sábado, 29 de agosto de 2020

Misleading - MISLEADING


1 Gone   8:32   
2 Bitter Hit Blues   8:17
3 Karmemoto   11:27
4 Portal Visions   10:54
5 Return Loop   9:32   
6 Drop Out (Bónus)   7:28

De origem Nabantina, os Misleading são um power trio português, sem voz, oculto por uma cortina sónica que se manifesta sob o peso de uma atmosfera carregada em que o vigor e a intensidade de peças longas e arrastadas proporcionam viagens por atmosferas alienadas e a saturação predomina o ruído estabelecendo um cenário com tanto de poderoso como de hipnótico. Bem-vindo ao reino do psychedelic doom. A fórmula é usada exaustivamente mas apesar de repetitiva detêm a capacidade de prender a atenção através do poder da sua envolvência, totalmente instrumental, e do seu obscurantismo. É isto que os Misleading se propõem a oferecer no seu álbum de estreia; o balanço de uma viagem estimulante que mesmo não sendo totalmente alucinogénia é deveras estonteante e sincera. As faixas foram gravadas em 2019 e a edição em formato cd, limitada a 100 exemplares, é de 2020 e inclui um bónus, "Drop Out" é uma gravação/demo de um ensaio da banda. Os Misleading podem ser encontrados no bandcamp através do endereço  https://heavymisleading.bandcamp.com/

domingo, 23 de agosto de 2020

Metamorphosis - MAGENTA


1 The Ballad Of Samuel Layne   20:17
2 Prekestolen   3:43
3 Metamorphosis   23:15
4 Blind Faith   6:01

O projeto Magenta foi criado pelo teclista e compositor Robert Reed em 2001 e assenta as suas bases no rock progressivo mais clássico de predominância britânica. Metamorphosis foi editado em 2008, sendo o quarto trabalho original de estúdio deste coletivo de origem Galesa, mas apesar da demonstração de capacidade e ambição em manter a fidelidade a um estilo que continua a ser empolgante e apaixonante, o registo não atinge a mestria das clássicas referências que surgem dispostas ao longo de todo o disco e apesar das boas ideias dificilmente entusiasma o ouvinte mais experiente. Ficam-se por uma boa, mas humilde, prestação em que falta, principalmente, emotividade vocal. A voz doce e angelical de Christina Booth não consegue, aqui, transmitir a expressividade que a dinâmica do género exige. 
A edição é dominada por duas peças longas, em que cada uma excede os vinte minutos, com a sua complexidade de andamentos e detalhes, cumprindo com as habituais dinâmicas que identificam o estilo mais épico que compõe as peças mais longas, e estão carregadas de referências bastante óbvias à sonoridade dos Pink Floyd e dos Yes, sendo também percetível a influência do folk de Mike Oldfield. Esta sonoridade é atualizada por algumas passagens de caráter mais "pesado" que atestam a contemporaneidade do projeto. As músicas restantes são mais curtas e lineares; "Prekestolen" apresenta uma estrutura de caraterística folk enquanto "Blind Faith" mostra um lado mais rock mas contido. 
A edição posterior inclui extras e um dvd com uma versão audio para 5.1, making of, entrevistas e vídeos.

domingo, 16 de agosto de 2020

Hail To The Thief - RADIOHEAD


1 2+2=5 (The Lukewarm.)   3:19   
2 Sit Down. Stand Up (Snakes & Ladders.)   4:19  
3 Sail To The Moon (Brush the Cobwebs out of the Sky.)   4:17
4 Backdrifts (Honeymoon is Over.)   5:22
5 Go To Sleep (Little Man being Erased.)   3:20
6 Where I End And You Begin (The Sky is Falling in.)   4:28
7 We Suck Young Blood (Your Time is up.)   4:56
8 The Gloaming (Softly Open our Mouths in the Cold.)   3:31
9  There There (The Boney King of Nowhere.)   5:21
10 I Will (No man's Land.)   1:59   
11 A Punchup At A Wedding (No no no no no no no no.)   4:56   
12 Myxomatosis (Judge, Jury & Executioner.)   3:51
13 Scatterbrain (As Dead as Leaves.)   3:20
14 A Wolf At The Door (It Girl. Rag Doll.)   3:21    

Em 2003 os britânicos Radiohead editavam Hail To The Thief, o sexto registo original feito em estúdio. Mantêm-se o enigmático experimentalismo pop, aqui preenchido com algumas intervenções mais harmoniosas e linhas de guitarra bem intercaladas com a maquinaria eletrónica mas ainda assim não é uma peça de fácil digestão e requer alguma adesão até se começar a encaixar no seu enredo. No fundo, funciona como um mapa à espera de ser bem interpretado cujos percursos podem ser tortuosos ou terminarem num paraíso surpreendentemente perdido no final de uma esquina ou até mesmo na lua. A cada nova audição as paisagens surgem renovadas e arrastam o ouvinte para abismos profundos, outras vezes criam efeitos etéreos ou então surpreendem pela dinâmica da acção, ou pelo colorido do momento. A boa sensibilidade da complexidade pop de "Go To Sleep", "Where I End And You Begin" e "A Punchup At A Wedding" combina com os momentos maquinais de "Backdrifts" e "The Gloaming", e equilibra-se com a tímidez da naturalidade estrutural de "Sail To The Moon", "We Suck Young Blood" e "Scatterbrain". O registo acaba por explodir na crescente intensidade rock de momentos como "2+2=5", "Sit Down. Stand Up", "There There", "Myxomatosis" e "A Wolf At The Door", um manifesto despertar de sentidos nos extremos do disco. "I Will" acaba por ser apenas um pequeno apontamento. Este é também um trabalho que envolve jogos de palavras, a capa encontra-se ilustrada com uma imensidão delas, e títulos duplicados para uma interpretação mais completa e justa, à semelhança dos velhos cartazes Vitorianos que então anunciavam as peças musicais que iriam ser tocadas nas salas de música. 
Um registo singular e completo. 

sábado, 8 de agosto de 2020

Strong Arm Of The Law - SAXON


Side A
1 Heavy Metal Thunder   4:16
2 To Hell And Back Again   4:40
3 Strong Arm Of The Law   4:34
4 Taking Your Chances   4:13 
Side B
1 20,000 Ft   3:44
2 Hungry Years   4:46
3 Sixth Form Girls   4:16
4 Dallas 1 PM   6:25

Os britânicos Saxon foram uma das bandas mais importantes do período quente do movimento New Wave Of British Heavy Metal, a par dos Iron Maiden e Def Leppard. Enquanto os Iron Maiden e os Def Leppard conseguiram atingir carreiras impactantes, os Saxon mantiveram um percurso ativo mas mais discreto.
Strong Arm Of The Law foi editado em novembro de 1980, apenas seis meses depois de Wheels Of Steel, o seu segundo registo, e testemunha um bom período dos Saxon. No ano anterior tinham feito a digressão britânica com os Motorhead e percebe-se aqui a influência desse tempo na estrada com Lemmy e companhia. O registo abre como uma afirmação de postura do "novo género" através de "Heavy Metal Thunder", título certamente emprestado de um dos versos de "Born To Be Wild" dos Steppenwolf, e manifesta-se logo como uma estrutura sólida e consistente, célere e dinâmica, em que os guitarristas Graham Oliver e Paul Quinn se evidenciam pela sua destreza e pelo equilíbrio na combinação dos solos. Estas caraterísticas são constantes ao longo de todo o registo. A velocidade é o primeiro indício de que os Saxon vinham de facto com energia para destilar e impressionar e "To Hell And Back Again" confirma a tendência mas apresenta-se mais acessível e harmoniosa enquanto "Strong Arm Of The Law" desacelera um pouco, para um ritmo mais hard rock. "Taking Your Chances" e "20,000 Ft" recuperam o ritmo inicial, com direito a bombo duplo para esta última, "Hungry Years" revela-se mais lenta e balanceada mas mantêm-se consistente e "Sixth Form Girls" é apenas atrevida, com um refrão "simpático". "Dallas 1 PM" é a música que fecha o registo e que apresenta a estrutura mais completa, mesmo sem ser arrasadora contêm os elementos essenciais para cativar o ouvinte. Strong Arm Of The Law é de facto uma das peças fundamentais na afirmação do Heavy Metal britânico.