sábado, 30 de março de 2019

Love Tracks - GLORIA GAYNOR


Side A
1 Stoplight   3:32
2 Anybody Wanna Party?   5:09     
3 Please, Be There   4:29
4 Goin' Out Of My Head (T.Randazzo/B.Weinstein)   5:26
Side B
1 I Will Survive   7:49
2 You Can Exit   5:09
3 I Said Yes   3:49
4 Substitute (W.H.Wilson)   2:56   

Gloria Gaynor fica registada para a história como uma das mais proeminentes artistas da música de dança, nomeadamente da era disco. Ela foi a primeira a aceder ao primeiro lugar de um top bilboard exclusivo para música de dança, com "Never Can Say Good-Bye"em 1973, e foi ela quem deu voz a "I Will Survive" uma das músicas que o tempo se encarregou de tornar imortal e que faz parte do alinhamento de "Love Tracks", editado em 1978 em plena era disco sound. A proeza deste registo, o sexto da discografia, assenta no facto de ter proporcionado o renascimento de Gloria Gaynor conseguindo levá-la de novo ao pódio da realeza disco e aqui é inevitável a referência e a importância de "I Will Survive" como ponto fulcral de tudo isso, no entanto o registo tem mais para dar. O título "Love Tracks" pode induzir algum preconceito e sugerir um álbum de baladas mas na realidade trata-se de um categórico registo disco, pleno de ritmo e com algum pendor funky e muito groove onde na realidade apenas se encontram duas baladas. "Please, Be There" é uma música belíssima, detentora de uma sensualidade febril, enquanto "You Can Exit" se apresenta menos expressiva mas bastante contextual para o estilo. As restantes músicas encaixam perfeitamente na manifesta energia de pista de dança que o registo transmite, com "Anybody Wanna Party?" a distinguir-se pelo forte cariz funky. Os arranjos para as versões "Goin' Out Of My Head" e "Substitute" funcionam muito bem, "Stoplight" também prende logo de início e "I Said Yes" é elegantemente dinâmica mas as atenções viram-se todas para a versão integral de "I Will Survive", que inicialmente foi lançada, numa versão mais curta, como lado b do single "Substitute"...depois teve de se inverter a edição... 

terça-feira, 26 de março de 2019

In The Army Now - STATUS QUO


Side A
1 Rollin' Home (J.David)   4:22
2 Calling   4:02
3 In Your Eyes   5:05    
4 Save Me   4:22      
5 In The Army Now (Bolland/Bolland)   4:30
Side B
1 Dreamin'   2:53
2 End Of The Line   4:53   
3 Invitation   3:14
4 Red Sky (J.David)   4:11   
5 Speechless (I.Hunter)   3:39
6 Overdose   5:19      

É um facto que o boogie rock dos britânicos Status Quo nunca foi levado muito a sério mas a segunda metade da década de 80 proporcionou-lhes uma nova oportunidade. Após a participação no benemérito concerto Live Aid em 1985, onde foram a primeira banda a tocar,  e com a edição do álbum "In The Army Now" em 1986, o décimo sétimo em estúdio, os Status Quo renasciam para o rock após três anos confusos que deixavam antever um futuro negro para a banda mas este registo veio mostrar que não era bem assim. O baixista e membro fundador Alan Lencaster abandonou a banda logo após o Live Aid pelo que a dupla de guitarristas/compositores Francis Rossi e Rick Parfitt teve de se reforçar com algum sangue novo, onde pontua o categórico teclista britânico Andy Bown, e contaram ainda com a particularidade de um bom trabalho de produção a cargo de Pip Williams e de co-produção de Dave Edmunds para as músicas "Rollin Home" e "Red Sky". O resultado final manifesta-se num trabalho de qualidade sonora exímia fundamentado numa atualização sonora, sob alguma ligeireza pop, sem fugir muito da estrutura de composição habitual. A isto tudo junta-se o enorme contributo do single homónimo, uma adaptação do original da banda holandesa Bolland & Bolland, que assegurou os tops e abriu o caminho para o lp.  
Enquanto o lado A da edição em vinil soa menos dinâmica é o lado B que acaba por assegurar a estabilidade e consistência do registo. No lado A destaca-se a assiduidade sonora de "Rollin' Home", a curiosa leveza 80's pop de "In Your Eyes" e o já referido single "In The Army Now" enquanto o lado B funciona na perfeição logo desde o início com "Dreamin'", o quarto e último single retirado do registo, o vigor de "End Of The Line", o quase country de "Invitation", a imensidão de "Red Sky", a boa adaptação para "Speechless", original de Ian Hunter, e a pérola "Overdose" a encerrar o registo da melhor forma.

sábado, 16 de março de 2019

Going For The One - YES


Side A
1 Going For The One   5:30
2 Turn Of The Century   7:58
3 Parallels   5:52
Side B
1 Wonderous Stories   3:45
2 Awaken   15:38  

O oitavo trabalho de estúdio dos britânicos Yes, editado em 1977, exibe uma sonoridade mais íntegra que denota alguma intenção de mudança, músicas "curtas", sem grandes dinâmicas, mas assentes numa forte estrutura composicional dentro dos parâmetros que a banda sempre habituouO conceito progressivo parece ter ganho aqui alguma moderação sendo "Going For The One", a vigorosa peça que abre o registo, um dos grandes exemplos através da sua energia Rock'n Roll sob a égide vocal de Jon Anderson. O registo assinala também o regresso de Rick Wakeman à banda depois de três anos de ausência. O regresso do virtuoso teclista começa por se revelar algo discreto, ao longo do registo cinge-se praticamente ao piano e a alguns apontamentos de sintetizador, mas evidencia-se finalmente em "Parallels" e mostra-se fundamental em "Awaken". O vocalista Jon Anderson demonstra estar aqui em muito boa forma e há duas músicas no registo que confirmam a sua habilidade melódica; "Turn Of The Century" é uma peça maioritariamente acústica, contêm uma passagem elétrica pelo meio, em que as fantásticas harmonias vocais de Anderson se combinam com a mestria da guitarra acústica de Steve Howe enquanto o ambiente dos teclados de Rick Wakeman ajuda no restante envolvimento e depois há o single "Wonderous Stories" que é puro Jon Anderson, uma bonita e simples melodia, curta e linear, algo acústica. No final é "Awaken" que assume o momento épico do registo seguindo a linhagem caraterística dos Yes, uma peça longa, de movimento progressivo, com variados movimentos dinâmicos e grandes solos de Steve Howe e Rick Wakeman. A impecável secção rítmica Chris Squire e Alan White, baixo e bateria respetivamente, assume religiosamente o pulsar de todo o álbum. 

sábado, 2 de março de 2019

Criminal Record - RICK WAKEMAN


Side A
1 Statue Of Justice   6:19
2 Crime Of Passion   5:46   
3 Chamber Of Horrors   6:37 
Side B
1 Birdman Of Alcatraz   4:12
2 The Breathalyzer   3:50      
3 Judias Iscariot   12:12  

A simbologia da estátua da justiça, os crimes passionais, a câmara dos horrores no museu de cera Madame Tussauds, Robert Stroud (o condenado que estudava aves na prisão), o breathalyser e a traição de judas, inspiraram o virtuoso teclista Rick Wakeman para "Criminal Record", o seu sexto trabalho a solo. Editado em 1977, na altura em que o teclista se preparava para voltar aos Yes após dois anos de ausência, o registo manifesta-se sob a forma de uma curiosa abordagem musical aos anais da história da justiça e do crime num álbum declaradamente concetual em que o teclista britânico de formação clássica interpreta seis histórias/peças usando uma parafernália de teclados onde pontuam vários moogs, orgãos, cravos, um teclado RMI e obviamente o piano. Nas três faixas do lado A Wakeman é acompanhado por Chris Squire no baixo e por Alan White na bateria, seus companheiros nos Yes, enquanto no lado B Wakeman começa a solo no piano, em Breathalyser conta com a parceria do percussionista Frank Ricotti e na última peça é acompanhado, em alguns andamentos, por um grande grupo coral dirigido por Robert Mernoud. Musicalmente, a estrutura progressiva de "Statue Of Justice" lembra o estilo de composição utilizada nos Yes, "Crimes Of Passion" começa como uma abordagem romântica que entretanto devaneia por outros caminhos até regressar ao ponto de partida e os variados andamentos/reações de "Chamber Of Horrors" recriam uma espécie de visita ao museu Madame Tussauds, uma peça de estímulo visual com recriação de sonoridades circenses e um final terrífico. No lado B, "Birdman" apresenta-se como a peça mais sensível de todo o álbum através de um solo de piano e em "The Breathlyzer" encontra-se o momento mais descontraído do registo, com a divertida participação do comediante Bill Oddie na única vocalização do álbum, coros à parte. A grandiosidade ficou mesmo guardada para o final com "Judias Escariotis". Uma entrada dramática de estilo barroco inicia a peça, que evolui drasticamente através do potente orgão até à chegada de um grande coro celestial. Trabalho ambicioso, maquinal e épico, de caráter sinfónico e fruto de algum virtuosismo.