sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Circo de Feras - XUTOS E PONTAPÉS (Colecção As Músicas Da Nossa Vida)


1 Contentores 3:54
2 Sai Prá Rua 3:07
3 Pensão 4:02
4 Desemprego 3:44
5 Esta Cidade 2:23
6 Não Sou O Único 3:40
7 N' América 4:45
8 Vida Malvada 4:51
9 Circo de Feras 3:56
Até à data de edição de "Circo de Feras", em inícios de 1987, os Xutos e Pontapés eram uma banda que se movimentava pelos circuitos mais marginais, por onde dava bastantes concertos, e tinha dois albuns lançados a muito custo nesse mesmo circuito. Não esquecer que estamos a falar de uma banda que já estava no activo desde 1979 e que não conseguiu apanhar boleia do famoso boom nacional com que a década de 8o foi brindada logo de início. "Circo de Feras" é assim o primeiro trabalho da banda para uma editora a sério, Polygram, e daqui para a frente a vida dos Xutos nunca mais foi a mesma.
O album é então composto por nove temas originais, com uma letra oferecida por João Gentil para "Esta Cidade", em que os Xutos nos oferecem o seu Rock'n Roll honesto, puro e empírico. Desde "Contentores", o single de maior sucesso extraído deste trabalho, a "Circo De Feras", actualmente uma referência obrigatória no cançonetismo Português popular, são todas canções que passaram a fazer parte da nossa vida, e os Xutos traziam um som mais Rock para contrastar com a sonoridade mais Pop que dominava as bandas da altura. A imagem de preto da banda tambem contrastava com alguma da cor do Pop assumindo mesmo uma imagem mais "suja" de pose industrial urbana.
Uma menção para Carlos Maria Trindade, teclista dos Heróis do Mar, que assumiu as funções de Produtor e ajudou a criar a sonoridade deste album. Foi através deste trabalho de produção que a banda incluiu pela primeira vez em disco sequenciações electrónicas e gravações de sons reais, mais especificamente sons industrias captados na fábrica de Kalú.
A registar que esta edição aqui apresentada faz parte da colecção de seis Cds iniciada pela revista Visão em Setembro de 2006, intitulada "Colecção As Músicas Da Nossa Vida", já aqui exposta anteriormente.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Switch - INXS


1 Devil's Party 3:25
2 Pretty Vegas 3:25
3 Afterglow 4:09
4 Hot Girls 3:33
5 Perfect Strangers 4:12
6 Remember, Who's Your Man 3:28
7 Hungry 4:47
8 Never Let You Go 4:19
9 Like It or Not 3:44
10 Us 4:07
11 God's Top Ten 4:54

A morte de Michael Hutchence em 1997 deixou os Australianos INXS practicamente num beco sem saída. Hutchence era o vocalista da banda desde 1980 e pode-se dizer que o seu carisma seria um dos pontos mais fortes do sucesso da banda. Mérito seja dado ao resto da banda, obviamente, que só a presença de Hutchence não bastava para todo o sucesso da banda, mas ajudou bastante. Privados então do seu frontman os INXS continuaram como banda e ainda tiveram numa ocasião, em 1999, Terence Trent D'Arby à frente da banda e Jon Stevens fez alguns gigs com a banda, em finais de 2003, mas acabou por seguir para uma carreira a solo. É então em 2005 que a banda se decide unir ao produtor televisivo Mark Burnett e ao programa "Rock Star: INXS" de onde viria a sair vencedor o Canadiano J.D.Fortune, um imitador de Elvis Presley, que viria assim a tomar o lugar do malogrado Michael Hutchence e partindo para estúdio com a banda para a gravação deste trabalho, o primeiro da banda após a morte de Hutchence.
Começo por dizer que não sinto decepção por este trabalho em relação aos anteriores. A força e energia da banda continua bem presente, como disse anteriormente Hutchence sem a banda tambem não singraria da mesma forma, e o novo vocalista até que faz bem o seu trabalho e tambem não desilude.São onze temas ao melhor estilo dos INXS, bom Pop-Rock dançavel, sem que se possa apontar defeitos ou decepções. Há ainda a referir a presença de Suzie McNeill, tambem ela uma participante do mesmo concurso televisivo, para um dueto em "God's Top Ten". Prémio de consolação?
Qualquer preconceito que possa existir de início, e é natural que exista, dissipa-se logo na audição dos primeiros temas. Bom album.

domingo, 8 de agosto de 2010

Ar de Rock - RUI VELOSO (Colecção As Músicas da Nossa Vida)


1 Rapariguinha Do Shopping 4:25
2 Ai Quem Me Dera A Mim Rolar Contigo Num Palheiro 3:34
3 Bairro Do Oriente 3:48
4 Afurada 2:55
5 Chico Fininho 2:28
6 Sei De Uma Camponesa 3:06
7 Miúda (Fora De Mim) 3:24
8 Saíu Para A Rua 4:04
9 No Domingo Fui Às Antas 2:45
10 Harmónica Azul (Instrumental) 1:28
11 Donzela Diesel 3:13

Já muito se falou e se escreveu acerca deste trabalho. Ar de Rock foi o primeiro album de Rui Veloso, em 1980, e foi o album que estoirou com a nova música Portuguesa dando início a uma nova época musical em que começou a ser "possível" gravar (bom) Rock cantado em Português e as pessoas aceitavam e gostavam, e compravam. Obviamente que o mérito deste trabalho pertence a Rui Veloso, todas as composições são de sua autoria, e a Carlos Tê, o autor das letras (excepção para "Miúda" e "Donzela Diesel" com letras da autoria de António Avelar Pinho), mas é importantíssimo referir a presença dos dois elementos que completam a "Banda Sonora", Zé Nabo no Baixo e Ramon Galarza na Bateria. Dois elementos de luxo que proporcionam uma secção rítmica segura e de grande qualidade, e as suas colaborações foram fundamentais para a orientação do puto que vinha do Porto, habituado a tocar sozinho, e que se estreava assim a gravar para uma grande editora nacional.
Onze belos temas compõem este trabalho, o primeiro gravado em Portugal num gravador de 24 pistas, transpirando Rock e Blues à Portuguesa em que as palavras de Carlos Tê transmitiam uma sociedade pós 25 de Abril com que as pessoas se começavam a indentificar, a novidade dos Shoppings em "A Rapariguinha do Shopping", o freak "Chico Fininho", o erotismo de "Ai Quem Me Dera A Mim...", os fumos do etéreo "Bairro do Oriente", a violência doméstica de "Saiu Para a Rua", e até as agruras das derrotas no futebol de "No Domingo Fui às Antas". Veloso interpreta ainda dois temas mais acústicos, "Afurada", sobre o bairro piscatório da Afurada, e o rural "Sei De Uma Camponesa". "Miúda" e "Donzela Diesel" têm textos do produtor, já mencionado, e são mais duas peças de Rock com Blues e até um pouco deFunk. Há tambem um pequeno instrumental, "Harmónica Azul" que é um solo de harmónica de Rui Veloso, e que serviu apenas para encher mais um pouco do disco.
A edição aqui apresentada pertence a uma colecção de seis Cds iniciada pela revista Visão em Setembro de 2006, intitulada "Colecção As Músicas Da Nossa Vida". A particularidade desta colecção é o pequeno livro, de 48 páginas, que acompanha o Cd e nos conduz através de "material investigado e produzido especialmente para esta colecção: a importância daquele disco na música e na sociedade Portuguesa da altura, a biografia do artista, a retrospectiva dos acontecimentos mais importantes daquele ano e os temas do disco, comentados, faixa a faixa, pelo autor."

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Tender Prey - NICK CAVE AND THE BAD SEEDS


Side A
1 The Mercy Seat 7:17
2 Up Jumped the Devil 5:16
3 Deanna 3:45
4 Watching Alice 4:01
5 Mercy 6:23
Side B
1 City of Refuge 4:48
2 Slowly Goes the Night 5:23
3 Sunday's Slave 3:40
4 Sugar Sugar Sugar 5:01
5 New Morning 3:47

Cada vez mais fico desconfiado da religiosidade de Cave, e neste Lp de 1988 ela está bem patente. Como não pode haver Deus sem haver Diabo por aqui se encontra tambem a outra face da dúbia personagem Nick Cave. É dentro destes parâmetros que Tender Prey se revela como uma oração, algo insólita, em que os acólitos Bad Seeds são a companhia perfeita para complementar a obra divina de Nick Cave. Nick Cave é neste trabalho tanto o orador como o próprio Diabo, ou ainda um amante apaixonado, que termina o lado A deste vynil a pedir clemência e encerra o album esperançoso numa nova alvorada.
Musicalmente é um album coerente em que os Bad Seeds se revelam como músicos excepcionais, no sentido de serem pouco convencionais mas bastante criativos. Os temas não seguem o padrão clássico de canção em que os versos são seguidos do refrão. Há versos e refrões, obviamente, mas a sua utilização tanto pode ser repetitiva, como os versos podem ser longos textos exemplares em que a interpretação de Cave nos hipnotiza e cativa. O resultado final é bom, muito bom mesmo, e temos canções que vivem do momento da interpretação pois Cave é emocional e estamos dependentes da forma como ele se entrega à música, e estamos a falar de um album de estúdio.
Encontram-se duas lindíssimas baladas neste album, "Watching Alice", com a participação de Hugo Race na Guitarra Eléctrica, e a grandiosa "Slowly Goes The Night". "Deanna" e "City Of Refuge" são os momentos mais eléctricos da sessão, e provavelmente os mais conhecidos, "The Mercy Seat", "Up Jumped The Devil", "Sunday's Slave" e "Sugar Sugar Sugar" são de ter em consideração tambem.
Para uma ternurenta oração o album revela-se um tanto ou quanto ardiloso, chega mesmo a ser malicioso, revelando-se um trabalho bem concebido em que a atmosfera foi muito bem conseguida.
Este é Mr.Nick Cave meus senhores e minhas senhoras.