sábado, 26 de dezembro de 2009

Wild Weekend - NRBQ


1 It's a Wild Weekend 3:30
2 Little Floater 3:07
3 Fireworks 3:36
4 Boy's Life 2:57
5 If I Don't Have You 2:14
6 Boozoo, That's Who! 3:23
7 Poppin' Circumstance 3:21
8 The One & Only 3:46
9 Immortal for a While 3:01
10 Fraction of Action 3:21
11 This Love Is True 2:48
12 Like a Locomotive 3:56

Em 1989 os NRBQ, sigla para The New Rhythm and Blues Quartet, acarretavam vinte anos de carreira e lançavam este "Wild Weekend" para a editora Virgin, voltando por esta altura a conseguir alguma atenção geral e um regresso aos Tops, o que já não acontecia há bastos anos. Os NRBQ apresentam neste Cd um Rock/Pop simpático, calculado, de qualidade e bem executado, onde a presença de alguns convidados ajuda a completar uma sessão de veteranos que já sabiam muito bem por onde andar. John Sebastian e a sua Autoharp aparecem em "If I Don't Have You", em "Boozoo, That's Who!" Sebastian acompanha o tema em Guitarra com Boozoo Chavis no Acordeão. O incontornável Roswell Rudd sopra no Trombone em "The One & Only".
Num album linear, sem grandes altos e baixos, pouco mais há a salientar para além do facto de ser o trabalho de uma banda experiente que nos proporciona um bom momento através de um conjunto de boas canções executadas com primor e compostas de bom gosto. Não será propriamente o tal fim-de-semana selvagem mas será um bom momento desse mesmo fim-de-semana.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Nothing But A Burning Light - BRUCE COCKBURN


1 A Dream Like Mine 3:53
2 Kit Carson 4:12
3 Mighty Trucks Of Midnight 5:57
4 Soul Of A Man (Johnson) 3:52
5 Great Big Love 5:13
6 One Of The Best Ones 6:57
7 Somebody Touched Me 4:16
8 Cry Of A Tiny Babe 7:31
9 Actions Speak Louder 3:01
10 Indian Wars 6:58
11 When It's Gone, It's Gone 4:19
12 Child Of The Wind 4:08

De origem Canadiana Bruce Cockburn apresenta-nos em 1991 um album tipicamente Americano, recheado do som Folk/Blues, e até Nashville, que sempre caracterizou a sonoridade da América mais profunda, e as suas raízes. A este facto não será alheia a presença de T-Bone Burnett como produtor, e músico em alguns dos temas. Numa sessão deste género tambem não podiam faltar nomes como os de Jim Keltner, Bateria e Percussão, Michael Been e Larry Klein, no Baixo, Jackson Browne, Vozes e Resonator, e Booker T.Jones, no Orgão.
Onze temas originais de Cockburn e uma versão de "Soul Of A Man", tirada de uma gravação de Blind Willie Johnson em 1930, preenchem este trabalho que nos transporta através da paisagem Norte-Americana, desde as longas estradas desertas, onde se veêm os grandes camiões, até aos Índios que já por lá viviam ainda antes dos Romanos terem Roma como canta Cockburn em "Indian Wars". Pelo meio há espaço para dois instrumentais, "Actions Speak Louder", que foi criado como tema principal para o filme-documentário "The Greenpeace Years", e "When It's Gone, It's Gone", que nos remete a Ry Cooder, e até podia encaixar em Paris-Texas.
"A Dream Like Mine", "Mighty Trucks Of Midnight", "Great Big Love", "Somebody Touched Me" e "Indian Wars" são os pontos mais altos deste trabalho que sugiro como uma boa sonora para uma viagem, quando muito, num cenário rural o mais parecido possível ao Americano.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Dusk - THE THE


1 True Happiness This Way Lies 3:10
2 Love Is Stronger Than Death 4:38
3 Dogs Of Lust 3:09
4 This Is The Night 3:50
5 Slow Emotion Replay 3:55
6 Helpline Operator 4:48
7 Sodium Light Baby 3:45
8 Lung Shadows 4:34
9 Bluer Than Midnight 3:43
10 Lonely Planet 5:27

Mantendo o espaço temporal de três anos entre lançamentos de albuns, Matt Johnson com este trabalho mantêm pela primeira vez, e única até hoje, tambem a banda. Johnny Marr, David Palmer e James Eller voltam assim a ser os músicos do núcleo central dos The The, depois de Mind Bomb.
Se em Mind Bomb o som do projecto The The já evidenciava novo rumo aqui esse rumo mantêm-se, obviamente, mas curiosamente adivinha-se um novo regresso ao estilo mais pessoal de Matt Johnson. E é precisamente a solo que este album arranca com "True Happiness This Way Lies", uma performance tão típica de Matt Johnson enfrentando com eloquência uma simulada audiência munido apenas de uma guitarra acústica. De seguida "Love Is Stronger Than Death" inicia um percurso de canções Pop, com a banda a funcionar num todo, até ao tema "Sodium Light Baby". Pelo meio uma menção especial para um muito cool "This Is The Night" onde as presenças de D.C.Collard, em Piano Honky Tonk e Orgão Hammond, e Danny Thompson, em Contrabaixo, sobressaiem para nos dar um tema com muito feeling. Há tambem "Slow Emotion Replay", uma peça bastante rodada que cai sempre bem em qualquer Playlist, e "Sodium Light Baby" em que Johnny Marr soa mais Rock a debitar décibeis e Wha-Wha.
Os três últimos temas do album evidenciam um regresso à sonoridade mais pessoal de Matt Johnson, "Lung Shadows" revela uma peça quase instrumental, envolta num ambiente espacial preenchido com efeitos e a presença minimal de alguns metais, "Bluer Than Midnight" é o tema mais triste deste trabalho, um tema de redenção com a participação, curta, de Vinnie Colaiuta, na Bateria, que tambem aparece em "Dogs Of Lust", e a fechar está "Lonely Planet" que poderia ter feito parte do alinhamento de "Soul Mining", o album de 1983.
O som Pop/Rock de Matt Johnson dirigido, como sempre, à alma deste Lonely Planet.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Mind Bomb - THE THE


1 Good Morning Beautiful 7:31
2 Armageddon Days Are Here (Again) 5:40
3 The Violence Of Truth 5:41
4 Kingdom Of Rain 5:53
5 The Beat(en) Generation 3:06
6 August & September 5:47
7 Gravitate To Me 8:10
8 Beyond Love 4:20

Matt Johnson, o homem que criou e sempre sustentou os The The, reune-se aqui pela primeira vez com uma formação que se viria a revelar como uma verdadeira banda. A presença de um nome tão sonante, na altura, como Johhny Marr, o Guitarrista, ex-Smiths, a juntar ao Baterista David Palmer, que passou pelos ABC, e ao Baixista James Eller, veio a revelar uma banda que se mostrou coesa e pronta a transmitir as composições de Matt Johnson, que continua a ser o principal compositor, numa sonoridade equilibrada da qual o tema "Beat(en) Generation" se veio a revelar como o single de apresentação para uma nova roupagem do som dos The The. Mantêm-se o desfile de convidados por todo o album destacando-se as presenças de Sinéad O'Connor, dueto com Matt Johnson no vigoroso "Kingdom Of Rain", a Harmónica electrizante de Mark Feltham, ou o som de Piano e Orgão Hammond de Paul "Wix" Wickens.
Os temas são longos e elaborados, ao estilo de Johnson, mas agora dentro de uma estética mais Pop/Rock. "Good Morning Beautiful" insere-nos calmamente no album, subindo de tom à medida que nos vai avisando profeticamente, em "Armageddon Days Are Here", que entramos em anos conturbados, "Violence Of Truth". Mais à frente vem "August & September", em tom mais Jazzy, e "Gravitate to Me" revela uma parceria de composição Johnson/Marr com um tema inseguro em que a guitarra de Marr é bastante evidente. "Beyond Love" encerra de forma serena um album começa de uma forma politicamente agressiva.
A realçar os tons de branco que envolvem toda a edição do disco e sugerem uma certa pacificidade mas quando chegamos à contra-capa somos confrontados com a forte imagem de uma pomba branca cravada, sangrando, na ponta de uma baioneta. Matt Johnson passa assim a imagem, que se veio a revelar, de uns anos 90 conturbados e de ascensão da cultura Islâmica, tal como revelado no tema "Armageddon Days Are Here".

terça-feira, 17 de novembro de 2009

In A Bar, Under The Sea - dEUS


1 I Don't Mind What Ever Happens 0:46
2 Fell off the Floor, Man 5:13
3 Opening Night 1:38
4 Theme from Turnpike 5:46
5 Little Arithmetics 4:30
6 Gimme the Heat 7:38
7 Serpentine 3:17
8 A Shocking Lack Thereof 5:52
9 Supermarketsong 1:56
10 Memory of a Festival 1:52
11 Guilty Pleasures 4:23
12 Nine Threads 3:34
13 Disappointed in the Sun 6:03
14 For the Roses 4:57
15 Wake Me Up Before I Sleep 2:53

Este album dos dEUS, o terceiro da banda, editado em 1997, espelha bem o que eram os anos 90, criativos, indefinidos e muito confusos. Isto resulta em muitas ideias baralhadas mas que no final acabam por funcionar muito bem. A banda Belga apresenta assim 15 temas originais que celebram vários estilos musicais fundidos num só trabalho.
Iniciando o Cd com um pequeno tema produzido para soar como um velhinho Blues a banda ataca de seguida com "Fell Off The Floor, Man", tema que arranca com um ritmo Funky e que se vem a revelar com uma peça diferente e original. Um pouco depois surge "Theme From Turnpike" que se sustenta num sampler do tema "Far Wells, Mill Valley" de Charles Mingus e que adquire contornos de banda sonora, com qualquer coisa de Portishead. "Little Arithmetics" é Pop limpinha, e "Gimme The Heat" um dos primeiros grandes momentos. "A Schocking Lack Thereof" sugere Tom Waits e "Supermarketsong" revela-se como uma pequena grande canção com a participação de Dana Colley dos Morphine no Saxofone. "Disappointed In The Sun" é um grande momento que nasce melancólico mas que cresce de intensidade e acaba em esperança, grandioso. "For The Roses" pode muito bem ter sido o elo que levou os Arcade Fire a fazerem música.
As primeiras audições deste Cd são particularmente difíceis, de tal forma que me senti incentivado a ouvir mais e mais para tentar conhecer a alma deste trabalho, e depois de a conhecer bem torna-se uma boa companhia.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Pocket Revolution - dEUS


1 Bad Timing 7:07
2 7 Days, 7 Weeks 3:53
3 Stop-Start Nature 4:28
4 If You Don't Get What You Want 3:49
5 What We Talk About (When We Talk About Love) 4:48
6 Include Me Out 5:02
7 Pocket Revolution 6:01
8 Nightshopping 4:03
9 Cold Sun of Circumstance 5:44
10 The Real Sugar 3:58
11 Sun Ra 6:43
12 Nothing Really Ends 5:35

De raízes bem Europeias, tendo a Bélgica como origem, os dEUS surpreendem por serem tão eficazes e seguros naquilo que que nos oferecem, uma Pop sincera e cautelosa que soa muito bem e satisfaz plenamente. Num País sem grandes referências no universo Pop tal não deixa de ser surpreendente. Começando singelos vão crescendo pausadamente em pequenas, mas decididas, passadas para entrarem em momentos mais esfuziantes e plenos de poder. A banda percorre assim paisagens lineares tanto rurais como urbanas.
É pois assim que em 2006 os dEUS nos oferecem este CD, com uma distância de aproximadamente sete anos em relação ao trabalho anterior, e em que encontramos momentos como, "Bad Timing" que parece resumir tudo o que se disse no parágrafo inicial, o tema vai crescendo de intensidade à medida que vai evoluindo para se concluir num belo tema Pop mas explosivo. "If You Don't Get What You Want" é tambem de referir, como um tema mais Rockeiro, e de seguida vem dois temas de muito bom gosto, "What We Talk About", com o seu baixo corrido que segura o tema de princípio ao fim, à semelhança dos temas antigos dos U2, e "Include Me Out" que é de uma serenidade espantosa e faz lembrar Paul Simon na forma calma e melodiosa de cantar, muito giro. "Cold Sun Of Circumstance" é arrojado, com bom arranjo de guitarras e de vozes, "The Real Sugar" é uma espécie de Bossa, e "Sun Ra" é electrizante. Este tema tem como referência o estratosférico músico de Jazz, Sun Ra, mas não é Jazz é Rock e bastante eléctrico. A fechar o Cd vem a pérola deste trabalho, "Nothing Really Ends" é um bonito tema que tão bem ficaria na voz de Leonard Cohen, uma autêntica preciosidade de harmonia.
São bastas as influências mas de boas castas.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Whatever People Say I Am, That's What I'm Not - ARTIC MONKEYS


1 The View From The Afternoon 3:38
2 I Bet You Look Good On The Dancefloor 2:53
3 Fake Tales Of San Francisco 2:57
4 Dancing Shoes 2:21
5 You Probably Couldn't See For The Lights You Were Staring... 2:10
6 Still Take You Home 2:53
7 Riot Van 2:14
8 Red Light Indicates Doors Are Secured 2:23
9 Mardy Bum 2:55
10 Perhaps Vampires Is A Bit Strong But... 4:28
11 When The Sun Goes Down 3:20
12 From The Ritz To The Rubble 3:13
13 A Certain Romance 5:31

Confesso que substimei a banda quando começaram a ser falados e apregoados nos Media. É impressionante a quantidade de novas bandas a aflorar semanalmente e todas são a "next big thing", como tal há que jogar à cautela.
Os Ingleses Artic Monkeys conseguiram reconhecimento e divulgação pela Internet. Através da circulação involutária das suas maquetes entre alguns fans o som da banda tornou-se conhecido e os fans foram crescendo um pouco por todo o lado, de tal forma que quando o disco saiu oficialmente, no ano de 2006, bateu os recordes de vendas em Inglaterra.
A jovem banda criou assim um trabalho que se revela bastante interessante através da sua sonoridade Rock, por vezes bastante dançável, apoiada em temas curtos, e energéticos, com duas guitarras que combinam muito bem entre si trocando acordes e solos simples mas eficazes. Podem fazer lembrar Franz Ferdinand, ou os Strokes, mas isso só revela que estão atentos ao que se passa à sua volta e que tem bom gosto.
"Fake Tales Of San Francisco", "Dancing Shoes", "Mardy Bum" e "When The Sun Goes Down" encontram-se entre os melhores momentos mas a última faixa, "A Certain Romance", encerra este trabalho de uma forma maravilhosa e fecha com a construção de um acorde que fica mesmo no ponto.
Digam lá o que disserem gostei mesmo desta rapaziada.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

The Golden Age Of Grotesque - MARILYN MANSON


1 Thaeter 1:14
2 This Is The New Shit 4:19
3 mOBSCENE 3:25
4 Doll-Dagga Buzz-Buzz Ziggety-Zag 4:10
5 Use Your Fist And Not Your Mouth 3:34
6 The Golden Age Of Grotesque 4:05
7 (s)AINT 3:42
8 Ka-Boom Ka-Boom 4:02
9 Slutgarden 4:06
10 "Spade" 4:34
11 Para-Noir 6:01
12 The Bright Young Things 4:19
13 Better Of Two Evils 3:48
14 Vodevil 4:39
15 Obsequey ( The Death Of Art) 1:35
16 Tainted Love (Cobb) 3:25

Grotesco, chocante e brutal, Marilyn Manson continua a ser o anjo do Mal, ou será do Bem, que nos apregoa a plenos pulmões que a civilização está em decadência e que o Mundo se encontra desinteressante, estupidificado e caótico. Nada de novo nos é apresentado portanto, pois estas questões não são novidade e como tal tambem este trabalho não acrescenta nada de novo à obra de Manson. Ao quinto album de estúdio mantêm-se o estilo agressivo, gritante, cercado por muralhas distorcidas de guitarras sustentadas em potentes Riffs que John Five debita em catadupa. Manson continua a ser o intérprete raivoso, prenho de ira e cólera, pronto a devastar os rebanhos, assim como a penitenciar-se, de forma dissimulada.
"This Is The New Shit" inicia a obra, após um pequeno interlúdio, como uma palavra de ordem, e de apresentação do trabalho, seguido de "mOBSCENE" que no coro feminino sugere, o tambem coro feminino de, "Be Agressive" dos Faith No More em Angel Dust de 1992. "The Golden Age Of Grotesque" tem ambiente de vaudeville ou "sejam bem vindos à peça que vos apresentamos, por aqui pode-se encontrar de tudo um pouco" e (s)AINT é imponente e um dos melhores momentos do album.
Ao décimo tema do alinhamento chamei "Spade", pois no grafismo do Cd só aparece o simbolo da Dama de Espadas. Este tema é um pouco mais calmo que o restante trabalho e é tambem uma boa canção de Rock. Já perto do fim é "Vodevil" que volta a despertar a atenção e a fechar está uma desinspirada versão de "Tainted Love" a que practicamente só se acrescentou a força das guitarras Mansonianas.
"Tainted Love" não faz parte do alinhamento original aparecendo como bónus em algumas edições, e esta é uma delas.
Apesar de tudo continuo a gostar, e apreciar, Marilyn Manson.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

The Legend Of Jesse James - VARIOUS ARTISTS


Side A
1 Ride Of The Redlegs (R.Crowell, J.Payne, L.Helm, R.Cash) 3:30
2 Quantrill's Guerrillas (L.Helm) 0:56
3 Six Gun Shooting (J.Cash) 3:46
4 Have You Heard The News (A.Lee) 1:42
5 Heaven Ain't Ready For You Yet (E.Harris) 3:58
6 Help Him, Jesus (J.Cash) 3:39
7 The Old Clay County (C.Daniels, L.Helm) 3:35
8 Riding With Jesse James (C.Daniels) 3:02
Side B
1 Hunt Them Down (A.Lee) 3:33
2 Wish We Were Back In Missouri (E.Harris) 4:06
3 Northfield: The Plan (L.Helm) 4:04
4 Northfield: The Disaster (C.Daniels) 3:04
5 High Walls (L.Helm) 3:16
6 The Death Of Me (J.Cash, L.Helm) 3:07
7 The Plot (P.Kennerly) 0:53
8 One More Shot (L.Helm, E.Harris) 5:11

Paul Kennerly é um autor, intérprete e produtor Inglês que, encantado pelo Country, e pelo som de Waylon Jennings em particular, se dedicou a este género e que em 1983 o levou mesmo a mudar de armas e bagagens para Nashville, Tenesse. Paul Kennerly é o autor desta obra conceptual que conta a história do Lendário Jesse James através das vozes de Levon Helm, Johnny Cash, Emmylou Harris e Charlie Daniels, só para mencionar os principais intérpretes, e há tambem a Guitarra de Albert Lee.
Editado originalmente em 1980 este Lp prende a atenção pelos nomes que participam no trabalho e tal reflecte-se no resultado final. É um bom trabalho de música Country em que a participação de Albert Lee na Guitarra Eléctrica dá um toque mais Rock à coisa, assim como a presença de Levon Helm, Voz e Bateria, que fazia parte dessa banda mítica que foram os The Band. O album é composto por vários tipos de canções, sugeridas consoante as situações da história vão sendo retratadas. A Emmylou Harris coube o papel da esposa, e prima, de Jesse James, e os temas em que participa são as duas baladas, "Heaven Ain't Ready For You Yet" e "Wish We Were Back In Missouri". Levon Helm tem o "papel principal" que é o do próprio Jesse James, desde a adolescência até ao fim dos seus dias, e os seus temas identificam-se plenamente pela sua interpretação. A Johhny Cash coube a tarefa de interpretar o irmão mais velho de Jesse James, uma espécie de conselheiro, e aparece por aqui tambem no seu registo habitual. Por fim Charlie Daniels, que canta e toca Violino, tem o papel de Cole Younger, o amigo mais chegado de Jesse, e que acaba por ser dos quatro intérpretes o que mais próximo se encontra do verdadeiro estilo Country. Por último há que referir a grande presença de Albert Lee nas Guitarras, Eléctrica e Acústica. A sua presença é grande e ajuda bastante na criação de uma sonoridade atraente e preenchida, mesmo um ouvinte que não aprecie o género dificilmente conseguirá ignorar o som deste mestre da Guitarra.
Não é uma banda sonora, mas se calhar pode-se considerar uma Ópera-Country.

sábado, 26 de setembro de 2009

The Fire Inside - BOB SEGER AND THE SILVER BULLET BAND


1 Take A Chance 3:41
2 The Real Love 4:40
3 Sightseeing 3:39
4 Real At The Time 3:53
5 Always In My Heart 4:14
6 The Fire Inside 5:56
7 New Coat Of Pain (Waits) 3:26
8 Wich Way 3:57
9 The Mountain 6:45
10 The Long Way Home 4:25
11 Blind Love (Waits) 4:22
12 She Can´t Do Anything Wrong (Davis, Richmond) 3:38

Depois de uma produtiva década de 70 recheada de bons momentos e de uma década de 80 mais calma, mas com êxitos, Bob Seger entrou nos anos 90 de uma forma discreta e pouco produtiva, acabando esta década por se resumir a dois trabalhos editados sendo este "Fire Inside" um deles, editado em 1991. Mantendo a fórmula da sonoridade Rock, tão Americana como a de Bruce Springsteen, Bob Seger rodeou-se de uma série de artistas que ajudaram a completar este trabalho, por aqui passam nomes como: Bruce Hornsby, Acordeão em "Sightseeing" e Piano na balada "Always In My Heart", Roy Bittan, Piano em "The Fire Inside", Joe Walsh, que disputa com Seger o solo de Guitarra em "The Mountain", Bill Payne, Piano em "New Coat Of Pain" e "Blind Love", dois temas originais de Tom Waits, Kenny Aronoff, Bateria na maioria dos temas, a dupla rítmica, Bob Glaub, no Baixo, e Russell Kunkel, Bateria, asseguram essa secção em "The Fire Inside", Steve Lukather, Guitarras acústica e eléctrica, Rick Vito, Guitarra electrica, ...
Num album com nove temas originais e três versões Bob Seger dá aquilo que melhor saber fazer sem grandes novidades, é um album honesto impregnado de boas canções Rock. Uma espreita ao Country em "Sightseeing", duas bonitas baladas, "Always In My Heart" e "Take Me Home", e um bom fecho Rock 'n Roll com a versão de "She Can't Do Anything Wrong".

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Kilroy Was Here - STYX


Side A
1 Mr. Roboto 5:28
2 Cold War 4:27
3 Don't Let It End 4:56
4 High Time 4:33
Side B
1 Heavy Metal Poisoning 4:57
2 Just Get Through This Night 6:06
3 Double Life 3:46
4 Haven't We Been Here Before? 4:06
5 Don't Let It End (Reprise) 2:22

Os Norte-Americanos Styx foram mais uma banda que se embrenhou inicialmente nos meandros do Rock Progressivo mas acabou por evoluir para uma sonoridade mais comercial. Tornaram-se no género que defino de Rock FM, melodias bonitas, bem trabalhadas, e refrões de ficar no ouvido. As estruturas são harmonicamente perfeitas e as canções soam todas muito bem apoiadas por valiosos riffs.
Este trabalho foi editado originalmente em vynil em 1983 e practicamente ditou o fim da banda, apesar de mergulhado em sucesso de vendas. É um album conceptual, baseado num futuro robotizado em que o rock'n roll é marginalizado e quase extinto, criado e elaborado por Dennis DeYoung o vocalista da banda. O tema "Mr.Roboto", que abre o album, foi o grande êxito deste trabalho. Impregnado de sintetizadores e vocoders este single apresentou o álbum que é composto por bons temas que quase se pode afirmar serem perfeitos demais, tão perfeitos que até chateia. Apesar de serem boas canções não chegam para tornar este trabalho, quase operático, como uma peça indispensável. Confesso-me rendido a "Just Get Through This Night", uma bonita balada que não gostava nas primeiras audições.
A concepção deste trabalho acabou por conduzir ao fim de um primeiro ciclo da banda através da visão megalómana de Dennis DeYoung que pretendia teatralizar a banda definindo assim o caminho a seguir pelos Styx, no entanto só os conduziu ao seu término, se bem que eles andam por aí novamente.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Wind & Wuthering - GENESIS


Side A
1 Eleventh Earl Of Mar 7:39
2 One For The Vine 9:56
3 Your Own Special Way 6:15
4 Wot Gorilla? 3:12
Side B
1 All In A Mouse's Night 6:35
2 Blood On The Rooftops 5:20
3 Unquiet Slumbers For The Sleepers... 2:23
4 ...In That Quiet Earth 4:49
5 Afterglow 4:10

Este Lp, editado em finais de 1976, foi o segundo trabalho da banda após a partida de Peter Gabriel e revela-se um bom trabalho ainda dentro dos parâmetros que defeniram a essência da banda durante os anos de Gabriel.
Wind & Wuthering apresenta os Genesis ainda em boa forma e longe da versão mais comercial da banda, que se viria a revelar nos inícios dos anos oitenta. Tony Banks, o teclista, é neste trabalho o elemento preponderante estando presente na composição de todos os temas, com excepção para a balada "Your Own Special Way", escrita pelo Guitarrista/Baixista Mike Rutherford, e que, curiosamente, é o único tema do album que foge à estirpe mais progressiva da banda. A presença de Banks no grupo sempre foi fulcral pois é o seu som que cria a atmosfera envolvente dos teclados que tanto enchem, e caracterizam, o som dos Génesis. Destaque para "One For The Vine" um tema de Banks e um dos mais fortes deste trabalho. Steve Hackett, o Guitarrista, tem uma presença constante mas discreta com chamada de atenção para "Blood On The Rooftops". Quanto a Phil Collins há só que dizer que assume a liderança das vozes e conduz a banda rítmicamente ao som da sua bateria. A fechar o album estão três temas que resultam num só, tal como uma suite. Começa como uma peça instrumental e termina com um bonito, e celestial, coro de vozes.

domingo, 6 de setembro de 2009

Closing Time - TOM WAITS


1 Ol' 55 3:57
2 I Hope That I Don't Fall In Love With You 3:54
3 Virginia Avenue 3:10
4 Old Shoes (& Picture Postcards) 3:40
5 Midnight Lullaby 3:26
6 Martha 4:30
7 Rosie 4:03
8 Lonely 3:12
9 Ice Cream Man 3:05
10 Little Trip To Heaven (On The Wings Of Your Love) 3:38
11 Grapefruit Moon 4:50
12 Closing Time 4:20

Imagine-se um fim de noite passado dentro de um pequeno Bar envolto num nebuloso condensado de nicotina que sustenta as últimas almas solitárias que ainda se agarram aos seus copos confidentes e se apoiam carinhosamente no velho balcão de madeira enquanto a banda se esconde no seu pequeno canto a executar um repertório composto por pequenos temas acústicos, impregnados de Jazz e Blues, que evocam saudade e solidão. Os clientes do Bar sentem-se confortáveis neste pequeno espaço apesar de estarem totalmente alheios à qualidade musical do repertório que banda distraídamente executa . Os temas que preenchem a atmosfera são introspectivos, para o autor, mas tambem ajudam à introspecção do ouvinte mais carente.
Contado assim soa a melancolia mas Tom Waits tem aqui uma estreia em grande estilo, Closing Time apresenta doze temas únicos que só mesmo Tom Waits poderia escrever. Editado originalmente em 1973, apresento aqui a edição em Cd, este album dava a conhecer a personagem musical de Tom Waits que veio sempre a crescer, a surpreender e cada vez mais criativo. Waits tornou-se um ícone incontornável e o seu estilo veio evoluindo e a odisseia começou aqui.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Mad Love - LINDA RONSTADT


Side A
1 Mad Love (Goldenberg) 3:40
2 Party Girl (Costello) 3:22
3 How Do I Make You (Steinberg) 2:25
4 I Can't Let Go (Gorgoni, Taylor) 2:44
5 Hurt So Bad (Hart, Randazzo, Wilding) 3:17
Side B
1 Look Out for My Love (Young) 3:29
2 Cost of Love (Goldenberg) 2:38
3 Justine (Goldenberg) 4:00
4 Girls Talk (Costello) 3:22
5 Talking in the Dark (Costello) 2:12

Exímia intérprete de canções, Linda Ronstadt é dona de uma bonita voz que encontra no Country a sua maior expressão. No entanto é normal encontrar Linda a interpretar canções tanto Rock, como Folk, como Mexicanas e até Standards. Ou seja, cantar é a sua arte.
Neste registo magnético editado em 1980 encontramos Linda Ronstadt numa onda mais Rock, com a New Wave a espreitar ou não fosse esta a sua época. Traço evidente de tal correspondência é a presença de três temas originais de Elvis Costello, a balada "Party Girl", o intenso "Girls Talk" e o curioso "Talking In The Dark", no entanto o ponto forte deste vynil centra-se na balada "Hurt So Bad", recuperação de um tema original de 1965 em que era interpretado por Little Anthony & The Imperials. Há sempre espaço para um tema de Neil Young, que neste album é "Look Out For My Love".
De ter em conta a banda deste trabalho que é representada por; Bill Payne nos Teclados, Dan Dugmore e Mark Goldenberg nas Guitarras, Goldenberg contribui tambem com três temas para o album, Bob Glaub no Baixo e Russel Kunkel na Bateria. Surge ainda Danny Kortchmar como o Guitarrista solista em "Hurt So Bad".
Linda Ronstadt não é uma autora de canções, caracteriza-se como uma excelente intérprete, com a sua voz bem colocada, sempre muito bem afinada, que nos transmite segurança e a garantia de um bom momento na companhia da sua bonita voz.

domingo, 9 de agosto de 2009

Talkie Walkie - AIR

1 Venus 4:04
2 Cherry Blossom Girl 3:39
3 Run 4:12
4 Universal Traveler 4:22
5 Mike Mills 4:26
6 Surfing on a Rocket 3:43
7 Another Day 3:20
8 Alpha Beta Gaga 4:39
9 Biological 6:04
10 Alone in Kyoto 4:50
O som do duo francês AIR é etéreo porque paira muito acima das estrelas. Uma sonoridade espaço-temporal que consegue ser simples e funcional, e mesmo sendo vintage consegue ser actual. As canções sustentam-se em bases electrónicas, dominadas por sintetizadores e as melodias sofrem bastantes influências da música popular francesa sendo o resultando final um conjunto de temas bem estruturados e com bonitas melodias onde muitas vezes as vozes femininas criam belíssímos coros.
Este registo remonta ao ano de 2004 e credita-se como o terceiro album de originais da banda, bandas-sonoras não incluídas. Com uma sonoridade mais próxima do album de estreia, este trabalho define-se por dez temas esteticamente cuidados pelos sons dos sintetizadores e da guitarra acústica sempre presente em fundo, e por vezes até em primeiro plano.
"Venus" dá logo de início o tal ambiente etéreo, "Cherry Blossom Girl" introduz a tal influência da canção popular francesa, continuada posteriormente por "Universal Traveler". "Run" é mais automatizada e "Mike Mills" é uma peça instrumental com ares de Bach. "Surfing On A Rocket" terá sido o tema mais badalado, a par de "Alpha Beta Gaga", e são também os temas mais ritmados. "Another Day" e "Biological" são as presenças mais discretas e também mais calmas.
"Alone In Kyoto" fecha o album com a sua sonoridade mais asiática e recorde-se que este tema já tinha sido incluído no ano anterior, 2003, na banda sonora de Lost In Transation, essa maravilhosa história de Amor filmada por Sofia Coppola em Tokyo.

texto revisto em Março, 2022

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Guero- BECK


1 E-Pro 3:22
2 Qué Onda Guero 3:29
3 Girl 3:29
4 Missing 4:43
5 Black Tambourine 2:47
6 Earthquake Weather 4:26
7 Hell Yes 3:17
8 Broken Drum 4:29
9 Scarecrow 4:15
10 Go It Alone 4:08
11 Farewell Ride 4:18
12 Rental Car 3:06
13 Emergency Exit 4:03
14 Send A Message To Her [*] 4:28

É vasta a fonte onde Beck se inspira e é fascinante a forma como combina uma imensidão de géneros, resultando esta miscelânea num trabalho ímpar e extremamente interessante. Guero, Cd de 2005, é mais um desses trabalhos em que Beck explora inumeros caminhos, géneros, fórmulas, e outros afins, para criar mais um bom trabalho impregnado de boas canções. Para além das muitas influências que assobram este gênio musical são tambem bastantes os instrumentos utilizados em cada trabalho.
A edição original deste Cd é composta por treze temas mas esta edição contêm um bónus[*] que é tambem uma pérola, "Send A Message To Her" revela-se como um dos temas essenciais deste trabalho. Pleno de momentos mágicos encontramos por aqui os singles "E-Pro" e "Girl", o momento insolente do muito latino "Qué Onda Guero", um belo arranjo de cordas em "Missing", um negro "Black Tambourine, o bom gosto, em jeito de Bossa, de "Earthquake Weather", "Broken Drum" remete-nos para o antigo album Mutations, "Get It Alone" conta com a presença desse outro mestre que é Jack White, aqui em Baixo, e "Farewell Ride" surge da América mais recôndita.
É Beck em estado bruto que nos oferece mais uma sessão de exorcismo musical em que muitos géneros afloram a esta estranha superfície que nos sustenta a todos. São trabalhos como este que nos lembram que existem muitas fontes onde ainda se podem ir beber influências.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Fables Of The Reconstruction - R.E.M.


1 Feeling Gravitys Pull 4:51
2 Maps and Legends 3:10
3 Driver 8 3:23
4 Life and How to Live It 4:08
5 Old Man Kensey 4:10
6 Can't Get There from Here 3:39
7 Green Grow the Rushes 3:46
8 Kohoutek 3:17
9 Auctioneer (Another Engine) 2:44
10 Good Advices 3:30
11 Wendell Gee 3:02
12 Crazy [*] (Pylon) 3:04
13 Burning Hell [*] 3:49
14 Bandwagon [*] 2:15
15 Driver 8 [live/*] 3:30
16 Maps and Legends [live/*] 3:15

O alinhamento original deste disco, na edição em vynil em 1985, o terceiro trabalho da banda, era composto por onze temas originais. Nesta reedição em Cd do catálogo da editora, a I.R.S., ganhamos como extras(*) cinco temas, três lados B e duas versões de temas deste album captados ao vivo.
No seus tímidos primeiros anos a banda mostrava-se discreta por entre as hostes à espera do sucesso vindouro. Crescendo lentamente, ao longo de uns electrónicos anos 80, os R.E.M. iam criando pequenas canções Pop/Rock e Folk/Rock plenas de bons momentos e sustentadas pelos acordes e riffs das guitarras, e banjos, de Peter Buck e pela curiosa personagem que era, e é, Michael Stipe. O quarteto, complementado pelo Baixista Mike Mills e pelo Baterista Bill Berry, practica por esta altura a sua conhecida sonoridade e criam um album bastante interessante onde se pode destacar o quase Funky "Can't Get There From Here", com arranjo de metais, e o começo tímido de "Feeling Gravity Pull" que traz como sequência um conjunto de temas simples mas cativantes. Nos extras há o bom momento que é "Crazy" e em "Burning Hell" revela-se um desfigurado, e gritante, Michael Stipe num tema que roça a fronteira do Punk.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Milagreiro - DJAVAN


1 Farinha 3:39
2 Om 4:29
3 "Meu" 3:57
4 Ladeirinha 3:39
5 Infinitude 5:17
6 Milagreiro 5:46
7 Brilho da Noite 5:02
8 Além de Amar 3:39
9 Lugar Comum 4:55
10 Sílaba 4:23
11 Cair Em Si 4:52

No ano de 2001 Djavan voltava a editar um album de originais com a qualidade e estilo que se lhe conhecem. Gravado em casa no seu estúdio pessoal, acompanhado da família, os seus dois filhos Max Viana, na Guitarra, e João Viana, na Bateria, e a participação da sua mulher na concepção gráfica do Cd, Djavan retorna tematicamente às suas origens. Musicalmente só o primeiro tema, "Farinha", evoca as raízes sertanejas do músico.
Milagreiro comporta onze temas bem estruturados ao melhor estilo da Música Popular Brasileira. Canções eficazes, bem construídas e harmoniosamente cuidadas. São quatro músicos que acompanham Djavan nesta sessão, para além dos já mencionados dois filhos de Djavan participam tambem Sérgio Carvalho, no Baixo, e Renato Fonseca nos Teclados. Há ainda a presença de dois convidados, Marcus Miller no Baixo, faz duo com Djavan em "Além De Amar", e a malograda Cássia Eller, falecida no final desse mesmo ano de 2001, emprestou a voz ao tema "Milagreiro" no qual ajuda a criar um ambiente Flamengo com a sua voz grave a soar a cigana. Um dos grandes momentos do album.
Djavan conseguiu assim mais um bom trabalho, na sua já longa carreira, mantendo a sua postura como músico de bom gosto, atencioso, e que não descura a Produção do seu trabalho.

sábado, 18 de julho de 2009

Live: A Fortnight In France - PATRICIA BARBER


1 Gotcha 6:14
2 Dansons la Gigue! 5:13
3 Crash 7:28
4 Laura (Mercer, Raksin) 5:27
5 Pieces 6:47
6 Blue Prelude (Bishop, Jenkins) 5:53
7 Witchcraft (Coleman, Leigh) 6:28
8 Norwegian Wood (This Bird Has Flown) (Lennon, McCartney) 7:10
9 Whiteworld 6:08
10 Call Me (Fields, Gasso) 6:34

Patricia Barber é dona de um estilo muito próprio de compôr, e interpretar, dentro do imenso mundo da música, sendo o Jazz o género que mais se associa ao seu perfil. Sem a tornar um caso único, ou mesmo original, acaba por ser uma artista facilmente identificável e é sempre de aguardar com alguma curiosidade o que dela pode sair.
O Cd foi captado em três espectáculos em França no ano de 2004 e proporciona-nos, deliciosamente, alguns desses momentos. Acompanhada por três músicos habituais, Michael Arnopol, no Contrabaixo, Neal Alger, em Guitarra eléctrica e Clássica, e Eric Montzka, na Bateria, Patricia Barber, Piano e Voz, apresenta um concerto cativante que prende facilmente quem estiver a ouvir. O repertório aqui apresentado, divide-se por cinco peças originais sendo uma delas inédita, e por outras cinco versões, é uma das força motivadoras do interesse deste trabalho, os originais são muito interessantes e as interpretações das versões são intensas, sinta-se a força da banda em "Norwegian Wood" ou a emotividade das baladas "Laura" e "Blue Prelude", ou ainda o quente desempenho de "Witchcraft", mas de facto os originais, "Crash", "Pieces" e "Whiteworld" são os melhores momentos deste Cd. A grande força contudo centra-se numa banda habituada a partilhar o palco e à qual é dada liberdade para se exprimir. Eric Montzka distingue-se na Bateria, não só por estar sempre presente ritmicamente, ausente somente nas baladas, mas por ser um músico bastante criativo e que consegue empregar bastante força e emotividade à banda, por sua vez o Guitarrista Neal Alger é tambem um membro em constante progressão que se empenha em alguns dos melhores momentos empregando solos bastante intensos. O Contrabaixista Michael Arnopol é o músico que acompanha Patricia à mais tempo e é entre todos o que lhe transmite mais segurança mantendo a constância da banda.
Dentro das intérpretes de Jazz actuais que por aí tem andado Patricia Barber consegue ser das poucas, senão a única, que me tem cativado pela sua sonoridade tão própria e fora do Jazz mais convencional.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Clan Of Xymox - CLAN OF XYMOX


1 A Day 6:40
2 No Words 4:26
3 Stumble and Fall 5:05
4 Cry in the Wind 5:16
5 Stranger 7:41
6 Equal Ways 5:44
7 7th Time 4:38
8 No Human Can Drown 3:22
9 A Day [Remix] 5:21
10 Stranger [Remix] 9:11

Os Clan Of Xymox são oriundos da Holanda e este album teve edição original em 1985 pela mítica editora Inglesa 4AD, no entanto a edição aqui apresentada é em Cd e contêm duas faixas extra que são remisturas de Ivo, o produtor do album, um dos fundadores da editora 4AD e principal mentor do projecto This Mortal Coil, para "A Day" e "Stranger". Já agora chamo a atenção para o facto da ordem destes Extras estar trocada no alinhamento do Cd, a Faixa 9 é "Stranger" e a 10 é "A Day".
O som dos Clan Of Xymox, só Xymox antes da edição deste album, o primeiro, é um Electro-Pop, bastante Gótico, com reminiscências de bandas como os New Order e os Cure mas que consegue ir mais além apresentando paisagens sonoras imbuídas de novas cores numa paleta que não se quer preenchida. A produção de Ivo ajuda por aqui à atribuição de algumas semelhanças com a sonoridade dos Cocteau Twins, nomeadamente nas guitarras que criam enchimento por trás da sonoridade das máquinas. Sem serem tão comerciais, e expostos, como os exemplos atrás referenciados a banda Holandesa vive de uma sonoridade mais Indie e mais Dark, por vezes a roçar o Industrial, o que a torna numa perfeita banda de culto.
Os temas são todos interessantes não se conseguindo encontrar um ponto fraco no trabalho, ao invés pode-se evidenciar o crescendo final de "Cry In The Wind", os dançaveis "A Day" e "Stranger", um quase, incrível, Funky em "No Words", e um poderoso baixo em "7th Time". De uma forma mais modesta apresentam-se as restantes faixas dentro de um bom nível em relação ao trabalho apresentado.

sábado, 11 de julho de 2009

Let It Be...Jazz - A GRP ARTIST'S CELEBRATION OF THE SONGS OF THE BEATLES


1 The Long and Winding Road - George Benson 5:55
2 She's Leaving Home - McCoy Tyner 5:56
3 I Want You (She's So Heavy) - Groove Collective 5:47
4 And I Love Her - Diana Krall 7:05
5 The Fool on the Hill - Tom Scott 4:29
6 Michelle - Ramsey Lewis 4:46
7 A Day in the Life - Lee Ritenour 5:21
8 Let It Be - Nelson Rangell 4:54
9 Eleanor Rigby - Chick Corea 4:38
10 While My Guitar Gently Weeps - Russ Freeman 4:45
11 In My Life - Spyro Gyra 3:29
12 Here, There and Everywhere - David Benoit 4:05
13 Blackbird - Arturo Sandoval 5:52
14 Yesterday - Dave Grusin 4:34
15 Imagine - Yoshiko Kishino 3:20

Em 1995 a editora Americana GRP, geralmente associada com a sonoridade Smooth Jazz, uma forma de Jazz mais comercial, editava em Cd este trabalho em que pretendia celebrar a música de uma das maiores bandas que já pisou este planeta, os Beatles. A GRP fê-lo através dos seus artistas dando assim uma nova forma de ouvir temas tão populares, que practicamente todo o mundo conhece, interpretados por famosos músicos de Jazz. O resultado acaba por ser simplesmente esse, as músicas estão lá tal como as conhecemos mas com arranjos de Jazz, seja em solos de Piano, de Chick Corea e Dave Grusin, seja em formato de Big Band, como Arturo Sandoval se apresenta, ou até num formato mais Latino, como os Groove Collection. Apenas alguns se atreveram a alterar um pouco a coisa, Ramsey Lewis, que interpreta "Michelle", apresenta uma versão com um arranjo mais actual, batida Hip-Hop, Arturo Sandoval e a "sua" Jazz Train Band interpretam uma versão bastante Swingada de "Blackbird" e Russ Freeman consegue dar um novo ambiente, mais actual e com boas vozes, a "While My Guitar Gently Weeps". Os restantes limitam-se a interpretar os temas tal como são mas numa versão mais Jazzística.
A versão que aqui apresento é a da nossa edição nacional, em 1999, e está um pouco deturpada em relação à edição original. Começando pelo título, a edição original Americana intitula-se "I Got No Kick Against Modern Jazz - A GRP Artist's Celebration Of The Music Of The Beatles", e é desta forma que se consegue encontrar mais dados acerca deste Cd na net. A nossa edição, e pelos vistos tambem a Brasileira, inclui mais um tema que a Americana mas essa mais valia nem faz muito sentido, o tema que vem a mais é "Imagine", de John Lennon, numa interpretação Piano solo por Yoshiko Kishino, que nunca foi gravado pelos Beatles pois o tema faz parte da carreira a solo de Lennon. Por último a capa da nossa edição tambem não é igual à original e é com a capa original que aqui deixo este Post.


quinta-feira, 9 de julho de 2009

Quartet - BILL FRISELL


1 Tales from the Far Side 6:27
2 Twenty Years 2:55
3 Stand Up, Sit Down 5:37
4 Convict 13 5:36
5 In Deep 3:10
6 Egg Radio 4:31
7 The Bacon Brunch 4:26
8 Prelude (Frisell, Miles) 1:36
9 Bob's Monsters 8:44
10 The Gallows 6:14
11 What? 3:26
12 Dead Ranch 4:27
13 Coffaro's Theme 4:27

Em 1996 Bill Frisell editava em Cd este "Quartet" que pouco tem de convencional. A começar pela formação, pouco vulgar, que é compreendida para além do próprio Frisell, em guitarra eléctrica e Acustica, por Ron Miles no Trompete, Curtis Fowlkes no Trombone e por Eyvind Kang no Violino, e tambem na Tuba. O repertório aqui apresentado pertence na basta maioria a bandas sonoras que o próprio Frisell fez, criando novos arranjos para esta formação.
Estamos assim na presença de um trabalho único, sem um género que o possa definir. Tanto pode ser Folk, como Country, Nashville, ou até podem ser uns Blues. Por vezes tambem pode soar a música de câmara. Como são peças originalmente escritas para filmes, a maior parte dos temas pertencem a uma criação animada Americana, para televisão, intitulada "Tales From The Far Side", a descobrir, dois temas pertencem à banda sonora de Convict 13, de Buster Keaton, e outros dois a uma produção Italiana intitulada "La Scuola", têm uma estrutura musical apoiada em imagens, muita vezes criada espontâneamente perante o visionamento da obra, e por isso divergem do género mais comum da escrita mais comercial, ou mais convencional. É um processo bastante criativo que nos leva a viajar musicalmente por esses mundos imaginários.
Frisell é detentor de um som de guitarra bastante seu, facilmente identificável, e apoiado pela restante formação oferece-nos de facto um bom momento musical de descoberta e por vezes bastante divertido.

domingo, 5 de julho de 2009

Tones for Joan's Bones - CHICK COREA


1 Litha 13:36
2 This Is New (Gershwin, Weill) 7:41
3 Tones for Joan's Bones 6:11
4 Straight up and Down 12:34

Eis o album de estreia de Chick Corea a solo, em 1966. Acompanhado por Woody Shaw, em Trompete, Joe Farrell, em Sax-Tenor, Steve Swallow, no Contrabaixo, e por Joe Chambers, na Bateria, Chick Corea apresenta uma sessão, com três peças originais mais uma versão, que resulta num trabalho seguro e bastante consistente dentro do estilo mais clássico do Jazz, ainda assim a banda mostra-se muito à vontade e expande-se regularmente em diversas vias intervindo de uma forma célere e concisa. A secção rítmica, Swallow/Chambers, mostra-se imparável e condutora de toda esta agitação. É um jovem Chick Corea que ataca o Piano sem temor e precorre três peças, de sua autoria, com destreza e confiança.
O arranque com "Litha" mostra logo que o ambiente geral é influenciado por uma enorme vontade de tocar. A banda ataca como uma unidade para um começo acelerado, quase irrespirável, em que depois os solos, primeiro de Farrell depois de Shaw, se mostram longos mas precisos. O tema de Kurt Weill é uma interpretação convicente, e "Tones for Joane's Bones" é uma peça um pouco mais calma, executada em trio por Corea/Swallow/Chambers, que acabou por receber o referido título depois de Corea concluir que o ambiente desta peça o recordava da sua esposa Joan. A terminar, com "Straight Up And Down", a banda despede-se, tal como se apresentou, numa faixa de execução rápida.
De referir que Chick Corea compõe primeiramente as suas peças, tendo simplesmente a música como objectivo, sem qualquer influência ambiental ou temática, e só depois procura associá-las com pessoas ou momentos e a partir daí atribui-lhes um título. Parafraseando Vladimir Nabokov, tal como vem nas notas do Cd, "Art is not "about" something but Is the thing Itself."
Para terminar há só que referir que este Cd pertence a uma edição comemorativa dos cinquenta anos da editora Atlantic, em 1998, em que foram reeditados cinquenta trabalhos, considerados grandes momentos na história de tão grande editora, preservando o som, a capa e as notas originais.

terça-feira, 30 de junho de 2009

Domino Theory - WEATHER REPORT


1 Can It Be Done (W.Tee) 3:59
2 Db Waltz (Zawinul) 11:09
3 The Peasant (Zawinul) 8:13
4 Predator (W.Shorter) 5:14
5 Blue Sound - Note 3 (Zawinul) 6:48
6 Swamp Cabbage (W.Shorter) 5:19
7 Domino Theory (Zawinul) 6:08

Domino Theory apresenta os Weather Report em grande forma, em 1984, e a servirem mais um bom trabalho impregnado do som que mais caracterizou a banda. A dupla fundadora, Joe Zawinul e Wayne Shorter, faz-se acompanhar da última secção rítmica que ajudou a fundir o som da banda, Omar Hakim, na Bateria, e Victor Bailey, no Baixo, são preponderantes e fundamentais num registo, mais uma vez, cheio de ritmo e em que a bateria em dois dos temas é trabalhada, pela primeira vez na história da banda, por caixa de ritmos. Joe Zawinul continua a ser quem contribui com mais composições, e, segundo palavras dele, três dos temas terão sido captados ao vivo. Na sequência da gravação desses três temas, não mencionados, apenas "Blue Sound-Note 3" se nota ser de facto ao vivo, a banda terá ido imediatamente para estúdio para aproveitar o balanço e gravar os restantes quatro temas que completam o album.
"Can It Be Done?" inicia o Cd em formato de canção, interpretada por Carl Anderson, numa composição totalmente executada por Zawinul com uma caixa de ritmos, e lança a questão acerca de ser ainda possível criar um som que nunca tivesse sido ouvido, ou escrever uma melodia que soe a algo totalmente novo. A questão da originalidade. "Db Waltz" é um longo e progressivo tema com muito balanço. "The Peasant" é mais calmo mas muito cativante e de seguida vem o ritmado "Predator". "Blue Sound - Note 3" soa misterioso e ponderado, é um dos temas ao vivo. "Swamp Cabbage" tem uma batida forte, repetitiva, muito marcante e "Domino Theory" encerra bem com a sua batida programada, em caixa de ritmos, a sobrepôr-se à marcação de Omar Hakim e com um Victor Bailey irrequieto no Baixo a debitar Groove.
No final temos tudo aquilo que os Weather Report sempre souberam dar, muito Groove, muitos cheiros, muitos sons, muita música.

sábado, 20 de junho de 2009

Adore - SMASHING PUMPKINS


1 To Sheila 4:40
2 Ava Adore 4:20
3 Perfect 3:23
4 Daphne Descends 4:38
5 Once upon a Time 4:06
6 Tear 5:52
7 Crestfallen 4:09
8 Appels + Oranjes 3:34
9 Pug 4:46
10 The Tale of Dusty and Pistol Pete 4:33
11 Annie-Dog 3:36
12 Shame 6:37
13 Behold! The Night Mare 5:12
14 For Martha 8:17
15 Blank Page 4:51
16 17 :17

Em 1998, e ao quarto album, os Smashing Pumpkins ficaram reduzidos a trio, neste caso sem baterista. Billy Corgan, Voz e Guitarra, D'Arcy, Baixo, e James Iha, Guitarra, avançaram para um novo disco sem baterista, função essa aqui assumida, e dividida, por Matt Walker, Joey Waronker, Matt Cameron e alguma programação de estúdio.
Num album de cores neutras, em que domina a fotografia a preto e branco, o resultado revela-se dúbio levantando a questão se estamos perante um trabalho melancólico ou uma ode à paixão. Os temas são calmos, misteriosos, cautelosos até, com raros devaneios que se revelam de vez em quando. Provavelmente uma hipotética fase de mudança que por aqui começaria a tentar desenhar-se. Peca por ser um Cd excessivamente longo sem grandes dinamismos que possam ajudar ao despertar da alma sofrida que por aqui paira, excepção para os momentos "Ava Adore",e "Pug".
Apesar de bastante sofrível tolera-se, e as canções acabam por se tornar uma parte do cenário bem desenvolvido. Ou não fossem elas parte desse mesmo cenário.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Ecos de Outono - DIVA


1 Amor Errante 4:18
2 Calçada 3:36
3 Noite 3:30
4 Ecos De Outono 5:52
5 Baila Papoila 3:16
6 Tempestade e Paixão 3:09
7 Se 3:34
8 Romaria 4:57
9 Fantasia 1:05

Ecos de Outono foi, em 1990, o album de estreia para os Diva, que já por cá andavam desde 1985. Num disco com óbvias referências musicais dos Cocteau Twins à "nossa" Sétima Legião, não será por acaso que Ricardo Camacho assume a Produção, a par de Francis, destaca-se o caloroso ambiente instrumental criado pelas guitarras e pelos muitos delays utilizados, que sustenta a voz altiva de Natália Casanova. Os arranjos das guitarras soam celestiais através da utilização de diversos efeitos de reverberação e criam uma aura fantástica completada pela entoação da vocalista. É um som claramente Pop, ainda com reminiscências dos anos 80, que combina com algum do som mais rural do nosso País.
"Amor Errante" foi o tema mais conhecido deste trabalho mas há por aqui outros bons momentos como "Noite", claramente inspirado nos Cocteau Twins, os practicamente instrumentais "Ecos de Outono" e "Baila Papoila", o arranjo clássico, a fazer lembrar os Madredeus, para "Tempestade e Paixão", com a participação de Ricardo Camacho nas Teclas, Francis na Guitarra Clássica e Miguel Teixeira em Viola de Arco, e "Se" no tema mais Pop do album, depois de "Amor Errante". O tema "Romaria" é um aparte por se tratar de uma peça com um arranjo claramente inspirado pelo "Ave Maria" de Schubert, e com tal inspiração só podia soar bastante bonito.
Ecos de Outono revela-se como um bom disco para se ouvir em qualquer estação.

terça-feira, 9 de junho de 2009

The Blair Witch Project: Josh´s Blair Witch Mix


1 Gloomy Sunday - Lydia Lunch 3:22
2 The Order of Death - Public Image Limited 4:47
3 Draining Faces - Skinny Puppy 5:16
4 Kingdom's Coming - Bauhaus 2:25
5 Don't Go to Sleep Without Me - Creatures 2:34
6 God Is God - Laibach 3:41
7 Beware - Afghan Whigs 4:47
8 Laughing Pain - Front Line Assembly 5:43
9 Haunted - Type O Negative 10:07
10 She's Unreal - Meat Beat Manifesto 4:11
11 Movement of Fear - Tones On Tail 3:49
12 The Cellar - Antonio Cora 5:24

Eis a banda sonora de um filme que não tem banda sonora. Parece confuso? Não é.
Em 1993 dois jovens estudantes de cinema, Eduardo Sánchez e Daniel Myrick, conheceram-se e juntos criaram o argumento para um falso documentário que foi alimentado por falsas notícias, espalhadas pela internet, acerca do misterioso desaparecimento de três jovens estudantes enquanto estes faziam um documentário acerca da lenda da bruxa de Blair, em Maryland. A ideia era tornar a lenda o mais real possível de forma a que o público entende-se que o documentário era mesmo real e que este era de facto a única testemunha da aventura insólita dos três jovens estudantes no bosque das Colinas Negras de Maryland.
O filme foi filmado com uma câmara de video pelos três protagonistas enquanto se embrenhavam no dito bosque e como tal tudo o que se ouve é passado no momento, tal como numa filmagem caseira. Não há aqui efeitos de sonoplastia ou qualquer banda sonora.
A banda sonora aparece de uma forma original, entre os pertences encontrados dos jovens desaparecidos constava uma cassete que se encontrava no carro de Joshua Leonard, que foi usado pelos três jovens para se deslocarem até à referida zona, e que supostamente teria sido gravada por Josh para esta viagem e tinha o título "Josh's Blair Witch Mix".
O Cd passa por ser uma colectânea de temas tão negros como o próprio filme, cuja temática é a morte e algum sobrenatural. A presença dos Bauhaus, Creatures, ou Type O'Negative, cria alguma aura mais gótica, assim como a presença de Skinny Puppy ou dos Front Line Assembly, dá um ambiente mais industrial e electrónico. Grandes presenças para os P.I.L. com "The Order Of Death", Laibach e "God Is God" e os Afghan Whigs com uma versão de "Beware" de Al Green.
Todos os temas constam de albuns originais das respectivas bandas, só o último tema do Cd, "The Cellar" de Antonio Cora, foi criado para a banda sonora do documentário. Este tema acaba por ser simplesmente uma espécie de efeito sonoro experimental criando a ambiência do filme.
Como curiosidade refira-se que o Cd tem como ano de edição 1999, o mesmo ano do filme, e para banda sonora de uma documentário, que se pretendia tão real, comete a gafe de conter temas de anos posteriores a 1994, ano em que supostamente teria acontecido o desaparecimento dos estudantes.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Radio K.A.O.S - ROGER WATERS


1 Radio Waves 4:58
2 Who Needs Information 5:55
3 Me or Him 5:23
4 The Powers That Be 4:36
5 Sunset Strip 4:45
6 Home 6:00
7 Four Minutes 4:00
8 The Tide Is Turning (After Live Aid) 5:43

Estamos na presença de um album conceptual como Roger Waters tão bem sabe fazer. Radio K.A.O.S conta, ao estilo de uma ópera/Rock, a história de Billy, um jovem de 23 anos com problemas mentais, que recebe ondas de radio sem necessitar de qualquer espécie de aparelho electrónico. Billy utiliza somente um telefone sem fios, roubado pelo irmão, para contactar com todo o Mundo à sua volta, nomeadamente com Jim, o locutor da Radio K.A.O.S. Billy acaba por adquirir poder de forma a manipular os maiores computadores do Mundo e inicia assim um divertimento, de gozo pessoal, em que simula virtualmente uma guerra Nuclear, a nível global, mas em que anula tambem a capacidade de resposta de todos os Países gerando o pânico e a impotência perante a ameaça que parecia tão real. Tudo acaba num imenso "blackout". Lindo.
Foi assim com este argumento que Roger Waters, em 1987, criou o segundo trabalho a solo. Num estilo um tanto diferente de "The Pros And Cons Of Hitch Hiking" Waters criou mais um excelente trabalho que se inicia com um tema que induz em erro, "Radio Waves" é um autêntico tema Pop que serviu de apresentação ao album como single. O restante trabalho é marca registada do antigo líder dos Pink Floyd, que neste mesmo ano regressavam sem a presença do seu carismático líder.
O album deve-se ouvir como um todo mas há momentos grandiosos como, "The Powers That Be", um muito poderoso tema Rock com Paul Carrack a cantar o refrão, ou o momento dramático, e muito intenso, de "Four Minutes". O album revela-se bastante cinematográfico e se estivermos a par da história, e munidos de auscultadores, nada nos escapa e as emoções afloram facilmente.
O album conclui com uma mensagem de esperança na forma do tema "The Tide Is Turning" (After Live Aid).
Acerca deste tema podem-se referir alguns pormenores interessantes, tais como:
-Roger Waters teria feito parte, inicialmente, da lista de músicos convidados a participar no Live Aid, acabando por ficar de fora. Waters acabou por seguir, em casa, o espectáculo e envolto pela emoção e pelo significado do momento em si, escreveu este tema sem qualquer album em mente.
-Aquando da conclusão deste trabalho a editora achou que ainda faltava mais qualquer coisa ao album, Waters acaba por incluir "The Tide Is Turning" e consegue assim um final de esperança para uma peça tão dramática.
-Para terminar, reza a lenda que o suposto código morse que se ouve no início e no fim do album esconde um verso que é o seguinte:

Now the past is over but you are not alone
Together will fight Sylvester Stallone
We will not be dragged down in his South China Sea
Of macho bullshit and mediocrity

Isto advém de no final do tema "The Tide Is Turning" Waters dizer "The tide is turning Sylvester". Sylvester será supostamente Sylvester Stallone.
Boa audição.

domingo, 31 de maio de 2009

The Great Deceiver - KING CRIMSON - CD04


Toronto, Massey Hall
1 Improv: The Golden Walnut 11:14
2 The Night Watch 4:37
3 Fracture 11:51
4 Improv: Clueless and Slightly Slack 8:12
Zurich Volkshaus
5 Walk on...No Pussyfooting :53
6 Improv: Some Pussyfooting 2:26
7 Larks' Tongues in Aspic, Pt. I 8:16
8 Improv: The Law of Maximum Distress, Pt. 1 6:31
9 Improv: The Law of Maximum Distress, Pt. 2 2:33
10 Easy Money 7:32
11 Improv: Some More Pussyfooting 5:53
12 The Talking Drum 7:32

Chego assim ao quarto Cd, e último, desta Box que integra 6 bootlegs, escolhidos por Robert Fripp, captados na época de 73/74. O último Cd tem o sub-título "...But Neither Are They Otherwise."
É importante frisar que estamos na presença de Bootlegs com boa qualidade de som e que são um precioso testemunho da prestação da banda ao vivo, e tambem da grandiosa época em que esta formação dominou, Robert Fripp, John Wetton, Bill Bruford e David Cross. É tambem bastante interessante notar a diferença dos concertos mais antigos para os da fase final da digressão, a crescente evolução da banda é impressionante na forma como o seu som se vai tornando cada vez mais possante e coeso.
Por esta edição se limitar a um período de tempo que vai de 23 de Outubro de 1973 a 30 de Junho de 1974 o alinhamento dos concertos acaba por ser quase sempre baseado no mesmo repertório, no entanto a banda estava em constante experimentação e consegue surpreender pela variedade apresentada. Os temas que se repetem, nesta edição, tem sempre qualquer coisa de novo e isto resulta do princípio da banda de enfrentar o palco no momento, e o estado de espírito dos elementos da banda, ou o envolvimento do público, podem repercutir-se no resultado final do show.
Este último Cd apresenta dois shows, Toronto e Zurich, em alturas díspares, e é o Cd mais imprevisível de todos. É composto maioriotariamente por peças improvisadas o que torna a audição mais interessante, na busca de pormenores, mas tambem mais complicada em termos de paciência, no entanto é precisamente por este tipo de trabalho que a banda sempre se destacou.
É uma edição de luxo a ter em consideração, nomeadamente para apreciadores da banda, ou do género, caso contrário pode haver uma má digestão do produto.

sábado, 23 de maio de 2009

The Great Deceiver - KING CRIMSON - CD03


Pittsburgh...Pennsylvania
1 Walk on...No Pussyfooting (Eno, Fripp) 1:15
2 The Great Deceiver 3:32
3 Improv: Bartley Butsford 3:13
4 Exiles 7:19
5 Improv: Danïel Dust 4:09
6 The Night Watch 4:39
7 Doctor Diamond 5:11
8 Starless 12:25
9 Improv: Wilton Carpet 5:52
10 The Talking Drum 5:29
11 Larks' Tongues in Aspic, Pt. 2 4:07
Penn State University
12 Applause & Announcement 2:12
13 Improv: Is There Life Out There? 4:07

O terceiro Cd da edição situa-se em Pittsburgh, Pennsylvania, em Abril de 1974, e têm o sub-título "...Acts Of Deception (The Magic Circus, Or Weasels Stole Our Fruit)".
Já perto da recta final da digressão a banda encontrava-se em ponto de rebuçado, atingindo pontos muito altos de execução e fazendo-se sentir forte e coesa em palco. A secção rítmica, tal como já foi referido anteriormente, encontra-se, particularmente neste Cd, numa forma magnífica de entendimento, perfeito, entre os dois músicos, John Wetton e Bill Bruford. A força de execução é impressionante e dominante, nomeadamente Bruford que tem neste concerto de Pittsburgh uma presença inesquecível. Fripp caracteriza Bruford como "um Baterista com temperamento de músico clássico que pretende ser um Jazzista mas trabalha com grupos de Rock".
O concerto de Pittsburgh vive de momentos dinâmicos em que as improvisações da banda funcionam, no geral, como introduções aos temas, ajudando a criar um certo ambiente expectante até ao êxtase de se entrar no tema em si. Estes momentos de criatividade funcionam muito bem e a banda encontra-se em terreno que pode explorar com facilidade.
Momentos altos deste concerto, a interpretação de "The Night Watch" e a demonstração poderosa, e hipnotizante, no final com "Talking Drum" e "Lark's Tongues In Aspic: Part Two", aqui numa versão abreviada. Sempre a referir o momento "Starless".
O Cd conclui-se com mais uma execução do concerto de Penn State University, e neste caso com uma das peças de improviso aqui intitulada "Is There Life Out There?". É mais um daqueles momentos únicos que só se vai poder saborear ouvindo o Cd porque não mais voltou a acontecer.

domingo, 17 de maio de 2009

The Great Deceiver - KING CRIMSON - CD02


Providence...continued (encore)
1 21st Century Schizoid Man 7:32
2 Walk Off from Providence...No Pussyfooting (Eno, Fripp) 1:15
Walk on to Glasgow...Glasgow Apollo
3 Sharks' Lungs in Lemsip 2:38
4 Larks' Tongues in Aspic, Pt. 1 7:25
5 Book of Saturday 2:49
6 Easy Money 6:43
7 We'll Let You Know 4:54
8 The Night Watch 4:54
9 Improv: Tight Scrummy 8:27
10 Peace: A Theme 1:01
11 Cat Food 4:14
Penn State University
12 Easy Money 2:19
13 ...It Is for You, but Not for Us 7:25

O segundo Cd desta soberba edição tem o sub-título "Sleight Of Hand (Or Now You Don't See It Again) And..." e começa, em jeito de conclusão, com "21st Century Schizoid Man", tema que servia habitualmente de encore, completando o concerto de Providence que preenche o primeiro Cd, oferecendo-nos assim esse mesmo concerto em versão integral. De seguida é-nos dado a ouvir o concerto de Glasgow em Outubro de 1973, e um pequeno excerto do concerto em Penn State University, em Junho de 1974.
O concerto de Glasgow, dos seis que são apresentados, é aquele que dista mais tempo em relação ao de Providence, o penúltimo da digressão, e talvez por isso se notem diferenças entre o repertório apresentado, e a execução da banda.
Acima de tudo existe a diferença geográfica do concerto de Glasgow, Reino Unido, e Providence, Estados Unidos da América. Robert Fripp sempre achou que o projecto King Crimson nunca foi devidamente compreendido no Reino Unido mas que fora de portas recebia o devido respeito e compreensão, quero com isto dizer que supostamente longe de casa, e acima de tudo nos Estados Unidos da América, a banda tivesse uma postura diferente em palco.
David Cross, o violinista da formação, revela, no libreto que acompanha a edição, a dificuldade que tinha em fazer sobressair o som do violino, um instrumento com muito poucas conotações ao Rock, e como a secção rítmica Wetton/Bruford crescia de força e intensidade de concerto para concerto atingindo picos de som altissímos e possantes acabando por dominar o espectáculo. No fim desta mesma digressão Fripp pediu mesmo que David Cross abandonasse a banda.
Como conclusão, o concerto de Glasgow é mais comedido sem a força brutal que se ouve e sente no concerto de Providence. É um concerto bastante experimental, o repertório ainda nem estaria bem definido, e David Cross nesta altura ainda se conseguia fazer ouvir. Interessante a utilização de uma caixa de ritmos no habitual momento "free" do concerto, aqui intitulado "Tight Scrummy", que disciplina a improvisação obrigando a banda a manter um ritmo constante como se seguisse um metrónomo. O final com "Cat Food" é um excelente momento de Rock.
O tema "The Night Watch" parece que tinha problemas técnicos na fita, tal como na gravação de Zurich, que aparece mais à frente, no entanto de forma a dar mais integralidade ao concerto de Glasgow, Fripp decidiu montar a segunda parte do tema, retirada do concerto de Zurich, e juntá-la à primeira parte do tema, na gravação de Glasgow, e assim pode-se ouvir o tema integralmente sem quaisquer defeitos técnicos.
O final deste CD conclui-se com um excerto do concerto em Penn State University, em Junho de 1974, e apresenta uma versão mais curta de "Easy Money" que se complementa com um momento experimental intitulado "...It Is For You, But Not For Us".

domingo, 10 de maio de 2009

The Great Deceiver - KING CRIMSON - CD01


1 Walk on...No Pussyfooting (Eno, Fripp) :52
2 Larks' Tongues in Aspic, Pt. 2 6:12
3 Lament 4:04
4 Exiles 7:00
5 Improv: A Voyage to the Centre of the Cosmos 14:41
6 Easy Money 7:14
7 Improv: Providence 9:47
8 Fracture 10:47
9 Starless 11:56

À data desta edição, em 1992, eram contabilizadas 120 bootlegs disponíveis, só no Japão, de concertos dos King Crimson. Apesar das gravações abrangerem todas as épocas da banda os anos de 1973 e 1974 são os que mais material apresentam. Surge assim esta caixa de quatro CDs, acompanhada por um interessantíssimo libreto de sessenta e oito páginas, que nos dá precisamente a conhecer alguns dos shows registados nessa mesma época de 73/74. A formação deste período consistia em Robert Fripp, Guitarra e Mellotron, David Cross, Violino e Mellotron, John Wetton, no Baixo e Voz, e Bill Bruford na Bateria.
Neste CD, o primeiro, com o sub-título "Things Are Not As They Seem...", é-nos apresentado aquele que foi o último espectáculo, desta digressão, em recinto fechado, no Palace Theatre, Providence, Rhode Island em 30 de Junho de 1974. O último concerto, na realidade, seria no dia seguinte em New York, no Central Park. Robert Fripp sempre gostou mais dos concertos intimistas, por estar mais perto do público e poder sentir a reacção à experiência de se estar a assistir um concerto da banda.
A banda utilizava, na maior parte dos Shows, o tema "No Pussyfooting", gravado por Fripp e Brian Eno, mas nunca editado, e que servia de arranque, e tambem de fecho, aos concertos. É esta peça que abre o Cd para de seguida a banda entrar a rasgar com "Lark's Tongues In Aspic, Pt.Two". A partir deste momento estamos inseridos no mundo mágico, imprevisível, de King Crimson e resta-nos deixar arrastar pela torrente que por vezes pode ser bastante pesada, noutras pode ser introspectiva, e noutras uma experiência espacial tal como em "A Voyage To The Centre Of The Cosmos". Este tema, tal como "Providence", são peças de improviso que a banda gostava de incluir no repertório. Por norma incluiam sempre duas peças, comparadas com o movimento "free", em que a banda tinha um momento em que, mesmo sabendo as linhas por onde andavam, podiam-se esticar um pouco mais e criar algo novo no momento, mais magia no ar.
A edição é servida numa acolhedora embalagem de cartão da qual apresento aqui a foto da respectiva capa.


quarta-feira, 29 de abril de 2009

Survival - BOB MARLEY & THE WAILERS


1 So Much Trouble in the World 4:00
2 Zimbabwe 3:49
3 Top Rankin' 3:09
4 Babylon System 4:21
5 Survival 3:54
6 Africa Unite 2:55
7 One Drop 3:52
8 Ride Natty Ride 3:53
9 Ambush in the Night 3:14
10 Wake Up and Live 4:55
11 Ride Natty Ride (12" mix) 6:23

A voz de Bob Marley fez-se sempre ouvir, em alto e bom som, ao ritmo do Reggae. A sua atitude foi sempre a de um homem de bom coração que não queria mais do que Paz no Mundo, que todos os Povos lutassem pelo seu ideal e que convivem-se pacificamente. Ora o Mundo perfeito não existe e Marley tinha, obviamente, consciência disso. Bob Marley era, politicamente, uma presença incómoda, vou assim considerá-lo um activista, no sentido mais cultural, e musical, da coisa.
Em 1979 Bob Marley, e a sua banda The Wailers, editavam este album "Survival", cuja edição que aqui apresento é a reedição em Cd, de 2001, a qual inclui como bónus a mistura de "Ride Natty Ride" para a versão de 12". "Survival" revela-se como o album mais político da carreira de Bob Marley, acabando por se poder considerar um trabalho conceptual que tem como principal pano de fundo o continente Africano e a escravatura. A quantidade de homens que foram levados, desumanamente, das suas origens para serem usados laboralmente, sem qualquer forma de respeito, nos quatro cantos do Mundo, está patente na gravura que demonstra a forma, cruel, como eram transportados nos barcos. Uma grande parte destes homens foram levados para o continente Americano, daí Marley considerar que as suas raízes estariam sediadas em África.
A situação Mundial tambem é aqui retratada na generalidade através dos sintetizadores de "So Much Trouble In The World". A incitação ao direito de cada um decidir por si próprio é cantada em "Zimbabwe" e "Babylon Sistem", e a chamada de atenção para a unificação dos Povos contra Governos opressivos está bem presente em "Top Rankin'" e "Africa Unite". A faixa "Survival" celebra a sobrevivência de uma raça que muito sofreu, e "Wake Up and Live" incita à celebração da vida como um direito comum a todos os seres vivos.
Musicalmente Bob Marley dá-nos o balanço do Reggae que inevitavelmente nos faz abanar e dançar ao som do Groove da Jamaica, neste album acentuado por vezes por alguns sopros como por exemplo em "Wake Up and Live" que termina com um tórrido solo de Saxofone, não creditado.
Um album de luta, para nos fazer sentir que podemos, e devemos, construir o Mundo à nossa maneira, sem imposições.

terça-feira, 21 de abril de 2009

O Mundo Ao Contrário - XUTOS & PONTAPÉS


1 Desejo 3:25
2 Diz-Me 4:37
3 Ai Se Ele Cai 3:12
4 Pequeno Pormenor 2:58
5 Zona Limite 3:27
6 Fim de Semana 5:27
7 Gota a Gota 2:35
8 Teimosia 4:13
9 O Mundo Ao Contrário 4:18
10 Sombra Colorida 2:38

Em 2004 os Xutos & Pontapés comemoravam 25 anos de existência com o lançamento de mais um album de originais. Esses vinte e cinco anos reflectem-se em maturidade e os Xutos dão-nos um album mais cuidado, e trabalhado, em estúdio, em que as guitarras, apesar de continuarem sempre presentes, deixam ouvir mais do que se passa por trás. As vocalizações tambem se encontram mais trabalhadas, sendo o excelente tema "Diz-me" o que mais evidencia esta parte do trabalho, com uma boa interpretação de Tim.
A Música criada para este Cd consegue respirar sem se atrofiar, por vezes chegamos a ter a sensação de que os Xutos atinaram e ganharam juízo mas, felizmente, continuam a ser eles próprios e apesar de mais limpinhos é o seu som e a sua atitude que continua a dominar.
"Desejo" é um excelente tema de abertura, com um Riff pausado. "Diz-me" é um grande momento, e uma das melhores interpretações de Tim. "Fim de Semana" é bastante interessante. "Gota a Gota" é executado em trio por Tim, pelo saxofone de Gui, e pela guitarra espacial de João Cabeleira, soa intemporal. "Teimosia" podia ter sido um dos temas do album de Tim a solo. Em "Sombra Colorida" experimenta-se uma caixa de ritmos, programada por Kalú, em vez da bateria. "Ai Se Ele Cai" e "O Mundo Ao Contrário" foram os êxitos do album.
É um album para suscitar a velha polémica entre os que dizem que dantes é que eles eram bons, e os que dizem que quanto mais velhos melhores. Que cada um julgue à sua maneira.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Dados Viciados - XUTOS & PONTAPÉS


1 Dados Viciados 2:00
2 Não Sou Jesus 3:53
3 Dá Um Mergulho 3:11
4 Manhã Submersa 4:24
5 Um Jogador 3:28
6 Mil Dados 3:29
7 Negras Como a Noite 5:07
8 No Quarto de Candy 5:55
9 Moeda Ao Ar 3:06
10 Cowboy Cantor 4:10
11 Porque Eu Sei 2:02
12 Este Mundo é Teu 4:27

Em 1997 os Xutos & Pontapés, uma autêntica instituição, editavam este Cd e demonstravam estar em grande forma. "Dados Viciados" revela-se um bom album de Rock, cantado em Português, recheado de bons Riffs de guitarra e que quase se pode considerar um album temático tendo o mundo do jogo, seja ele de sorte ou de azar, como pano de fundo. De salientar que as letras que apontam mais para essa temática sairam da mão de Zé Pedro e são precisamente esses os temas que mais se evidenciam neste trabalho.
"Dados Viciados" abre as hostes com um Rock rápido, e viciado, em que se joga tudo. "Um Jogador" e "Mil Dados" complementam-se instrumentalmente com Riffs possantes e acentuados. "Este Mundo É Teu" encerra o album da melhor forma com um tema de Rock bem estruturado acente nuns alicerces maciços de construção clássica, com som de Orgão a marcar presença.
Das mãos de Tim sairam os êxitos "Dá Um Mergulho" e "Manhã Submersa", que juntamente com "Porque Eu Sei" representam a sonoridade mais habitual da banda. "Negras Como A Noite" revela-se uma balada em tom de Blues e "Moeda Ao Ar" um dos melhores temas do album.
O album vence, acima de tudo, pelo bom som que a banda conseguiu e pelo bom trabalho de guitarras.
Um aparte para a faixa "No Quarto de Candy" que é uma referência óbvia a "Candy's Room" de Bruce Springsteen. O tema não é o mesmo mas a letra, assinada por Tim, evidencia claramente passagens da letra original que o "Boss" Bruce Springsteen gravou em 1978 no album "Darkness On The Edge Of Town". Coisas do meio musical.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Spartak! One - SPARTAK


1 Spartak!One 3:50
2 King Tubby 3:10
3 The Monsters 4:13
4 Like It's Alright 3:21
5 The Parsecs 3:25

Os Spartak, tal como eu, são de Alcobaça, onde, apesar de lá não ter nascido, passei a maior parte da minha vida, durante os últimos 39 anos. Os Gift e os Loto tambem são de Alcobaça. Madbaça? O conceito original, Madchester, exige muito respeito. Mas podemos tornar Madbaça só nosso e senti-lo à nossa maneira.
Os Spartak são tímidos, mas corajosos. São criativos, utilizando apenas material simples. Denotam muitas influências e conseguem combiná-las maravilhosamente bem. Soam Electro-Pop e convencem facilmente. O som dos Spartak é etéreo, urgente, e respira esperança. O CD/EP é curto, sabe a pouco. Aquando do seu lançamento em 2006, para apresentação do projecto, ficou prometido com brevidade um album. Continuamos à espera. QUEREMOS MAIS.