domingo, 26 de janeiro de 2020

Positive Vibrations - TEN YEARS AFTER


Side A
1 Nowhere To Run   3:58
2 Positive Vibrations   4:14
3 Stone Me   4:53
4 Without You   3:57
5 Going Back To Birmingham   2:36   
Side B
1 It's Getting Harder   4:22
2 You're Driving Me Crazy   2:23
3 Look Into My Life   4:14
4 Look Me Straight Into The Eyes   6:18
5 I Wanted To Boogie   3:33

As vibrações positivas não foram suficientes para segurar os Ten Years After aquando da edição do seu nono álbum de estúdio em 1974 e "Positive Vibrations" acabaria por marcar o final da primeira fase da banda, que só voltaria a gravar em finais da década seguinte. O registo apresenta uma postura muito cool da banda britânica, com uma presença bastante descontraída mas coesa, a curtir blues/rock sem grandes pressões, apenas para saborear a ondarock'n roll/boogie mais acelerado em "Going Back To Birmingham" e "You're Driving Me Crazy", curiosamente as duas músicas mais curtas do álbum, mas no geral a banda limita-se a saborear o sóbrio andamento do registo. O restante alinhamento revela-se mais moderado, com "Positive Vibrations", a música que dá título ao álbum, a lembrar alguma da harmonia de "Little Wing" de Hendrix e "Stone Me" a flutuar sobre uma delicada e misteriosa ambiência blues/jazz enquanto que a sequência do lado B revela alguma imprevisibilidade e audácia evidenciada em "Look Me Straight Into The Eyes". Uma despedida humilde mas com brio.

sábado, 18 de janeiro de 2020

Eclesiastes 1.11 - WRAYGUNN


1 Soul City   4:28
2 Drunk Or Stoned   3:24
3 Keep On Prayin'   3:27
4 Juice   3:04
5 Don't You Know?   4:24   
6 I'm Your Lover Man   4:27
7 Hip   2:42
8 How Long, How Long?   4:17
9 There But For The Grace Of God Go I (A. Darnell / K. Nance)   5:00      
10 Sometimes I Miss You   3:54
11 She's A Speed Freak   2:47   
12 All Night Long   3:09

A sonoridade Rock/Blues/Gospel que os Wraygunn praticam tem origem nas margens do...Mondego mas o seu ADN encontra-se conservado nas margens do...Mississipi, e Paulo Furtado (também conhecido como The Legendary Tigerman) é o apóstolo de Coimbra, Portugal, que espalha blues/rock por onde passa e é também o líder dos Wraygunn, projeto a que se entrega de corpo e alma. Editado em 2004, "Eclesiastes 1.11" é o segundo registo da banda e está carregado de energia blues power alimentada pela fé, alma e devoção no estilo norte americano que Paulo Furtado tanto admira e transpira. Vigoroso, dinâmico e completo, o registo flui de música para música, sem tempos mortos, seguindo o balanço natural da potente fusão blues/rock com a impecável interação da parafernália eletrónica de Francisco Correia a fortalecer e atualizar a torrente de eletricidade que emana das guitarras. A voz de Raquel Ralha equilibra o jogo de vozes, fundamental no exotismo de "There But For The Grace Of God", e os teclados de Luís Pedro Madeira reforçam a tonalidade gospel bem presente no registo e totalmente reforçada pelo coro Be Magnified em "Don't You Know?". Fantástico ainda o ambiente conseguido em "I'm Your Lover Man" e no maquinal "Hip". Um trabalho aguerrido e estimulante, impulsionado por uma impressionante energia rock'n roll. 

quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Ray Of Light - MADONNA


1 Drowned World / Substitute For Love   5:09
2 Swim   5:00
3 Ray Of Light   5:21
4 Candy Perfume Girl   4:34   
5 Skin   6:22
6 Nothing Really Maters   4:27
7 Sky Fits Heaven   4:48
8 Shanti / Ashtangi   4:29
9 Frozen   6:12
10 The Power Of Good-Bye   4:10
11 To Have And Not To Hold   5:23
12 Little Star   5:18
13 Mer Girl   5:32

Em 1998 Madonna cumpria quarenta anos de idade e encontrava-se sensibilizada pelo nascimento da filha dois anos antes. Editado neste mesmo ano, "Ray Of Light" mostra como Madonna estava pronta e decidida a enfrentar uma atualização sonora, sob uma égide espiritual e usando a experiência que já tinha adquirido, contando com a considerável parceria de William Orbit na produção do álbum. Bastante concentrada no seu trabalho, Madonna entrega-se a uma prestação que denota maturidade cantando de forma consciente e controlada num registo dominado por uma forte componente eletrónica que acaba por resultar num trabalho bastante completo quer a nível de composição quer de interpretação. Madonna inicia o registo de forma cautelosa e discreta, evoluindo prudentemente e expondo apenas o essencial, o que denota o cuidado que houve com o equilíbrio deste trabalho pleno de música pop, adornada eletronicamente, cuidada com grande detalhe e precisão. É com "Ray Of Light", o segundo single, que o registo começa por ganhar alguma impulsão e a vontade de dançar é evidente. Segue-se o mid-tempo de "Candy Perfume Girl", que perto do final ganha uma guitarra saturada de distorção fuzz, com a sequência a evoluir para o ritmo de "Skin" que inclui uma fantástica miscelânea de sons samplados a transportar a música para outra dimensão. A meio do álbum surge novamente o convite à dança com a introspetiva "Nothing Really Maters" e com "Sky Fits Heaven", que por momentos parece tornar-se no momento mais intenso do registo mas o refrão simpático ameniza a coisa. A segunda metade do álbum revela-se mais espiritual com "Shanti / Ashtangi", uma canção adaptada de uma oração hindu que Madonna interpreta sob o texto original em sânscrito, e com a delicadeza de "Frozen", um dos pontos fortes do álbum, foi o primeiro single a ser retirado, que funciona sob um arranjo de cordas de Craig Armstrong, que também se encarregou das cordas para concluir a pop de toada mais acústica em "The Power Of Good-Bye". A melodiosa "To Have And Not To Hold" esteve perto de não ser incluída no alinhamento final do álbum e cá está a mostrar o porquê de ter permanecido e de seguida o registo fecha serenamente com as contemplativas "Little Star" e "Mer Girl".

sábado, 4 de janeiro de 2020

Natural Selection - DAVE SAMUELS


1 Spring High   5:13
2 Cara Linda   4:24
3 The Red Shoes (J. Beal)   5:36
4 Mossoro's Motion (W. Kennedy/J. Lervold)   4:41
5 Between The Lines   5:31
6 A White Rose   4:28
7 Appomattox   5:27
8 Unspoken Words   4:53
9 Natural Selection   5:13
10 Knots   4:24 

Editado em 1991, Natural Selection é o terceiro registo a solo para o norte-americano Dave Samuels, membro do coletivo Spyro Gyra e um virtuoso executante nas lâminas sejam elas de metal (vibrafone) ou de madeira (marimba). O registo foi produzido pelo saxofonista Jay Beckenstein, líder dos Spyro Gyra, que também participa em "Cara Linda", e conta com os Yellow Jackets como banda de apoio, nomeadamente Russell Ferrante nas teclas, Jimmy Haslip no baixo e William Kennedy na bateria. A sonoridade dominante é o jazz mais comercial, perfumado por estirpes latinas e orientais onde as cores e os aromas rejubilam sobre músicas tranquilas, fáceis de apanhar, assoladas por vezes por delirantes pormenores técnicos. A frescura e transparência de estilos permite o sensível emanar de algum exotismo, uma fusão perfumada de paisagens sonoras que vai do quase jazz de "Red Shoes", "Mossoro's Motion" e "A White Rose" ao quase flamenco de "Cara Linda" passando pela riqueza rítmica de uma forte ambiência latina ao longo de todo o registo. Entre os colaboradores deste trabalho não passa despercebida a simpática participação do pianista norte americano Bruce Hornsby em "Unspoken Words", um dueto de teclas e lâminas, e ainda a sua entrega, elegância e harmonia, em "Between The Lines" e "Appomattox". A secção rítmica Jimmy Haslip, William Kennedy e Marc Quinoñes evidencia-se pelo fulgor do show rítmico em "Mossoro's Motion", uma peça destemida e com um balanço vigoroso. O guitarrista Julio Fernandez, também dos Spyro Gyra, toca guitarra acústica em "Cara Linda" e Jeff Beal toca trompete e fliscorne em "The Red Shoes", uma peça de sua autoria. Para fechar o registo, a faixa homónima vive de uma melodia orelhuda e poderia funcionar muito bem como o single desta edição enquanto "Knots" encerra o registo de forma célere e intensa.