terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

Sheryl Crow - SHERYL CROW


1 Maybe Angels (S. Crow/B. Bottrell)   4:54
2 A Change (S. Crow/J. Trott/B. MacLeod)   3:49   
3 Home (S. Crow)   4:50   
4 Sweet Rosalyn (S. Crow/J. Trott)   3:58
5 If It Makes You Happy (S. Crow/J. Trott)   5:23
6 Redemption Day (S. Crow)   4:26
7 Hard To Make A Stand (S. Crow/B. Bottrell/T. Wolfe/RSBryan)   3:06      
8 Everyday Is A Winding Road (S. Crow/J. Trott/B. MacLeod)   4:15  
9 Love Is A Good Thing (S. Crow/T.Wadhams)   4:42   
10 Oh Marie (S. Crow/J. Trott/B. Bottrell)   3:30 
11 Superstar (S. Crow/J. Trott)   4:57
12 The Book (S. Crow/J. Trott)   4:34
13 Ordinary Morning (S. Crow)   3:53
14 Free Man (S. Crow)   3:20

Em 1996, a norte-Americana Sheryl Crow marcava terreno com a solidez do seu segundo trabalho. Uma consistente afirmação em nome próprio, através de um álbum homónimo, que impressiona pela firmeza da sua abordagem. Uma capa desafiadora, em que Sheryl Crow nos encara abertamente, olhos nos olhos, é o primeiro sinal de que este é um registo determinado por um forte empenho em vencer e convencer.

Impulsionado pela destreza e pela ambiência da linhagem country-rock, o registo denuncia-se pela vivacidade de um trabalho aberto e atual que se deixa atrair pelo encanto da dinâmica de uma pop-rock convincente, de traços correntes, e pela confiança com que Sheryl Crow assume a frontalidade desta obra. O seu novo papel é agora o de uma personagem sóbria e mais definida, que sabe como tomar conta de si própria, assumindo, inclusivamente, a produção do seu próprio trabalho e estendendo o bom nível da sua prestação a interessantes apontamentos nas teclas (piano e orgão Hammond) com abordagens curtas mas muito bem enquadradas.

O alinhamento do registo inclui três singles marcantes como "If It Makes You Happy", "Everyday Is A Winding Road" e "Hard To Make A Stand", mas a essência deste trabalho vai muito além da eficiência radiofónica destas três canções. O percurso tem início com as duas músicas mais contextualizadas à época, o loop funcional de "Maybe Angels" e o momento pop à la Beck de "A Change", encontrando de seguida o acolhimento e o conforto de "Home". Em "Sweet Rosalyn" sente-se alguma energia rock"Redemption Day" carateriza-se pelo vincado traço country em formato acústico, "Love Is A Good Thing" é portadora de um groove cativante que conduz à graciosidade da elegante harmonia de "Oh Marie" e à exuberância de "Superstar". O rancor exposto na traição de "The Book", o estrondo de "Ordinary Morning" como uma expressiva e gritante balada e o contraste final da liberal "Free Man", em modo rock'n roll, encerram o registo.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

High Life - WAYNE SHORTER


1 Children Of The Night (W. Shorter)   7:23
2 At The Fair (W. Shorter)   7:29
3 Maya (W. Shorter)   5:12
4 On The Milky Way Express (W. Shorter)   5:35
5 Pandora Awakened (W. Shorter)   6:20
6 Virgo Rising (W. Shorter)   6:46
7 High Life (W. Shorter)   6:28
8 Midnight In Carlotta's Hair (W. Shorter)   5:54
9 Black Swan (In Memory Of Susan Portlynn Romeo) (W. Shorter)   2:04

Com "High Life", editado em 1995, o saxofonista norte-americano Wayne Shorter regressava distintamente às edições discográficas a solo em formato orgânico. A sua maturidade, excelência e requinte como músico e compositor encontrou em Marcus Miller e Rachel Z dois apoios importantes para o desenvolvimento desta obra como um registo atual e contextualizado em que a cuidada utilização de uma orquestra de trinta elementos eleva o calibre do álbum.

A compleição do registo revela-se através da classe da precisão e detalhe dos arranjos das composições cuja dimensão orquestral preenche naturalmente os espaços e enriquece a sonoridade do álbum, permitindo o equilíbrio da sua harmonia. É um trabalho manifestamente acessível, de uma musicalidade extraordinária, que inebria pela sua elegância e primor.

A presença da orquestra está reservada a quatro peças começando por se fazer notar logo de início com a recuperação de "Children Of The Night", a peça original que Wayne Shorter gravou com os Jazz Messengers de Art Blakey em 1961. Em "At The Fair" sente-se a progressão meditada de uma peça serena e controlada, "Pandora Awakened" apresenta aquele que será o arranjo mais delicioso do registo e "High Life" transmite o encanto de uma jornada pacífica e bem organizada.  

As restantes composições refletem-se como peças individuais que respiram de forma natural fora da sombra da orquestra. Em "Maya" é possível encontrar reminiscências dos Weather Report e se fosse preciso encontrar um single para este álbum ele seria certamente "On The Milky Way Express". "Virgo Rising" destaca-se através da peculiaridade rítmica da sua estrutura enquanto que "Midnight In Carlotta's Hair" evidencia uma ambiência mais sintetizada que se expande para "Black Swan", uma homenagem prestada em forma de um curto apontamento.

Para além do ilustre desempenho nos quatro saxofones (soprano, alto, tenor e barítono), Wayne Shorter assume todo o trabalho de composição, orquestração e arranjo musical. Marcus Miller assume o trabalho de produção, condutor de orquestra, baixo elétrico e clarinete baixo enquanto Rachel Z ficou encarregue dos teclados e com a tarefa de "desenhar" a sonoridade do álbum. A prestação de Wayne Shorter revela sabedoria, confiança e serenidade, sem grandes devaneios ou excessos, Marcus Miller e Rachel Z encaixam bem na sua missão de transmitir contexto e atualidade ao registo.