segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

The Waterboys - THE WATERBOYS


1 December   6:47
2 A Girl Called Johnny   3:56
3 The Three Day Man   4:07
4 Gala (unedited)   9:30
5 Where Are You Now When I Need You? (Previously released on the 7" single of "December", 1983)   5:05
6 I Will Not Follow   5:16
7 It Should Have Been You   4:28
8 The Girl In The Swing   4:26
9 Savage Earth Heart   6:37
10 Something Fantastic (Previously unreleased)   3:11
11 Ready For The Monkeyhouse (Previously released on the 12" single of "A Girl Called Johnny", 1983)   3:57
12 Another Kind Of Circus (Previously unreleased)   4:04
13 A Boy In Black Leather (Previously unreleased)   7:03
14 December (Previously unreleased original 8-track mix)   6:48
15 Jack Of Diamonds (Previously unreleased)   0:50  

Em Dezembro de 1981 o compositor e multi-instrumentista escocês Mike Scott começou a gravar as suas músicas sozinho em estúdio, acompanhado apenas por loops de bateria pré-gravados. Mike Scott assumia essencialmente o piano e as guitarras, também toca bellzouki, e ainda dava voz às suas composições iniciando o seu projeto como um trabalho a solo. No ano seguinte Scott mantêm o seu trabalho de estúdio e descobre o saxofonista Anthony Thistlewaite e o baterista Kevin Wilkinson que acabam por também participar nas gravações e vão acompanhar o músico escocês nos trabalhos seguintes. Em 1983 já havia matéria suficiente para o lançamento de um disco e tomada a decisão será mesmo algum do repertório gravado nestes anos que integra o primeiro registo oficial dos Waterboys (apesar de ser a alma criativa de todo o projeto, o próprio Mike Scott preteriu o seu nome em lugar de um nome para a "banda")O registo homónimo revela a capacidade criativa de Scott e a evolução do projeto sendo já possível aqui encontrar o cunho que define a sonoridade pop/rock/folk dos Waterboys para os anos seguintes, algumas das músicas destas sessões viriam ainda a ser incluídas no álbum sucessor. O disco inclui desde as primárias e admiráveis gravações de "December", "The Three Day Man" e "Gala" até às vigorosas participações do saxofonista Anthony Thistlewaite no single "A Girl Called Johnny" e em "I Will Not Follow". A edição original em vinil é ainda complementada com as músicas "It Should Have Been You", "The Girl In The Swing" e "Savage Earth Heart". A edição aqui apresentada refere-se ao cd remasterizado a que foram adicionadas sete faixas não incluídas na edição original. "Where Are You Now When I Need You?" ficou fora do alinhamento original do disco à última hora e Mike Scott aproveitou esta edição para a posicionar no lugar correspondente daí aparecer separada dos restantes extras. Juntamente com "Ready For The Monkeyhouse" ambas as músicas foram então editadas como lados b de singles. As restantes só aqui tiveram oportunidade de ser reveladas e funcionam como curiosidade da edição, com "Another Kind Of Circus", em que Mike Scott utiliza também um bandolim, a merecer alguma atenção extra. 

sábado, 21 de dezembro de 2019

Miles Ahead - MILES DAVIS


1 Springsville (J. Carisi)   3:27
2 The Maids Of Cadiz (L. Delibes)   3:53
3 The Duke (D. Brubeck)   3:35
4 My Ship (I. Gershwin/K. Weill)   4:28
5 Miles Ahead (M. Davis/G. Evans)   3:29
6 Blues For Pablo (G. Evans)   5:18
7 New Rhumba (A. Jamal)   4:37
   Medley:
8 The Meaning Of The Blues (R. Troup/L. Worth)   2:48
9 Lament (J.J. Johnson)   2:15
10 I Don't Wanna Be Kissed (By Anyone But You) (H. Spina/J. Elliot)   3:05
    Bónus Tracks
11 Springsville (J. Carisi) (Remake Take 7)   3:14  
12 Blues For Pablo (G. Evans) (Take 1)   3:28
13 Medley (Rehearsal)   5:08
     The Meaning Of The Blues (R. Troup/L. Worth)
     Lament (J.J. Johnson) 
14 I Don't Wanna Be Kissed (By Anyone But You) (H. Spina/J. Elliot)   3:12

Em 1957 o pianista, compositor e arranjador, Gil Evans e o trompetista Miles Davis juntavam-se finalmente para um trabalho conjunto, movido pelo respeito e admiração que os dois músicos partilhavam mutuamente. Gil Evans pegou em peças de vários compositores e criou os arranjos deste repertório para uma orquestra de dezanove elementos mais Miles Davis, que aqui atua como único solista, e o resultado foi "Miles Ahead". Um trabalho incontornável,  "desenhado" como uma suite em que todas as peças estão unidas pelos notáveis arranjos criados por Gil Evans e que funciona sob uma fusão de classicismo com jazz em que Miles Davis brilha no fliscorne em vez do habitual trompete. O registo é maravilhoso, pleno de harmonia, em que o detalhe dos arranjos é fundamental para o funcionamento do álbum na sua plenitude e investe a orquestra numa dinâmica fluída que permite que a "voz" de Miles Davis sobressaia descontraída e distinta. Esta reedição em cd inclui quatro extras retirados das sessões de gravação e em "Springsville", por exemplo, é possível ouvir uma curta prestação de Wynton Kelly no piano que nunca foi editada para a edição original. Apesar de ser habitualmente referenciado como uma das obras maiores do jazz, Miles Ahead é um registo em que não importa o estilo ou o género mas sim a excelência da sua musicalidade. 

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Birth Of The Cool - MILES DAVIS


1 Move (D. Best)   2:32
2 Jeru (G. Mulligan)   3:10
3 Moon Dreams (C. MacGregor/J. Mercer)   3:18
4 Venus De Milo (G. Mulligan)   3:10
5 Budo (B. Powell/M. Davis)   2:10
6 Deception   2:46
7 Godchild (G. Wallington)   3:08
8 Boplicity (C. Henry)   2:58
9 Rocker (G. Mulligan)   3:04
10 Israel (J. Carisi)   2:15
11 Rouge (J. Lewis)   3:13
12 Darn That Dream (E. de Lange/J. Van Heusen)   3:24

Editado apenas em 1957, Birth Of Cool é na realidade uma coletânea que reúne três sessões, duas gravadas em 1949 e uma em 1950, que o trompetista norte americano Miles Davis gravou em formato noneto e que marcam também as primeiras gravações de Miles Davis como líder. Na altura Miles Davis acompanhava ainda o lendário saxofonista Charlie Parker (Bird) mas já sentia necessidade de mostrar e desenvolver o seu próprio som e logo que a oportunidade surgiu reuniu um naipe de músicos tendo o orquestrador Gil Evans como mentor e o saxofonista Gerry Mulligan como um dos principais colaboradores. A "estranha" formação que Miles Davis reuniu era composta, para além do seu trompete, por uma tuba, uma trompa, o sax-barítono de Gerry Mulligan e o sax-alto de Lee Konitz, um trombone, um piano e a secção rítmica contrabaixo e bateria. A invulgaridade desta formação atribui-se à ambição de Miles Davis em ter uma pequena formação que soasse como uma orquestra, na altura a sua referência era a orquestra de Claude Thornhill onde inclusive pontuavam alguns dos membros incluídos nestas sessões, e é sob este conceito que a influência de Gil Evans se torna fundamental nos arranjos para algumas das peças. Os únicos elementos que foram constantes nas três sessões de gravação foram o próprio Miles Davis, os saxofonistas Gerry Mulligan e Lee Konitz e o tubista John Barber. Estas sessões marcaram uma importante viragem no jazz ao impor um novo estilo, mais limpo e arranjado, que se desviava do improviso do be-bop. As peças são curtas e velozes, numa fluidez que até deve mais ao be-bop do que ao cool, mas organizadas e polidas, plenas de harmonia, cuja frieza contrariava a quente agressividade do be-bop.

sábado, 30 de novembro de 2019

The Datsuns - THE DATSUNS


1 Sittin' Pretty   3:05
2 MF From Hell   3:33
3 Lady   3:01
4 Harmonic Generator   3:04
5 What Would I Know   5:35
6 At Your Touch   3:30
7 Fink For The Man   4:34
8 In Love   2:54
9 You Build Me Up (To Bring Me Down)   4:14
10 Freeze Sucker   5:56  

Oriundos da distante Nova Zelândia, os Datsuns editavam o seu álbum de estreia homónimo em 2002 e marcavam pontos com a intensidade do seu fast rock galopante composto por riffs de guitarra eletrizantes e por uma voz gritante e manifestamente impulsiva. As canções são curtas e eficazes, como manda o género, e sucedem-se de forma enérgica ao longo do registo sob uma torrente de desenfreado rock 'n roll manifestamente influenciado pelas sonoridades mais hard da década de 70 onde até nem falta, por vezes, algum som de orgão mais clássico. O rock quer-se direto, enérgico, de forma crua e sem grandes efeitos, e é assim que "Sittin' Pretty", "MF From Hell", "Lady", "Fink For The Man" e "You Build Me Up (To Bring Me Down)" fazem deste registo um empolgante trabalho de estreia para os Datsuns enquanto "Harmonic Generator", "What Would I Know", "At Your Touch", "In Love" e "Freeze Sucker" se mostram algo mais trabalhadas e acabam por se distinguir pelo detalhe. 

terça-feira, 26 de novembro de 2019

Softs - SOFT MACHINE


Side A
1 Aubade   1:51
2 The Tale Of Taliesin   7:20      
3 Ban-Ban Caliban   9:34
4 Song Of Aeolus   4:34    
Side B
1 Out Of Season   5:40
2 Second Bundle   2:35   
3 Kayoo   3:26
4 The Camden Tandem   2:00   
5 Nexus   0:49
6 One Over The Eight   5:22      
7 Etika   2:19

É de forma discreta e singela que os Soft Machine se introduzem em Softs iniciando o registo com "Aubade", uma peça curta e simples em dueto de guitarra acústica e sax soprano, para um registo de fusão, não muito complexo, em que nem o rock é rock nem o jazz é jazz mas sim uma combinação progressiva que flutua num universo paralelo situado algures entre os Camel e a Mahavishnu Orchestra. Editado em 1976, Softs é o nono álbum da banda britânica e centra-se no trabalho de composição do teclista Karl Jenkins, que domina maioritariamente o registo, e também na especificidade de momentos a solo ou em duo pelo que apenas é possível encontrar a banda no seu todo em "The Tale Of Taliesin", "Ban-Ban Caliban", "Song Of Aeolus", "Out Of Season" e "One Over The Eight". Atente-se na riqueza rítmica do baterista John Marshall em "Ban-Ban Caliban" ele que também contribui com "Kayoo", uma peça a solo, e "The Camdem Tandem" em parceria com o guitarrista Etheridge que também se evidencia bastante ao longo do registo pela sensibilidade das suas nuances acústicas e por momentos escaldantes na guitarra elétrica. O saxofonista Alan Wakeman surge apenas por três vezes mas mostra-se fundamental em "Ban-Ban Caliban" e "One Over Eight", peça que ressalta junto do restante alinhamento por ser a única música creditada a toda a banda e pela dinâmica do seu equilíbrio estrutural. A instabilidade da formação dos Soft Machine foi uma constante ao longo da sua existência de tal forma que por esta altura já não restava nenhum membro da formação original pelo que não deixa de parecer irónico o facto de que Mike Ratledge aparece creditado neste registo como músico convidado pela sua participação em "Ban-Ban Caliban" e "Song Of Aeolus".

sábado, 16 de novembro de 2019

Lullabies To Paralyze - QUEENS OF THE STONE AGE


1 This Lullaby   1:22
2 Medication   1:54   
3 Everybody Knows That You Are Insane   4:14
4 Tangled Up In Plaid   4:13   
5 Burn The Witch   3:35   
6 In My Head   4:01   
7 Little Sister   2:53
8 I Never Came   4:48
9 Someone's In The Wolf   7:15   
10 The Blood Is Love   6:37
11 Skin On Skin   3:42
12 Broken Box   3:02   
13 "You Got A Killer Scene There, Man..."   4:56
14 Long Slow Goodbye   6:50
15 Like A Drug (Bonus Track)   3:15
16 Precious And Grace (Bonus Track)   3:23

Em 2005 os norte americanos Queens Of The Stone Age não desiludem e conseguem manter a vivacidade e frescura do seu rock 'n roll viciante contando apenas com Josh Homme como membro da formação original e é sob a sua liderança que editam o quarto álbum de originais. Quatorze canções de "embalar" mais duas músicas extra completam esta enigmática fábula de rock 'n roll habilmente envenenado para paralisar, não de medo, mas através de ágeis riffs de guitarra e de uma estrutura bastante solidificada. O início tenebroso na voz cavernosa de Mark Lanegan deixa logo antever um registo escuro e irrequieto cuja agilidade discorre de música para música em busca de uma linha corrente que une todo o trabalho. Sem pontos mortos ou linhas desinteressantes, o rock 'n roll dos Queens Of The Stone Age flui de forma tão natural que até parece simples mas a sua composição revela arranjos não muito complexos mas muito bem estruturados que evidenciam algum cuidado e harmonia num trabalho que inclui variadas participações em que todos contribuem com um pouco daquilo que têm para dar. 

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Is There Anybody Out There? (The Wall Live 1980-1981) - PINK FLOYD - CD02


1 Hey You   4:24
2 Is There Anybody Out There?   3:08
3 Nobody Home   3:15   
4 Vera   1:27
5 Bring The Boys Back Home   1:20  
6 Comfortably Numb   7:25
7 The Show Must Go On   2:34   
8 MC:Atmos   0:37
9 In The Flesh   4:21   
10 Run Like Hell   7:04   
11 Waiting For The Worms   4:13
12 Stop   0:32
13 Trial   6:00      
14 Outside The Wall   4:27

A dimensão megalómana do concerto The Wall impressionava não só pela sua plenitude mas também pela forma como as músicas realmente encaixam umas nas outras e criam um enredo, sendo de facto ao vivo que melhor se entende como The Wall foi pensado como uma representação para além do álbum. A primeira metade da segunda parte do concerto desenrola-se toda com a banda totalmente oculta pelo muro, facto que gerou algum receio por parte de alguns membros da banda e da produção de que a audiência pudesse pensar que não estaria ninguém a tocar, apenas música a passar. Um belo golpe de teatro. No entanto há momentos em que Roger Waters atua sozinho à frente do palco e David Gilmour surge também por duas vezes em momentos específicos sendo um deles o impactante solo de guitarra de Comfortably Numb, com Gilmour a surgir no topo do muro encadeado por quatro potentes holofotes. Daqui para a frente o concerto conhece alguma intensidade e os Pink Floyd surgem à frente do muro, acompanhados pelos músicos de apoio, com a atuação a desenrolar-se de forma vertiginosa até ao seu culminar com o operático julgamento e respetivo derrube do muro. A banda de apoio está presente ao longo de todo o concerto e mostra-se fundamental porque apesar das músicas serem tocadas tal como no álbum é percetível mais algum enchimento de instrumentos e algumas pequenas variações relativamente à edição de estúdio. Este registo ao vivo ajuda a reforçar a força e importância desta obra assim como o seu caráter teatral.

quinta-feira, 7 de novembro de 2019

Is There Anybody Out There? (The Wall Live 1980-1981) - PINK FLOYD - CD01


1 MC:Atmos   1:13
2 In The Flesh?   3:00
3 The Thin Ice   2:49
4 Another Brick In The Wall - Part 1   4:12
5 The Happiest Days Of Our Lives   1:38
6 Another Brick In The Wall - Part 2   6:18
7 Mother   7:54
8 Goodbye Blue Sky   3:14
9 Empty Spaces   2:14
10 What Shall We Do Now?   1:40
11 Young Lust   5:16
12 One Of My Turns   3:40
13 Don't Leave Me Now   4:07
14 Another Brick In The Wall - Part 3   1:14
15 The Last Few Bricks   3:25
16 Goodbye Cruel World   1:39

Vinte anos depois da edição original do álbum The Wall e da consequente tournée, os Pink Floyd disponibilizaram finalmente a gravação ao vivo que inclui captações feitas em várias datas da digressão que ocorreu em 1980-1981. Quem conhece bem a obra original da banda britânica sabe que o espetáculo segue o alinhamento do álbum e que ao longo da primeira parte do concerto vai sendo construído um muro que depois de concluído acaba por ocultar a banda. A gestão de todo o espetáculo é feita como a de uma peça teatral e está tudo devidamente encenado, o início do concerto, com "In The Flesh?", é feito pela banda de suporte usando máscaras prostéticas das faces dos membros originais enquanto estes aguardam na penumbra do palco para fazerem a sua verdadeira aparição a partir da segunda música. Tal como já referido, o alinhamento do concerto segue rigorosamente o alinhamento do álbum contando apenas com a inserção de "What Shall We Do Now?" que ficou de fora do alinhamento original e "The Last Few Bricks" que funciona como uma espécie de medley intrumental, um apanhado de alguns dos riffs da primeira parte do alinhamento, e ajuda a criar tempo para a conclusão da montagem do muro. As músicas são fielmente tocadas como no álbum havendo espaço para solos mais alargados em "Another Brick On The Wall Part2" e em "Mother". O primeiro cd regista precisamente toda a primeira parte do espetáculo e a versão aqui apresentada refere-se à edição limitada em formato livro com dois cd. O livro inclui variadas fotos do concerto e esquemas da produção de montagem do palco assim como depoimentos dos quatro elementos originais e de quatro dos principais responsáveis pela produção do show.

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Perceptual - BRIAN BLADE FELLOWSHIP


1 Perceptual   6:28
2 Evinrude-Fifty (Trembling)   7:56
3 Reconciliation   6:41
4 Crooked Creek   9:10
5 Patron Saint Of Girls   2:40
6 The Sunday Boys (Improvisation)   1:06
7 Variations Of A Bloodline   9:09
   A. From The Same Blood
   B. Fellowship (Like Brothers)
   C. Mustangs (Class Of 1988)
8 Steadfast   8:15
9 Trembling   2:17

Editado originalmente em 2000, Perceptual é o segundo registo do baterista norte americano Brian Blade, novamente com a formação Fellowship. A empatia desta irmandade é a razão de ser do projeto e é sobre ela que o jovem coletivo se empenha na criação de peças musicais cuidadas e inteligentes que resultam num trabalho pormenorizado e extremamente sensível cuja estrutura assenta em linhas de jazz com fortes vestígios de fusão, nomeadamente da parte da pedal steel de Dave Easley e da guitarra de Kurt Rosenwinkel. A delicadeza das nove peças que integram o álbum, uma delas é uma pequena suite, imprime alguma ligeireza ao registo e realça o forte caráter pessoal de composição manifestamente inspirado pela sensibilidade de factos vividos. Uma sonoridade deliciosa, repleta de frescura, a que se junta a participação especial do jovem guitarrista Kurt Rosenwinkel ao longo de todo o registo, Joni Mitchell empresta o seu charme para "Steadfast" e Daniel Lanois complementa a formação, na guitarra, para as duas últimas músicas. O saxofonista Melvin Butler tem um apontamento genial com um emotivo solo de sax soprano em "Reconciliation", uma peça urgente e gritante. Um registo composto por um ambiente fantástico, digno de uma audição atenta para melhor apreciação.

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Code Violations - GARY THOMAS AND SEVENTH QUADRANT


1 Maxthink   8:24
2 Traf   3:06
3 Zylog   3:40
4 The Dawning Crescent   2:52
5 Code Violations   5:53
6 Pads   5:46
7 Absolute Images   6:23
8 Sybase   6:49
9 Adax   4:14
   Bónus Tracks
10 Trapezoid   2:01
11 Odysseus   5:53

Em Code Violations, o segundo registo de estúdio do saxofonista norte americano Gary Thomas com a formação Seventh Quadrant, editado em 1988, percebe-se uma clara determinação para renovar havendo simultaneamente um manifesto interesse em manter a essência natural do jazz. A quebra de algumas das regras mais tradicionais como a inserção de instrumentos eletrónicos, nomeadamente os sintetizadores e a utilização de um controlador midi, nada que não tivesse já sido feito, revela-se aqui benéfica, com Gary Thomas a conseguir transmitir alguma frescura ao género através de um registo atual em que a inteligente utilização de "novas" tecnologias ajuda a criar novas sonoridades sem que de facto se percam as suas caraterísticas originais, nomeadamente através do processamento midi, não exagerado, da sonoridade do saxofone e do contrabaixo. A versatilidade das onze peças que compõem o alinhamento deste álbum vai sendo exposta ao longo da sua audição, considerando que as duas últimas músicas são bónus não incluído na edição em vinil, mantendo o registo estimulante ao ponto de nem dar para apontar pontos de desinteresse. Gary Thomas exibe um fraseado expressivo, dinâmico e bastante seguro, que se divide entre a execução do sax-tenor e da flauta, surgindo em formato de duo por três vezes e revelando uma forte cumplicidade com o o baterista Dennis Chambers em "Traf" e com o guitarrista Paul Bollenback em "The Dawning Crescent" e "Trapezoid". Nas restantes faixas a banda mantêm uma estrutura forte e sedutora, transmitido um balanço rítmico firme e cativante que prende a atenção pelo seu atrevimento, entrega e acessibilidade.

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Big Time - TOM WAITS


1 16 Shells From A Thirty-Ought-Six   4:10
2 Red Shoes   4:06
3 Underground   2:20
4 Cold Cold Ground   3:18
5 Straight To The Top   2:45
6 Yesterday Is Here   2:57
7 Way Down In The Hole   4:26
8 Falling Down   4:12
9 Strange Weather   3:20
10 Big Black Mariah   2:41
11 Rain Dogs   3:52
12 Train Song   2:54
13 Johnsburg, Illinois   1:32
14 Ruby's Arms   4:44
15 Telephone Call From Istanbul   4:15
16 Clap Hands   4:43
17 Gun Street Girl   4:00
18 Time   4:00

Big Time é o resultado da digressão que Tom Waits levou a efeito no último trimestre de 1987. Editado em 1988 nos formatos audio e video, o registo funciona como a banda sonora dessa mesma digressão cujo repertório abrange essencialmente a trilogia, não pensada como tal, composta pelos álbuns "Swordfishtrombones", "Rain Dogs" e "Franks Wild Years", editados entre 1983 e 1987O conceito de palco para a digressão Big Time manifesta-se como um espetáculo teatral e bastante original em que a peculiaridade da referida trilogia é explorada de forma artística conseguindo transpor para o palco algum ambiente vaudeville distante de qualquer convencionalismo. Tom Waits interpreta uma personagem e através dela recria o seu repertório de forma espantosa acompanhado por uma banda que atua como um bando de saltimbancos à solta numa feira onde transbordam cheiros e cores e onde a música soa extraordinariamente exótica. O alinhamento inclui duas músicas inéditas, "Falling Down" que foi gravado em estúdio e incluído no formato audio, em video não aparece, e "Strange Weather", escrito e oferecido a Marianne Faithfull para inclusão no seu trabalho a solo desse mesmo ano, aparece aqui pela primeira vez numa interpretação de Tom Waits. Esta edição corresponde ao formato cd e contêm mais seis músicas do que a edição em vinil e as versões das músicas na edição em video não correspondem às versões da edição audio. 

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Bright Size Life - PAT METHENY


Side A
1 Bright Size Life   4:45
2 Sirabhorn   5:27
3 Unity Village   3:38
4 Missouri Uncompromised   4:13
Side B
1 Midwestern Nights Dream   6:00
2 Unquity Road   3:36
3 Omaha Celebration   4:17
4 Round Trip / Broadway Blues (O. Coleman)   4:58

Para além de ser o registo que marca a estreia a solo do guitarrista norte americano Pat Metheny em 1976, Bright Size Life carrega ainda o peso de apresentar o baixista norte americano Jaco Pastorius que neste mesmo ano se estrearia igualmente a solo com o seu primeiro álbum. Ambos os músicos tinham participado anteriormente no álbum "Jaco" do pianista Paul Bley que costuma ser apontado como o primeiro registo a solo de Jaco Pastorius mas é realmente um trabalho original do pianista canadiano. A completar o trio que compõe Bright Size Life está o baterista Bob Moses, um elemento mais velho e mais experiente, que acaba por ter um papel moderador ante duas fortes personalidades que viriam a definir novos caminhos dentro do jazzA escolha de Pastorius advém precisamente da vontade de transmitir alguma modernidade à sonoridade deste álbum enquanto a alternativa seria a execução mais classicista do britânico Dave Holland, um senhor do contrabaixo e que seria igualmente uma grande escolha...para outro resultado certamente. Pat Metheny apresenta-se com um fraseado limpo e sereno, ao melhor estilo de Jim Hall que Metheny sempre idolatrou, acompanhado pelo semblante de um Pastorius vigoroso mas comedido e por um Bob Moses atento e pontual. O registo é composto por sete composições originais de Metheny e fecha como um curto medley composto por duas composições originais de Ornette Coleman, outro dos nomes que Metheny sempre idolatrou. Uma sessão calorosa, sem excessos, com o trio focado essencialmente na naturalidade de execução e na dimensão do brilho da linguagem musical sob o selo qualitativo da prestigiada ECM.

domingo, 29 de setembro de 2019

Dance To The Music - SLY & THE FAMILY STONE


1 Dance To The Music   2:59
2 Higher   2:47
3 I Ain't Got Nobody (For Real)   4:25
4 Dance To The Medley   12:11
   a: Music Is Alive
   b: Dance In
   c: Music Lover
5 Ride The Rhythm   2:47
6 Color Me True   3:08
7 Are You Ready   2:49
8 Don't Burn Baby   3:13
9 I'll Never Fall In Love Again   3:24
Bonus Tracks
10 Dance To The Music (Single Version)   2:57
11 Higher (Unissued Single Version)   2:53
12 Soul Clapinn'   2:38
13 We Love All   4:30
14 I Can't Turn You Loose (O. Redding)   3:33
15 Never Do Your Woman Wrong (Instrumental)   3:33  

Sediados em S. Francisco, no epicentro do movimento hippie, em pleno ano de 1968 a colorida soul multiracial de Sly & The Family Stone surgia perfumada com alguma sonoridade pop/rock mostrando-se suficientemente eclética para encontrar o seu próprio espaço num mundo em plena mudança. É neste cenário que Sly Stone edita o seu segundo registo original Dance To The Music. Dominado por um balanço imparável e algum psicadelismo, o registo revela-se como uma jam contínua em que o ritmo comanda o andamento de todo o álbum sob a genuinidade e determinação de uma banda sem preconceitos raciais ou de géneros. É bom sentir Sly Stone no orgão hammond B3, o groove rítmico de Larry Graham no baixo e de Gregg Errico na bateria, a guitarra funky de Freddy Stone e a voz da mana Rose Stone, o pequeno naipe de sopros composto pelo saxofone de Jerry Martin e pela trompete de Cynthia Robinson e a força com que as vozes de todos eles se fazem ouvir ao longo de todo o registo. O efeito criativo da fusão dos estilos dominantes expôs a originalidade do coletivo e em certa medida antevia o futuro da música popular ocidental. A peça central do álbum é o convidativo single "Dance To The Music" que também serve de mote a "Dance To The Medley". A edição especial em formato cd contêm seis faixas extra onde se pode encontrar o single "Dance To The Music" e o quase single "Higher", ambos em versão mono, entre algumas curiosidades como uma versão  para "I Can't Turn You Loose" de Otis Redding.

domingo, 22 de setembro de 2019

Interactivist - CANKER


1 Accusations   3:25   
2 Cold Gate   2:34
3 Unstable   3:11
4 Regeneration   5:00   
5 Mirus   4:00
6 Error Is The Man   3:45      
7 The Miscalculation Of The Photophobia   2:41   
8 Marcha Para A Morte   5:58   
9 Dancing With The DBDs   2:19
10 Loko Loko Man   3:54
.....

Após encerrarem um ciclo como Exomortis em 1997, três membros da formação final da banda de metal de Maceira, Leiria, decidiram no ano seguinte abrir um novo capítulo sob o nome Canker Bit Jesus em demanda de uma estética mais atual em que a voz teria um papel mais evidenciado. A posição de frontman acabou por ser entregue ao peculiar Marciano que encaixou genuinamente na experiente tripulação dos Canker Bit Jesus. A banda entrou num período de atividade que durou cerca de 10 anos, preenchidos com concertos ao vivo, curtas aparições na tv e a edição de autor de dois ep, até que em 2006 conseguem finalmente gravar um álbum completo que seria editado posteriormente, novamente em edição de autor, mas na fase final da banda acabando por ser o canto do cisne dos Canker cujo nome foi abreviado a meio do percurso para evitar algumas confusões. Editado apenas em 2008, Interactivist testemunha que os Canker eram claros herdeiros da sonoridade mais "suja" que caraterizou a década de 90, algures entre o rock mais alternativo e o metal, com músicas preenchidas por vigorosos riffs de guitarra e baixo a que Marciano corresponde de forma instantânea, teatral e por vezes tão sensível como brutal. Os pontos fortes do registo encontram-se em "Regeneration", uma faixa bastante interessante cuja versatilidade nos transporta por densos caminhos que ao longo dos seus cinco minutos vagueiam entre o céu e o inferno, "Mirus", cativante pelo bem conseguido equilíbrio entre a subtileza da harmonia com a magia da sua estrutura e "Marcha Para A Morte", a única música do registo expressa em português, que inicia e encerra em toada folk sendo então reveladora de uma manifesta atitude capaz de antever um hipotético percurso evolutivo para a sonoridade da banda. O registo encerra com "Loko Loko Man" que num mundo perfeito, seja o que for que isso signifique, seria certamente o single a retirar deste álbum.  

sábado, 14 de setembro de 2019

Dreamtime - THE STRANGLERS


Side A
1 Always The Sun   4:53
2 Dreamtime   3:44
3 Was It You?   3:37
4 You'll Always Reap What You Sow   5:14
5 Ghost Train   5:03
Side B
1 Nice In Nice   3:53
2 Big In America   3:17   
3 Shakin' Like A Leaf   2:34
4 Mayan Skies   3:56   
5 Too Precious   6:44

Em 1986, inspirados no conceito existencialista aborígene que crê na unidade total entre os seres e a terra de que vivem, criado pelos ancestrais no tempo dos sonhos, os britânicos Stranglers relaxaram e assim criaram Dreamtime, registado como o seu nono trabalho gravado em estúdio após uma pausa de dois anos sem editar. Dreamtime é realmente um registo moderado e bastante descontraído, mais politicamente correto do que é habitual de ver e ouvir desta rapaziada, contendo uma estrutura musical bastante interessante reforçada pela inclusão dos sopros que ajudam a expandir a importância deste trabalho. No entanto o álbum encontra-se absorvido por alguma da ligeireza pop dos anos 80, datado automaticamente pela sonoridade caraterística de uma época tão colorida e tão viva como foi essa década. Os singles "Always The Sun" e "Big In America" são esclarecedores quanto ao tipo de conteúdo que se pode encontrar em todo o álbum, "Always The Sun" não deixar de ser um belíssimo single, enquanto "Was It You?" é a música que melhor reflete a genuína sonoridade dos Stranglers. A música título "Dreamtime" e a divagação instrumental no final de "Too Precious" são outros momentos bem conseguidos. Apesar de não encaixar muito bem com o longo estatuto da banda, Dreamtime revela-se como um trabalho refrescante numa carreira algo tumultuosa como é a dos Stranglers.

quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Market Square Heroes - MARILLION


Side A
1 Market Square Heroes   3:45
2 Three Boats Down From The Candy   4:33
Side B
1 Grendel   17:40  

Foi com o lançamento do single "Market Square Heroes" em 1982 que os britânicos Marillion oficializaram o início da sua carreira discográfica. O registo aqui apresentado corresponde à edição em formato Ep (12") que é composto por mais uma música, a longa suite "Grendel" que se estende por diversos andamentos ao longo dos seus 17 minutos. Liderados pelo vocalista Fish, os Marillion elaboravam músicas com estruturas complexas revelando-se como dignos herdeiros da sonoridade progressiva que por esta altura já tinha perdido a grande relevância que o género "impôs" durante a década de 70. É interessante ouvir a sonoridade primária da banda nesta fase "inicial", já com detalhe mas ainda com alguma aspereza, para se perceber como o single "Market Square Heroes" se apresenta como uma música bastante intensa e linear que não vai além de uns curtos 3:45, a pensar muito provavelmente no air-play radiofónico, mas as restantes músicas do Ep revelam a insistência da banda em seguir o estilo em que ainda acreditavam e acabam por demonstrar que a coisa afinal não estava assim tão esquecida. A reter que nenhuma destas músicas viria a integrar oficialmente os álbuns de estúdio seguintes; "Market Square Heroes" seria uma das peças obrigatórias do alinhamento ao vivo da banda e daí reaparecer mais tarde no álbum ao vivo "Real To Reel" enquanto o restante alinhamento é possível de encontrar em coletâneas de raridades ou edições com b-sides da banda.

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Burgundy - GEORGE YOUNG


1 St. Thomas (S. Rollins)   4:11
2 Omelette   4:19
3 Burgundy   7:51
4 I Remember Clifford (B. Golson)   6:02
5 Groovin' High (D. Gillespie)   4:41
6 My Foolish Heart (V. Young/N. Washington)   5:29
7 Yum Yum   6:38
8 October   6:06
9 B-Loose Blues (W. Bernhardt)   4:59

Apesar de não desfrutar, ainda hoje, de um grande reconhecimento público, o saxofonista norte americano George Young é dono de um currículo invejável e granjeia um enorme respeito dentro da comunidade musical. Bastante requisitado para as mais diversas prestações, desde gravações de discos de jazz ou de rock/pop, participações em programas de tv e variadíssimas bandas sonoras e ainda como membro integrante do Manhattan Jazz Quintet, Young pouco se dedica a uma carreira em nome próprio. Editado em 1987, Burgundy é apenas o seu segundo registo a solo numa carreira profissional, à data, com aproximadamente trinta anos de existência. O registo apresenta-se bastante acessível e começa por se revelar pela boa disposição das três músicas com que Young nos brinda logo de início, a alegria festiva do icónico "St. Thomas" de S. Rollins e duas peças originais de Young caraterizadas pelo recreativo humor do riff de "Omelette" e pela fluidez de "Burgundy". Como autor, intérprete e solista principal, George Young executa fraseados rápidos no saxofone tenor e apercebe-se uma manifesta cumplicidade com o piano de Warren Bernhardt, com o sax e o piano em uníssono recorrente. Isto é Nova Iorque e a forma sentida como Young se entrega à interpretação de "I Remember Clifford" de B. Golson demonstra-o bem. A enérgica interpretação de "Groovin' High" de D. Gillespie é também relevante e de seguida temos um Young tão cool em "My Foolish Heart", a música com que Toots Thielemans marca a sua aparição neste registo com a sua inconfundível harmónica. Há ainda mais duas peças originais de Young a juntar ao alinhamento; a vivida robustez de "Yum Yum" e a expressiva sensibilidade da cativante melodia de "October". O álbum encerra em andamento de blues com "B-Loose Blues" do pianista W. Bernhardt. De referir que o quarteto se complementa através de uma irrepreensível secção rítmica com Ron Carter no contrabaixo e Al Foster na bateria a garantirem a estabilidade na retaguarda enquanto Young e Bernhardt garantem a melodia. Um registo seguro e bem estruturado para se desfrutar em qualquer ocasião.  

terça-feira, 20 de agosto de 2019

Maiden Voyage (music of Herbie Hancock) - GEORGE KAWAGUCHI


1 Cantaloupe Island (H.Hancock)   5:05
2 Dolphin Dance (H.Hancock)   5:24
3 Watermelon Man (H.Hancock)   5:51
4 Speak Like A Child (H.Hancock)   5:51
5 The Eye Of The Hurricane (H.Hancock)   6:20
6 Funky H.H. (D.Harrison)   7:31
7 Maiden Voyage (H.Hancock)   8:10

Em 1987 o baterista japonês George Kawaguchi viajou pelo repertório mais mediático do pianista norte americano Herbie Hancock e contou com a participação dos japoneses Hideo Ichikawa e Takashi Mizuhashi, piano e contrabaixo respetivamente, a que se juntaram os norte americanos Terence Blanchard, Donald Harrison e Cyrus Chestnutrespetivamente trompete, saxofones e piano, como companheiros de viagem. O registo foi gravado em Tóquio e apresenta-se como um trabalho modesto que assenta essencialmente na curiosidade da fusão de músicos nipónicos e norte americanos. Todas as peças são bem conhecidas dos ouvintes habituais do estilo e são executadas com naturalidade e eficácia, sem grandes desvarios ou virtuosismos. A presença dos músicos norte americanos, essencialmente nos sopros, ajuda a reforçar a sonoridade do registo mas o "trio" nipónico demonstra igualmente bastante segurança. A prestação dos dois pianistas presentes na sessão divide-se entre, "Watermelon Man", "Funky H.H." e "Maiden Voyage" a serem executadas com Cyrus Chestnut ficando as restantes músicas a cargo de Hideo Ichikawa. No final é percetível a intenção deste álbum funcionar como um tributo a Herbie Hancock e um tributo não ficaria completo sem uma dedicação pelo que será nesse juízo que surge nesta sessão a peça "Funky H.H." com assinatura do saxofonista Donald Harrisson, sendo a única música do alinhamento que não pertence a Herbie Hancock. Uma viagem de respeito e admiração.  

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Trio Of Doom - JOHN MCLAUGHLIN, JACO PASTORIUS, TONY WILLIAMS


1 Drum Improvisation - Live (T.Williams)   2:46
2 Dark Prince - Live (J.McLaughlin)   6:36
3 Continuum - Live (J.Pastorius)   5:11
4 Para Oriente - Live (T.Williams)   5:42
5 Are You The One, Are You The One? - Live (J.McLaughlin)   4:51
6 Dark Prince - Studio (J.Mclaughlin)   4:11
7 Continuum - Studio (J.Pastorius)   3:49
8 Para Oriente - Studio Take one (T.Williams)   1:05
9 Para Oriente - Studio Take Two (T.Williams)   0:20
10 Para Oriente - Studio (T.Williams)   5:28  

Editado vinte e sete anos depois da única oportunidade que houve de juntar em palco este power trio do jazz de fusão, Trio Of Doom passou a estar disponível em formato áudio no ano de 2007. O guitarrista John McLaughlin, o baixista Jaco Pastorius e o baterista Tony Williams eram os três elementos de sonho que compunham o Trio of Doom, tal era a genialidade técnica de cada um deles. A oportunidade surgiu em 1979 aquando da realização do festival Havana Jam, Cuba, com cada um destes músicos a marcar presença devido ao compromisso com as suas bandas e com o trio a dispor de 25 minutos em palco para "curtir", o resto é história para contar. O concerto foi gravado para posterior edição mas John McLaughlin terá ficado tão desiludido com a atuação que nunca permitiu a sua edição. Na semana seguinte a banda voltou a reunir-se em estúdio para gravar as mesmas músicas de forma a obter um melhor resultado que pudesse integrar as duas coletâneas que viriam a sair deste festival. A versão em estúdio de "Dark Prince" integrou a primeira coletânea enquanto as versões completas de "Continuum" e "Para Oriente" integraram a segunda coletânea. Às versões de estúdio que integraram as coletâneas foram acrescentadas palmas para soar como gravação ao vivo. Em 2007, já com Pastorius e Williams falecidos, em 1987 e 1997 respetivamente, McLaughlin acedeu a que estes registos fossem finalmente editados. O álbum disponibiliza as duas sessões, ao vivo e em estúdio, permitindo que se perceba finalmente a força de palco que este trio exalava. Sem tempo para grandes preparações, o trio executou três músicas originais de cada um dos intervenientes e ao vivo houve ainda um bónus com "Are You The One, Are You The One?" que McLaughlin e Williams tinham gravado um ano antes. As versões de estúdio estão "limpas", sem as mencionadas palmas, e incluem ainda dois curtos alternate takes de "Para Oriente". Um registo histórico, inédito e eletrificante, que testemunha uma confluência de elementos que a história não voltaria a permitir que se repetisse.

sexta-feira, 9 de agosto de 2019

A Little Light Music - JETHRO TULL


1 Someday The Sun Won't Shine For You   3:59
2 Living In The Past   5:06
3 Life Is A Long Song   3:36   
4 Under Wraps   2:29
5 Rocks On The Road   7:03      
6 Nursie   2:26
7 Too Old To Rock And Roll, Too Young To Die   4:42
8 One White Duck   3:14
9 A New Day Yesterday   7:32
10 John Barleycorn (Trad.)   6:32
11 Look Into The Sun   3:44   
12 A Christmas Song   3:44   
13 From A Dead Beat To An Old Greaser   3:49   
14 This Is Not Love   3:51   
15 Bourée (J.S.Bach/arranged by I.Anderson)   6:04      
16 Pussy Willow   3:28
17 Locomotive Breath   5:50

A Little Light Music testemunha a digressão europeia dos britânicos Jethro Tull em maio de 1992, que se estendeu ainda a Israel, sob a legítima liderança do carismático vocalista e flautista Ian Anderson, que também se apresenta em guitarra acústica, na harmónica e no bandolim, acompanhado pelo habitual guitarrista Martin Barre, pelo baixista Dave Pegg e pelo baterista David Mattacks que ainda dá um jeito nas teclas. Já bastante distantes da sua época de eleição mas o facto é que este registo capta a banda em excelente forma com Ian Anderson em grande estilo e na plenitude das suas habilidades técnicas quer vocais quer instrumentais. O álbum é composto por dezassete músicas, gravadas em várias localizações ao longo da digressão, que revisitam várias fases da carreira da banda sob um set maioritariamente acústico que de vez em quando também explode de eletricidade. O repertório assenta em músicas menos habituais no setlist da banda havendo até espaço para a inclusão de uma adaptação bluesy para "John Barleycorn", uma música folk tradicional britânica adoptada para esta digressão, que não integra nenhum dos álbuns anteriores da banda. Todas as músicas são alvo de uma nova e inspirada roupagem e até as músicas mais recentes ("Rocks On The Road" e "This Is Not Love") revelam boa firmeza e um bom enquadramento no repertório. A qualidade sonora é muito boa e a variedade de estilos desfila entre o rock, os blues, o folk, o clássico e até algum movimento progressivo; tudo música ligeira portanto.... 

domingo, 4 de agosto de 2019

East Bay Grease - TOWER OF POWER


1 Knock Yourself Out   7:08
2 Social Lubrication   7:28
3 The Price   6:09
4 Back On The Streets Again   5:50
5 The Skunk, The Goose, And The Fly   5:55
6 Sparkling In The Sand   9:06

Enquanto a década de 60 se preparava para transmutar nos anos 70 e a cidade de San Francisco assistia serenamente aos últimos dias do movimento hippie, em Oakland, no lado Este da baía, emergia o coletivo Tower Of Power caraterizado como um grupo multiracial que detinha uma potente sonoridade soul/funk dominada por um estrondoso naipe de metais. East Bay Grease é o seu registo de estreia, editado em 1970, e nele se pode sentir o vigoroso ritmo que a banda impõe ao longo das seis faixas que compõem este trabalho que para além da sua força musical também se evidencia pela forte crítica social. A intensidade do groove resultante da escaldante fusão atrás mencionada manifesta-se num trabalho excitante que cresce palpitante sob o regime dos exemplares arranjos para sopros que preenchem toda a estrutura do registo e realmente impulsionam o coletivo. As músicas são particularmente longas mas cativantes, sem manifestas intenções comercias, interrompidas por solos predominantemente jazzísticos que lhes aumentam o caráter. É apenas no final que o álbum acalma um pouco através da sensibilidade de "Sparkling In The Sand", uma peça de grande esplendor técnico. East Bay Grease carateriza-se como uma apresentação de luxo para uma banda que viria a ganhar enorme respeito nos anos seguintes e aqui ainda eram apenas uma amostra...  

segunda-feira, 29 de julho de 2019

Introducing - BRAD MEHLDAU


1 It Might As Well Be Spring (O.Hammerstein/R.Rodgers)   7:46
2 Countdown (J.Coltrane)   4:12
3 My Romance (R.Rodgers/L.Hart)   6:23 
4 Angst   6:11
5 Young Werther   7:11
6 Prelude To A Kiss (D.Ellington)   10:00
7 London Blues   7:00
8 From This Moment On (C.Porter)   6:33
9 Say Goodbye   9:25 

Registo de estreia a solo para Brad Mehldau em 1995, Introducing apresenta o pianista norte americano em formato de trio acompanhado por duas formações diferentes em cada metade do álbum; Larry Grenadier e Jorge Rossy são respetivamente baixo e bateria nas primeiras cinco peças cabendo depois a Christian McBride e Brian Blade, baixo e bateria respetivamente, a tarefa de acompanhar Brad Mehldau nas restantes músicas. O álbum manifesta-se como um bom registo de jazz que escorre espontaneamente das mãos irrequietas de Brad Mehldau. A clássica formação em trio com piano concede a devida atenção ao então jovem pianista que aqui oferece uma prestação fluída na interpretação de algumas peças standard mas que também não hesita em mostrar algum do seu trabalho original. A dançável interpretação de "It Might As Well Be Spring", a corajosa passagem por Countdown de Coltrane, a impressionante sensibilidade em "Prelude To A Kiss" do mestre Duke Ellington e a inclusão do sempre bem vindo Cole Porter com "From This Moment On" são interpretações de categoria mas é a apaixonante entrega em "My Romance" que nos conquista totalmente. Nas peças originais destaque absoluto para o vigor de "London Blues". A coesão de "Angst" e "Young Werther" transmite a confiança e segurança de Mehldau como intérprete e compositor que conclui com "Say Goodbye" como despedida, um início cauteloso que logo cresce animado para fechar da melhor forma um álbum de estreia que surpreende pela já manifesta maturidade.

sábado, 20 de julho de 2019

Sob Escuta - GNR


1 Las Vagas   4:15
2 Música De Ligeia   3:35
3 + Vale Nunca   5:15
4 Costa Atlântica Inevitável   3:20
5 Ciclones   4:40
6 O Costume   4:35
7 Dominó   3:55
8 Lovenita   3:50
9 Rádio Taciturno   6:25
10 Tema De Ligeia   1:45 

Em 1994 os portugueses GNR editavam o seu sétimo registo original de estúdio, intitulado Sob Escuta. Um registo manifestamente ligeiro sustentado pela simplicidade de uma pop minimalista e pouco exigente que denuncia alguma falta de ambição numa banda que anteriormente criou trabalhos bastante ousados. O álbum compõem-se de canções económicas que encontram um forte apoio nos malabarismos fonéticos de Rui Reininho, cuja destreza lírica se mantêm elevada, e na contrastante sonoridade rock do guitarrista Zézé Garcia. O teclista Telmo Marques volta a marcar presença como músico convidado e a sua sonoridade é também preponderante no enchimento sonoro que o registo necessita, mas não tapa tudo, enquanto a inclusão da guitarra flamenco do virtuoso guitarrista espanhol Vicente Amigo em "Las Vagas" e "Lovenita" ajuda a variar a um pouco a coisa mas o espaço concedido é pouco e a sua participação passa quase despercebida. "Las Vagas" e "+ Vale Nunca" destacam-se como singles de radio, "Costa Atlântica Inevitável", "Costume" e "Rádio Taciturno" destacam-se como as peças mais completas musicalmente. 

sábado, 13 de julho de 2019

One On One - CHEAP TRICK


Side A
1 I Want You   3:03
2 One On One   3:05
3 If You Want My Love   3:35
4 Oo La La La   3:15
5 Lookin' Out For Number One   3:41  
Side B
1 She's Tight   2:59
2 Time Is Runnin'   2:20
3 Saturday At Midnight   3:00
4 Love's Got A Hold On Me   2:35
5 I Want Be Man   3:20
6 Four Letter Word   3:39   

Editado em 1982, One On One é o sétimo registo oficial dos norte americanos Cheap Trick e é um possante desvario de energia rock'n roll disposto num louco round em modo non-stop, sempre a rasgar muito perto do limiar do hard rock. Sente-se o crescendo da intensidade à medida que o registo evolui culminando em pleno ebulição no final do segundo lado. Entrando logo ao estilo habitual, "I Want You" é um bom cartão de apresentação a que "One On One", apesar de ligeiramente mais comedido, dá boa continuidade. O single "If You Want My Love" evidencia bem a forte influência que os Beatles tem nos Cheap Trick enquanto "Oo La La La" e "Looking Out For Number One" são "apenas" mais duas peças rock'n roll que encaixam bem na engrenagem. O lado 2 revela-se ainda mais interessante por conter alguns momentos mais ousados. "She's Tight" é um bom single em formato rock'n roll, "Time Is Runnin'" é outra das peças da engrenagem, "Saturday At Midnight" tem uma sonoridade magnífica com algo de new wave e juntamente com "Love's Got A Hold On Me" revela igualmente grande influência das harmonias da histórica banda de Liverpool já atrás mencionada. Neste ponto já está tudo bastante agitado e segue-se algum futurismo em "I Want Be Man" e um final com reminiscências zeppelianas para "Four Letter Word". Uma combinação efervescente de rock, punk, new wave e hard rock sob uma forte carga de energia descarregada pela vigorosa interpretação vocal de Robin Zander, pela destreza do guitarrista Rick Nielsen e impulsionados pelo balanço rítmico da bateria de Bun E.Carlos. O novo baixista Jon Brant entrou com o processo de gravações já a decorrer e apenas participou na gravação de "If You Want My Love", " She's Tight" e "Saturday At Midnight". O baixo das restantes músicas foi gravado pelo guitarrista Rick Nielsen.

sábado, 6 de julho de 2019

I Love Rock'n Roll - JOAN JETT & THE BLACKHEARTS


Side A
1 I Love Rock'n Roll (J.Hooker/A.Merrill)   2:56
2 (I'm Gonna) Run Away   2:27
3 Love Is Pain   3:07
4 Nag (A.Crier)   2:46
5 Crimson And Clover (T.James/P.Lucia)   3:17 
Side B
1 Victim Of Circunstance   2:54
2 Bits And Pieces (D.Clark/M.Smith)   2:07
3 Be Straight   2:40
4 You're Too Possessive   3:36
5 Little Drummer Boy (K.K.Davies/H.Onorati/H.Simone)   4:14

Segundo registo a solo para a guitarrista norte americana Joan Jett (ex-Runaways) e o primeiro com os Blackhearts como banda de apoio. Editado em 1981, o registo manifesta uma evidente excitação rock'n roll num álbum primário em que Joan Jett se afirma como uma verdadeira rocker. O alinhamento divide-se (50/50) entre músicas originais e versões e o ponto alto desta edição centra-se mesmo na imortalizada versão para "I Love Rock'n Roll", um original de 1975 pelos Arrows, que ajudou a levar o nome de Joan Jett ainda mais longe. Dentro das versões encontram-se ainda "Nag", "Crimson And Clover" e "Bits And Pieces", músicas editadas originalmente na década de 60, aqui recuperadas para funcionar com a energia rock dos inícios da nova década de 80. Depois há a curiosa inclusão de "Little Drummer Boy", um clássico de natal original de 1955, que apenas aparece na primeira edição norte americana do álbum. "Little Drummer Boy" foi incluído no alinhamento da primeira edição devido à proximidade da época natalícia aquando da data de edição sendo substituído nas edições seguintes pelo original "Oh Whoe Is Me". A manifesta declaração do single homónimo mantêm-se firme ao longo de todo o registo e a devoção ao rock'n roll carateriza-se ainda pelas restantes músicas originais onde "You're Too Possessive", escrito inicialmente para as Runaways, se destaca como a música mais possante. 

quinta-feira, 27 de junho de 2019

Paradise Theater - STYX


Side A
1 A.D. 1928   1:07
2 Rockin' The Paradise   3:54  
3 Too Much Time On My Hands   4:31
4 Nothing Ever Goes As Planned   4:46
5 The Best Of Times   4:17
Side B
1 Lonely People   4:38
2 She Cares   4:18
3 Snowblind   4:58
4 Half-Penny, Two-Penny   4:34
5 A.D.1958   2:31
6 State Street Sadie   0:27    

No final de 1980 os norte americanos Styx editavam o seu décimo álbum original sob o título "Paradise Theatre", um registo ainda datado pelo rock mais kitsch da década de 70, extremamente polido, cuja genuinidade se perde na procura de demasiada perfeição. Uma produção detalhada, com harmonias vocais orelhudas e grandes arranjos para melodias funcionais, que define um registo ainda proveniente das origens do art rock, pleno de emoção teatral, que no fundo é um álbum concetual cujas histórias decorrem à volta de um velho teatro de Chicago erigido em 1928 e demolido em 1958. O estilo perduraria ainda durante cerca de mais meia década nas mãos de músicos talentosos mas cingido cada vez mais para o mercado FM norte-americano. Os momentos mais interessantes deste registo encontram-se nas variações de estilo de "Nothing Ever Goes As Planned" e no quase hard rock de "Snowblind" e "Half-Penny, Two-Penny". Em algumas edições norte-americanas é possível encontrar a edição em vinil com o logotipo da banda gravado a laser sobre as estrias lado B.

quarta-feira, 19 de junho de 2019

Long Distance Voyager - MOODY BLUES


Side A
1 The Voice   5:11
2 Talking Out Of Turn   7:17
3 Gemini Dream   4:06
4 In My World   7:18
Side B
1 Meanwhile   4:05
2 22.000 Days   5:28
3 Nervous   5:42
4 Painted Smile   3:20
5 Reflective Smile   0:36
6 Veteran Cosmic Rocker   3:07  

Em 1981 uma boa parte das bandas clássicas mais associadas ao movimento rock progressivo, também denominado de rock sinfónico, já tinham perdido a sua forte expressividade mas os britânicos Moody Blues não se sentiam intimidados pelas novas correntes e persistiam com a edição do seu décimo primeiro registo de estúdio sob o título Long Distance Voyager. Os Moody Blues surgem aqui de forma atrevida com a beleza distante de um registo que enfrenta de forma natural uma nova época com uma sonoridade pop/rock consciente e trabalhada. Sem nada a provar perante a nova geração, herdeira do movimento punk, apresentam nove músicas originais categorizadas por um rock amadurecido. Uma inegável capacidade técnica de execução e composição molda um belíssimo trabalho pleno de peças detalhadas e ricas em harmonias. O registo é mesmo dominado pela harmonia cativante e pela então atualidade musical de "Gemini Dream" e "22.000 Days" mas é o primeiro lado da edição em vinil que se destaca como um todo pela sua quase perfeição enquanto o segundo lado quebra um pouco ao expor-se a dinâmicas mais acústicas e finalizar com uma curiosa composição teatral, em tríade, escrita por Ray Thomas. 

segunda-feira, 10 de junho de 2019

Fugazi - MARILLION - CD02


1 Cinderella Search (12" Version)   5:29
2 Assassing (Alternate Mix)   7:38
3 Three Boats Down From The Candy   3:58   
4 Punch & Judy (Demo)   3:47
5 She Chameleon (Demo)   6:32   
6 Emerald Lies (Demo)   5:29
7 Incubus (Demo)   8:09

O cd que complementa a dupla edição remasterizada de Fugazi, em 1998, centra-se em dois lados B de singles e em demos de algumas das versões originais do álbum de 1984. A admirável versão de estúdio de "Cinderella Search", perfeitamente capaz de de pertencer ao alinhamento de qualquer um dos álbuns desta fase dos Marillion, foi apenas editada como o lado b do single "Assassing" enquanto "Three Boats Down From The Candy" foi inicialmente editado como lado b do single "Market Square Heroes", o primeiro registo oficial da banda em 1982, tendo sido regravado nas sessões de Fugazi e aqui incluído como curiosidade. "Assassing" reaparece com uma mistura alternativa em que a parte rítmica é mais evidenciada a partir dos solos enquanto o resto da edição é preenchida com quatro demos que mostram como "Punch & Judy", "She Chameleon", "Emerald Lies" e "Incubus" soavam antes de passarem à fase final. Versões a crú, ásperas mas já muito próximas da versão final, que testemunham a evolução do processo sendo possível perceber que "Emerald Lies" foi a música que mais alterações/arranjos sofreu. Assim se conclui um álbum cujo processo de gravação foi bastante confuso e turbulento sendo daí que o conceito fugazi se encaixa no título, um termo utilizado pelos militares na guerra do vietnam para definir alguém que estava completamente alienado.

terça-feira, 4 de junho de 2019

Fugazi - MARILLION - CD01


1 Assassing   7:01
2 Punch & Judy   3:16
3 Jigsaw   6:44      
Emerald Lies   5:06
5 She Chameleon   6:50   
6 Incubus   8:28   
7 Fugazi   8:10         

Edição remasterizada, editada em 1998 em formato cd duplo, acompanhada de um libreto de 28 páginas que contêm as letras de todas as músicas e algumas curiosidades nas memórias de Fish (vocalista), Simon Hanhart (produtor), Mark Wilkinson (autor da capa) e Mark Kelly (teclista). O primeiro cd apresenta o álbum original enquanto o segundo contêm raridades e demos de algumas das versões originais. 
Editado originalmente em 1984, Fugazi manifesta-se como um registo vigoroso, intensamente dramático e irrequieto, em que se percebe o quão exigente era o detalhe de composição dos britânicos Marillion. A temática do álbum incide no extremismo da relação homem/mulher e assim se entende como o registo se conclui numa intensidade progressiva que balanceia entre a melodia e a aspereza, tanto a nível lírico como musical. O dinamismo técnico de toda a banda é notável e irrepreensível ao longo de uma mistura em que a riqueza pormenorizada dos detalhes técnicos é perfeitamente audível. "Assassing" e "Incubus" estão certamente entre as melhores composições dos Marillion com Fish na voz e os vários andamentos de "Fugazi" tornam-na muito provavelmente na música mais progressiva da banda. Sem tanto destaque mas igualmente de eleição estão "Emerald Lies" e "She Chameleon". 

quarta-feira, 29 de maio de 2019

The Way It Is - BRUCE HORNSBY AND THE RANGE


1 On The Western Skyline   4:42
2 Every Little Kiss   5:47
3 Mandolin Rain   5:18
4 The Long Race   4:22
5 The Way It Is   4:56
6 Down The Road Tonight   4:25
7 The Wild Frontier   4:02
8 The River Runs Low   4:26
9 The Red Plains   5:00  

Foi em 1986 que o norte americano Bruce Hornsby se apresentou ao mundo como autor, pianista e intérprete, acompanhado pelos The Range. "The Way It Is" iniciou um percurso que este coletivo percorreu durante três álbuns e depois Hornsby seguiu sozinho por essa estrada fora. Partilha o mesmo espaço que Bob Seger e Bruce Springsteen mas não se apresenta como um rebelde na medida em que estes o foram nem se alimenta do mesmo romantismo que sustenta as canções desses dois grandiosos artistas pelo que, apesar de também escrever sobre vivências, as suas histórias são mais adultas, algo elaboradas e bastante visuais. Os caminhos e as paisagens que cruzam a américa do norte são uma das grandes inspirações de Bruce Hornsby que assim escreve canções/histórias, muitas vezes co-escritas com o irmão J.Hornsby, sobre viagens, estradas e fronteiras, apoiadas por uma estrutura musical caraterística, séria e honesta, onde a sua prestação ao piano se evidencia graças ao seu talento para as teclas. Deste registo destaca-se imediatamente a faixa título "The Way It Is" que ainda hoje se mantêm como um tema icónico na carreira de Bruce Hornsby e "Down The Road Tonight" que conta com a participação de Huey Lewis na harmónica e nas vozes, ele que foi um dos principais impulsionadores da carreira de Hornsby. "Every Little Kiss", "Mandolin Rain", "The Wild Frontier" contam também como momentos distintos e dinâmicos. 

sábado, 25 de maio de 2019

Synchronicity - POLICE


1 Synchronicity I   3:23
2 Walking In Your Footsteps   3:35
3 O My God   4:00
4 Mother   3:03
5 Miss Gradenko   2:00
Synchronicity II   4:59
7 Every Breath You Take   4:13
8 King Of Pain   4:59
9 Wrapped Around Your Finger   5:12
10 Tea In The Sahara   4:11
11 Murder By Numbers   4:31  

Synchronicity é um final não anunciado. Editado em 1983, conclui-se como um registo inteligente e complexo que roça a perfeição e inconscientemente assinala o último fôlego em disco de uma das bandas mais emblemáticas da primeira metade da década de 80. Ou talvez não. Há por aqui fortes indícios de que o alter ego de Gordon Sumner (Sting) movia-se já, certamente, com ideias de independência relativamente aos restantes membros dos Police. A estrutura musical deste trabalho salienta-se pela forte determinação das oito músicas escritas por Sting, povoadas de ambientes fantásticos, dominadas por sintetizadores e algum exotismo e até mesmo um pouco de jazz, o que torna este registo como sendo provavelmente o trabalho mais elitista dos Police ou...a liderança de Sting a sobressair realmente cada vez mais e aqui temos momentos como "Walking In Your Footsteps", "King Of Pain", "Wrapped Around Your Finger" e "Tea In The Sahara" que se destacam como as peças que melhor encaixam neste perfil. O sucesso do single "Every Breath You Take" revelou-se como o principal impulsionador deste trabalho mas é impossível ignorar a extraordinária vitalidade com que "Sychronicity I" abre o registo e depois o retoma mais à frente, de forma ainda mais vertiginosa, para uma nova versão em que se sente mais a banda como um todo com "Synchronicity II". Do trabalho de composição de Sting falta ainda referir "O My God" que se insere no estilo habitual da banda. Stewart Copeland contribui com uma peça humilde como "Miss Gradenko" e o guitarrista Andy Summers surpreende com "Mother", uma arrojada peça de sua autoria que contrasta totalmente com o restante trabalho através de uma música gritante que evoca as origens punk de uma banda que na realidade nunca o foi. Para o final sobra "Murder By Numbers", uma parceria Sting/Summers escrita e gravada em cima do joelho mas que já não entrou para a edição em vinil por falta de espaço sendo depois remetida para as edições de fita e posteriormente em formato cd.  

sexta-feira, 17 de maio de 2019

Blue Pacific - MICHAEL FRANKS


1 The Art Of Love   4:10
2 Woman In The Waves   5:58
3 All I Need   4:46
4 Long Slow Distance   5:09
5 Vincent's Ear   6:21
6 Speak To Me   5:01
7 On The Inside   5:12
8 Chez Nous   4:29
9 Blue Pacific   4:58
10 Crayon Sun (Safe At Home)   6:20       

É sempre um deleite ouvir Michael Franks a cantar. A sugestiva fragilidade da sua voz transmite tanta frescura e encanto como impressiona e o inteligente trabalho de composição transmite um bom equilíbrio entre harmonia e melodia, habitualmente sustentado por músicos de qualidade que garantem a confiança de uma estrutura musical sólida e eficaz. Editado em 1990, Blue Pacific é o décimo primeiro registo original de Michael Franks e segue a caraterística leveza dos registos anteriores mantendo uma sonoridade adulta, dentro de um estilo soft jazz, muito aproximado do atualmente denominado smooth jazz, mas com mais caráter. Apesar de ser percetível alguma inteletualidade em termos líricos, Blue Pacific é um registo bastante acessível, muito completo e determinado, que conta com um distinto trabalho de produção dividido por três produtores. Jeff Lorber, Tommy LiPuma e o "Steely Dan" Walter Becker encarregaram-se de trabalhar a sonoridade deste álbum e uma forma de compreender algum do trabalho que compõem o disco é perceber-se que as sessões de Jeff Lorber se apresentam mais maquinais, muito trabalho de sequenciação, enquanto a fluidez dos músicos acaba por se evidenciar nas sessões de Tommy LiPuma e Walter Becker em que o jazz floresce naturalmente e as composições ficam mais coloridas. A acrescentar ainda que as músicas "Woman In The Waves", "Vincent's Ear" e "On The Inside" são peças integrantes de um musical de Michael Franks sobre a vida de Paul Gauguin. 

quarta-feira, 8 de maio de 2019

Country's Greatest Hits - VÁRIOS - LP02


Side A
1 Jolene - Dolly Parton   2:35
2 Take Me Home Country Roads - John Denver   3:08
3 Me And Bobby McGee - Kris Kristofferson   4:22
4 Oh Lonesome Me - Don Gibson   2:30
5 Long Long Time (G.White) - Linda Ronstadt   4:20 
Side B
1 Theme From The Dukes Of Hazzard - Waylon Jennings   2:06
2 He'll Have To Go (J.Allison/A.Allison) - Jim Reeves   2:18
3 Snowbird (G.McLellan) - Anne Murray   2:07
4 Behind Closed Doors (K.O'Dell) - Charlie Rich   2:55
5 I Believe In You (R.Cook/S.Hogin) - Don Williams   4:04
6 Blanket On The Ground (R.Bowling) - Billie Jo Spears   3:35 

Enquanto o primeiro disco desta dupla edição continha algum Country Pop, o segundo disco envolve-se decididamente no espírito do country norte-americano. Clássicos emblemáticos como "Jolene", "Take Me Home, Country Roads", "Me And Bobby McGee", "Dukes Of Hazzard" e "Blanket On The Ground" marcam este segundo disco onde também se encontram as únicas músicas desta dupla coletânea que não se enquadram na década de 70, a época abrangida pela maioria do repertório apresentado nesta edição; "Oh Lonesome Me" de Don Gibson, editado em 1958, e "He'll Have To Go" de Jim Reeves, editado em 1959, representam aqui um regresso ao passado mais tradicional do género. Dois momentos de ouro a reter neste disco são a inclusão da encantadora Linda Ronstadt, ainda nos inícios de carreira, com "Long Long Time" e a genuína sobriedade de Don Williams com "I Believe In You". No final, são vinte e duas canções que esta dupla edição britânica disponibiliza e sendo o country um género musical tão real e tão genuíno, em que cada canção conta uma história vivida, é difícil não nos deixarmos arrebatar pela sua sinceridade e sentir a sua emoção e vitalidade. 

quarta-feira, 1 de maio de 2019

Country's Greatest Hits - VÁRIOS - LP01


Side A
1 Lucille (R.Bowling/H.Bynum) - Kenny Rogers   3:38
2 Stand By Your Man - Tammy Wynette   2:38
3 By The Time I Get To Phoenix (J.Webb) - Glen Campbell   2:39
4 Ode To Billy Joe - Bobbie Gentry   4:11
5 Always On My Mind (J.Christopher/M.James) - Willie Nelson   3:32        
Side B
1 Honey (B.Russell) - Bobby Goldsboro   3:55
2 Rose Garden (J.South) - Lynn Anderson   2:54 
3 A Boy Named Sue (S.Silverstein) - Johnny Cash   3:40
4 Don't It Make My Brown Eyes Blue (R.Leigh) - Crystal Gayle   2:35
5 Funny How Time Slips Away - Willie Nelson   2:37
6 Games People Play - Joe South   3:20    

Dupla edição britânica de 1985 que reúne alguns hits da música country norte-americana que reinaram nos tops entre 1968 e 1980, o período de tempo maioritariamente abrangido por esta edição. É a época da chamada quarta geração do movimento country, uma "geração" que sofreu a influência do movimento pop/rock e acabou por fundir os dois géneros, facto que se encontra bem evidenciado em boa parte das músicas que compõem o alinhamento desta dupla coletânea. Neste primeiro disco encontram-se músicas como "By The Time I Get To Phoenix", "Always On My Mind", "Honey", "Don't It Make My Brown Eyes Blue" e "Games People Play" que facilmente se enquadram num patamar mais pop face ao tradicionalismo das restantes onde só os nomes de Kenny Rogers, Tammy Wynette, Bobbie Gentry, Lynn Anderson e Johnny Cash soam bem mais relevantes. Um claro destaque para o outlaw Johnny Cash e apontamentos muito interessantes para Crystal Gayle com "Don't It Make My Brown Eyes Blue".