domingo, 29 de setembro de 2019

Dance To The Music - SLY & THE FAMILY STONE


1 Dance To The Music   2:59
2 Higher   2:47
3 I Ain't Got Nobody (For Real)   4:25
4 Dance To The Medley   12:11
   a: Music Is Alive
   b: Dance In
   c: Music Lover
5 Ride The Rhythm   2:47
6 Color Me True   3:08
7 Are You Ready   2:49
8 Don't Burn Baby   3:13
9 I'll Never Fall In Love Again   3:24
Bonus Tracks
10 Dance To The Music (Single Version)   2:57
11 Higher (Unissued Single Version)   2:53
12 Soul Clapinn'   2:38
13 We Love All   4:30
14 I Can't Turn You Loose (O. Redding)   3:33
15 Never Do Your Woman Wrong (Instrumental)   3:33  

Sediados em S. Francisco, no epicentro do movimento hippie, em pleno ano de 1968 a colorida soul multiracial de Sly & The Family Stone surgia perfumada com alguma sonoridade pop/rock mostrando-se suficientemente eclética para encontrar o seu próprio espaço num mundo em plena mudança. É neste cenário que Sly Stone edita o seu segundo registo original Dance To The Music. Dominado por um balanço imparável e algum psicadelismo, o registo revela-se como uma jam contínua em que o ritmo comanda o andamento de todo o álbum sob a genuinidade e determinação de uma banda sem preconceitos raciais ou de géneros. É bom sentir Sly Stone no orgão hammond B3, o groove rítmico de Larry Graham no baixo e de Gregg Errico na bateria, a guitarra funky de Freddy Stone e a voz da mana Rose Stone, o pequeno naipe de sopros composto pelo saxofone de Jerry Martin e pela trompete de Cynthia Robinson e a força com que as vozes de todos eles se fazem ouvir ao longo de todo o registo. O efeito criativo da fusão dos estilos dominantes expôs a originalidade do coletivo e em certa medida antevia o futuro da música popular ocidental. A peça central do álbum é o convidativo single "Dance To The Music" que também serve de mote a "Dance To The Medley". A edição especial em formato cd contêm seis faixas extra onde se pode encontrar o single "Dance To The Music" e o quase single "Higher", ambos em versão mono, entre algumas curiosidades como uma versão  para "I Can't Turn You Loose" de Otis Redding.

domingo, 22 de setembro de 2019

Interactivist - CANKER


1 Accusations   3:25   
2 Cold Gate   2:34
3 Unstable   3:11
4 Regeneration   5:00   
5 Mirus   4:00
6 Error Is The Man   3:45      
7 The Miscalculation Of The Photophobia   2:41   
8 Marcha Para A Morte   5:58   
9 Dancing With The DBDs   2:19
10 Loko Loko Man   3:54
.....

Após encerrarem um ciclo como Exomortis em 1997, três membros da formação final da banda de metal de Maceira, Leiria, decidiram no ano seguinte abrir um novo capítulo sob o nome Canker Bit Jesus em demanda de uma estética mais atual em que a voz teria um papel mais evidenciado. A posição de frontman acabou por ser entregue ao peculiar Marciano que encaixou genuinamente na experiente tripulação dos Canker Bit Jesus. A banda entrou num período de atividade que durou cerca de 10 anos, preenchidos com concertos ao vivo, curtas aparições na tv e a edição de autor de dois ep, até que em 2006 conseguem finalmente gravar um álbum completo que seria editado posteriormente, novamente em edição de autor, mas na fase final da banda acabando por ser o canto do cisne dos Canker cujo nome foi abreviado a meio do percurso para evitar algumas confusões. Editado apenas em 2008, Interactivist testemunha que os Canker eram claros herdeiros da sonoridade mais "suja" que caraterizou a década de 90, algures entre o rock mais alternativo e o metal, com músicas preenchidas por vigorosos riffs de guitarra e baixo a que Marciano corresponde de forma instantânea, teatral e por vezes tão sensível como brutal. Os pontos fortes do registo encontram-se em "Regeneration", uma faixa bastante interessante cuja versatilidade nos transporta por densos caminhos que ao longo dos seus cinco minutos vagueiam entre o céu e o inferno, "Mirus", cativante pelo bem conseguido equilíbrio entre a subtileza da harmonia com a magia da sua estrutura e "Marcha Para A Morte", a única música do registo expressa em português, que inicia e encerra em toada folk sendo então reveladora de uma manifesta atitude capaz de antever um hipotético percurso evolutivo para a sonoridade da banda. O registo encerra com "Loko Loko Man" que num mundo perfeito, seja o que for que isso signifique, seria certamente o single a retirar deste álbum.  

sábado, 14 de setembro de 2019

Dreamtime - THE STRANGLERS


Side A
1 Always The Sun   4:53
2 Dreamtime   3:44
3 Was It You?   3:37
4 You'll Always Reap What You Sow   5:14
5 Ghost Train   5:03
Side B
1 Nice In Nice   3:53
2 Big In America   3:17   
3 Shakin' Like A Leaf   2:34
4 Mayan Skies   3:56   
5 Too Precious   6:44

Em 1986, inspirados no conceito existencialista aborígene que crê na unidade total entre os seres e a terra de que vivem, criado pelos ancestrais no tempo dos sonhos, os britânicos Stranglers relaxaram e assim criaram Dreamtime, registado como o seu nono trabalho gravado em estúdio após uma pausa de dois anos sem editar. Dreamtime é realmente um registo moderado e bastante descontraído, mais politicamente correto do que é habitual de ver e ouvir desta rapaziada, contendo uma estrutura musical bastante interessante reforçada pela inclusão dos sopros que ajudam a expandir a importância deste trabalho. No entanto o álbum encontra-se absorvido por alguma da ligeireza pop dos anos 80, datado automaticamente pela sonoridade caraterística de uma época tão colorida e tão viva como foi essa década. Os singles "Always The Sun" e "Big In America" são esclarecedores quanto ao tipo de conteúdo que se pode encontrar em todo o álbum, "Always The Sun" não deixar de ser um belíssimo single, enquanto "Was It You?" é a música que melhor reflete a genuína sonoridade dos Stranglers. A música título "Dreamtime" e a divagação instrumental no final de "Too Precious" são outros momentos bem conseguidos. Apesar de não encaixar muito bem com o longo estatuto da banda, Dreamtime revela-se como um trabalho refrescante numa carreira algo tumultuosa como é a dos Stranglers.

quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Market Square Heroes - MARILLION


Side A
1 Market Square Heroes   3:45
2 Three Boats Down From The Candy   4:33
Side B
1 Grendel   17:40  

Foi com o lançamento do single "Market Square Heroes" em 1982 que os britânicos Marillion oficializaram o início da sua carreira discográfica. O registo aqui apresentado corresponde à edição em formato Ep (12") que é composto por mais uma música, a longa suite "Grendel" que se estende por diversos andamentos ao longo dos seus 17 minutos. Liderados pelo vocalista Fish, os Marillion elaboravam músicas com estruturas complexas revelando-se como dignos herdeiros da sonoridade progressiva que por esta altura já tinha perdido a grande relevância que o género "impôs" durante a década de 70. É interessante ouvir a sonoridade primária da banda nesta fase "inicial", já com detalhe mas ainda com alguma aspereza, para se perceber como o single "Market Square Heroes" se apresenta como uma música bastante intensa e linear que não vai além de uns curtos 3:45, a pensar muito provavelmente no air-play radiofónico, mas as restantes músicas do Ep revelam a insistência da banda em seguir o estilo em que ainda acreditavam e acabam por demonstrar que a coisa afinal não estava assim tão esquecida. A reter que nenhuma destas músicas viria a integrar oficialmente os álbuns de estúdio seguintes; "Market Square Heroes" seria uma das peças obrigatórias do alinhamento ao vivo da banda e daí reaparecer mais tarde no álbum ao vivo "Real To Reel" enquanto o restante alinhamento é possível de encontrar em coletâneas de raridades ou edições com b-sides da banda.