quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

In Vivo - GNR - LP02


Side A
1 Dama ou Tigre 5:12
2 Efectivamente 4:29
3 Nova Gente 6:11
4 Runaway (D.Shannon/M.Crook) 3:02
Side B
1 Homens Temporariamente Sós 4:06
2 Falha Humana 4:08
3 Video Maria 6:53
4 Impressões Digitais 4:03

Neste segundo disco, da edição dupla de vynil, reside a polémica que confrontou a banda com Vitor Rua, que fez parte da primeira formação da banda, quanto à questão de direitos de autor em relação ao tema "Portugal na CEE", o primeiro single da banda, editado em 1981. A edição aqui apresentada do album In Vivo é a 2ª e nesta já não aparece o referido tema, que iniciava o Lado B, e um Medley composto pelos temas mais antigos da banda. Devido à questão interposta por Vitor Rua os GNR tiveram de retirar o tema do alinhamento do disco e na 2ªedição, esta que apresento, o Medley foi substituido pela faixa "Homens Temporariamente Sós". Poucos anos depois a quezília acabou e hoje todos vivem felizes. Vitor Rua viria mesmo a ter uma pequena aparição, como músico convidado, num outro concerto dos GNR tambem no Coliseu de Lisboa.
A postura da banda mantêm-se bastante alta, Rui Reininho imparável domina o concerto, e os temas vão-se sucedendo e entusiasmando,"Nova Gente" é referência obrigatória, até chegar a versão de "Runaway", que à altura era a banda sonora dessa maravilhosa série de Michael Mann, "Crime Story", e que bem à pouco tempo tive oportunidade de rever, integralmente, para meu enorme gáudio. Maravilhas do DVD. A série gozava então, entre nós, de uma boa reputação e os GNR adoptaram mesmo o visual da Chicago mafiosa, tal como na série, como ambiente de palco. De referir tambem a versão extra-longa de "Video Maria", aqui numa interpretação de Reininho ainda mais provocadora que a original.
Eram assim os GNR ao vivo em 1990.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

In Vivo - GNR - LP01


Side A
1 USA 5.08
2 Dá Fundo 3.31
3 Bellevue 4.33
4 Valsa dos Detectives 3.12
Side B
1 Dunas 6.20
2 Um Chamado (Desejo Eléctrico) 3.20
3 Morte ao Sol 5.15
4 Hardcore (1º Escalão) 5.40

Edição dupla em vinyl para os GNR, ao vivo em 1990, numa altura em que as bandas Portuguesas descobriram que tambem podiam registar, e editar em disco, os seus concertos de maior envergadura, neste caso gravado ao vivo no Coliseu dos Recreios em Lisboa. Na altura os GNR eram uma das bandas mais activas no circuito nacional de concertos e ao vivo a banda oferecia um bom espectáculo versado principalmente na actuação, e na improvisação, de Rui Reininho que constantemente adulterava os textos contextualizando os mesmos com situações da época.
O som Pop/New Wave dos GNR sempre foi atraente e dançável e por aqui passam algumas das suas melhores composições. "(Um Chamado) Desejo Eléctrico" soa a Bryan Ferry, "Usa" dá um bom arranque, com a Guitarra de Zézé Garcia a salientar-se, e "Hardcore" retoma os inícios mais experimentais da banda e inclui uma passagem pelo mítico tema dos Shadows "Apache". "Dunas" é obrigatório e têm aqui uma versão mais alongada com Tóli a "tentar" tocar Acordeão, e há o coro digno dos sixties.

domingo, 25 de janeiro de 2009

My Music - JOSÉ CID


Lado A
1 Too Many Nights 3:32
2 Ode To The Beatles 4:30
3 A Love To Share 2:40
4 Count James 3:33
5 Yesterday, Today And Tomorrow 3:25
Lado B
1 I Kissed Her Goodbye 4:08
2 So Nice, So Fair, So Gay 2:39
3 Sycamore Square 2:53
4 In My Hideway 2:16
5 Big Brother Joe 3:25

Em 1980, com o tema "Um Grande, Grande Amor" no Festival RTP da Canção e com um 7º lugar na Eurovisão entre 19 participantes, José Cid é tentado de novo à internacionalização. Grava entre Los Angeles e Paris o seu primeiro lp todo cantado em inglês e intitulado "My Music". É acompanhado por Mike Sergeant nas lides musicais, antigo elemento dos Green Windows, que também já tinha participado no memorável "10.000 Anos Depois Entre Vénus e Marte" de 1978.
Neste vinil de 1980 José Cid revela ainda mais a influência de Elton John e dos Beatles na sua forma de composição. No lado A deste disco temos um autor completamente liberto de preconceitos que canta e toca piano de forma aberta e extrovertida. José Cid canta a plenos pulmões tal é a alegria de se poder expressar na língua materna dos seus ídolos. "Ode To The Beatles" é a sua forma de homenagem aos quatro de Liverpool através de um tema sustentado por uma base de composição tirada de alguns dos temas mais conhecidos dos Beatles. A letra é feita à base de títulos e de alguns excertos de letras e harmonias das músicas da banda inglesa. Se já houvesse sampler nesta altura tinha facilitado o trabalho. Muito interessante. O lado A encerra curiosamente com dois temas mais antigos de José Cid. "Count James" é nem mais nem menos do que a versão inglesa para "A Lenda de El-Rei D.Sebastião". A parte musical é exactamente igual ao sucesso do Quarteto 1111, a letra é que sofre uma pequena alteração substituindo a personagem de D.Sebastião pela de Count James, também ele um grande conquistador. Outro tema aqui recuperado, sob versão inglesa também, numa interpretação ao vivo, creio que no festival Midem, é "Ontem, Hoje e Amanhã" ou seja "Yesterday, Today and Tomorrow". O lado B revela-se mais comedido, com um José Cid mais baladeiro e a cantar de forma mais controlada. "I Kissed Her Goodbye" inspira-se mais uma vez nas harmonias dos Beatles, e a guitarra de Sergeant chega mesmo a sugerir George Harrison. "So Nice, So Fair, So Gay" acaba por ser um título "infeliz", com um conceito natural de inocência sem a conotação "agressiva" a que a utilização da palavra gay sofre actualmente. Este lado B encerra com dois temas mais festivos que apesar de serem cantados, como os restantes temas do álbum, em inglês não conseguem fugir à nossa Portugalidade.
É um álbum pouco conhecido, com pouca informação, pelo que seria interessante conhecer melhor o trajecto que este trabalho sofreu na altura.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Hit And Run - GIRLSCHOOL


Side A
1 C'mon Let's Go 3:35
2 The Hunter 3:12
3 (I'm Your) Victim 2:39
4 Kick It Down 3:00
5 Following the Crowd 3:05
6 Tush (Gibbons, Billy) 2:13
Side B
1 Hit and Run 3:06
2 Watch Your Step 3:18
3 Back to Start 3:30
4 Yeah Right 3:18
5 Future Flash 4:24
Estas míudas Britânicas eram Rockers de primeira linha. Vestidas de cabedal preto, guitarras em punho, e bom som de Rock do mais pesado, com riffs, solos e consistência, de fazer inveja a muita banda por aí. Numa área de predominância masculina era caso para desconfiar se as míudas tinham jeito para a coisa e a prova está aí, alto som. Sem qualquer tipo de preconceito há que valorizar as Girlschool não só por terem tomado a iniciativa mas por mostrarem que a atitude do Rock mais pesado basta ser sentida, qualquer que seja o sexo ou o credo, para ser vivida de forma igual por quem assim o deseja.
Este Lp foi editado em 1981 e é composto por dez temas originais da banda, mais uma versão. "Tush" dos ZZTOP foi a eleita e encerra o lado A do vinyl. "C'Mon Let's Go" começa em jeito de arranque de motor, com a simulação a ser, bem, feita pelas guitarras. As míudas pelos vistos tambem gostam de velocidade e isso nota-se ao longo de todo o album, ritmo é coisa que não falta por aqui. "Following The Crowd" remete-nos para Thin Lizzy, e "Hit And Run" é um dos temas mais bem conseguidos de todo o album, muito completo. "Yeah Right" é um manifesto de meninas mal-comportadas.
Não tem aspecto de meninas de coro, e escola não deviam gostar muito, agora Rock 'n Roll é com elas.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Poppin' - HANK MOBLEY


1 Poppin' 6:33
2 Darn That Dream (DeLange, VanHeusen) 6:10
3 Gettin' into Something 6:33
4 Tune-Up (Davis) 10:54
5 East of Brooklyn 10:10

Sessão gravada para a Blue Note em 1957 mas que só viria a ser editada em finais da década de 70.
Neste album Hank Mobley apresenta-nos uma formação de luxo, e um tanto invulgar, baseada na frontalidade de 3 sopros potentes, Mobley em Sax-Tenor, Pepper Adams em Sax-Barítono e Art Farmer em Trompete, mais a secção rítmica de Miles Davis na altura, Paul Chambers em Contrabaixo e Philly Joe Jones na Bateria, que tanta segurança transmite aos músicos. Ainda a referir o Pianista Sonny Clark.
Estamos perante um trabalho disciplinado em que os músicos partilham os solos sem grandes devaneios limitando-se a interpretar os temas de forma ordenada e enquandrados no contexto.
Três temas são originais de Mobley, restando a quente balada "Darn That Dream", de DeLange e Van Heusen e "Tune Up" escrito por Miles Davis.
Um bom album de Hard Bop sem grandes referências a apontar, a sua audição apraz-se serena e satisfatória de um bom momento de Jazz.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Macalla - CLANNAD


Side A
1 Caislean Õir 2:06
2 The Wild Cry 4:41
3 Closer to Your Heart 3:29
4 In a Lifetime 3:08
5 Almost Seems (Too Late to Turn) 4:51
Side B
1 Indoor 3:53
2 Buachaill on Eirne (Traditional) 3:08
3 Blackstairs 4:15
4 Journey's End 2:42
5 Northern Skyline 4:58

Este album dos Clannad, editado em 1985, é uma pequena pérola no reino da música Pop/Folk. Tendo a Irlanda como berço os Clannad vivem, e respiram, a tradição Celta fundido-a com uma Pop inteligente e cuidada. É com paixão que se ouve, e sente, o som deste trabalho agraciado pela voz doce de Máire Brennan, e com mais intensidade se ouve o tema "In A Lifetime" que Máire partilha com Bono Vox, dos U2. É um tema lindíssimo que ainda hoje o sinto como um dos trabalhos em que Bono mais se entregou de corpo e alma e nos oferece uma sentida interpretação. Foi precisamente este tema que me levou, na altura, a comprar este album e daí a tomar contacto com os Clannad. Outro convidado por aqui a referir é o Saxofonista Britânico, Mel Collins que vai emprestando o seu fôlego ao longo do album.
Temas mais Pop, muito interessantes, como "The Wild Cry", "Closer To Your Heart", ou "Indoor" fundem-se com peças mais tradicionais como o coral "Caislean Õir", a adaptação de "Buachaill On Eirne" ou o festivo "Journey's End". "Almost Seems (To Late To Turn)" é uma bonita balada, de referência obrigatória, que encerra o lado A deste registo.
É toda esta fusão que torna a descoberta deste album mais apaixonada por um género único que vive da localização geográfica e da história cultural de um povo com sentimentos profundos. Não se consegue ficar insensível perante um trabalho destes.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

I Know Who I Am - INGA RUMPF


Side A
1 It's Only Love 2:51
2 City Jungle 4:38
3 Ice Cold 3:48
4 Love Potion No. 9 (Lieber-Stoller) 3:24
5 Grade B Movies (Don't Stop Johnny) (Pope-Staples) 3:46
Side B
1 I Know Who I Am 3:49
2 Roxanne (Sting) 2:59
3 I'm a Woman 3:43
4 Pain in My Heart (Love And Pain) 3:24
5 Breakdown (Petty) 4:25

Inga Rumpf revela-se, para quem não conhece, uma excelente intérprete de Rock N'Roll Anglo-Saxónico ao melhor estilo do género. Isto não traz nada de extraordinário, pois o Mundo está cheio de bons intépretes dentro dos mais variados estilos, mas neste caso estamos a falar de uma artista Alemã com uma vasta carreira, bastante reconhecida, dentro do seu País de origem.
Em 1979 Inga lançava este vynil, o terceiro a solo, em que ela interpreta sete originais e recria muito bem quatro versões, entre elas os êxitos bem recentes, à época, "Roxanne" dos Police e "Breakdown" de Tom Petty. "Love Potion Nº9", da dupla Lieber-Stoller, é tambem aqui referência obrigatória e terá mesmo sido lançado como Single. Os originais aqui presentes são temas de boa estirpe em que só lhes falta uma mãozinha mais Americana para ficarem ao mais alto nível do género.
Inga Rumpf canta de forma convincente e a sua voz rouca chega a lembrar-nos Rod Stewart ou Bonnie Tyler. Tina Turner chegou a fazer uma versão de uma música de Inga, "I Wrote A Letter", que apareceu como Lado B do Single "Let's Stay Together" em 1984.
Bom Rock oriundo da Europa Central para desanuviar das produções Americanas e Inglesas.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Stateless - LENE LOVICH

Side A
1 Home 3:40
2 Sleeping Beauty 3:00
3 Lucky Number 2:47
4 Too Tender (Too Touch) 4:04
5 Say When (O'Neill) 2:49
Side B
1 Writing on the Wall 3:08
2 Telepathy (O'Neill) 2:45
3 Momentary Breakdown 3:18
4 I Think We're Alone Now (Cordell) 2:45
5 One in a 1,000,000 2:48
6 Tonight (Lowe) 4:27

Figura invulgar dentro do universo musical Lene Lovich, de raízes Jugoslavas e Britânicas, nascida em Detroit nos Estados Unidos da América e que aos 13 anos foi viver para Inglaterra com a mãe, caracterizava-se precisamente por absorver as influências de diversas culturas acabando por escolher a raiz Balcânica, paternal, como o seu modo de estar, representar e cantar. É notável a forma como ela emprega o sotaque de Leste às canções dando-lhes uma sonoridade tão diferente e ao mesmo tempo tão familiar. De repente podemos lembrar-nos de Nina Hagen mas Lovich consegue ser uma personagem mais fantástica, mais artística. Hagen era mais ordinária mas nem por isso menos interessante.
Em 1979 Lene Lovich lançava-se ao mundo com este "Stateless", o seu primeiro album, impregnado de boa New Wave e de canções bastante ritmadas e interpretadas com o seu sotaque. Chega por vezes a lembrar Patti Smith, como na balada "Too Tender (To Touch)", e há por aqui algum pós-Punk à mistura, como seria óbvio nesta altura, mas é de facto um excelente album de New Wave e aqui pontua um dos hinos deste estilo, que tantas saudades deixou, "Lucky Number". Será o tema mais conhecido mas não se podem esquecer "I Think We're Alone Now", para os mais desatentos, de hoje, o riff inicial desta música poderia ser os actuais Interpol, "Momentary Breakdown", "Say When" e a dita balada "Too Tender (To Touch)". "Writing On The Wall" tem um começo Swingado mas acaba por revelar-se um tema com uma sonoridade de Leste, tal como "One In A 1.000.000" que respira totalmente a um ritmo tambem característico da zona.
Falta-me só referir a faixa "Tonight", um tema de Nick Lowe, que é um autêntico manifesto de Romantismo, e que incluo sem qualquer preconceito ao lado de outro semelhante que é "Because The Night", escrito na mesma época por Bruce Springsteen para interpretação de Patti Smith. São temas com uma força temática poderosa a que ninguem poderá ficar indeferente. A estrutura musical, apesar de diferente em ambos, é tambem intensa.
A carreira curta de Lene Lovich, que practicamente acabou quando o próprio género acabou tambem, arrancava aqui em alto nível e na altura certa. Uma vez que o género está outra vez a ser revisitado é uma boa altura para voltar a ouvi-la, e ela ainda anda por aí.