domingo, 30 de dezembro de 2018

Out Of Time - R.E.M.


1 Radio Song   4:12
2 Losing My Religion   4:26
3 Low   4:55
4 Near Wild Heaven   3:17
5 Endgame   3:48
6 Shiny Happy People   3:44 
7 Belong   4:03
8 Half A World Away   3:26
9 Texarkana   3:36
10 Country Feedback   4:07
11 Me In Honey   4:06

Foi em 1991 que o mundo se apaixonou, finalmente, pelos R.E.M.. Ao sétimo álbum de estúdio, e sem qualquer pretensão, a banda norte-americana alcançou o topo dos tops de música com uma sonoridade pop/folk/rock, muito graças ao enorme êxito do single "Losing My Religion", conseguindo manter simultaneamente a postura indie que sempre caraterizou o quarteto. Mais charmosos musicalmente, em "Out Of Time" os R.E.M. apresentam um set de canções diversificado, bastante preenchido com arranjos de orquestra e de sopros, e com os teclados (orgão, melódica e até um cravo) de Mike Mills para além da subtileza de alguns sopros. A presença de alguns convidados também não passa despercebida mas as presenças do rapper KRS-1 em "Radio Song" e de Kate Pierson, vocalista dos B-52, em "Shiny Happy People" e em "Me In Honey", são as mais notórias. Excluindo a acessibilidade de músicas como "Radio Song", "Losing My Religion" e "Shiny Happy People", encontra-se em "Low" e "Texarkana" a maravilhosa sequência natural dos trabalhos iniciais, "Endgame" e "Belong" apresentam estruturas praticamente instrumentais e em "Near Wild Heaven" é até possível encontrar um momento com arranjo à la Beach Boys. 

quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Glam Hooves - HORSE HEAD CUTTERS



1 Twisted Twinkle   4:38
2 Love Against Love   5:11
3 26 Minutes   3:31
4 My Dance   4:23
5 Chained To Love   2:32
6 Don't Leave Me   4:57
7 Coffin Blues   4:45
8 Thousand N   3:56
9 Astonishing Madness   4:12
10 Dark Melody   3:18   

Cinco anos depois de terem editado o primeiro Ep "Slaves Of Sound" os leirienses Horse Head Cutters voltam a prendar a nação com novo registo em 2018. O novo registo intitula-se "Glam Hooves" e é uma edição de autor. Intensos, enérgicos, possantes e aguerridos, os Horse Head Cutters são tudo menos aborrecidos e conseguem provar que o Rock está vivo e bem vivo através das dez músicas estonteantes que compõem "Glam Hooves", um registo em plena ebulição capaz de despertar o mais adormecido dos sentidos. A capacidade de execução técnica dos quatro elementos da banda é bem notória mas o trunfo encontra-se na peculiar e exuberante expressividade vocal de Z.Mutt, dono de um registo dinâmico com tanto de louco como de surpreendente, capaz de se metamorfosear de uma forma tão natural. 
Ao abrir da cortina, logo após a marcante entrada da bateria, a grotesca voz de Z.Mutt anuncia "There's something in the air" e a primeira revelação é então feita através da misteriosa progressão de "Twisted Twinkle", um extraordinário "cartão de apresentação". Ao longo do registo as inevitáveis referências musicais da banda vão-se sucedendo e facilmente se associam com momentos que percorrem todo o caminho desde os primórdios mais dark do rock dos Black Sabbath, atente-se em "Astonishing Madness", até à estrutura estética de Marilyn Manson, em "Love Against Love", sem esquecer o Blues Rock dos, espante-se aqui a semelhança, Big Brother and The Holding Company com a mítica Janis Joplin, em "Don't Leave Me", enquanto "Dark Melody" remete aos tempos mais bravios dos Guns 'n Roses. "Chained To Love" foi o single escolhido para representar o registo e no final pode-se mesmo afirmar que os Horse Head Cutters são uma clara ameaça para todos aqueles que hoje afirmam que o rock está morto e sem expressão. É óbvio que quem o afirma ainda não se cruzou com este álbum...

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Happy Rock - O Máximo da New Wave - Vários - LP02

Lado A
1 Endless Night - Graham Parker & Rumour   3:25
2 Bird Song - Lene Lovich   4:20   
3 Hearts In Her Eyes - Searchers   3:18
4 Cities - Talking Heads   3:30   
5 Tonight - Rachel Sweet   3:07
6 Free Wheelin' - Madcats   3:33   
7 Chinese Rock - Ramones   2:24
Lado B
1 One Step Beyond - Madness   2:16
2 Reasons To Be Cheerful Pt.3 - Ian Dury & Blockheads   4:51
3 Wednesady Week - Undertones   2:15
4 Do You Remember Rock And Roll Radio? - Ramones   3:47
5 Moscow Nights - Feelies   4:13
6 I Knew The Bride - Nick Lowe   2:43   
7 (I Can't Get No) Satisfaction (M.Jagger/K.Richards) - Devo   2:51     

O segundo disco desta dupla edição, agora em vinil vermelho, dá continuidade à amostra do "novo rock" no virar da década de 70 para 80 repetindo boa parte dos nomes e apresentando quatro "novidades" distintas; o classicismo acústico dos britânicos Searchers e o quase hard rock dos canadianos Madcats que contrasta com o dinâmico Country Rock de Nick Lowe e com a famosa de-construção do clássico "Satisfaction" pelo modernismo louco dos norte americanos Devo. As bandas mais representadas nesta coletânea são, os Ramones, que lideram a presença neste registo com quatro prestações, maioritariamente retiradas do álbum "End Of The Century" de 1979, e os britânicos Madness, que marcam presença com as três músicas que abrem o registo "One Step Beyond" também de 1979. Apesar da disparidade da presença dos Searchers e dos Madcats este disco apresenta as músicas com a estrutura mais sólida de toda a edição com destaque para o Funky, já quase Hip-Hop, "Reasons To Be Cheerful Pt.3" de Ian Dury & Blockheads, a modernidade dos Talking Heads em "Cities", o Post Punk de "Moscow Nights" dos Feelies e uma desassossegada Lene Lovich que através de "Bird Song" mantêm a sua postura irreverente. Criada numa altura em que Portugal ia ainda despertando, lentamente, acerca do que se passava à sua volta, a importância da edição desta coletânea ganha hoje contornos de colecionismo pelo seu caráter de descoberta e novidade. Para além dos atrativos vinis coloridos, os álbuns vinham ainda acompanhados de uma t-shirt alusiva à edição. 

sábado, 8 de dezembro de 2018

Happy Rock - O Máximo da New Wave - VÁRIOS - LP01


Lado A
1 Baby I Love You (P.Spector/J.Barry/E.Greenwich) - Ramones   3:20
2 Talk Of The Town - Pretenders   3:13   
3 Jumpin' In The Night - Flamin' Groovies   3:06
4 My Girl - Madness   2:45   
5 Spellbound - Rachel Sweet   3:18
6 Everybody's Got Something To Hide (J.Lennon/P.McCartney) - Feelies   3:42
7 Stupefaction - Graham Parker & Rumour   3:25   
Lado B
1 Nightboat To Cairo - Madness   3:31
2 Angels - Lene Lovich   3:05
3 Lullaby For Frances - Ian Dury & Blockheads   4:26
4 Heaven - Talking Heads   4:00
5 My Perfect Cousin - Undertones   2:32
6 Come On Let's Go (R.Valens) - Ramones + Paley Bros.   2:06
7 Alison - Elvis Costello   3:19      

Edição portuguesa de 1981, a cargo da editora Nova-Companhia de Música Lda, sob a forma de dupla coletânea, de vinil colorido, que serve como uma amostra subtil do novo rock que se fazia no Reino Unido e nos EUA ao virar da década de 70 para a década de 80. Era a altura do movimento New Wave se assumir através de uma fusão de estilos em cuja base o calor da Pop se envolvia com a força e a irreverência do Punk aliando-se ainda o fascínio pelos sintetizadores. A força do revivalismo Ska nesta altura também se encontra bem presente na edição. Cabe aos norte-americanos Ramones a abertura da edição com a interpretação melosa de "Baby I Love You", um single das Ronettes nos anos 60, que aqui funciona como o exemplar perfeito da fusão Punk/Pop/Rock que também é notória em "Come On Let's Go" com os Ramones a interpretarem novamente um clássico, desta vez dos anos 50. Interessante como o Rock dos Flammin' Groovies, oriundos dos anos 60, se enquadra de forma perfeita nesta época com "Jumpin' In The Night" e como os Feelies recuperam "Everybody's Got Something To Hide" dos Beatles sem necessitar de alguma atualização, uma música que já em 1968 antevia algo mais e a prova disso mesmo é que os Feelies apenas se limitaram a interpretá-la tal como na versão original. A vividez Ska dos Madness marca aqui posição com duas faixas e nomes incontornáveis como Pretenders, Lene Lovich, Talking Heads, Undertones e um discreto Elvis Costello marcam também este registo. Nesta edição, o primeiro disco apresenta-se como uma rodela de vinil verde que noutras edições similares pode apresentar-se noutras cores. 

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

La Bamba - ORIGINAL SOUNDTRACK


Side A
1 La Bamba (Trad./R.Valens) - Los Lobos   2:55
2 Come on, Let's Go (R.Valens) - Los Lobos   1:59  
3 Ooh! My Head (R.Valens) - Los Lobos   1:43
4 We Belong Together (H.Weiss/R.Carr/J.Mitchell) - Los Lobos   1:59
5 Framed (J.Leiber/M.Stoller) - Los Lobos   2:34
6 Donna (R.Valens) - Los Lobos   2:19
Side B
1 Lonely Teardrops (B.Gordy, Jr./T.Carlo/G.Gordy) - Howard Huntsberry   3:28
2 Crying, Waiting, Hoping (B.Holly) - Marshall Crenshaw   2:20   
3 Summertime Blues (E.Cochran/J.Capehart) - Brian Setzer   2:40
4 Who Do You Love (E.McDaniel/) - Bo Diddley   3:00 
5 Charlena (Herman B.Chaney/Manuel G.Chanez) - Los Lobos   2:45
6 Goodnight My Love (G.Motola/J.Marascalco) - Los Lobos   3:11

Banda sonora do filme baseado na vida e na curta carreira musical do malogrado rocker norte americano (de descendência mexicana) Ritchie Valens que perdeu a vida aos dezassete anos ao seguir a bordo do mesmo avião que vitimou Buddy Holly e J.P.Richardson. Editada em 1987, a banda sonora de La Bamba está recheada de rock'n roll clássico centrando-se todo o lado A da edição em vinil nas músicas de Valens, interpretadas pela banda mexicana Los Lobos. De forma a criar interação no filme com outros músicos da época foram incluídas na banda sonora quatro músicas interpretadas por; Howard Huntsberry, Marsahll Crenshaw, Brian Setzer e Bo Diddley, que representam respetivamente, Jackie Wilson, Buddy Holly, Eddie Cochran e o próprio Bo Diddley que regravou a sua própria música para esta edição. A força motriz da banda sonora e do filme é o single "La Bamba", uma música rebuscada ao folclore mexicano e que Valens converteu em rock'n roll, que obteve grande êxito em variados tops mundiais. O registo encerra com "Charlena" e "Goodnight My Love", duas músicas originais dos Los Lobos criadas especificamente para esta banda sonora. De relembrar que Ritchie Vallens , então uma jovem promessa rock'n roll,  ficou imortalizado para a história como a primeira estrela latina de rock.

domingo, 18 de novembro de 2018

Relayer - YES


Side A
1 The Gates Of Delirium   21:55
Side B
1 Sound Chaser   9:25
2 To Be Over   9:08

Ao sétimo trabalho de estúdio os britânicos Yes não puderam contar com a participação do carismático teclista Rick Wakeman que deixou a banda neste ano, algo fatigado dos Yes e pronto a dedicar-se à sua carreira a solo. A vaga foi preenchida pelo teclista suíço Patrick Moraz. Editado em 1974, Relayer distingue-se pela sua singularidade. Sem perder a qualidade progressiva típica da banda, a pesada atmosfera que envolve o registo em camadas dinâmicas explora linhagens próximas do improviso e revela um trabalho de excelência, bastante denso e difícil de penetrar às primeiras audiçõesComposto por apenas três músicas, o registo incide na complexidade épica da essência bélica de "The Gates Of Delirium", aparentemente inspirada pelo livro "Guerra e Paz" de Tolstói, que domina todo o lado A. Uma execução brutal, plena de emotividade, em que a severidade da secção rítmica impulsiona o resto da formação, com destaque absoluto para um Steve Howe notável na guitarra através de um desempenho ativo em que percorre várias texturas sonoras. Esta peça é composta por três andamentos distintos; uma introdução cantada, um intenso instrumental de vasto teor de improvisação, correspondente ao momento da batalha, finalizando em toada de esperança com "Soon", este andamento viria a ser editado posteriormente como o single do álbum. O lado B inicia com a quase fusão do tempestuoso e célere "Sound Chaser", novamente uma forte impulsão da secção rítmica, que se intercala com um contrastante interregno classicista por parte de Steve Howe e termina em autêntica desbunda instrumental. O registo encerra de forma melodiosa e tranquila com a magia linear de "To Be Over", uma peça mais simples em que Steve Howe explora a pedal steel e uma sítara.

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Bridge Over Troubled Water - SIMON AND GARFUNKEL


Side A
1 Bridge Over Troubled Water   4:52
2 El Condor Pasa   3:06
3 Cecilia   2:55
4 Keep The Costumer Satisfied   2:33
5 So Long, Frank Lloyd Wright   3:41   
Side B
1 The Boxer   5:08
2 Baby Driver   3:15
3 The Only Living Boy In New York   3:57
4 Why Don't You Write Me   2:45
5 Bye Bye Love (F.Bryant/B.Bryant)   2:55
6 Song For The Asking   1:39

Editado em 1970, Bridge Over Troubled Water foi o sexto álbum oficial da dupla Simon & Garfunkel e um ponto final, não anunciado, na sua carreira. Depois deste trabalho apenas se voltaram a juntar para algumas aparições ao vivo. É um registo ambicioso, unido, como sempre, pela linha acústica e pelo carisma das duas vozes, começando logo por surpreender com um dos inícios mais bonitos que se pode encontrar num álbum em toda a história da música popular. Denotando uma curiosa versatilidade em que praticamente cada música tem um cunho particular que a distingue das restantes, o alinhamento percorre vários ambientes, explorando efeitos e arranjos peculiares, que enriquecem grandemente o registo. Depois do belíssimo arranque de "Bridge Over Troubled Water", Paul Simon interpreta a sua versão para "El Condor Pasa", uma música peruana do século XVIII cujo instrumental foi gravado pelo grupo sul americano Los Incas. O álbum ganha outro ritmo a partir de "Cecilia" através de um andamento animado por uma percussão inventiva, continua balanceado em rock'n roll com "Keep The Customer Satisfied" e acalma com um sugestivo ambiente Bossa Nova para o intimismo de "So Long, Frank Lloyd Wright", que fecha o lado A da edição em vinil. O lado B arranca com The Boxer, de caráter ainda mais acústico mas igualmente inventiva através de um arranjo peculiar que por vezes é interrompido por uma curiosa harmónica baixo e culmina envolto em sintetizadores. A dinâmica rock'n roll retorna ao alinhamento com "Baby Driver", desta vez estimulada por uma vocalização criativa, e depois da belíssima abertura com "Bridge Over Troubled Water" cabe a "The Only Living Boy In New York" o momento mais divino do registo. "Why Don't You Write Me" podia ter integrado, facilmente, o alinhamento do álbum branco dos Beatles, a que se segue "Bye Bye Love" com direito a recriação do caloroso acompanhamento de palmas da audiência tal como acontecia quando o duo tocava este clássico dos Everly Brothers ao vivo. Apesar da tamanha distinção do registo, é de forma singela que Paul Simon encerra este trabalho com "Song For The Asking", uma pequena peça a solo em que apenas utiliza a guitarra acompanhado por um arranjo de cordas.

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Tom - TOM JONES


Side A
1 I Can't Turn You Loose (O.Redding)   2:09
2 Polk Salad Annie (Tony J.White)   3:47
3 Proud Mary (J.Fogerty)   2:44
4 Sugar, Sugar (J.Barry/A.Kim)   2:36
5 Venus (R. Van Leeuwen)   2:42
6 I Thank You (D.Porter/I.Hayes)   2:27       
Side B
1 Without Love (D.Small)   3:43
2 You've Lost That Lovin' Feelin' (P.Spector/B.Mann/C.Weil)   4:11
3 If I Ruled The World (C.Ornadel/L.Bricusse)   2:49   
4 Can't Stop Loving You (W.Bickerton/T.Waddington)   4:06
5 The Impossible Dream (M.Leigh/J.Darion)   3:15
6 Let There Be Love (B.Gibb/R.Gibb/M.Gibb)   3:34            

Detentor de um registo vocal poderoso, associado a uma forte imagem sexual que o tornava um favorito entre o público feminino, o britânico Tom Jones sempre brilhou como uma estrela através da interpretação de adocicadas versões de músicas dos mais variados estilos cujos novos arranjos assentavam em orquestrações intensas que combinavam de forma impecável com a sua voz possante. Editado em 1970, o registo "Tom" apresenta um repertório maioritariamente americano dividido pelos dois lados da edição em vinil; no lado A Tom Jones interpreta músicas R&B e Pop, com os arranjos centrados nos instrumentos de sopro, em que sobressaem os momentos "Polk Salad Annie" e "I Thank You", enquanto o lado B se manifesta por uma vertente mais romântica com Tom Jones a ser estimulado pela já referida orquestração intensa que aumenta o vigor das emocionantes interpretações de "Without Love", "If I Ruled The World", "Can't Stop Loving You" e "Let There Be Love". 
Adepto confesso do cancioneiro norte americano e uma grande admiração, igualmente retribuída, por Elvis Presley, neste ano de 1970 Tom Jones já tinha trocado as ilhas britânicas pela costa oeste do EUA, onde detinha um programa de televisão de sucesso, e a seguir, com o aval do agora amigo Elvis, conquistou Las Vegas.

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

20/20 - GEORGE BENSON


1 No One Emotion (C.Magness/T.Keane/M.Mueller)   3:55
2 Please Don't Walk Away (S.Lukather/James N.Howard)   3:51
3 I Just Wanna Hang Around You (M.Sembello/D.Sembello/J.Sembello/C.Sembello)   4:41
4 Nothing's Gonna Change My Love For You (M.Masser/G.Goffin)   4:04
5 Beyond The Sea (La Mer) (C.Trenet/J.Lawrence)   4:10
6 20/20 (R.Goodrum/S.Kipner)   4:07
7 New Day (Cecil & L.Womack)   4:27
8 Hold Me (M.Sembello/D.Sembello)   4:02
9 Stand Up (N.Larsen)   5:07
10 You Are The Love Of My Life (M.Masser/L.Creed)   2:50          

Em 20/20, editado em 1985, George Benson vagueia entre o R&B, a Soul e a Pop, totalmente empenhado no seu desempenho vocal, com a guitarra completamente relegada para segundo plano, num registo de época categorizado por sessões com muito trabalho de programação e sequenciaçãoGeorge Benson dá voz a nove músicas, "Stand Up" é um instrumental sendo a exceção e o único momento em que Benson agarra realmente na guitarra, num alinhamento que contêm a versão original de "Nothing's Gonna Change My Love For You", que dois anos depois viria a ser um grande sucesso na voz de Glenn Medeiros, e uma notável interpretação jazz para "Beyond The Sea (La Mer)" com arranjo para big band. O registo complementa-se com a participação de uma grande variedade de experientes músicos de sessão e por um set composto por canções bastante polidas em estúdio, comercialmente eficazes para funcionar num mercado mainstream. "No One Emotion", "Please Don't Walk Away" e "20/20" são alguns dos momentos mais estimulantes do registo enquanto "I Just Wanna Hang Around You", "Nothing's Gonna Change My Love For You" e "You Are The Love Of My Life", em dueto com Roberta Flack, se apresentam como os momentos mais melosos. Um pequeno aparte para a bonita balada "New Day" pela plenitude das harmonias vocais.

domingo, 7 de outubro de 2018

Golden Heart - MARK KNOPFLER


1 Darling Pretty   4:27
2 Imelda   5:22
3 Golden Heart   4:56
4 No Can Do   4:48
5 Vic And Ray   4:33
6 Don't You Get It   5:11
7 A Night In Summer Long Ago   4:39
8 Cannibals   3:37
9 I'm The Fool   4:22
10 Je Suis Désolé   5:09
11 Rudiger   5:59
12 Nobody's Got The Gun   5:21
13 Done With Bonaparte   5:00
14 Are We In Trouble Now   5:54                               

Considerando que todos os álbuns a solo editados por Mark Knopfler antes de Golden Heart são bandas sonoras, este é na realidade o seu primeiro trabalho original em nome próprio. Dezoito anos depois de ter começado a editar com os Dire Straits, chegava a altura de Mark Knopfler trabalhar as suas ideias a solo sem a preocupação de dar continuidade ao trabalho iniciado com a sua antiga banda. Editado em 1996, "Golden Heart" é um álbum de histórias singulares que Knopfler preparou calmamente, inspirado pela influência de música Irlandesa e Hillbilly, embebendo ordenadamente o registo de músicas cuidadas, preenchidas com a naturalidade e excelência dos seus solos de guitarra, serenos e bem medidos. Em suma, um trabalho de requinte. A música Irlandesa faz parte das influências culturais de Mark Knopfler, frequentemente utilizada nas já referidas bandas sonoras, sendo logo introduzida como uma pequena intro para "Darling Pretty" reaparecendo depois em "A Night In Summer Long Ago" e "Done With Bonaparte". No geral, o registo apresenta-se sob a forma de rock maduro, inspirado nas suas raízes mais tradicionais, sentido-se reminiscências dos Dire Straits em "Imelda" e "Cannibals", que lembra a fórmula usada em "Walk Of Life", e até mesmo a cadência acelerada de "Don't You Get It" pode ser incluída neste grupo de referência. "No Can Do" é a composição que mais se aproxima do contexto musical atual à data de edição e em "Rudiger", inspirado em factos reais, encontra-se um dos momentos chave deste trabalho, não sendo possível contornar a vividez cinematográfica de "Vic And Ray" e o vigor acústico de "Je Suis Désolé" ou algo de Roy Orbison em "Nobody's Got The Gun".  

sábado, 29 de setembro de 2018

The Heart Of Rock & Roll: The Best Of - HUEY LEWIS AND THE NEWS


1 Power Of Love   3:53
2 Hip To Be Square   4:01
3 Do You Believe In Love (R.J."Mutt" Lange)   3:26
4 This Is It   3:50
5 Some Of My Lies Are True   3:20
6 Workin' For A Livin' (Live)   4:00
7 Bad Is Bad   3:46
8 I Want A New Drug   3:30
9 The Heart Of Rock & Roll   4:03
10 Heart And Soul (M.Chapman/N.Chinn)   4:10
11 Jacob's Ladder (B.Hornsby)   3:29
12 Stuck With You   4:25
13 Trouble In Paradise   3:09
14 Walking On A Thin Line (A.Pessis/K.Wells)   4:01
15 Perfect World (A.Call)   4:05
16 Small World (Part One)   3:52
17 Back In Time   4:17     

De coração e alma rock & roll, o coletivo norte americano Huey Lewis and The News atravessou a década de 80 aplicando a regra mainstream do rock limpo e muito bem medido, munido de boa disposição e atestado de harmonias vocais, o que lhes permitiu algumas visitas aos tops atingindo o pico da fama com a participação na banda sonora do filme "Back To The Future" através do single "Power Of Love" em 1985. É precisamente nesta década que se foca esta coletânea, edição europeia de 1992, reunindo dezassete músicas onde se incluem dez singles que chegaram ao top ten norte americano, entre outras mais. Canções orelhudas como "Do You Believe In Love", "This Is It", "Stuck With You" e "Perfect World" contracenam com "Some Of My Lies Are True", retirado do primeiro álbum da banda ainda com notáveis influências new wave, "Workin' For A Livin'", captado ao vivo, nunca editado, e uma forma de demonstrar o forte poderio da banda em palco, "Trouble In Paradise", retirado também do primeiro álbum e usado depois como a contribuição da banda para o trabalho humanitário USA For Africa, até "Back In Time", que juntamente com "Power Of Love" fez parte do alinhamento da já mencionada banda sonora "Back To The Future". Espaço ainda para músicas dignas de relevo como "Hip To Be Square", "Bad Is Bad" e "Jacob's Ladder".

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

John Patitucci - JOHN PATITUCCI


1 Growing   4:35
2 Wind Sprint   6:10
3 Searching, Finding   5:05
4 Baja Bajo (J.Patitucci/C.Corea)   5:46
5 Change Of Season   3:53
6 Our Family   3:01
7 Peace & Quiet Time   4:59
8 Crestline   5:13
9 Zaragoza (C.Corea)   3:57
10 Then & Now   5:38
11 Killeen   5:15
12 The View   5:39    

O virtuoso baixista norte-americano John Patitucci editou o seu primeiro registo a solo em 1988, acompanhado por algumas das "bestas" do jazz de fusão onde para além dos sintetizadores de Dave Witham e John Beasley, a dupla de base, pontuam os nomes de Michael Brecker no sax tenor, Chick Corea em piano acústico e os três bateristas, Dave Weckl, Peter Erskine e Vinnie Colaiutta. As formações vão variando ao longo do registo criando intensos momentos de fusão ou arejados momentos de jazz, dinâmica que é percetível logo de início através das três músicas que abrem o álbum. "Growing" transpira bossanova com a participação vocal de Rick Riso, "Wind Sprint" arranca em velocidade fusão e "Searching, Finding" apresenta jazz de classe numa peça mais acústica com as participações de Michael Brecker, Chick Corea e Peter Erskine. Num álbum maioritariamente elétrico, que se mantêm rigorosamente fiel ao registo de fusão, são as presenças de Michael Brecker e Chick Corea que criam o equilíbrio com a vertente acústica. Como líder de sessão, é notável a habilidade técnica de Patitucci na utilização de um baixo de 6 cordas ao longo de todo o álbum, potenciando a extensão dinâmica do instrumento, com exceção de "Zaragoza" em que utiliza o contrabaixo com arco. 
Em "Zaragoza" e "Baja Bajo" percebe-se o inconfundível toque de Chick Corea, duas peças com a assinatura do pianista sendo "Baja Bajo" uma co-autoria com Patitucci. Apontamentos interessantes ainda para "Peace & Quiet Time", uma balada sustentada por sintetizadores, com solos de Brecker e Patitucci, a lembrar Weather Report, e para o exotismo de "The View" que encerra o registo .      

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Curtas - ISRAEL


1 O Meu Pai, A Minha Irmã E Eu   4:24
2 Amor «Tremolo»   3:33
3 40th My Dear   3:16   
4 Janeiro Em Forma De Trio   3:15  
5 Dezasseis E A Lua   4:13
6 Valsa De Um Bêbedo   2:55
7 Prelúdio Nº1 Para Violoncelo E Guitarra   5:56      
8 Três Esculturas Sonoras   13:28   
   I. Maestoso Em Lá Bemol
   II. Allegretto Em Sol Menor
   III. Largo Em Sol Maior   

Israel Costa Pereira é um músico de formação clássica que também gosta de passear pelos campos do Pop/Rock e do Jazz mas é no estudo da guitarra clássica que se foca essencialmente e foi a partir da guitarra clássica que Israel compôs as oito peças que dão origem a "Curtas", uma edição de autor, em 2018, apoiada pela Fundação GDA. Composto para formato de quarteto, Israel é acompanhado pelo pianista Bernardo Santos, pela violinista Ianina Khmelik e pelo violoncelista Nikolay Gimaletdinov. Como primeiro registo discográfico de Israel Costa Pereira, em nome próprio, "Curtas" manifesta-se sob a égide de um trabalho artístico de profunda paixão musical em que Israel expõe a sua arte e sensibilidade como compositor e executante num álbum acessível que para além da sua musicalidade resulta visual e modelar. 
O registo abre sob uma aura de saudade e recordação através do bonito quadro "O Meu Pai, A Minha Irmã E Eu" tendo continuidade na belíssima peça «Amor Tremolo» que contêm algum caráter cinematográfico, reminiscências do cinema italiano. Curiosamente, "40th My Dear" não se inibe de uma harmonia com alguma ligeireza pop enquanto "Janeiro Em Forma De Trio" é outra peça de caráter visual, bastante sensorial, cujo início nos sugere a queda airosa de flocos de neve evoluindo depois para um contexto confortável e acolhedor. A progressão de "Dezasseis E A Lua" cria um momento musical impaciente cuja vivacidade vai evoluindo. Em "Valsa De Um Bêbedo" voltamos a encontrar nova impressão visual numa peça sustentada por uma imaginativa componente musical humorística com inclusão de algumas passagens divertidas.
"Prelúdio Nº1 Para Violoncelo E Guitarra" é uma peça exemplar, dominada pela nobreza do melodioso diálogo a dois instrumentos que após um breve momento de atrito se voltam a encontrar na plenitude da sua harmonia. O registo encerra de forma grave e ponderada com a intensidade da peça "Três Esculturas Sonoras", dividida por três movimentos. 
No geral, "Curtas" é um trabalho criado com exímio gosto musical e uma grande paixão artística, que consegue transmitir sensações e emoções e, independentemente do estilo, música é isto.  

domingo, 9 de setembro de 2018

...Continuation - LARS DANIELSSON


1 Hit Man (N. Lan Doky)   5:20
2 Continuation   2:07
3 Long Ago And Far Away (J.Kern/I.Gershwin)   5:23
4 Flykt   9:29
5 Fallin' Down   6:41
6 Hymn   3:20
7 It Never Entered My Mind (L.Hart/R.Rodgers)   6:48
8 Namtih (N.Lan Doky)   5:46
9 Fatima   7:09
10 Solar (M.Davis)   4:26
11 Postludium   1:44 

Lars Danielsson é um contrabaixista sueco de formação clássica mas foi no jazz que se fez notar e onde se carateriza pelo seu toque melodioso. Neste registo, gravado em Nova Iorque em 1994, surge em formato de trio acompanhado pelo guitarrista John Abercrombie e pelo baterista Adam Nussbaum, duas referências do jazz norte americano. Ao longo deste trabalho, Lars Danielsson combina estéticas conferindo uma sonoridade moderna e criativa a um registo maioritariamente singelo que por vezes se aventura por algum experimentalismo. Na sua generalidade, o jazz flui naturalmente ao longo do álbum com o contrabaixista sueco a liderar as nuances do trio dialogando airosamente com as linhas de guitarra do experiente John Abercrombie, sob a pontual atenção rítmica de Nussbaum. Interessante a abordagem dos sintetizadores e a utilização do arco para "It Never Entered My Mind" revelando uma nova leitura para uma peça standard através de um arranjo peculiar e classicista enquanto em "Flykt", uma das peças originais de Danielsson, a misteriosa aparição dos sintetizadores acompanha de forma subtil uma peça de execução rápida e liberal. Em "Continuation" e "Postludium", Lars Danielsson executa a solo duas peças curtas de sua autoria.

terça-feira, 19 de junho de 2018

Ultra - DEPECHE MODE


1 Barrell Of A Gun   5:30
2 The Love Thieves   6:30
3 Home   5:39
4 It's No Good   5:58
5 Uselink   2:21
6 Useless   5:11
7 Sister Of Night   5:55
8 Jazz Thieves   2:54
9 Freestate   6:37
10 The Bottom Line   4:23
11 Insight   5:08
12 ()   2:08 

Após um hiato de 4 anos os Depeche Mode regressam em 1997, em formato de trio, apresentando o seu nono álbum de estúdio com uma sonoridade atualizada. Um registo calculista e intenso dono de uma sonoridade tão suja e escura tal como os anos 90 foram para o rock em geral. Ultra é um registo exorcista. Uma peça de engrenagem oculta que expõe a fragilidade da banda britânica perante os fantasmas do passado conseguindo enfrentá-los e dominá-los simultaneamente sob o manto de uma forte estrutura musical, bastante consistente. As guitarras ganham ainda mais espaço e são fundamentais no enquadramento de todo o registo salientando-se em momentos como "Barrell Of A Gun", "Useless" ou "Freestate" enquanto "It's No Good" se destaca como a música que melhor enquadra os Depeche Mode de Ultra com a sonoridade habitual da banda. A excelência de "Home", "Useless" e "The Bottom Line" torna-as peças fundamentais do registo que sobressaem pela elegância e gosto de composição. 

sábado, 9 de junho de 2018

The Language Of Life - EVERYTHING BUT THE GIRL


1 Driving   3:57
2 Get Back Together   3:55
3 Meet Me In The Morning   3:49
4 Me And Bobby D   4:09
5 The Language Of Life   4:01  
6 Take Me (C.Womack/L.Womack)   4:08
7 Imagining America   4:58
8 Letting Love Go   4:45
9 My Baby Don't Love Me   3:40
10 The Road   3:46 

Para o quinto registo de originais, editado em 1990, os britânicos Everything But The Girl deslocaram-se à costa oeste dos EUA para aí entregarem as suas cuidadas canções pop, adornadas de jazz ligeiro, nas mãos de alguns dos maiores nomes do jazz mais comercial. O resultado é um registo sereno e inteligente, povoado por uma constelação de músicos tecnicamente irrepreensíveis onde os nomes de Michael Brecker, Joe Sample, Russell Ferrante, Omar Hakim, John Patitucci, Michael Landau, Kirk Whalum, Larry Williams e a lenda viva Stan Getz, que viria a falecer no ano seguinte, elevam imediatamente o estatuto deste registo. Para complementar uma sessão de sonho, o trabalho de produção foi entregue a Tommy Lipuma. Canções imaculadas, polidas pela destreza técnica dos já referidos famigerados músicos, preenchem o álbum tranquilamente sob uma toada smooth concluindo a obra como um trabalho ambicioso deste duo britânico que desta forma encerrava um ciclo.  

quarta-feira, 30 de maio de 2018

The Soul Sessions - JOSS STONE


1 The Chokin' Kind (H.Howard)   3:35
2 Super Duper Love (Are You Diggin' On Me) Pt.1 (W.Garner)   4:20
3 Fell In Love With A Boy (J.White)   3:38
4 Victim Of A Foolish Heart (C.Buckins/G.Jackson)   5:31
5 Dirty Man (B.Miller)   2:59
6 Some Kind Of Wonderful (J.Ellison)   3:56
7 I've Fallen In Love With You (C.Thomas)   4:29
8 I Had A Dream (Jon B.Sebastian)   3:01
9 All The King's Horses (A.Franklin)   3:03
10 For The Love Of You Pts.1&2 (E.Isley/M.Isley/K.Isley/R.Isley/R.Isley/C.Jasper)   7:33

A relevância deste trabalho acentua-se pela tenra idade com que a britânica Joss Stone se apresentou ao mundo em 2003, com apenas dezasseis anos. Acima de tudo, "The Soul Sessions" revela a segurança e expressividade de uma voz jovem que apresenta já alguma da força e caráter da época de ouro da soul music. Detentora de um timbre de respeito, Joss Stone evidencia maturidade e expõe-se sem medo, com muito dinamismo e à vontade, numa sessão em que interpreta vários autores num registo soul marcante, gerido e apoiado por músicos de alto gabarito. Um trabalho de estreia, revelador e surpreendente, bastante caraterizado pelas circunstâncias que o envolvem.  

terça-feira, 22 de maio de 2018

Forever Changes - LOVE


1 Alone Again Or   3:15
2 A House Is Not A Motel   3:25
3 Andmoreagain   3:15
4 The Daily Planet   3:25
5 Old Man   2:57
6 The Red Telephone   4:45 
7 Maybe The People Would Be The Times Or Between Clark And Hilldale   3:30
8 Live And Let Live   5:24
9 The Good Humour Man He Sees Everything Like This   3:00
10 Bummer In The Summer   2:20
11 You Set The Scene   6:49   

Em 1967, na plenitude do Verão do Amor, os californianos Love surgiam algo deslocados do movimento peace and love que influenciava os meios artísticos e sociais da época e ao terceiro álbum demonstravam que nem tudo era realmente flores. Do alto das colinas de L.A. o líder Arthur Lee escrevia canções essenciais enquanto observava a cidade, isto numa altura em que a banda se encontrava um pouco desorientada tendo o 
produtor Bruce Botnik chegado ao ponto de contratar músicos de estúdio para gravar convencido de que os Love não o iriam conseguir fazer. Ultrapassada esta fase, a banda organizou-se e o resultado foi um trabalho ponderado, dominado por uma vertente mais acústica enriquecida com arranjos de orquestra. Num registo encabeçado por "Alone Again Or", a música mais conhecida da edição, as exceções residem em "A House Is Not A Motel", "Live And Let Live" e "Bummer In The Summer" cuja sonoridade roça realmente os domínios do rock enquanto "The Red Telephone" proporciona o momento mais meditativo de Arthur Lee, que várias vezes afirmou ter escrito as músicas para este álbum sob uma aura de morte pois achava que iria morrer em breve. Outros momentos bem interessantes encontram-se em "Andmoreagain" e "Maybe The People Would Be The Times...". Pela sua magia e divergência, ao longo do tempo Forever Changes foi ganhando cada vez mais importância como registo fundamental.

sábado, 12 de maio de 2018

Live - ALBERT KING


1 Watermelon Man (Hancock/Hendricks/Brooks)   3:48
2 Don't Burn Down The Bridge (Jones/Wells)   4:00
3 Blues At Sunrise   10:40
4 That's What The Blues Is All About (Patterson/Strickland)   6:25
5 Stormy Monday (Walker)   7:12
6 Kansas City (Leiber/Stoller)   6:59
7 I'm Gonna Call You As Soon As The Sun Goes Down   8:22
8 As The Years Go Passing By (Malone)   8:48
9 Overall Junction   4:25
10 I'll Play The Blues For You   6:40 

Edição de clube, em formato cd, publicada como parte integrante da coleção Mestres Do Blues da editora espanhola Altaya, também distribuída em Portugal. Esta edição, não integral, reedita o duplo vinil gravado na Suíça em 1977 durante uma atuação de Albert King no famigerado festival de Montreux e serve como um ótimo registo de uma grande sessão de blues que contou com a participação, em parte do concerto, do guitarrista irlandês Rory Gallagher. O irlandês faz a entrada e o primeiro solo em "As The Years Go Passing By". O registo revela um concerto distinto em que a mestria e a classe de Albert King se evidenciam pela sua forte expressão como guitarrista e como frontman ativo contando ainda com o apoio de uma banda igualmente notável que inclui um irrequieto naipe de metais. Um bluesman de excelência, Albert King apresenta aqui tudo aquilo que os blues são através de uma atuação eficiente preenchida por uma sonoridade bastante sólida e intensa.

sexta-feira, 4 de maio de 2018

The Crown - GARY BYRD AND THE G.B.EXPERIENCE


Side A
1 The Crown (Vocal)   10:40
Side B
1 The Crown (Instrumental)   10:40    

Editado em 1983, The Crown é um single em formato de 12" a 33rpm que resulta de um projeto pensado pelo DJ de radio Gary Byrd. A meio da década de 70, com o rap ainda na sua fase primordial, este DJ dirigia um programa radiofónico denominado G.B.E.(Gary Byrd Experience) durante o qual declamava pequenos textos por cima da música que passava. Stevie Wonder era um seguidor habitual e em 1976 convidou Gary Byrd a participar na escrita de alguns temas para o seu álbum Songs In The Key Of Life. Em 1981 Gary Byrd teve a ideia de criar uma música cujo conteúdo lírico, em formato rap, se baseava numa lição de história social da cultura negra, matéria que as escolas norte-americanas não abordavam nas suas aulas. Stevie Wonder gostou da ideia e associou-se logo ao projeto. Estamos assim perante um registo histórico em várias frentes; edição Motown, raramente associada ao mercado rap, Stevie Wonder a colaborar num álbum rap e até a capa é motivo de novidade por ser então raro ver um disco rap com foto na capa. Devido a ser um trabalho paralelo, o projeto demorou cerca de três anos a ficar concluído e nele Stevie Wonder assume o trabalho de produção e canta mesmo numa pequena parte da música para além de estar creditado com os seus teclados e bateria. Musicalmente, o registo soa funky/soul/disco com Gary Byrd em rap, intercalado por refrões cantados por um coro e pela já referida parte vocal de Stevie Wonder. A edição single em formato de 12" deve-se ao facto da música ser longa, tendo pouco mais de dez minutos, contendo a versão vocal do lado principal e a versão instrumental do lado "secundário".

segunda-feira, 30 de abril de 2018

Blackout - SCORPIONS


Side A
1 Blackout   3:47
2 Can't Live Without You   3:44   
3 No One Like You   3:54
4 You Give Me All I Need   3:37
5 Now!   2:31
Side B
1 Dynamite   4:10
2 Arizona   3:51   
3 China White   6:54
4 When The Smoke Is Going Down   3:48

Utilizando a língua inglesa como meio de expressão, os alemães Scorpions foram evoluindo até atingirem definitivamente o reconhecimento internacional e o patamar dos grandes palcos mundiais. Dez anos depois da edição do primeiro àlbum a banda conseguia em 1982 um sucesso mundial, EUA incluídos, com a edição de Blackout, o seu décimo registo oficial. O hard rock da banda germânica singrava pela sua coesão e harmonia refletida em canções intensas e melódicas que roçam a fronteira do metal mais vigoroso. As três músicas que abrem o registo criam uma sequência consistente e dinâmica que culmina no êxito do single "No One Like You", seguidas da balada "You Give Me All I Need" e da energia de "Now!". O segundo lado do álbum explode com "Dynamite", passeia-se pela harmonia pop de "Arizona", transmite um groove compassado em "China White" e finaliza com a clássica balada "When The Smoke Is Going Down". A referir que o vocalista Klaus Meine enfrentou duas operações às cordas vocais antes da gravação deste registo e que regressou em grande forma.   

terça-feira, 24 de abril de 2018

If You Leave Me Now - CHICAGO


Side A
1 If You Leave Me Now   3:53
2 Saturday In The Park   3:56
3 Feelin' Stronger Every Day   4:15
4 (I've Been) Searchin' So Long   4:30
5 25 Or 6 To 4   4:52
Side B
1 Baby What A Big Surprise   3:04
2 Wishing You Were Here   4:36
3 No Tell Lover   3:51
4 Another Rainy Day In New York City   2:58
5 Does Anybody Really Know What Time It Is?   2:53
6 Song For You   3:39      

Editada em 1982 após mudança de editora, esta é a quarta coletânea oficial do coletivo norte-americano Chicago a revisitar uma carreira cheia de sucessos. Cotados ainda hoje como uma das bandas mais bem sucedidas no mercado musical norte americano, os Chicago criaram êxito atrás de êxito desde que começaram a editar em 1969. A formação dos Chicago foi sempre preenchida por músicos exímios, tecnicamente perfeitos, que começaram por adoptar uma sonoridade colorida em que a escola de jazz se fundia com a estrutura do rock criando peças melódicas e plenas de harmonia. Aos poucos a banda foi perdendo algum do fulgor inicial e acabou por adotar uma sonoridade mais comercial onde as baladas de Peter Cetera, a vertente mais pop dos Chicago, começaram a brilhar. "If You Leave Me Now", um dos maiores sucessos dos Chicago, é um dos maiores testemunhos da fase Cetera. Os temas "Baby What A Big Surprise", "Wishing You Were Here" e "Song For You", na altura o tema mais atual desta retrospetiva, são outras das peças de Peter Cetera que por aqui singram. O álbum abrange temas primordiais como "Does Anybody Really Know What Time It Is?", "25 Or 6 To 4", "Saturday In The Park", "(I've Been) Searchin' So Long" e "Feelin' Stronger Every Day" mas perante a grande produtividade da banda o registo acaba por funcionar como um singelo resumo do seu extenso repertório.

sexta-feira, 13 de abril de 2018

Q: Are We Not Men? A: We Are Devo! - DEVO


Side A
1 Uncontrollable Urge   3:09
2 Satisfaction (I Can't Get No) (Jagger/Richards)   2:38
3 Praying Hands   2:48
4 Space Junk   2:14
5 Mongoloid   3:42
6 Jocko Homo   3:39
Side B
1 Too Much Paranoias   1:55
2 Gut Feeling   4:54
3 (Slap Your Mammy)   0:51
4 Come Back Jonee   2:53
5 Sloppy (I Saw My Baby Gettin')   2:36
6 Shrivel Up   3:04 

Os norte americanos Devo editavam o seu registo de estreia em 1978 com o título "Q: Are We Not Men? A: We Are Devo!" e assim se iniciava oficialmente o apregoado ciclo de de-evolução. Com Brian Eno a assumir o trabalho de produção, os Devo revelavam-se como uma das bandas mais originais do movimento New Wave praticando uma sonoridade rock/pop plena de humor e sátira, adornada por uma estética plástica sob um misto de loucura e irreverência. Utilizando uma estrutura musical imprevisível, disforme e irrequieta, os Devo manifestavam ser uma eficaz máquina de de-construção rock'n roll capaz de remodelar tudo à sua maneira, a famosa versão de "Satisfaction" é o exemplo perfeito do efeito de-evolutivo da banda. Os riffs de guitarra sugerem alguma herança rock'n roll mas a introdução de pontuais sintetizadores insinua o caminho para o futuro da pop. "Uncontrollable Urge", "Praying Hands", "Mongoloid", "Gut Feeling" e "Shrivel Up" são temas incontornáveis enquanto "Jocko Homo" é o verdadeiro manifesto da de-evolução.

sábado, 7 de abril de 2018

If You Want To Defeat Your Enemy Sing His Song - THE ICICLE WORKS


Side A
1 Hope Springs Eternal   4:02
2 Travelling Chest   4:38
3 Sweet Thursday   4:14
4 Up Here In The North Of England   5:10   
5 Who Do You Want For Your Love?   3:50    
Side B
1 When You Were Mine   4:34
2 Evangeline   4:03   
3 Truck Driver's Lament   5:17
4 Understanding Jane   3:18
5 Walking With A Mountain   4:41     

Terceiro álbum de originais para os britânicos The Icicle Works, editado em 1987. Um registo de melodiosas canções pop/rock com o selo alternativo da Beggars Banquet. Um arranque morno revela um registo indiferente mas à medida que progride, apesar da interpretação algo fechada do líder Ian McNabb, presa numa seriedade que não compromete mas denota alguma falta de vigor, acabam por se evidenciar alguns momentos interessantes. A energia do registo encontra-se totalmente concentrada nos temas "Evangeline" e "Understanding Jane" mas é no tema "Truck Driver's Lament" que se encontra a estrutura musical mais relevante. Em "Who Do You Want For Your Love?" descobre-se o tema mais orelhudo enquanto em "When You Were Mine" se encontram reminiscências Bowie e em "Up Here In The North Of England" se fazem revelações políticas. 

segunda-feira, 2 de abril de 2018

Alien - STRAPPING YOUNG LAD


1 Imperial   2:17
2 Skeksis   6:42
3 Shitstorm   4:21
4 Love?   5:43
5 Shine   5:13   
6 We Ride   2:37
7 Possessions   4:12
8 Two Weeks   3:28
9 Thalamus   3:58
10 Zen   5:02
11 Info Dump   11:56 

Editado em 2005, "Alien" é o quarto registo original do coletivo canadiano Strapping Young Lad liderado por Devin Townsend. Demolidor e sem limite de velocidade, o álbum assenta numa impressionante orgia sonora em que o metal se funde com laivos industriais sobre fundos góticos numa sobreposição de sons que flutuam por intensas camadas de decibéis sobre uma rigorosa mistura sonora completamente linear. O vigor da interpretação vocal de Devin Townsend sobressai gritante, e até por vezes operática, rompendo a brutalidade de uma potente parede de som que oculta uma imensidão de sonoridades constantemente impulsionadas pela firmeza do rolar do pedal duplo de Gene Hoglan. Perante tamanha robustez ressalta alguma melodia e há até lugar para um momento acústico em "Two Weeks" e para a utilização de um coro infantil e de um coro feminino em "Shitstorm" e "Possessions" respetivamente. Desordenadamente ordenado, Alien é um registo caótico harmoniosamente alinhado para a elegância de uma viagem densa e vertiginosa.

segunda-feira, 26 de março de 2018

This Is Our Music - GALAXIE 500


1 Fourth Of July   5:36
2 Hearing Voices   3:38
3 Spook   4:35
4 Summertime   6:02
5 Way Up High   4:04
6 Listen, The Snow Is Falling (Y.Ono)   7:46
7 Sorry   4:18
8 Melt Away   4:35
9 King Of Spain, Part Two   5:10
Bónus Track
10 Here She Comes Now (J.Cale/L.Reed/S.Morrison)   5:57    

O curto percurso dos norte-americanos Galaxie 500 findava em 1990 com a edição do seu terceiro registo "This Is Our Music". O processo evolutivo do trio foi-se desenhando álbum a álbum contando sempre com o acompanhamento do produtor Kramer que os ajudou a criar a sonoridade e ambiência próprias. Agora mais seguros e mais poderosos, não dispensado os préstimos de Kramer, que para além do trabalho de produção participa em todos os registos da banda através de pequenos contributos musicais, os Galaxie 500 conseguem aliar alguma da sua inocência primordial com o dinamismo de uma banda mais experiente, o que resulta no seu registo mais completo através de uma sonoridade imprevisível em que o habitual indie-rock minimalista pode explodir a qualquer momento. "This Is Our Music" será o seu trabalho mais dinâmico e simultaneamente o mais calculista e menos espontâneo. Mantendo a usual inclusão de uma improvável versão/tributo por álbum, visaram desta vez Yoko Ono e o tema "Listen, The Snow Is Falling" em que a baixista Naomi Yang dá voz a outra bem conseguida adaptação. Como tema extra, para esta edição em cd, aparece ainda uma belíssima versão para "Here She Comes Now" dos influentes Velvet Underground.

terça-feira, 20 de março de 2018

On Fire - GALAXIE 500


1 Blue Thunder   3:45
2 Tell Me   3:50
3 Snowstorm   5:10
4 Strange   3:16
5 When Will You Come Home   5:21
6 Decomposing Trees   4:05
7 Another Day   3:41
8 Leave The Planet   2:40
9 Plastic Bird   3:15
10 Isn't It A Pity (G.Harrison)   5:10
Bónus Trcaks
11 Victory Garden (S.Cunningham/M.Thompson)   2:48
12 Ceremony (I.Curtis/P.Hook/B.Summer/S.Morris)   5:55
13 Cold Night   2:36

Ao segundo registo, editado em 1989, o trio Galaxie 500 apresenta-se em brasa. Mantendo a estrutura musical na sua naturalidade primária, o que lhes evidencia uma identidade própria, surgem aqui mais libertos e focados em expandir e preencher a sua crueza sonora. As canções continuam a obedecer a um simples padrão de acordes mas com o trio a mostrar-se menos linear e a estender-se mais em pontuais momentos de improviso, o espaço cedido ao saxofonista Ralph Carney, que alinha no jogo de decomposição de "Decomposing Trees", é um ótimo exemplo dessa abertura. Num momento mágico, com solo de guitarra em reverse, a baixista Naomi Yang dá voz a "Another Day" e a inclusão, por vezes, de uma guitarra acústica ajuda a preencher os temas tornando-os mais quentes. É desta forma que o indie-rock minimalista dos Galaxie 500 ganha contornos singulares que tornam o seu trabalho curioso e bastante interessante. Para além dos temas já referidos, a atenção centra-se em "Snowstorm", "Strange" e "When Will You Come Home", havendo ainda a particularidade do registo encerrar com uma simpática versão para "Isn't It A Pity" de George Harrison...e do facto de que os Galaxie 500 continuam a não se dar bem com a harmónica mas até isso lhes perdoamos...
Esta edição em cd contêm três temas extra onde se destaca a versão de "Ceremony", o derradeiro tema dos Joy Division que acabaria por servir de single de apresentação para os New Order.   

terça-feira, 6 de março de 2018

Today - GALAXIE 500


1 Flowers   4:26
2 Pictures   3:23
3 Parking Lot   2:52
4 Don´t Let Our Youth Go To Waste (J.Richman)   6:47
5 Temperature's Rising   5:05
6 Oblivious   3:18
7 It's Getting Late   3:29
8 Instrumental   3:01
9 Tugboat   3:53
10 King Of Spain (Bonus Track)   4:33 

O trio norte americano Galaxie 500 apresentou-se oficialmente ao mundo em 1988 com "Today", um registo simples e direto sem quaisquer virtuosismos ou artifícios. "Today" é um álbum de canções puramente eficazes que funcionam na sua plenitude graças à honestidade de uma banda com intenção única de criar a sua própria música. Munidos apenas de uma guitarra, de um baixo, de uma bateria e de uma poderosa simplicidade, era tudo o que precisavam para expor as suas ideias musicais sob o formato de impecáveis canções indie-rock nutridas de uma crueza adorável, completamente à margem do rock mais convencional. À medida que o álbum se desenvolve, é inevitável não nos recordarmos da frieza cool dos Velvet Underground e dos Modern Lovers de Jonathan Richman, atente-se na versão aqui apresentada para "Don't Let Our Youth Go To Waste". O ambiente slowcore define todo o registo onde se podem destacar os temas "Pictures", "Parking Lot", "Temperature's Rising", "Oblivious" e "It's Getting Late". A edição em formato Cd contêm o tema "King Of Spain" como extra.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Live Hypno-Beat Live - THE WOODENTOPS


Side 1
1 Well Well Well   2:11
2 Love Train   2:55
3 Travelling Man/Get It On   5:36
4 Plenty   3:18
5 Last Time   4:16
Side 2
1 Why   5:11
2 Everyday Livin'   3:17
3 Good Thing   4:00
4 Everything Breaks   4:03
5 Move Me   5:31
6 Plutonium Rock   3:05

Com apenas um álbum na bagagem, mais alguns valiosos singles editados anteriormente, os britânicos Woodentops editavam em 1987 "Live Hypno Beat Live", um álbum gravado ao vivo em Los Angeles, EUA, em novembro de 1986, durante uma digressão por terras norte-americanas.  O alinhamento do registo divide-se assim por entre o álbum "Giant" e os primeiros singles da banda, o que dá origem a uma espécie de coletânea casual que abrange toda a primeira fase dos Woodentops. Mais interessante ainda, o facto da sonoridade apresentada pela banda ao vivo ser completamente díspar dos registos em estúdio. Da inicial ambiência eletro-acústica dançável captada em estúdio; ao vivo os Woodentops apresentam-se ao "triplo" da velocidade, exibindo uma cadência impressionante que quase soa mais punk do que pop. Os temas ganham ainda mais vitalidade, mantendo o seu caráter dançável, enquanto a banda exibe um impressionante dinamismo técnico. A edição aqui apresentada, em formato de vinil, contêm os temas "Last Time" e "Plutonium Rock" como extras. 

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Giant - THE WOODENTOPS


Side 1
1 Get It On   3:15
2 Good Thing   3:41
3 Give It Time   3:40
4 Love Train   3:04
5 Hear Me James   3:36
6 Love Affair With Everyday Livin'   3:58
Side 2
1 So Good Today   2:56
2 Shout   2:06
3 History   3:15
4 Travelling Man   3:12
5 Last Time   4:07
6 Everything Breaks   4:48

Após a edição de alguns singles, o singular coletivo britânico The Woodentops estreava-se oficialmente com a edição do álbum "Giant" em 1986 e reclamava assim um lugar urgente no patamar indie da pop britânica durante a segunda metade da década de oitenta. O estilo particular dos Woodentops manifesta-se nesta altura por uma criativa sonoridade dançável, assente em pop eletro-acústica, enriquecida pela presença esporádica de instrumentos específicos como a marimba, o trompete, o violino e o acordeão, e pela aproximação jazzy do impecável fraseado do guitarrista Simon Mawby. O registo é composto por canções velozes, inteligentes e bem estruturadas, que se enquadram maravilhosamente numa época colorida em que a solidez de uma forte batida pressagia a aceleração da cadência temporal. De forma íntegra, os Woodentops equilibram a sobriedade de temas como "Good Thing", "Give It Time" e "Everything Breaks" com o vigor de momentos como "Get It On", "Love Train", "Hear Me James",  "Shout" e "Travelling Man", oferecendo um registo dinâmico, hábil e divertido, onde cabem ainda pérolas como "Love Affair With Everyday Livin'", "So Good Today", "History" e "Last Time".   

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Especially For You - THE SMITHEREENS



1 Strangers When We Meet   3:46
2 Listen To Me Girl   3:00
3 Groovy Tuesday   2:39
4 Cigarette   2:31
5 I Don't Want To Lose You   3:21
6 Time And Time Again   3:09
7 Behind The Wall Of Sleep   3:23
8 In A Lonely Place   4:10
9 Blood And Roses   3:35
10 Crazy Mixed-Up Kid   2:06
11 Hand Of Glory   2:45
12 Alone At Midnight   3:42
13 White Castle Blues (Bonús Track)   3:59

Perante a expansão maquinal dos instrumentos eletrónicos nos anos 80, havia bandas que permaneciam orgulhosamente fiéis à sonoridade clássica do rock em que as guitarras e as melodias se impunham como o principal foco das canções. Os norte-americanos Smithereens são um dos exemplos desse género de bandas e, apesar de funcionarem então como banda há cerca de cinco anos, apenas se estrearam oficialmente em disco em 1986, precisamente com este registo. Seguindo as "regras" do rock'n roll clássico, os Smithereens apresentavam um álbum de estreia preenchido com doze temas originais, curtos, alegres, melodiosos e eficazes, reforçados pela carga de energia dos anos 80. Logo nos primeiros segundos do registo somos confrontados com uma harmonia vocal ao estilo dos Beach Boys e o mote está dado. Os temas sucedem-se energicamente, passando pelo acústico "Cigarette" e pelo Jazzy "In A Lonely Place" que conta com a participação de Suzanne Vega nas vozes. "Strangers When We Meet", "Behind The Wall Of Sleep", "Blood And Roses" e "Crazy Mixed-Up Kid" são os temas dominantes. A edição em cd contêm uma faixa extra intitulada "White Castle Blues", um tema aguerrido que curiosamente se destaca por mostrar a banda numa vertente mais punk.

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Explosions In The Glass Palace - RAIN PARADE



Side 1
1 You Are My Friend   3:03
2 Prisoners   3:47
3 Blue   2:47 
Side 2
1 Broken Horse   3:42
2 No Easy Way Down   6:58

Pequeno registo, ou EP, editado pelos californianos Rain Parade em 1984, entre o primeiro e o segundo álbum, composto por apenas cinco temas, originais, mas suficientemente bons para prender a atenção. Herdeiros do psicadelismo de finais da década de 60, o rock dos Rain Parade consegue ser simultaneamente hipnótico e cativante. O álbum manifesta-se sob a forma de um curto registo de rock que viaja por dentro do território que as bandas californianas exploravam 15 anos antes, sendo os Byrds de McGuinn um dos exemplos mais próximos. Exceção espacial para "Prisoners" e para a dualidade acústica-elétrica de "Broken Horse" enquanto "No Easy Way Down" vagueia por uma atmosfera intensa criada entre as guitarras e o orgão, olá Doors. "You Are My Friend" e "Blue" são as peças que apresentam uma textura rock mais regular.    

quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Afrodisiaca - JOHN TCHICAI AND CADENTIA NOVA DANICA


Side 1
1 Afrodisiaca   21:45
Side 2
1 Heavenly Love On A Planet   4:30
2 Fodringsmontage   6:26
3 This Is Heaven (T.O'Farrell)   2:12
4 Lakshmi   6:38  

Liberal, destemido, radical e estonteante, são alguns dos adjetivos que podem definir este trabalho da orquestra europeia Cadentia Nova Danica liderada pelo saxofonista dinamarquês, de origens congolesas, John Tchicai. Totalmente integrado nos domínios do free jazz e da música de vanguarda, o registo é dominado pela longa peça Afrodisiaca, escrita e dirigida pelo trompetista Hugh Steinmetz, uma manifesta celebração musical que evoca África em todo o seu esplendor. Serena como um despertar crepuscular, a peça vai progressivamente revelando a naturalidade da essência silvestre até terminar de forma tribal numa apoteose orgiástica, gritante e selvagem. O registo prossegue ousado com a peça "Heavenly Love On A Planet" em que o holandês Willem Breuker explora o clarinete baixo e Tchicai conclui ardentemente no sax alto. "Fodringsmontage" começa com Tchicai a solo no sax soprano e depois junta-se-lhe um singular quarteto com flauta, trombone, guitarra elétrica e oficleide. O oficleide é o instrumento antecessor da atual tuba e é aqui executado por Willy Jagert. "This Is Heaven" é a versão free da orquestra, em jeito de procissão, para um tema antigo de Talbot O'Farrell e o álbum encerra com a peça "Lakshmi", um tema misterioso pleno de exotismo oriental ou uma espécie de tributo à divindade indiana Lakshmi. A força deste álbum, editado originalmente em 1969, reside na excelência e capacidade deste coletivo em tocar e explorar livremente a forma de criar música motivado pela força improvisadora de John Tchicai. 

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Trilogue - Live! - ALBERT MANGELSDORFF, JACO PASTORIUS, ALPHONSE MOUZON


1 Trilogue   6:13
2 Zores Mores   8:42
3 Foreign Fun   7:56
4 Accidental Meeting   9:39
5 Ant Steps On An Elephant's Toe   10:44   

Trilogue-Live! testemunha a única aparição ao vivo deste trio de luxo que apenas se reuniu nesta ocasião para a prestação de um concerto realizado em Berlin durante a edição do festival Berlin Jazz Days em 1976. A difícil tarefa de conseguir juntar estes três nomes enormes do jazz moderno apenas foi conseguida a poucas semanas do evento e o trio teve quatro dias para ensaiar um repertório preenchido apenas com composições originais do trombonista alemão Albert Mangelsdorff. O brio deste registo assenta na prestação invulgar desta formação que interage através de diálogos improvisados sob a liderança do anfitrião Albert Mangelsdorff. O baterista Alphonse Mouzon e o baixista Jaco Pastorius, que então se começava a afirmar como músico extraordinário e como elemento fundamental dos históricos Weather Report de Joe Zawinul e Wayne Shorter, representam a fação rítmica do trio e a combinação perfeita dos três músicos, bastante firmes e criativos, revela as excecionais capacidades técnicas de cada um; mesmo em prestação individual, a riqueza sonora de cada um deles enche o espaço conseguindo soar como uma banda maior. Nas prestações, o tema "Trilogue" começa por funcionar como uma espécie de introdução, "Accidental Meeting" resume a sessão através de diálogos curtos e diretos entre músicos que muito tem a dizer e a partilhar entre si, alguma dose de humor em "Ant Steps On An Elephant's Toe" enquanto "Zores Mores" e "Foreign Fun" se apresentam como os temas mais consistentes.

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Pretty In Pink - ORIGINAL SOUNDTRACK


Side 1
1 If You Leave - Orchestral Manoeuvres In The Dark   4:24
2 Left Of Center - Suzanne Vega ft. Joe Jackson   3:32
3 Get To Know Ya - Jesse Johnson   3:33
4 Do Wot You Do - INXS   3:17
5 Pretty In Pink - Psychedelic Furs   4:40
Side 2
1 Shell-Schock - New Order   6:04
2 Round, Round - Belouis Some   4:06
3 Wouldn't It Be Good - Danny Hutton Hitters   3:43
4 Bring On The Dancing Horses - Echo & The Bunnymen   3:58
5 Please, Please, Please Let Me Get What I Want - The Smiths   1:50

Em 1986, assumindo as funções de argumentista e produtor executivo, John Hughes convenceu o realizador Howard Deutch de que a banda sonora do filme "Pretty In Pink" deveria ser composta por temas e artistas atuais ao invés de uma banda sonora criada tematicamente. Desta forma nasceu uma banda sonora impecável que se enquadra na estrutura temporal do filme e que acaba por funcionar como uma bela coletânea da época. À notável presença de nomes como Orchestral Manoeuvres In The Dark, Psychedelic Furs, New Order, Echo & The Bunnymen e Smiths,  juntam-se nomes então recentes como Suzanne Vega e INXS e outsiders como Jesse Johnson, Beluis Some e Danny Hutton Hitters. A peça central da banda sonora é naturalmente "Pretty In Pink" que os Psychedelic Furs já tinham gravado em 1981 e que aqui acaba por ser alvo de uma renovação que torna o tema mais dinâmico. "Left Of Center" de Suzanne Vega, com Joe Jackson ao piano, recebeu então algum êxito como single, os New Order colaboraram com o intenso "Shell-Shock" e os Smiths com a delicadeza de "Please, Please, Please Let Me Get What I Want" mas a inclusão do single dos Echo And The Bunnymen "Bring On The Dancing Horses", editado no ano anterior, é realmente o ponto alto deste álbum. Os INXS procuravam ainda alguma exposição nos mercados europeu e norte-americano, que não iria tardar, e a presença de Jesse Johnson, escapando da sombra de Prince, é uma agradável surpresa. A versão de "Wouldn't It Be Good", original de Nik Kershaw, é interessante e "Round, Round" de Belouis Some acaba por ser o ponto mais fraco do registo.