quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Burgundy - GEORGE YOUNG


1 St. Thomas (S. Rollins)   4:11
2 Omelette   4:19
3 Burgundy   7:51
4 I Remember Clifford (B. Golson)   6:02
5 Groovin' High (D. Gillespie)   4:41
6 My Foolish Heart (V. Young/N. Washington)   5:29
7 Yum Yum   6:38
8 October   6:06
9 B-Loose Blues (W. Bernhardt)   4:59

Apesar de não desfrutar, ainda hoje, de um grande reconhecimento público, o saxofonista norte americano George Young é dono de um currículo invejável e granjeia um enorme respeito dentro da comunidade musical. Bastante requisitado para as mais diversas prestações, desde gravações de discos de jazz ou de rock/pop, participações em programas de tv e variadíssimas bandas sonoras e ainda como membro integrante do Manhattan Jazz Quintet, Young pouco se dedica a uma carreira em nome próprio. Editado em 1987, Burgundy é apenas o seu segundo registo a solo numa carreira profissional, à data, com aproximadamente trinta anos de existência. O registo apresenta-se bastante acessível e começa por se revelar pela boa disposição das três músicas com que Young nos brinda logo de início, a alegria festiva do icónico "St. Thomas" de S. Rollins e duas peças originais de Young caraterizadas pelo recreativo humor do riff de "Omelette" e pela fluidez de "Burgundy". Como autor, intérprete e solista principal, George Young executa fraseados rápidos no saxofone tenor e apercebe-se uma manifesta cumplicidade com o piano de Warren Bernhardt, com o sax e o piano em uníssono recorrente. Isto é Nova Iorque e a forma sentida como Young se entrega à interpretação de "I Remember Clifford" de B. Golson demonstra-o bem. A enérgica interpretação de "Groovin' High" de D. Gillespie é também relevante e de seguida temos um Young tão cool em "My Foolish Heart", a música com que Toots Thielemans marca a sua aparição neste registo com a sua inconfundível harmónica. Há ainda mais duas peças originais de Young a juntar ao alinhamento; a vivida robustez de "Yum Yum" e a expressiva sensibilidade da cativante melodia de "October". O álbum encerra em andamento de blues com "B-Loose Blues" do pianista W. Bernhardt. De referir que o quarteto se complementa através de uma irrepreensível secção rítmica com Ron Carter no contrabaixo e Al Foster na bateria a garantirem a estabilidade na retaguarda enquanto Young e Bernhardt garantem a melodia. Um registo seguro e bem estruturado para se desfrutar em qualquer ocasião.  

terça-feira, 20 de agosto de 2019

Maiden Voyage (music of Herbie Hancock) - GEORGE KAWAGUCHI


1 Cantaloupe Island (H.Hancock)   5:05
2 Dolphin Dance (H.Hancock)   5:24
3 Watermelon Man (H.Hancock)   5:51
4 Speak Like A Child (H.Hancock)   5:51
5 The Eye Of The Hurricane (H.Hancock)   6:20
6 Funky H.H. (D.Harrison)   7:31
7 Maiden Voyage (H.Hancock)   8:10

Em 1987 o baterista japonês George Kawaguchi viajou pelo repertório mais mediático do pianista norte americano Herbie Hancock e contou com a participação dos japoneses Hideo Ichikawa e Takashi Mizuhashi, piano e contrabaixo respetivamente, a que se juntaram os norte americanos Terence Blanchard, Donald Harrison e Cyrus Chestnutrespetivamente trompete, saxofones e piano, como companheiros de viagem. O registo foi gravado em Tóquio e apresenta-se como um trabalho modesto que assenta essencialmente na curiosidade da fusão de músicos nipónicos e norte americanos. Todas as peças são bem conhecidas dos ouvintes habituais do estilo e são executadas com naturalidade e eficácia, sem grandes desvarios ou virtuosismos. A presença dos músicos norte americanos, essencialmente nos sopros, ajuda a reforçar a sonoridade do registo mas o "trio" nipónico demonstra igualmente bastante segurança. A prestação dos dois pianistas presentes na sessão divide-se entre, "Watermelon Man", "Funky H.H." e "Maiden Voyage" a serem executadas com Cyrus Chestnut ficando as restantes músicas a cargo de Hideo Ichikawa. No final é percetível a intenção deste álbum funcionar como um tributo a Herbie Hancock e um tributo não ficaria completo sem uma dedicação pelo que será nesse juízo que surge nesta sessão a peça "Funky H.H." com assinatura do saxofonista Donald Harrisson, sendo a única música do alinhamento que não pertence a Herbie Hancock. Uma viagem de respeito e admiração.  

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Trio Of Doom - JOHN MCLAUGHLIN, JACO PASTORIUS, TONY WILLIAMS


1 Drum Improvisation - Live (T.Williams)   2:46
2 Dark Prince - Live (J.McLaughlin)   6:36
3 Continuum - Live (J.Pastorius)   5:11
4 Para Oriente - Live (T.Williams)   5:42
5 Are You The One, Are You The One? - Live (J.McLaughlin)   4:51
6 Dark Prince - Studio (J.Mclaughlin)   4:11
7 Continuum - Studio (J.Pastorius)   3:49
8 Para Oriente - Studio Take one (T.Williams)   1:05
9 Para Oriente - Studio Take Two (T.Williams)   0:20
10 Para Oriente - Studio (T.Williams)   5:28  

Editado vinte e sete anos depois da única oportunidade que houve de juntar em palco este power trio do jazz de fusão, Trio Of Doom passou a estar disponível em formato áudio no ano de 2007. O guitarrista John McLaughlin, o baixista Jaco Pastorius e o baterista Tony Williams eram os três elementos de sonho que compunham o Trio of Doom, tal era a genialidade técnica de cada um deles. A oportunidade surgiu em 1979 aquando da realização do festival Havana Jam, Cuba, com cada um destes músicos a marcar presença devido ao compromisso com as suas bandas e com o trio a dispor de 25 minutos em palco para "curtir", o resto é história para contar. O concerto foi gravado para posterior edição mas John McLaughlin terá ficado tão desiludido com a atuação que nunca permitiu a sua edição. Na semana seguinte a banda voltou a reunir-se em estúdio para gravar as mesmas músicas de forma a obter um melhor resultado que pudesse integrar as duas coletâneas que viriam a sair deste festival. A versão em estúdio de "Dark Prince" integrou a primeira coletânea enquanto as versões completas de "Continuum" e "Para Oriente" integraram a segunda coletânea. Às versões de estúdio que integraram as coletâneas foram acrescentadas palmas para soar como gravação ao vivo. Em 2007, já com Pastorius e Williams falecidos, em 1987 e 1997 respetivamente, McLaughlin acedeu a que estes registos fossem finalmente editados. O álbum disponibiliza as duas sessões, ao vivo e em estúdio, permitindo que se perceba finalmente a força de palco que este trio exalava. Sem tempo para grandes preparações, o trio executou três músicas originais de cada um dos intervenientes e ao vivo houve ainda um bónus com "Are You The One, Are You The One?" que McLaughlin e Williams tinham gravado um ano antes. As versões de estúdio estão "limpas", sem as mencionadas palmas, e incluem ainda dois curtos alternate takes de "Para Oriente". Um registo histórico, inédito e eletrificante, que testemunha uma confluência de elementos que a história não voltaria a permitir que se repetisse.

sexta-feira, 9 de agosto de 2019

A Little Light Music - JETHRO TULL


1 Someday The Sun Won't Shine For You   3:59
2 Living In The Past   5:06
3 Life Is A Long Song   3:36   
4 Under Wraps   2:29
5 Rocks On The Road   7:03      
6 Nursie   2:26
7 Too Old To Rock And Roll, Too Young To Die   4:42
8 One White Duck   3:14
9 A New Day Yesterday   7:32
10 John Barleycorn (Trad.)   6:32
11 Look Into The Sun   3:44   
12 A Christmas Song   3:44   
13 From A Dead Beat To An Old Greaser   3:49   
14 This Is Not Love   3:51   
15 Bourée (J.S.Bach/arranged by I.Anderson)   6:04      
16 Pussy Willow   3:28
17 Locomotive Breath   5:50

A Little Light Music testemunha a digressão europeia dos britânicos Jethro Tull em maio de 1992, que se estendeu ainda a Israel, sob a legítima liderança do carismático vocalista e flautista Ian Anderson, que também se apresenta em guitarra acústica, na harmónica e no bandolim, acompanhado pelo habitual guitarrista Martin Barre, pelo baixista Dave Pegg e pelo baterista David Mattacks que ainda dá um jeito nas teclas. Já bastante distantes da sua época de eleição mas o facto é que este registo capta a banda em excelente forma com Ian Anderson em grande estilo e na plenitude das suas habilidades técnicas quer vocais quer instrumentais. O álbum é composto por dezassete músicas, gravadas em várias localizações ao longo da digressão, que revisitam várias fases da carreira da banda sob um set maioritariamente acústico que de vez em quando também explode de eletricidade. O repertório assenta em músicas menos habituais no setlist da banda havendo até espaço para a inclusão de uma adaptação bluesy para "John Barleycorn", uma música folk tradicional britânica adoptada para esta digressão, que não integra nenhum dos álbuns anteriores da banda. Todas as músicas são alvo de uma nova e inspirada roupagem e até as músicas mais recentes ("Rocks On The Road" e "This Is Not Love") revelam boa firmeza e um bom enquadramento no repertório. A qualidade sonora é muito boa e a variedade de estilos desfila entre o rock, os blues, o folk, o clássico e até algum movimento progressivo; tudo música ligeira portanto.... 

domingo, 4 de agosto de 2019

East Bay Grease - TOWER OF POWER


1 Knock Yourself Out   7:08
2 Social Lubrication   7:28
3 The Price   6:09
4 Back On The Streets Again   5:50
5 The Skunk, The Goose, And The Fly   5:55
6 Sparkling In The Sand   9:06

Enquanto a década de 60 se preparava para transmutar nos anos 70 e a cidade de San Francisco assistia serenamente aos últimos dias do movimento hippie, em Oakland, no lado Este da baía, emergia o coletivo Tower Of Power caraterizado como um grupo multiracial que detinha uma potente sonoridade soul/funk dominada por um estrondoso naipe de metais. East Bay Grease é o seu registo de estreia, editado em 1970, e nele se pode sentir o vigoroso ritmo que a banda impõe ao longo das seis faixas que compõem este trabalho que para além da sua força musical também se evidencia pela forte crítica social. A intensidade do groove resultante da escaldante fusão atrás mencionada manifesta-se num trabalho excitante que cresce palpitante sob o regime dos exemplares arranjos para sopros que preenchem toda a estrutura do registo e realmente impulsionam o coletivo. As músicas são particularmente longas mas cativantes, sem manifestas intenções comercias, interrompidas por solos predominantemente jazzísticos que lhes aumentam o caráter. É apenas no final que o álbum acalma um pouco através da sensibilidade de "Sparkling In The Sand", uma peça de grande esplendor técnico. East Bay Grease carateriza-se como uma apresentação de luxo para uma banda que viria a ganhar enorme respeito nos anos seguintes e aqui ainda eram apenas uma amostra...