quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Just One Night - ERIC CLAPTON - CD01


1 Tulsa Time (D.Flowers)   4:02
2 Early In The Morning (Traditional)   7:11
3 Lay Down Sally   5:35
4 Wonderful Tonight   4:41
5 If I Don't Be There By Morning (B.Dylan/H.Springs)   4:26
6 Worried Life Blues (M.Merriweather)   8:28
7 All Our Past Times 5:00
8 After Midnight (J.J.Cale)   5:37  

Duplo registo gravado ao vivo em dezembro de 1979 no Budokan Theatre, Tokyo, durante a digressão de Backless, "Just One Night" é um testemunho magistral da essência e arte de Eric Clapton em palco numa altura em que o guitarrista britânico se encontrava em grande nível, proporcionando um brilhante registo Blues/Rock onde se sucedem alguns dos seus grandes êxitos. O registo ganha ainda mais importância quando se percebe que Clapton é aqui apoiado por uma banda de excelência onde pontua, entre outros, o exímio guitarrista Albert Lee. No primeiro cd, salientam-se os momentos blues, "Early In The Morning" e "Worried Life Blues", em que também brilha o teclista Chris Stainton, e uma vigorosa interpretação de "After Midnight". "Tulsa Time", "If I Don't Be There By Morning" e "All Our Past Times" são rock clássico e os hits "Lay Down Sally" e "Wonderful Tonight" eram passagens obrigatórias.

sábado, 23 de setembro de 2017

Dummy - PORTISHEAD


1 Mysterons   5:03
2 Sour Times   4:11
3 Strangers   3:55
4 It Could Be Sweet   4:16
5 Wandering Star   4:52
6 It's A Fire   3:44
7 Numb   3:53
8 Roads   5:02
9 Pedestal   3:39
10 Biscuit   5:01
11 Glory Box   5:04                

Em 1994 os ingleses Portishead surpreendiam com a edição de Dummy. O seu primeiro registo original revela a sensualidade da voz de Beth Gibbons associada ao estilo trip hop, eis o núcleo de um registo ambíguo. Dummy sugere um processo original de reconstrução musical, algo minimalista, evidenciado pela utilização de samplers de músicas esquecidas, ou mesmo desconhecidas, que aqui servem de base a novas músicas e a um "novo" estilo. Um sólido trabalho de estúdio por parte de Geoff Barrow, cujas programações sustentam todo um registo em que poucos são os instrumentos utilizados (destaque para os clássicos; piano Rhodes e orgão Hammond), leva a que as músicas balancem sob uma sólida componente rítmica downtempo em que Beth Gibbons surge como veludo, cantando de forma dramática e emocionada sob um cool groove. Soando vintage mas perfeitamente atuais, os Portishead diferenciavam-se então do panorama geral mostrando que também podiam ser jazz ou soul. A atmosfera enigmática de "Mysterons", reforçada pela utilização de um theremin, abre o registo de forma misteriosa indicando o caminho para um desfile de pérolas que se vão revelando peça a peça. "Roads" contêm a estrutura mais complexa do álbum em que "Sour Times", "Strangers", "Numb" e "Glory Box" se destacam pela excelência. A utilização de samplers de temas de Lalo Schifrin, Weather Report, Eric Burdon and War, Johnnie Ray e Isaac Hayes funcionam como uma visita ao passado que pode ajudar a alicerçar os caminhos do futuro.

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

...And Justice For All - METALLICA


1 Blackened   6:40
2 ...And Justice For All   9:44
3 Eye Of The Beholder   6:25
4 One   7:24
5 The Shortest Straw   6:35
6 Harvester Of Sorrow   5:42
7 The Frayed Ends Of Sanity   7:40
8 To Live Is To Die   9:48
9 Dyers Eve   5:12 

Dois anos após o infortúnio que assolou os Metallica em 1986, que custou a vida do baixista Cliff Burton, era editado "...And Justice For All", o quarto registo longa duração, original, da banda. É um álbum poderoso, pleno de dor, raiva e sentimentos de injustiça, em que a banda norte americana extravasa demónios de forma agressiva mas calculada. Os longos temas que compõem o registo são bastante detalhados, ricos em arranjos progressivos, soando como uma orquestração de guitarras bem organizada. A contrastar, temos a questão da notória omissão do baixo de Jason Newsted, praticamente ausente das misturas finais, nunca tendo ficado esclarecido se por opção da banda ou por má gestão técnica. É um trabalho dinâmico, complexo e exigente, em que os temas passam por diversos andamentos sugerindo uma ação progressiva que resulta num registo inteligente, simultaneamente brutal e irrequieto. Autênticas pérolas como "Blackened", "...And Justice For All ", "Eye Of The Beholder", "Harvester Of Sorrow", ou " The Frayed Ends Of Sanityvivem de riffs potentes mas muito bem estruturados. "One" é a peça mais conhecida deste trabalho, uma "balada" que acaba por se transfigurar em revolta, "To Live Is To Die " é uma peça instrumental pensada para Cliff Burton na qual é declamado um pequeno texto da autoria do falecido baixista. "Dyers Eve" fecha o registo à antiga, um tema trash rápido e eficaz.

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

AM-FM - THE GIFT - CDFM


FM
1 Driving You Slow   4:20
2 11:33   3:56
3 Cube   4:57
4 Music   4:33
5 An Answer   4:59
6 Pure   4:10
7 You Know   3:31
8 Red Light   8:51                      

Enquanto a estética de AM se define sob um conceito de sensibilidade e apreciação, FM é mais físico, radical e até experimental, funcionando como um registo provocador que motiva o ouvinte a reagir. A banda Alcobacense deixa-se envolver por uma aura criativa mais abrangente enquanto despe os preconceitos e se mostra mais à vontade, sendo praticamente impossível não sentir o vigor estimulante do seu pulsar. Não foi por mero acaso que os três singles desta dupla edição saíram de FM. "Driving You Slow", "11:33" e "Music" são dignos representantes deste exímio trabalho mas sente-se em "Cube" uma pérola oculta por esta trindade. Depois, há tempo ainda para uma rara alusão rock à la Strokes em "You Know" e um admirável final com as texturas experimentais de "Red Light". Pelo meio fica a vivacidade de "An Answer" e uma piscadela de olho a Bjork em "Pure". São percetíveis neste registo as influências evidentes e a vontade de testar variadas texturas sónicas e rítmicas. Com AM-FM, a plasticidade pop dos The Gift adquire mais detalhe, uma clara evidência do processo evolutivo da banda, e mais confiança. É um trabalho audaz, corajoso e inovador, disposto então a enfrentar, novamente, o panorama musical português. 

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

AM-FM - THE GIFT - CDAM


AM
1 I Am AM   3:01
2 Are You Near?   5:01
3 Wallpaper   5:24
4 Wake Up   5:45
5 1977   4:41
6 Elisa   2:56
7 Bonita   4:55
8 Guess Why   7:23

Foi desde bastante cedo que os portugueses The Gift fizeram questão de mostrar que não eram apenas mais uma banda a percorrer o brando circuito da música portuguesa. Sempre demonstraram ambição e sempre lutaram por conseguir o que queriam e com quem queriam. Nesse sentido, AM-FM começa por ser mais um grande passo. Editado em formato duplo, no ano de 2004, AM-FM funciona em dicotomia numa alusão ao mundo radiofónico com a vertente AM a ser mais clássica, consciente e íntima enquanto a vertente FM se mostra mais espontânea, aguerrida e dançável. A estrutura geral de AM revela-se muito pormenorizada em pequenos detalhes. É impressionante a paleta de sons utilizados ao longo de todo o registo, inteligentemente integrados de forma a enriquecerem toda a partitura. A peculiar pop eletrónica dos The Gift começa aqui a ganhar, de facto, outra dimensão. O álbum arranca com um manifesto pessoal intitulado "I Am Am". É uma peça instrumental em que Nuno Gonçalves assume toda a componente de composição e execução evocando simultaneamente a sua posição AM. O ambiente club de "Are You Near?" consegue ser excitante e misterioso e conduz à beleza sideral de "Wallpaper" para se concluir no sussurrado "Wake Up". "1977" é a composição que mais se destaca, uma canção pop impecável e autobiográfica. "Elisa" é uma bonita canção de amor "moderno", também de caráter autobiográfico. "Bonita" vive de uma estrutura tímbrica muito rica e "Guess Why" encerra este capítulo da melhor forma. Uma combinação entre o clássico e a pop sustentada por um simples arranjo de metais e a sensibilidade de um harmonioso coro de vozes.