quarta-feira, 29 de abril de 2020

Let's Get Serious - JERMAINE JACKSON


Side A
1 Let's Get Serious (S.Wonder/L.Garrett)   7:53
2 Where Are You Now (S.Wonder/R.Hardaway)   3:47   
3 You Got To Hurry Girl (J.Jackson/P.Jackson/M.Bailey)   4:12
4 We Can Put It Back Together (J.Jackson/Hazel G.Jackson/M.Bailey)   5:05     
Side B
1 Burnin' Hot (J.Jackson/P.Molinary/J.Foelber)   7:45
2 You're Supposed To Keep You Love For Me (S.Wonder)   5:31   
3 Feelin' Free (J.Jackson/Hazel G.Jackson/M.Bailey)   7:35      

Em 1976, ao invés de acompanhar os irmãos na assinatura de um novo contrato para a editora CBS/Epic, Jermaine foi o único elemento do clã Jackson a manter fidelidade com a Motown. Jermaine era então casado com a filha de Berry Gordy o que terá pesado obviamente na sua decisão. Foi na Motown que Jermaine se estreou a solo em 1972 e onde editou oito álbuns, "Let's Get Serious", editado em 1980, está incluído na lista. 
Em finais da década de 70 a carreira de Jermaine demorava ainda a consolidar pelo que os préstimos de Stevie Wonder na produção de "Let's Get Serious" foram fundamentais para o resultado final do álbum, conseguindo mesmo provocar um despertar momentâneo no percurso a solo de Jermaine. Para além de assumir o trabalho de produção Stevie Wonder contribui ainda com três músicas em que também intervém como músico levando a que o registo acabe inevitavelmente por se dividir em duas secções; as três músicas escritas por Stevie Wonder (o adn não engana e qualquer uma delas integrava facilmente o alinhamento de um dos seus álbuns originais) e as distintas dinâmicas pop/funk/soul do restante trabalho, assentes nos arranjos orquestrais e nas guitarras mais ritmadas, mas no geral o registo revela-se bastante quente e bem equilibrado, com todas as músicas a evidenciarem a riqueza de uma estrutura musical muito bem preenchida. 
Mais do que o êxito alcançado pelo single "Let's Get Serious", reclamo toda a atenção deste álbum para a empolgante energia de "You Got To Hurry Girl" e a sua evidente influência disco numa música impulsionada pelo ritmo de dança e pelo desenho funky da guitarra. "Burnin' Hot" segue também a linha disco e "Feelin' Free" é puro funky. Das faixas escritas por Stevie Wonder para este trabalho é "You're Supposed To Keep You Love For Me" a que mais o denuncia, com Jermaine a demonstrar o calor da sua voz através da sua entrega para uma bela interpretação. "Let's Get Serious" foi editado na mesma altura em que o irmão Michael começava a despontar e Jermaine tinha aqui um trabalho à altura mas a história acabou por ser escrita de outra forma...

segunda-feira, 20 de abril de 2020

In Europe, Vol.2 - ERIC DOLPHY


1 Don't Blame Me (D.Fields /J.McHugh)   11:14
Don't Blame Me (D.Fields /J.McHugh) (Take 2)   13:09
3 The Way You Look Tonight (D.Fields /J.Kern)   9:34
4 Miss Ann   5:44
5 Laura (J.Mercer/D.Raksin)   13:21

Registo gravado ao vivo em 1961 na cidade de Copenhaga, Dinamarca, que testemunha uma das noites em o que o saxofonista norte americano Eric Dolphy tocou em formato de quarteto acompanhado por três músicos dinamarqueses; o pianista Bent Axen, o baixista Erik Moseholm e o baterista Jorn Elniff. Existem mais dois registos, respetivamente identificados como vol.1 e vol.3, que complementam o testemunho discográfico desta breve estadia do saxofonista norte americano por terras nórdicas em Setembro de 1961. A interação entre músicos de jazz europeus e americanos já conhecia alguma atividade no período que antecedeu a 2ª grande guerra e voltou a fervilhar no período pós-guerra. Para os músicos europeus era a oportunidade de tocar com os verdadeiros mestres do género enquanto para os músicos norte americanos era a oportunidade de tocar num continente em que eram respeitados e admirados como verdadeiros artistas.
Para além das suas qualidades no saxofone, Eric Dolphy fica referenciado para a história do jazz como um músico criativo, exemplar e inovador, que também dominava a flauta transversal e o clarinete baixo, não sendo por isso de estranhar que Dolphy inicie este registo com flauta transversal para uma interpretação melodiosa e competente de "Don't Blame Me", peça  que nesta edição é alvo de duas interpretações através do repescar de um take alternativo. Uma execução tecnicamente evidenciada pela destreza, naturalidade e clareza com que as notas fluem de um instrumento tão delicado. Já com Eric Dolphy no sax alto, a sessão ganha outro ritmo com a celeridade da performance Parkeriana para "The Way You Look Tonight". A prestação de Dolphy é arrepiante e demolidora, ao ponto do pianista ter de parar e apanhar a música apenas mais à frente quando chega a sua vez de solar. "Miss Ann" é a única composição original de Dolphy presente na sessão e consta de mais uma prestação vigorosa com a banda a "correr atrás". A fechar o álbum, "Laura" consta de uma interpretação emotiva e gritante, expressividade acentuada pelo caráter inovador do então jovem saxofonista que viria a falecer prematuramente, dois anos e meio depois desta gravação, precisamente em solo europeu.

terça-feira, 14 de abril de 2020

Ommadawn - MIKE OLDFIELD


1 Part One   19:14
2 Part Two   17:17
3 On Horseback* 
   *included in part two but appears as the third track for this cd edition

Editado em 1975, Ommadawn é o terceiro registo oficial para o virtuoso músico britânico Mike Oldfield e consta apenas de uma longa suite de 36:44 minutos dividida por duas partes; nesta edição em formato cd a suite reparte-se por uma terceira faixa intitulada "On Horseback" mas que pertence de facto ao final da segunda parte da obra. 
O conceito de Ommadawn foi totalmente elaborado por Mike Oldfield que sozinho assumiu a complexa estrutura da peça e nela se encarrega da prestação de uma infinidade de instrumentos, sendo evidente a sua prestação nas cordas mas também toca teclados e até algumas percussões, tendo depois de recorrer a alguns músicos para a execução de instrumentos mais específicos como gaitas, flautas, vozes corais e as percussões maiores. A contextura conceptual da obra evolui de forma progressiva ao longo de variados andamentos, sob uma fusão de estilos em que o folk e o rock dominam mas a base de tudo está notoriamente fundamentada na veia mais tradicionalista das ilhas britânicas e...até em raízes africanas
A primeira parte começa por evidenciar a forte presença coral que acompanha grande parte desta secção enquanto o processo evolutivo da peça se desenvolve de forma harmoniosa em diversos movimentos dominados essencialmente por vários instrumentos de corda, também por teclas e algumas flautas, até atingir o seu clímax com uma percussão de índole tribal. A segunda parte revela uma faceta mais serena e tradicionalista. Apesar do sintetizador inicial, esta secção está totalmente focada nos instrumentos de corda, nas gaitas, nas flautas e num naipe de percussão de cariz mais popular. A peça culmina com a simplicidade de uma pequena canção intitulada "On Horseback". 
A reter que a forma como Mike Oldfield explorou a utilização de instrumentos tradicionais para esta composição referenciou Ommadawn como um dos trabalhos precursores do movimento musical new age.

terça-feira, 7 de abril de 2020

In Your Honour - FOO FIGHTERS - CD02


1 Still   5:12
2 What If I Do?   5:02
3 Miracle   3:29
4 Another Round   4:25   
5 Friend Of A Friend   3:13
6 Over And Out   5:15
7 On The Mend   4:31
8 Virginia Moon   3:48
9 Cold Day In The Sun   3:20
10 Razor   4:52

O segundo cd da edição é a manifesta antítese do seu par. Desta vez a eletricidade serve apenas para alimentar os microfones e os teclados de Rami Jaffee, um dos músicos intervenientes nesta sessão composta por um repertório praticamente acústico. Um set de canções plenas de harmonia e serenidade, complementando pela participação de vários músicos convidados que contribuem para a distinção deste trabalho. 
Não deixa de ser curioso que um registo com estas caraterísticas arranque com um som sintetizado mas logo se lhe juntam os restantes instrumentos acústicos e cedo se percebe que este é um registo contido que segue pacientemente uma linha e apenas se irá soltar mais para a frente quando Dave Grohl e o baterista Taylor Hawkins trocarem de posições em "Cold Day In The Sun", música que se destaca pela vivacidade da sua dinâmica ao estilo do melhor rock acústico norte americano. De resto é isto. São canções simples e eficazes que começam por se focar no trio inicial; "Still", "What If I Do" e "Miracle", com esta última a ter a honra de contar com as modestas participações de John Paul Jones no piano e Petra Haden no violino. "Another Round" contêm um cheirinho de tradicionalismo country/blues e conta com as colaborações de Danny Clinch na harmónica e novamente John Paul Jones, desta vez em bandolim. Depois há um esplendor crescente em "Over And Out" e um evidente piscar de olho à bossa nova em "Virginia Moon" com prestações de Norah Jones, piano/segunda voz, e Joe Beebe, que contribui com o solo de guitarra. O registo fecha em formato de duo com Dave Grohl e Josh Homme a partilharem um respeito e admiração mútuo para a execução de "Razor".

quinta-feira, 2 de abril de 2020

In Your Honour - FOO FIGHTERS - CD01



1 In Your Honour   3:49
2 No Way Back   3:16
3 Best Of You   4:15   
4 DOA   4:11   
5 Hell   1:56
6 The Last Song   3:19
7 Free Me   4:38
8 Resolve   4:48
9 The Deepest Blues Are Black   3:58
10 End Over End   5:51
11 The Sign   4:01

Dupla edição de 2005, em formato cd, com a particularidade do autocolante estampado na tampa de acrílico informar que um dos discos é barulhento e o outro nem por isso. Um rasgo de inspiração levou a que ao quinto trabalho de estúdio a banda norte americana opta-se por criar duas sessões distintas em que um dos discos se expande dentro dos seus moldes habituais de rock'n roll enquanto o segundo disco foi registado em molde totalmente acústico. 
Começa-se pela explosiva abordagem rock'n roll do primeiro disco, o barulhento, que é dominado pela energia de canções curtas e eficazes, impulsionadas pela gritante vitalidade de Dave Grohl e pelo elevado decibel das guitarras irrequietas, que também debitam riffs certeiros, com apoio de uma secção rítmica galopante que está sempre em cima do acontecimento. Tudo normal portanto. Intenso e cativante mas também linear e repetitivo, consegue ser mesmo assim um trabalho com fulgor. Um arranque eloquente com a veneração patente em "In Your Honour" abre caminho para a torrente de energia que se segue. Os singles "Best Of You" e "DOA" são fundamentais na estabilidade do registo mas é nas estruturas de "Free Me", "The Deepest Blues Are Black" e "End Over End" que se encontram os momentos mais aliciantes do primeiro disco. 
Pormenor literário curioso, as edições americanas apresentam-se como "In Your Honor" e as europeias "In Your Honour". Apenas uma questão de pronúncia.