terça-feira, 30 de junho de 2009

Domino Theory - WEATHER REPORT


1 Can It Be Done (W.Tee) 3:59
2 Db Waltz (Zawinul) 11:09
3 The Peasant (Zawinul) 8:13
4 Predator (W.Shorter) 5:14
5 Blue Sound - Note 3 (Zawinul) 6:48
6 Swamp Cabbage (W.Shorter) 5:19
7 Domino Theory (Zawinul) 6:08

Domino Theory apresenta os Weather Report em grande forma, em 1984, e a servirem mais um bom trabalho impregnado do som que mais caracterizou a banda. A dupla fundadora, Joe Zawinul e Wayne Shorter, faz-se acompanhar da última secção rítmica que ajudou a fundir o som da banda, Omar Hakim, na Bateria, e Victor Bailey, no Baixo, são preponderantes e fundamentais num registo, mais uma vez, cheio de ritmo e em que a bateria em dois dos temas é trabalhada, pela primeira vez na história da banda, por caixa de ritmos. Joe Zawinul continua a ser quem contribui com mais composições, e, segundo palavras dele, três dos temas terão sido captados ao vivo. Na sequência da gravação desses três temas, não mencionados, apenas "Blue Sound-Note 3" se nota ser de facto ao vivo, a banda terá ido imediatamente para estúdio para aproveitar o balanço e gravar os restantes quatro temas que completam o album.
"Can It Be Done?" inicia o Cd em formato de canção, interpretada por Carl Anderson, numa composição totalmente executada por Zawinul com uma caixa de ritmos, e lança a questão acerca de ser ainda possível criar um som que nunca tivesse sido ouvido, ou escrever uma melodia que soe a algo totalmente novo. A questão da originalidade. "Db Waltz" é um longo e progressivo tema com muito balanço. "The Peasant" é mais calmo mas muito cativante e de seguida vem o ritmado "Predator". "Blue Sound - Note 3" soa misterioso e ponderado, é um dos temas ao vivo. "Swamp Cabbage" tem uma batida forte, repetitiva, muito marcante e "Domino Theory" encerra bem com a sua batida programada, em caixa de ritmos, a sobrepôr-se à marcação de Omar Hakim e com um Victor Bailey irrequieto no Baixo a debitar Groove.
No final temos tudo aquilo que os Weather Report sempre souberam dar, muito Groove, muitos cheiros, muitos sons, muita música.

sábado, 20 de junho de 2009

Adore - SMASHING PUMPKINS


1 To Sheila 4:40
2 Ava Adore 4:20
3 Perfect 3:23
4 Daphne Descends 4:38
5 Once upon a Time 4:06
6 Tear 5:52
7 Crestfallen 4:09
8 Appels + Oranjes 3:34
9 Pug 4:46
10 The Tale of Dusty and Pistol Pete 4:33
11 Annie-Dog 3:36
12 Shame 6:37
13 Behold! The Night Mare 5:12
14 For Martha 8:17
15 Blank Page 4:51
16 17 :17

Em 1998, e ao quarto album, os Smashing Pumpkins ficaram reduzidos a trio, neste caso sem baterista. Billy Corgan, Voz e Guitarra, D'Arcy, Baixo, e James Iha, Guitarra, avançaram para um novo disco sem baterista, função essa aqui assumida, e dividida, por Matt Walker, Joey Waronker, Matt Cameron e alguma programação de estúdio.
Num album de cores neutras, em que domina a fotografia a preto e branco, o resultado revela-se dúbio levantando a questão se estamos perante um trabalho melancólico ou uma ode à paixão. Os temas são calmos, misteriosos, cautelosos até, com raros devaneios que se revelam de vez em quando. Provavelmente uma hipotética fase de mudança que por aqui começaria a tentar desenhar-se. Peca por ser um Cd excessivamente longo sem grandes dinamismos que possam ajudar ao despertar da alma sofrida que por aqui paira, excepção para os momentos "Ava Adore",e "Pug".
Apesar de bastante sofrível tolera-se, e as canções acabam por se tornar uma parte do cenário bem desenvolvido. Ou não fossem elas parte desse mesmo cenário.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Ecos de Outono - DIVA


1 Amor Errante 4:18
2 Calçada 3:36
3 Noite 3:30
4 Ecos De Outono 5:52
5 Baila Papoila 3:16
6 Tempestade e Paixão 3:09
7 Se 3:34
8 Romaria 4:57
9 Fantasia 1:05

Ecos de Outono foi, em 1990, o album de estreia para os Diva, que já por cá andavam desde 1985. Num disco com óbvias referências musicais dos Cocteau Twins à "nossa" Sétima Legião, não será por acaso que Ricardo Camacho assume a Produção, a par de Francis, destaca-se o caloroso ambiente instrumental criado pelas guitarras e pelos muitos delays utilizados, que sustenta a voz altiva de Natália Casanova. Os arranjos das guitarras soam celestiais através da utilização de diversos efeitos de reverberação e criam uma aura fantástica completada pela entoação da vocalista. É um som claramente Pop, ainda com reminiscências dos anos 80, que combina com algum do som mais rural do nosso País.
"Amor Errante" foi o tema mais conhecido deste trabalho mas há por aqui outros bons momentos como "Noite", claramente inspirado nos Cocteau Twins, os practicamente instrumentais "Ecos de Outono" e "Baila Papoila", o arranjo clássico, a fazer lembrar os Madredeus, para "Tempestade e Paixão", com a participação de Ricardo Camacho nas Teclas, Francis na Guitarra Clássica e Miguel Teixeira em Viola de Arco, e "Se" no tema mais Pop do album, depois de "Amor Errante". O tema "Romaria" é um aparte por se tratar de uma peça com um arranjo claramente inspirado pelo "Ave Maria" de Schubert, e com tal inspiração só podia soar bastante bonito.
Ecos de Outono revela-se como um bom disco para se ouvir em qualquer estação.

terça-feira, 9 de junho de 2009

The Blair Witch Project: Josh´s Blair Witch Mix


1 Gloomy Sunday - Lydia Lunch 3:22
2 The Order of Death - Public Image Limited 4:47
3 Draining Faces - Skinny Puppy 5:16
4 Kingdom's Coming - Bauhaus 2:25
5 Don't Go to Sleep Without Me - Creatures 2:34
6 God Is God - Laibach 3:41
7 Beware - Afghan Whigs 4:47
8 Laughing Pain - Front Line Assembly 5:43
9 Haunted - Type O Negative 10:07
10 She's Unreal - Meat Beat Manifesto 4:11
11 Movement of Fear - Tones On Tail 3:49
12 The Cellar - Antonio Cora 5:24

Eis a banda sonora de um filme que não tem banda sonora. Parece confuso? Não é.
Em 1993 dois jovens estudantes de cinema, Eduardo Sánchez e Daniel Myrick, conheceram-se e juntos criaram o argumento para um falso documentário que foi alimentado por falsas notícias, espalhadas pela internet, acerca do misterioso desaparecimento de três jovens estudantes enquanto estes faziam um documentário acerca da lenda da bruxa de Blair, em Maryland. A ideia era tornar a lenda o mais real possível de forma a que o público entende-se que o documentário era mesmo real e que este era de facto a única testemunha da aventura insólita dos três jovens estudantes no bosque das Colinas Negras de Maryland.
O filme foi filmado com uma câmara de video pelos três protagonistas enquanto se embrenhavam no dito bosque e como tal tudo o que se ouve é passado no momento, tal como numa filmagem caseira. Não há aqui efeitos de sonoplastia ou qualquer banda sonora.
A banda sonora aparece de uma forma original, entre os pertences encontrados dos jovens desaparecidos constava uma cassete que se encontrava no carro de Joshua Leonard, que foi usado pelos três jovens para se deslocarem até à referida zona, e que supostamente teria sido gravada por Josh para esta viagem e tinha o título "Josh's Blair Witch Mix".
O Cd passa por ser uma colectânea de temas tão negros como o próprio filme, cuja temática é a morte e algum sobrenatural. A presença dos Bauhaus, Creatures, ou Type O'Negative, cria alguma aura mais gótica, assim como a presença de Skinny Puppy ou dos Front Line Assembly, dá um ambiente mais industrial e electrónico. Grandes presenças para os P.I.L. com "The Order Of Death", Laibach e "God Is God" e os Afghan Whigs com uma versão de "Beware" de Al Green.
Todos os temas constam de albuns originais das respectivas bandas, só o último tema do Cd, "The Cellar" de Antonio Cora, foi criado para a banda sonora do documentário. Este tema acaba por ser simplesmente uma espécie de efeito sonoro experimental criando a ambiência do filme.
Como curiosidade refira-se que o Cd tem como ano de edição 1999, o mesmo ano do filme, e para banda sonora de uma documentário, que se pretendia tão real, comete a gafe de conter temas de anos posteriores a 1994, ano em que supostamente teria acontecido o desaparecimento dos estudantes.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Radio K.A.O.S - ROGER WATERS


1 Radio Waves 4:58
2 Who Needs Information 5:55
3 Me or Him 5:23
4 The Powers That Be 4:36
5 Sunset Strip 4:45
6 Home 6:00
7 Four Minutes 4:00
8 The Tide Is Turning (After Live Aid) 5:43

Estamos na presença de um album conceptual como Roger Waters tão bem sabe fazer. Radio K.A.O.S conta, ao estilo de uma ópera/Rock, a história de Billy, um jovem de 23 anos com problemas mentais, que recebe ondas de radio sem necessitar de qualquer espécie de aparelho electrónico. Billy utiliza somente um telefone sem fios, roubado pelo irmão, para contactar com todo o Mundo à sua volta, nomeadamente com Jim, o locutor da Radio K.A.O.S. Billy acaba por adquirir poder de forma a manipular os maiores computadores do Mundo e inicia assim um divertimento, de gozo pessoal, em que simula virtualmente uma guerra Nuclear, a nível global, mas em que anula tambem a capacidade de resposta de todos os Países gerando o pânico e a impotência perante a ameaça que parecia tão real. Tudo acaba num imenso "blackout". Lindo.
Foi assim com este argumento que Roger Waters, em 1987, criou o segundo trabalho a solo. Num estilo um tanto diferente de "The Pros And Cons Of Hitch Hiking" Waters criou mais um excelente trabalho que se inicia com um tema que induz em erro, "Radio Waves" é um autêntico tema Pop que serviu de apresentação ao album como single. O restante trabalho é marca registada do antigo líder dos Pink Floyd, que neste mesmo ano regressavam sem a presença do seu carismático líder.
O album deve-se ouvir como um todo mas há momentos grandiosos como, "The Powers That Be", um muito poderoso tema Rock com Paul Carrack a cantar o refrão, ou o momento dramático, e muito intenso, de "Four Minutes". O album revela-se bastante cinematográfico e se estivermos a par da história, e munidos de auscultadores, nada nos escapa e as emoções afloram facilmente.
O album conclui com uma mensagem de esperança na forma do tema "The Tide Is Turning" (After Live Aid).
Acerca deste tema podem-se referir alguns pormenores interessantes, tais como:
-Roger Waters teria feito parte, inicialmente, da lista de músicos convidados a participar no Live Aid, acabando por ficar de fora. Waters acabou por seguir, em casa, o espectáculo e envolto pela emoção e pelo significado do momento em si, escreveu este tema sem qualquer album em mente.
-Aquando da conclusão deste trabalho a editora achou que ainda faltava mais qualquer coisa ao album, Waters acaba por incluir "The Tide Is Turning" e consegue assim um final de esperança para uma peça tão dramática.
-Para terminar, reza a lenda que o suposto código morse que se ouve no início e no fim do album esconde um verso que é o seguinte:

Now the past is over but you are not alone
Together will fight Sylvester Stallone
We will not be dragged down in his South China Sea
Of macho bullshit and mediocrity

Isto advém de no final do tema "The Tide Is Turning" Waters dizer "The tide is turning Sylvester". Sylvester será supostamente Sylvester Stallone.
Boa audição.