são muito bem equilibrados quer musical quer tematicamente, muito introspectivo, com muitos apontamentos a despontar em cada nova audição. "Seabra is Mad" foi uma referência, com a participação em bateria de Sérgio Nascimento dos "Despe e Siga" que tambem aparece no Jazzy "King Tardy", em "Spiritual Graveyard" e a tocar Bongós em "Butterfly of Wisdom". "Spiritual Graveyard" conta tambem com a participação de outro membro dos "Despe e Siga" que é João Cardoso em Orgão, e que bem que ele está, grande ambiente. "Alabama Cave Party" tem Ace dos "Mind Da Gap" a fazer parceria no rap, assim como tambem X-Sista dos "Djamal" participa no rap de "Eden by the Sea" e "Capricorn and Cancer". "Ursula of Ithaka" tem a voz fadista de Marta Dias a evocar essa tristeza nacional que é a nossa sina. A terminar temos "Stellafly" que é um tema bastante interessante e que merece uma boa atenção à letra que evoca as personagens dessa grandiosa peça do teatro, adaptada ao cinema, que é "Um Eléctrico Chamado Desejo". Referência ainda para "The Plot" uma peça que fica logo no ouvido, "Substance Free-Exhile" o tema que mais gostei, tem uma presença forte, e novamente "Butterfly of Wisdom", muito cool com flauta de Gerrard Sarrouy.
Para quem pensa que o Hip-Hop é sempre a mesma coisa, e não passa de uma série de pessoas revoltadas a declamar os seus problemas, tem aqui um bom trabalho a descobrir, de muita esperança e visão. Já lá vão é 10 anos.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Frances The Mute - THE MARS VOLTA


1 Cygnus...Vismund Cygnus: Sarcophagi/Umbilical Syllables/ Facilis Descenus Averni/Con Safo   13:02
2 The Widow   5:50
3 L'Via L'Viaquez   12:21
4 Miranda That Ghost Just Isn't Holy Anymore: Vade Mecum/Pour Another Icepick/Pisacis (Phra-Men-Ma)/Con Safo   13:09
5 Cassandra Geminni: Tarantism/Plant a Nail in the Navel Stream/Faminepulse/Multiple Spouse Wounds/Sarcophagi   32:31

Eis uma edição relativamente recente, saiu em 2005, e que me entusiasmou por completo. Já me tinha entusiasmado bastante com o álbum anterior, "De-Loused in The Comatorium" de 2003, que mesmo assim considero alguns pontos acima deste no entanto ambos são grandiosas obras desta banda extremamente influenciada pelo rock progressivo de inícios dos anos 70. Consigo ver neste álbum uma espécie de aura criada pelos álbuns "Led Zeppelin II e III" e também pela fase experimentalista dos Pink Floyd em "Ummagumma". Para baralhar ainda mais a coisa, a banda também envereda por ondas mais latinas como a salsa e também dá para notar uma aura, mais pequena, de um Carlos Santana a vaguear por estas bandas. Tudo boas referências/influências a que a banda junta ao seu som rock numa atmosfera fortemente elevada por grandes doses de psicadelismo e bafejada de fortes sons de guitarras hard e ritmicamente irrequietas.
O álbum é composto por cinco temas, sendo três deles longas suites, algo a que hoje já não estamos muito habituados. A primeira suite é "Cygnus...Vismund Cygnus" que capta bem o espírito do álbum anterior, segue-se a faixa "The Widow" que nos faz pensar se Robert Plant terá aqui um sucessor e banda à altura, excelente. Em "L'Via L'Viaquez" o tema saltita entre uma sonoridade hard e um ritmo salsa, é um tema bastante intenso e talvez o mais conhecido deste registo. De regresso às suites temos "Miranda That Ghost Just Isn't Holy Anymore" que por vezes lembra a sonoridade "Ummagumma" dos Pink Floyd e daqui até à suite seguinte, a última, estende-se um ambiente mais experimentalista com laivos de free-jazz através de um sax-tenor endiabrado. De referir ainda as presenças, habituais, de Flea e John Frusciante dos Red Hot Chilli Peppers, ou não fossem eles amantes de fortes emoções.
Não é um álbum que se recomende a qualquer um. Apesar de ser um trabalho progressivo não se recomenda, por ex. a fãs dos Yes, agora se se for apreciador de doses mais fortes de progressivo mais experimental e mais hard há aqui trabalho para explorar. Também não tem nada a ver com o progressivo mais metal e mais perfeito de uns Dream Theater, aqui joga-se duro e crú. Não é fácil de encaixar às primeiras audições.

texto revisto em Outubro, 2019

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Heart's Horizon - AL JARREAU


1 All or Nothing at All (Caldwell, Matkosky) 3:57
2 So Good (Shifrin, Vale, Waters) 4:35
3 All of My Love (Mueller, Pescetto, Smith) 4:37
4 Pleasure Over Pain (Goodrum, Graydon) 5:18
5 Yo' Jeans 1:45
6 Way to Your Heart (Cole, Graydon, Jarreau) 4:42
7 One Way (Hughes, Levy) 4:39
8 10K Hi (Jarreau, Saisse) 3:43
9 I Must Have Been A Fool (Matkosky, Champlin) 4:09
10 More Love (Segal) 3:33
11 Killer Love (Jarreau, Lopez, Mancini) 4:10
12 Heart's Horizon (Goodrum, Graydon, Jarreau) 4:40

Al Jarreau é o único vocalista a ter conseguido 3 Grammys sendo cada um numa categoria diferente, Jazz, Pop e R&B. Pode-se assim considerar como um músico completo, versátil e bastante conceituado, não deixa contudo de ter os seus altos e baixos, como todos. O seu registo vocal é facilmente identificável, para quem já o ouviu, e Jarreau sabe bem como utilizá-lo, seja a cantar ou como um outro instrumento.
Neste CD de 1988 colaboram diversos nomes de grande reputação como , G.Duke (teclados e produtor inclusive), D.Sanborn (Sax-Alto em "So Good"), membros dos "Yellow Jackets" (divididos pelos três primeiros temas), E.Klugh (Guitarra clássica em "One Way"), B.McFerrin (que divide o tema "Yo'Jeans" com Jarreau), A.Laboriel ( Baixo em "Pleasure Over Pain", "One Way"), S.Clarke (Baixo em "Heart's Horizon"), K.Whalum (Sax-Tenor em "Killer Love") entre outros.
Interessante a abordagem de Jarreau, e Phillipe Saisse, à utilização de um sampler Akai que utilizam no tema "10k Hi". "One Way" soa tropical com Earl Klugh numa boa prestação de guitarra clássica a criar todo o ambiente do tema, juntamente com as boas vozes secundárias. "So Good" é uma bonita balada em que se destaca o som do Sax-Alto de David Sanborn, e em "Killer Love" tambem o bom som de Sax-Tenor de Kirk Whalum é de apontar. Bela parceria de Bobby McFerrin em "Yo'Jeans", só com as vozes dos dois mestres, dispensam-se os instrumentos. "Way to Your Heart" é, para mim, o tema que está ao melhor nível do que Al Jarreau nos deu em albuns anteriores.
A partir do quinto tema, o album parece encontrar um novo espirito crescendo de interesse e despertando os nossos sentidos, não é um trabalho equilibrado mas suficientemente agradável para os nossos ouvidos.

domingo, 30 de setembro de 2007

Songs From the Night Before - DAVID SANBORN


1 Relativity (Peterson, Sanborn) 4:56
2 D.S.P. (Peterson, Peterson, Sanborn) 5:00
3 Rikke 5:03
4 Listen Here (Harris) 3:29
5 Spooky (Buie, Cobb, Middlebrooks, Shapiro) 3:58
6 Missing You (Peterson, Sanborn) 4:53
7 Rumpelstiltskin (Peterson, Sanborn) 4:16
8 Infant Eyes (Shorter) 3:30
9 Southern Exposure (Peterson, Peterson, Sanborn) 4:36

CD de 1996 para David Sanborn, detentor de um muito caracteristico som no sax-alto, facilmente identificável. Este album foi produzido por Ricky Peterson, que tambem assume os teclados, baixo e programações. Conta ainda com Paul Peterson em programações e guitarra, Dean Brown como principal guitarrista e Don Alias nas percussões, para além do naipe de sopros constituido por John Purcell em clarinete baixo e flauta, George Young em sax-soprano, clarinete e flauta, Dave Tofani no sax-tenor e flauta e Randy Brecker em trompete. É uma banda de bom calibre em que qualquer um destes elementos poderia facilmente destacar-se em alguns temas mas tal não acontece, David Sanborn agarra o album inteiro desde o primeiro tema até ao último sem dar grandes espaços a solos dos músicos, não deixam, obviamente, de ser uma excelente banda de suporte ao saxofonista. Falta referir ainda a presença de músicos como Will Lee, baixista no tema "Missing You", Pino Paladino em baixo fretless no tema "Rikke", Philip Upchurch guitarrista em "Southern Exposure", este tema será porventura a melhor referência para este album, e tambem há Steve Jordan como baterista adicional.
É um album morno e tal como o titulo sugere parece ser uma ressaca da tal noite anterior, não deixa contudo de ser interessante de ouvir, quanto mais não seja pela formação e pelo próprio Sanborn.

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Fresh Fruit For Rotting Vegetables - DEAD KENNEDYS


1 Kill The Poor 3:07
2 Forward to Death 1:23
3 When Ya Get Drafted 1:23
4 Let's Lynch the Landlord 2:13
5 Drug Me 1:56
6 Your Emotions 1:20
7 Chemical Warfare 2:58
8 California Uber Alles 3:03
9 I Kill Children 2:04
10 Stealing People's Mail 1:34
11 Funland at the Beach 1:49
12 Ill in the Head 2:46
13 Holiday in Cambodia 4:37
14 Viva Las Vegas (Pomus, Shuman) 2:42
15 Holiday in Cambodia (Single Version) 3:46
16 Police Truck 2:24
17 Kill the Poor (Single Remix) 3:07
18 In-Sight 1:40
19 Too Drunk to Fuck 2:41
20 The Prey 3:50

Punk made in Califórnia e do melhor que já se fez. Este é o primeiro álbum de originais dos Dead Kennedys, editado em 1980, liderados pelo carismático Jello Biafra, homem que diz tudo o que lhe passa na cabeça, doa a quem doer. Biafra é também um individuo com forte caráter politico e chegou mesmo a concorrer para o cargo de mayor da cidade de San Francisco, por uma aposta, alcançando uma quarta posição na votação final.
A edição aqui apresentada corresponde ao cd duplo que contêm seis faixas bónus, que na prática correspondem aos singles de "Holiday In Cambodia", "Kill The Poor" e "Too Drunk To Fuck" mais os respetivos lados B, prolongando assim o deleite de ouvir este som forte, crítico, duro e cru. "California Uber Alles" é outra grande referência da banda e destaque ainda para "Let's Lynch the Landlord", "Chemical Warfare", "Stealing People's Mail" ou "Funland at the Beach" e "Ill in the Head".
Curiosamente, uma grande parte das bandas que se consideram punk não têm nem de perto a energia, o conteúdo ou a raiva, que os Dead Kennedys tinham. Além destes apontamentos eles detinham também a capacidade e energia de funcionar bem como banda conseguindo transmitir algo mais à música para além dos famosos três acordes. Os Sex Pistols dificilmente conseguiriam fazer um tema como "Holiday in Cambodia" e se os Sex Pistols foram realmente uma fraude os Dead Kennedys podem muito bem ter sido a maior banda punk que o mundo conheceu.

texto revisto em Janeiro, 2021

domingo, 23 de setembro de 2007

Black Tie White Noise - DAVID BOWIE


1 The Wedding 5:04
2 You've Been Around (Bowie, Gabrels) 4:45
3 I Feel Free (Brown, Bruce) 4:52
4 Black Tie White Noise 4:52
5 Jump They Say 4:22
6 Nite Flights (Walker) 4:30
7 Pallas Athena 4:40
8 Miracle Goodnight 4:14
9 Don't Let Me Down & Down (Tarha,Valmont) 4:14
10 Looking for Lester 5:36
11 I Know It's Gonna Happen Someday (Morrissey,Nevin) 4:14
12 The Wedding Song 4:29

David Bowie encetou aqui a sua entrada nos anos 90, uma década em que o Pop/Rock conheceu uma fase mais conturbada, mais negra e mais industrial. Já referi anteriormente esta questão, precisamente em relação a David Bowie e à sua entrega ao som e imagem "sujo" desta década. Neste CD de 1993 Bowie ainda não se entregou à face mais obscura do Rock, antes pelo contrário encontramos um Bowie mais adulto e sério, suportado por uma banda segura e com uma marcação rítmica muito forte. Soa Funky, Soul, Jazzy, mas com um som "pesado" e mais Techno.
Neste album não temos só um Bowie mas sim dois, o "nosso" David Bowie e o trompetista de Jazz Lester Bowie, entretanto falecido em 1999. Lester Bowie era membro do famoso colectivo de Jazz "Art Ensemble of Chicago", uma autêntica instituição cultural da história do Jazz. A Lester Bowie foram entregues pequenos solos em alguns temas, que ele usa de forma rápida e extrovertida, e um tema em particular, "Looking For Lester", que lhe é practicamente oferecido para desbundar em que nos faz lembrar o que Miles Davis fez em "Doo-Bop". David Bowie por sua vez toca muito em Saxofone neste trabalho, o que não era muito vulgar em trabalhos anteriores, limitava-se normalmente a usá-lo em um ou dois temas, aqui utiliza-o na maioria no disco. O som de David Bowie no sax é um som muito próprio, sem grande técnica mas muito pessoal. Outra questão invulgar em álbuns de David Bowie é a inclusão de três temas instrumentais, todos de sua própria autoria, "The Wedding" que abre o álbum como peça instrumental e encerra-o como uma canção, "Pallas Athena" com ambiente de cordas, sintetizadas, muito dançável a fazer lembrar os ambientes dos britânicos "KLF", e o já referido "Looking For Lester".
Importante referir a versão de "I Feel Free" dos Cream, aqui numa roupagem completamente nova, gostei. "You've Been Around" escrito em parceria com o guitarrista Reeves Gabrels dava já na altura o mote para os álbuns, "Outside" e "Earthling" que viriam a surgir um pouco mais à frente, os tais do som "sujo".
É um grande regresso do "Camaleão" depois de uns discretos anos 80, em que se salientou apenas o album "Let's Dance", em 1983, curiosamente produzido por David Bowie e Nile Rodgers, tal como este álbum.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Hold Out - JACKSON BROWNE


1 Disco Apocalypse 5:08
2 Hold Out (Browne, Lindley) 5:37
3 That Girl Could Sing 4:34
4 Boulevard 3:15
5 Of Missing Persons 6:31
6 Call It a Loan (Browne, Lindley) 4:35
7 Hold On Hold Out (Browne, Doerge) 8:08

Jackson Browne nasceu na Alemanha Ocidental em 1948 mas cedo, em 1951, foi para os Estados Unidos da América, nomeadamente para Los Angeles, California. Pode assim ser considerado um grande autor americano, tanto em vendas como em influências. Desde cedo Browne escreveu muita música e algumas figuras bem conhecidas, Linda Ronstadt e os Byrds por exemplo, logo pegaram nesse reportório. Durante os anos 70 encetou uma sólida carreira a solo e este album, "Hold Out" de 1980, acaba por ser o seu único trabalho a alcançar o numero 1 em vendas. Todos os outros estiveram em top ten mas sem alcançar o primeiro lugar de vendas. Este "Hold Out" acaba por conseguir o feito por ter sido trabalhado e editado no pico da popularidade de Jackson Browne. Actualmente não é visto como um dos grandes álbuns de Browne.
Desconheço os trabalhos anteriores, considerados as suas grandes obras, no entanto gostei deste "Hold Out". É um album sentimentalista que vem muito de dentro do autor, acaba por isso por ser um pouco "lamecha" em algumas situações, no entanto tem bons momentos e uma boa banda por trás. Acima de tudo tem um Sr. chamado Bill Payne, em orgão, que é um autêntico Midas do instrumento, onde ele aparece enche o tema de tal forma que preenche qualquer vazio que estivesse eminente. Os dois primeiros temas "Disco Apocalypse" e "Hold Out" são bem evidentes disso, mais até no segundo tema. Bill Payne aparece ainda em "Missing Persons, "Call It a Loan" e no longo "Hold On Hold Out". A secção ritmica é uma parelha habitual em discos de outros autores, como Linda Ronstadt, são eles Russ Kunkel em bateria e Bob Glaub no baixo. Temos ainda Craig Doerge nos pianos e sintetizadores e David Lindley nas guitarras.
"Disco Apocalypse" soou-me como uma canção bem construida, diria mesmo a mais acessível de todo o album. "Boulevard", com Rick Marotta na bateria, é Rock, e "That Girl Could Sing" anda lá por perto, tem um bom riff. "Call It A Loan" é uma boa canção, tipicamente americana. "Hold Out", "Of Missing Persons" e "Hold On Hold Out" são calminhas e introspectivas.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

“Joe Zawinul nasceu a 7 de Julho de 1932 no tempo terrestre e no dia 11 de Setembro de 2007 no tempo eterno. Ele continua vivo”

Little Village - LITTLE VILLAGE


1 Solar Sex Panel 3:47
2 The Action 3:25
3 Inside Job 4:17
4 Big Love 6:26
5 Take Another Look 3:40
6 Do You Want My Job 5:36
7 Don't Go Away Mad 3:39
8 Fool Who Knows 3:46
9 She Runs Hot 3:19
10 Don't Think About Her When You're Trying To Drive 4:33
11 Don't Bug Me While I'm Working 3:56

Quatro nomes de referência, cada um com a sua devida importância. Dois autores importantes da música norte-americana, Ry Cooder e John Hiatt, um britânico, Nick Lowe, e um lendário baterista, também norte-americano, Jim Keltner, criaram esta "Little Village", em 1991. Já se tinham encontrado 4 anos antes como os músicos da sessão de "Bring The Family" de John Hiatt, em 1987, agora a ideia era os quatro criarem uma nova obra em conjunto. Ry Cooder, guitarra e voz; John Hiatt, guitarra e voz; Nick Lowe no baixo e voz, e Jim Keltner na bateria e percussões. Qualquer um deles têm uma carreira reconhecida e inserem-se todos no mesmo estilo, um Rock mais tradicional, com cheirinho rústico. São exímios contadores de histórias, com um estilo muito próprio e a influência da grande paisagem em que habitam, mais uma vez o grande efeito da viagem norte-americana já uma vez aqui referida.
O tipo de som deste CD de 1991, é o mesmo que se pode encontar nos albuns dos respectivos participantes. John Hiatt é a voz principal da maior parte das músicas, e a guitarra de Cooder, inconfundível, anda sempre lá por trás. Ry Cooder só canta um tema, "The Action", neste trabalho.
Chamo atenção para "Big Love", uma das faixas que mais gostei. É um tema pausado em que conseguimos imaginar a poeira do deserto a atravessar as notas da guitarra de Ry Cooder, e a envolver o resto da banda. "Don't Think About Her When You're Trying To Drive" é uma bonita balada de viagem, com arranjo de cordas, e com uma guitarra havaiana a entoar a dor. O drama rural de "Do You Want My Job", é o mais acústico de todos os temas do album, e ainda há ainda um muito dancável "Don't Go Away Mad".
"Little Village" ficou por aqui, não voltou a haver reunião. Foi, talvez, o gozo de uma parte da aventura destes homens.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Tomorrow Is The Question! - ORNETTE COLEMAN


1 Tomorrow Is the Question! 3:09
2 Tears Inside 5:00
3 Mind and Time 3:08
4 Compassion 4:37
5 Giggin' 3:19
6 Rejoicing 4:01
7 Lorraine 5:55
8 Turnabout 7:55
9 Endless 5:18

Não está a ser nada fácil escrever sobre este álbum. Também não é fácil ouvir Ornette Coleman. Penso mesmo ser essa a razão de tanto gostar de o ouvir. O som de Ornette é só dele, o seu fraseado, a sua métrica, a sua arma. É a sua forma de expressão, ou a melhor forma que Ornette Coleman encontrou para se exprimir.
Este trabalho é o 2º da sua carreira, editado originalmente em 1959. É simplesmente um quarteto, mas não é um quarteto vulgar. Don Cherry é um excelente parceiro, em trompete, também com um som muito próprio. Shelly Manne, na bateria, é para mim uma surpresa aqui, não o via como músico à altura de uma sessão destas mas enganei-me, gosto bastante da sua participação. Don Cherry diz nas notas do CD, acerca do pequeno solo de Shelly Mane em "Lorraine", "Is as musical as a drum solo can be." O contrabaixo divide-se por dois nomes, por não ter havido uma só sessão, Percy Heath que toca os primeiros 6 temas e Red Mitchell que toca os 3 ultimos. Esta ordem não corresponde à realidade uma vez que os três ultimos temas foram na realidade os primeiros a serem gravados, e foram precisamente estes 3 os que gostei mais deste CD.
Este album contêm o tema "Turnaround", alvo de diversas versões, e "Rejoicing" tambem uma peça fundamental de Ornette e que tambem já foi alvo de versões.
É de ouvir e tentar perceber o que Ornette nos quer transmitir. Acerca do tema "Compassion" Ornette escreveu "was written for a piano player who wanted to play, but he had the wrong idea. He seemed to think human emotion and mind were just a matter of environment. He's wrong, and I had compassion for him."

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Future Shock - HERBIE HANCOCK


1 Rockit (Beinhorn, Hancock, Laswell) 5:28
2 Future Shock (Mayfield) 8:05
3 TFS (Beinhorn, Hancock, Laswell) 5:47
4 Earth Beat (Beinhorn, Hancock, Laswell) 5:13
5 Autodrive (Beinhorn, Hancock, Laswell) 6:27
6 Rough (Beinhorn, Hancock, Laswell) 6:58
7 Rockit [*] (Beinhorn, Hancock, Laswell) 6:18

"Future Shock" é uma expressão usada por Alvin Toffler no livro, do mesmo nome, editado em 1970 e que o próprio designa como "demasiadas alterações em muito curto espaço de tempo". Curtis Mayfield usou a expressão, tirada do livro, para uma canção sua, no album "Back to the World" em 1973, e 10 anos mais tarde Herbie Hancock recupera-a neste album.
Herbie Hancock teve sempre uma grande apetência por explorar novos instrumentos, e novas tendências, ou seja estar sempre a par do que se passa à sua volta, o que sempre lhe causou pequenos "problemas". Começando por se evidenciar nos anos 60 ao lado de Miles Davis, e dono desde cedo de boa carreira a solo, chocou a comunidade jazzistica ao começar, em finais dos anos 60, a utilizar sintetizadores e pianos electricos. Nos anos 70 adquiriu uma sonoridade mais Funky com os Headhunters, e acompanhou a evolução do Jazz/Rock tal como Miles tambem faria. Isto nunca caiu muito bem nas secções mais puristas, e mais clássicas, no entanto havia todo um novo público pronto a recebê-lo. Em inicios dos anos 80 volta a haver mudanças no mercado musical, nomeadamente a MTV que veio atribuir a importância do videoclip, de uma imagem, a todo o artista. Agora não só se pode ouvir a música como ver quem a interpreta, ou um pequeno filme atribuido à música em questão. O tema "Rockit", o principal deste CD, ganhou inumeros prémios pelo seu video, o que ajudou bastante à divulgação do tema. Outra grande mudança neste trabalho é a entrega de Herbie Hancock a uma nova tendência musical, o Breakdance e daí o Hip-Hop, precisamente o que começava a dar, e para tal foi buscar os préstimos de Bill Laswell como produtor, e de um DJ credenciado na altura, Grandmixer D.ST.
O resultado está aqui, um album inteiramente dividido entre Herbie Hancock e Bill Laswell, exceptuando a versão de Curtis Mayfield, e chegamos mesmo a perguntar-nos a qual dos dois pertence verdadeiramente este album de 1983. O album é todo ele sonoridade de maquinaria, sintetizadores, caixas de ritmo, programação de computadores, mas tambem temos Herbie Hancock a solar piano em "Autodrive", temos som de lyricone por Wayne Shorter, baterias e percussões de Sly Dunbar e Daniel Ponce, guitarra electrica de Pete Cosey, o "scratch" do DJ mencionado, e o baixo electrico de Bill Laswell. Hoje em dia não choca, obviamente, mas não deixa de ser interessante ouvir Herbie Hancock nesta area, pode-se pensar que foi um trabalho de coragem, mas Herbie Hancock já tinha o nome mais que feito e como tal não precisava de dar provas a ninguem limitando-se a fazer o trabalho como ele queria dentro do que se podia fazer mais "à frente" na altura.
As opiniões ainda hoje, passados 24 anos, se dividem e a minha é de que é um trabalho valoroso, e de muito Groove. Pena é que mais músicos não tenham estas iniciativas de vez em quando.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

The Ultra Zone - STEVE VAI


1 The Blood and Tears 4:26
2 The Ultra Zone 4:52
3 Oooo 5:12
4 Frank 5:09
5 Jibboom 3:46
6 Voodoo Acid 6:25
7 Windows to the Soul 6:25
8 The Silent Within 5:00
9 I'll Be Around 4:57
10 Lucky Charms 6:44
11 Fever Dream 6:03
12 Here I Am 4:12
13 Asian Sky 5:34

O virtuoso guitarrista norte-americano assinou em 1999 este Ultra Zone. É mais um grande momento de guitarra com muitas peripécias para ouvir e tentar imaginar como é possível tal coisa. Steve Vai toca mesmo muito e por vezes pode tornar-se aborrecido para quem não esteja disposto a aturar tanta nota e malabarismo. O que quero com isto dizer é que não é um disco para todos, especialmente os que não apreciem obras instrumentais. Mesmo assim trata-se de um disco que contêm cinco faixas cantadas, "Voodoo Acid", "The Silent Within", "I'll be Around", "Here I Am" e "Asian Sky".
Uma das coisas que mais aprecio em Steve Vai é a sua vontade de explorar novos terrenos e novas sonoridades, ele lança-se muito mais facilmente em território experimental do que Satriani, o seu primeiro professor, tornando-se por isso menos maçudo de ouvir. Escrevo como ouvinte, não como músico. Steve Vai explora muitos efeitos e muitas paisagens, nomeadamente as orientais e mais exóticas. O trabalho é muito cuidado e metódico, bastante pormenorizado, sendo "Lucky Charms" o maior exemplo disso, para além de evidenciar a escola de Frank Zappa, que Vai tão bem assimilou. Por falar em Zappa este cd contêm duas faixas-homenagem, "Frank" para Zappa e "Jibboom" para outro mestre que foi Stevie Ray Vaughan.
Não posso deixar de mencionar também "Windows to the Soul", em jeito de balada, com aquela sensibilidade que Vai sabe usar para fazer a guitarra chorar, e "Oooo", uma faixa que sugere uma onomatopeia e soa como tal. A faixa "The Ultra Zone" é potente e dava uma boa banda sonora para uma cena de perseguição de carros.
O registo é um bocado longo, se se retirasse algumas das faixas cantadas não se iria notar a sua falta, mas quem sou eu para tal dizer?
Vale a pena descobrir a Ultra Zone do Steve Vai.

texto revisto em Fevereiro, 2022

sábado, 18 de agosto de 2007

Out There - ERIC DOLPHY


1 Out There (Dolphy) 6:55
2 Serene 7:01
3 The Baron 2:57
4 Eclipse (Mingus) 2:45
5 17 West 4:50
6 Sketch of Melba (Weston) 4:40
7 Feathers (Smith) 5:00

Ainda hoje se questiona, o que mais poderia ter oferecido Eric Dolphy caso não tivesse falecido tão cedo. A sua visão e criatividade teriam muito para dar e surpreender, não há dúvida, mas não o vamos saber. A sua morte em Berlim, Junho de 1964, deixou-nos sem um homem que procurava na Europa quem apreciasse a sua música e também novos músicos que o pudessem acompanhar na sua busca de novas sonoridades.
Esta sessão data de 1960 e representa o primeiro trabalho de Eric Dolphy em nome individual. É um registo surpreendente, com uma formação invulgar; Eric Dolphy em sax-alto, clarinete, clarinete-baixo e flauta transversal, Ron Carter em violoncelo, George Duvivier em contrabaixo e Roy Haynes na bateria. A inclusão de um violoncelo e de um contrabaixo soa, inicialmente, de uma forma estranha. "Como irão soar estes dois instrumentos em conjunto?" e a resposta foi obtida logo no primeiro tema. Ron Carter, não esquecer que é ele quem executa o violoncelo, com arco, tem o papel de segundo instrumento, tal como se fosse um guitarrista, ou outro instrumento mais vulgar de se ver nesta situação. A secção rítmica acompanha em alto nível os dois executantes mas é obviamente Eric Dolphy a personagem principal da sessão.
"Out There" arranca em grande ritmo com Roy Haynes a impor um andamento rápido e autoritário, como condutor deste tema. Eric Dolphy, em sax-alto, soa a Ornette Coleman. Rápido e imparável. Muitas vezes eles foram comparados, o que não agradava a Dolphy por se estarem a comparar as pessoas em detrimento da música, segundo ele. Eram grandes amigos e admiravam-se mutuamente, mas Dolphy achava que esta comparação desviava a atenção dos pormenores musicais de cada um.
"Serene" destaca-se por vários motivos. Aqui Eric Dolphy toca clarinete-baixo, e que bem que ele soa, e temos pequenos solos dos restantes membros com destaque para o solo de George Duvivier logo complementado por Ron Carter, desta vez sem arco, que consegue completar o que Duvivier começou como se fossem o mesmo elemento, admirável. O tema é calmo mas muito envolvente.
"The Baron" é mais uma composição de Dolphy e é sobre Charlie Mingus, que usou esta designação em tempos idos. Mais uma vez temos Dolphy em clarinete-baixo, muito bem secundado por Ron Carter que inicia e finaliza o tema com Dolphy. Carter tem aqui outro excelente apontamento. É um tema curto e rápido.
"Eclipse" é uma composição de Charles Mingus que Dolphy interpreta em clarinete. Soa um pouco a música de câmara mas é uma peça muito contemporânea. Mais uma vez Duvivier e Carter complementam-se na perfeição.
Em "17 West" Dolphy arranca para um dos instrumentos que mais o identifica, a flauta. O som que ele tira do instrumento é muito rico e quente, e usa-o de uma forma muito melódica. Neste tema os restantes elementos voltam a ter bastante espaço para os seus solos. Este tema é o que mais me faz lembrar, curiosamente, a sonoridade que Dolphy virá a usar em "Out to Lunch", em 1964. Há uma sensação de que o tema acaba a meio.
Magistral a forma como Dolhpy tira som da flauta e usa dinâmicas para expressar certos momentos em "Sketch of Melba", um tema de Randy Weston. O tema é quase todo de Dolphy cedendo espaço para um solo grave, em momento não em som, de Carter.
A terminar, uma composição de Hale Smith, "Feathers", em que Dolphy volta ao sax-alto. A entrega de Dolphy neste tema é total, de uma expressividade, e emotividade única. O tema é todo dele numa toada de lamento, mas impressionante. Obra obrigatória.

texto revisto em Abril, 2020

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Haunted Heart - CHARLIE HADEN QUARTET WEST


1 Introduction :37
("The Warner Bros. Logo Fanfarre", 1937, composed by Max Steiner followed by the introducion to "The Maltese Falcon", 1941, composed by Adolph Deutsch)
2 Hello My Lovely (Haden) 6:47
3 Haunted Heart (Dietz, Schwartz) 9:12
(Jo Stafford sings "Haunted Heart" with Paul Weston and His Orchestra in December, 1947)
4 Dance of the Infidels (Powell) 3:50
5 The Long Goodbye (Broadbent) 6:30
6 Moonlight Serenade (Miller, Parish) 9:08
7 Lennie's Pennies (Tristano) 5:15
8 Ev'ry Time We Say Goodbye (Porter) 4:18
(Jeri Southern sings "Ev'ry Time We Say Goodbye" and plays piano with Dave Barbour Trio in March, 1954)
9 Lady in the Lake (Broadbent) 6:09
10 Segment (Parker) 5:32
11 The Bad and the Beautiful (Raskin) 5:32
12 Deep Song (Cory, Cross) 6:05
(Billie Holiday sings "Deep Song" with Bob Haggart and His Orchestra in February, 1947)

Excelente Cd este, em 1991. Charlie Haden (contrabaixo) e o seu Quartet West (Ernie Watts-Saxofone Tenor, Alan Broadbent- Piano e Larance Marable-Bateria), evocam aqui a sonoridade dos filmes de Hollywood nas décadas de 40/50. É a Hollywood desta época que serve de inspiração a Charlie Haden, tambem ele um amante da 7ª arte, que concebeu este album como se de um filme se tratasse. Para tal recorre à samplagem de alguns temas da sua colecção particular, em vinil, para dar ainda mais ênfase ao tipo de som pretendido. Logo a começar, o Cd, a introdução é feita ao som do Logo da Warner Bros. "Fanfarre". Charlie Haden explica que muitos filmes americanos, na década de 40, tinham fanfarras para fazer a introdução ao filme, como tal ele utiliza esta fanfarra, escrita por Max Steiner, que foi muitas vezes usada para introdução de filmes da Warner Bros., e que faz aqui a introdução ao filme "The Maltese Falcon" para logo de seguida entrar a primeira composição deste trabalho, "Hello My Lovely" um tema escrito pelo próprio Charlie Haden, inspirado pela L.A. de Raymond Chandler. Segue-se "Haunted Heart", escrito por Arthur Schwartz-Howard Dietz, uma linda balada primorosamente tocada e que de facto nos transporta a um qualquer filme que idealizemos na nossa cabeça imaginando-nos como personagens vivas desse episódio. No final do tema é inserido um sampler do mesmo tema cantando por Jo Stafford em 1947.
"Dance Of The Infidels" é um tema de Bud Powell e é Ernie Watts que toma as rédeas nesta peça, em que me faz recordar a sonoridade de Stan Getz.
"The Long Goodbye" e "Lady In The Lake", foram escritos por A.Broadbent. São duas belas composições, a primeira cai bem logo numa primeira audição pois tem uma melodia fácil de apanhar, na segunda a sonoridade já se volta a aproximar do contexto inicial e de novo nos sentimos como fazendo parte deste filme dirigido por Charlie Haden.
"Moonlight Serenade", Glenn Miller, é daqueles temas que se reconhecem logo, tantas vezes já ouvimos a sua melodia, a peça é longa e demorada mas bem executada, e Charlie Haden presenteia-nos com um pequeno solo logo no inicio do tema.
"Lennie's Pennies", de Lennie Tristano, e "Segment", de Charlie Parker, são dois temas muito dançaveis e são os momentos de maior acção desta obra.
"Ev'ry Time We Say Goodbye" é um clássico de Cole Porter em que o quarteto quase só faz a introdução pois a maior parte do tema é dominado pelo sampler de Jeri Southern, uma pequena homenagem de Charlie Haden a uma "velha" amiga.
"The Bad and The Beautiful" é a verdadeira banda sonora, aqui recuperada, e para terminar temos mais um belo tema, "Deep Song", em que o quarteto abre para terminar com um sampler, desta vez, da grande Billie Holiday.
Candidato a Óscar.

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Legend - BOB MARLEY AND THE WAILERS


1 Is This Love 3.57
2 No Woman, No Cry (Ford, Marley) 4.06
3 Could You Be Loved 3.36
4 Three Little Birds 3.02
5 Buffalo Soldier (Marley, Williams) 2.46
6 Get Up Stand Up (Marley, Tosh) 3.16
7 Stir It Up 3.41
8 One Love/People Get Ready (Marley, Mayfield) 2.53
9 I Shot the Sheriff 3.49
10 Waiting in Vain 4.07
11 Redemption Song 3.49
12 Satisfy My Soul 3.49
13 Exodus 4.19
14 Jamming 3.19

Este CD é uma colectânea, editada em 1984, do trabalho de Bob Marley com os Wailers. Será provavelmente a mais conhecida e que reune na perfeição os temas mais conhecidos do "embaixador" da Jamaica e seus parceiros mais famosos. A ideia de uma colectânea é mesmo essa, sintetizar os melhores momentos de certa figura, ou fase, e aqui não há nada que não seja conhecido do dominio público. Eu que pensava conhecer mal a carreira de Marley fiquei espantado ao chegar à conclusão de que afinal conheço todos estes temas, seja das pistas de dança, da rádio, ou até do cinema, tal é a extensão da obra. Não vou salientar nada de mais, a oportunidade aqui é ter estes temas todos num só registo. É uma boa forma de começar a ouvir Bob Marley, para quem ainda não conhece, ou de saborear de vez em quando este som das Caraíbas.