quarta-feira, 24 de agosto de 2022

Cascade - PETER MURPHY


1 Mirror To My Woman's Mind (Murphy/Statham)   5:31
2 Subway (Murphy/Statham)   4:34
3 Gliding Like A Whale (Murphy/Statham)   4:20
4 Disappearing (Murphy)   4:52
5 Mercy Rain (Murphy/Statham)   3:40
6 I'll Fall With Your Knife (Murphy/Statham)   4:28
7 The Scarlet Thing In You (Murphy/Statham)   4:20
8 Sails Wave Goodbye (Murphy/Statham)   4:41
9 Wild Birds Flock To Me (Murphy/Statham)   3:45
10 Huuvola (Murphy/Statham)   5:51
11 Cascade (Murphy/Statham)   6:07   

Após a conclusão da tournée mundial de 'Holy Smoke', o álbum de 1992, Peter Murphy terminou a sua relação com os The 100 Men, a banda de apoio que o acompanhava desde 1988, o ano de 'Love Hysteria', e mudou-se com a família para a distante Turquia, onde ainda reside. Ao fim de um ano, longe das influências mediáticas e culturais da sua Inglaterra natal, Peter Murphy percebeu que tinha ganho uma nova oportunidade para revitalizar a sua carreira como se estivesse a começar tudo de novo.

Os esboços de novas canções acabaram por surgir de forma muito natural, apenas porque tinham de nascer, sem necessidade de uma afirmação artística nem rótulos instituidos. Paul Statham, o único elemento que Murphy manteve dos trabalhos anteriores, mostra-se fundamental no desenvolvimento do registo e volta a assinar a co-autoria de praticamente todas as músicas, com exceção, apenas, para "Disappearing" que Murphy assina sozinho.    

"Cascade" fica registado como o quinto trabalho original de Peter Murphy e pode-se caraterizar como um álbum traiçoeiro que não se deixa revelar nas primeiras audições. Peter Murphy surge mais melódico, muito acessível, denotando uma transparência pop bem vincada em "The Scarlet Thing In You" e "Wild Birds Flock To Me" a que se junta a emotividade de "Gliding Like A Whale" e a candura de "I'll Fall With Your Knife" como os momentos de tendência mais "comercial". No entanto, soa seguro e vigoroso em "Mirror To My Woman's Mind" e "Disappearing", surge subtilmente eletrónico em "Sails Wave Goodbye", aromaticamente exótico em "Subway", espirituoso em "Huuvola", tornando-se grandioso, apaixonante e inspirado em "Mercy Rain" e "Cascade".

De forma inconsciente, muito provavelmente, Peter Murphy apoia-se numa estabilidade pop que lhe proporciona o abrigo onde se procura refugiar da pesada herança que a liderança dos históricos Bauhaus lhe granjeou. Por mais que, nesta altura, procurasse criar uma obra sem cunho ou referências é inevitável escapar dos seus genes artísticos e "Cascade", mesmo que não o pareça às primeiras audições, reúne as caraterísticas habituais de Peter Murphy para mais um belíssimo trabalho a solo.  

sábado, 13 de agosto de 2022

In Rainbows - RADIOHEAD

                                             

1 15 Step (Radiohead)   3:58
2 Bodysnatchers (Radiohead)  4:01 
3 Nude (Radiohead)   4:14
4 Weird Fishes / Arpeggi (Radiohead)   5:17
5 All I Need (Radiohead)   3:47
6 Faust Arp (Radiohead)   2:08
7 Reckoner (Radiohead)   4:48
8 House Of Cards (Radiohead)   5:27
9 Jigsaw Falling Into Place (Radiohead)   4:07
10 Videotape (Radiohead)   4:40
 
Editado em 2007, 'In Rainbows' quebrou o hiato de quatro anos que o separa de 'Hail To The Thief', editado em 2003, e marca o início de uma nova fase para a banda Britânica. 'Hail To The Thief' cumpriu com as últimas obrigações contratuais dos Radiohead com a EMI e a banda era agora livre de seguir o seu próprio rumo, da forma que bem entendesse.  

Sem a pressão de cumprir objetivos, os Radiohead desapareceram discretamente durante o ano de 2004, voltando a juntar-se apenas em inícios de 2005 para ensaios e sem intenção de gravar um novo álbum nos próximos tempos. O novo repertório que a banda criou neste período de tempo foi testado pacientemente numa tournée de verão em 2006 após a qual decidiram regressar a estúdio para trabalhar nas novas canções e remodelá-las para uma versão final.

Durante este meio termo, o vocalista Thom Yorke teve até tempo para gravar o seu primeiro álbum a solo, 'Eraser', em 2006.

O audacioso lançamento de 'In Rainbows', em 2007, apanhou o meio musical desprevenido e surpreendeu pela coragem da banda em oferecer o disco no formato MP3, disponibilizando o download gratuito no seu site e convidando, simultaneamente, a que os interessados pagassem o valor que entendessem por este trabalho. Uma ação inédita que acabou por lançar uma questão, "Qual é o preço da arte?".    

Como álbum, o sétimo na discografia oficial dos Radiohead, 'In Rainbows' é um puzzle indecifrável que prima na genialidade de um trabalho inqualificável mas deveras convincente, que promove sensações de descoberta a cada nova audição. Composto por peças irregulares, autênticas experiências sensoriais, o registo evidencia um caráter intenso e o reconhecimento de uma profundidade de estilo marcante que faz deste trabalho uma obra incontornável, talhado na autonomia de uma banda que não se rege pelas regras de mercado tendo assim a liberdade e a primazia de esculpir a sua música ao seu belo prazer. Inteligente, experimental, enigmático, etéreo, viciante, explosivo, mágico, são alguns dos vários adjetivos que tão bem definem este trabalho e estabelecem a solidez da sua autenticidade 

A publicação aqui presente diz respeito à edição física em formato CD.