quarta-feira, 29 de abril de 2009

Survival - BOB MARLEY & THE WAILERS


1 So Much Trouble in the World 4:00
2 Zimbabwe 3:49
3 Top Rankin' 3:09
4 Babylon System 4:21
5 Survival 3:54
6 Africa Unite 2:55
7 One Drop 3:52
8 Ride Natty Ride 3:53
9 Ambush in the Night 3:14
10 Wake Up and Live 4:55
11 Ride Natty Ride (12" mix) 6:23

A voz de Bob Marley fez-se sempre ouvir, em alto e bom som, ao ritmo do Reggae. A sua atitude foi sempre a de um homem de bom coração que não queria mais do que Paz no Mundo, que todos os Povos lutassem pelo seu ideal e que convivem-se pacificamente. Ora o Mundo perfeito não existe e Marley tinha, obviamente, consciência disso. Bob Marley era, politicamente, uma presença incómoda, vou assim considerá-lo um activista, no sentido mais cultural, e musical, da coisa.
Em 1979 Bob Marley, e a sua banda The Wailers, editavam este album "Survival", cuja edição que aqui apresento é a reedição em Cd, de 2001, a qual inclui como bónus a mistura de "Ride Natty Ride" para a versão de 12". "Survival" revela-se como o album mais político da carreira de Bob Marley, acabando por se poder considerar um trabalho conceptual que tem como principal pano de fundo o continente Africano e a escravatura. A quantidade de homens que foram levados, desumanamente, das suas origens para serem usados laboralmente, sem qualquer forma de respeito, nos quatro cantos do Mundo, está patente na gravura que demonstra a forma, cruel, como eram transportados nos barcos. Uma grande parte destes homens foram levados para o continente Americano, daí Marley considerar que as suas raízes estariam sediadas em África.
A situação Mundial tambem é aqui retratada na generalidade através dos sintetizadores de "So Much Trouble In The World". A incitação ao direito de cada um decidir por si próprio é cantada em "Zimbabwe" e "Babylon Sistem", e a chamada de atenção para a unificação dos Povos contra Governos opressivos está bem presente em "Top Rankin'" e "Africa Unite". A faixa "Survival" celebra a sobrevivência de uma raça que muito sofreu, e "Wake Up and Live" incita à celebração da vida como um direito comum a todos os seres vivos.
Musicalmente Bob Marley dá-nos o balanço do Reggae que inevitavelmente nos faz abanar e dançar ao som do Groove da Jamaica, neste album acentuado por vezes por alguns sopros como por exemplo em "Wake Up and Live" que termina com um tórrido solo de Saxofone, não creditado.
Um album de luta, para nos fazer sentir que podemos, e devemos, construir o Mundo à nossa maneira, sem imposições.

terça-feira, 21 de abril de 2009

O Mundo Ao Contrário - XUTOS & PONTAPÉS


1 Desejo 3:25
2 Diz-Me 4:37
3 Ai Se Ele Cai 3:12
4 Pequeno Pormenor 2:58
5 Zona Limite 3:27
6 Fim de Semana 5:27
7 Gota a Gota 2:35
8 Teimosia 4:13
9 O Mundo Ao Contrário 4:18
10 Sombra Colorida 2:38

Em 2004 os Xutos & Pontapés comemoravam 25 anos de existência com o lançamento de mais um album de originais. Esses vinte e cinco anos reflectem-se em maturidade e os Xutos dão-nos um album mais cuidado, e trabalhado, em estúdio, em que as guitarras, apesar de continuarem sempre presentes, deixam ouvir mais do que se passa por trás. As vocalizações tambem se encontram mais trabalhadas, sendo o excelente tema "Diz-me" o que mais evidencia esta parte do trabalho, com uma boa interpretação de Tim.
A Música criada para este Cd consegue respirar sem se atrofiar, por vezes chegamos a ter a sensação de que os Xutos atinaram e ganharam juízo mas, felizmente, continuam a ser eles próprios e apesar de mais limpinhos é o seu som e a sua atitude que continua a dominar.
"Desejo" é um excelente tema de abertura, com um Riff pausado. "Diz-me" é um grande momento, e uma das melhores interpretações de Tim. "Fim de Semana" é bastante interessante. "Gota a Gota" é executado em trio por Tim, pelo saxofone de Gui, e pela guitarra espacial de João Cabeleira, soa intemporal. "Teimosia" podia ter sido um dos temas do album de Tim a solo. Em "Sombra Colorida" experimenta-se uma caixa de ritmos, programada por Kalú, em vez da bateria. "Ai Se Ele Cai" e "O Mundo Ao Contrário" foram os êxitos do album.
É um album para suscitar a velha polémica entre os que dizem que dantes é que eles eram bons, e os que dizem que quanto mais velhos melhores. Que cada um julgue à sua maneira.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Dados Viciados - XUTOS & PONTAPÉS


1 Dados Viciados 2:00
2 Não Sou Jesus 3:53
3 Dá Um Mergulho 3:11
4 Manhã Submersa 4:24
5 Um Jogador 3:28
6 Mil Dados 3:29
7 Negras Como a Noite 5:07
8 No Quarto de Candy 5:55
9 Moeda Ao Ar 3:06
10 Cowboy Cantor 4:10
11 Porque Eu Sei 2:02
12 Este Mundo é Teu 4:27

Em 1997 os Xutos & Pontapés, uma autêntica instituição, editavam este Cd e demonstravam estar em grande forma. "Dados Viciados" revela-se um bom album de Rock, cantado em Português, recheado de bons Riffs de guitarra e que quase se pode considerar um album temático tendo o mundo do jogo, seja ele de sorte ou de azar, como pano de fundo. De salientar que as letras que apontam mais para essa temática sairam da mão de Zé Pedro e são precisamente esses os temas que mais se evidenciam neste trabalho.
"Dados Viciados" abre as hostes com um Rock rápido, e viciado, em que se joga tudo. "Um Jogador" e "Mil Dados" complementam-se instrumentalmente com Riffs possantes e acentuados. "Este Mundo É Teu" encerra o album da melhor forma com um tema de Rock bem estruturado acente nuns alicerces maciços de construção clássica, com som de Orgão a marcar presença.
Das mãos de Tim sairam os êxitos "Dá Um Mergulho" e "Manhã Submersa", que juntamente com "Porque Eu Sei" representam a sonoridade mais habitual da banda. "Negras Como A Noite" revela-se uma balada em tom de Blues e "Moeda Ao Ar" um dos melhores temas do album.
O album vence, acima de tudo, pelo bom som que a banda conseguiu e pelo bom trabalho de guitarras.
Um aparte para a faixa "No Quarto de Candy" que é uma referência óbvia a "Candy's Room" de Bruce Springsteen. O tema não é o mesmo mas a letra, assinada por Tim, evidencia claramente passagens da letra original que o "Boss" Bruce Springsteen gravou em 1978 no album "Darkness On The Edge Of Town". Coisas do meio musical.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Spartak! One - SPARTAK


1 Spartak!One 3:50
2 King Tubby 3:10
3 The Monsters 4:13
4 Like It's Alright 3:21
5 The Parsecs 3:25

Os Spartak, tal como eu, são de Alcobaça, onde, apesar de lá não ter nascido, passei a maior parte da minha vida, durante os últimos 39 anos. Os Gift e os Loto tambem são de Alcobaça. Madbaça? O conceito original, Madchester, exige muito respeito. Mas podemos tornar Madbaça só nosso e senti-lo à nossa maneira.
Os Spartak são tímidos, mas corajosos. São criativos, utilizando apenas material simples. Denotam muitas influências e conseguem combiná-las maravilhosamente bem. Soam Electro-Pop e convencem facilmente. O som dos Spartak é etéreo, urgente, e respira esperança. O CD/EP é curto, sabe a pouco. Aquando do seu lançamento em 2006, para apresentação do projecto, ficou prometido com brevidade um album. Continuamos à espera. QUEREMOS MAIS.

domingo, 5 de abril de 2009

Some Friendly - THE CHARLATANS


Side A
1 You're Not Very Well 3:30
2 White Shirt 3:25
3 Opportunity 6:41
4 Then 4:11
5 109, Pt. 2 3:18
Side B
1 Polar Bear 4:56
2 Believe You Me 3:41
3 Flower 5:27
4 Sonic 3:32
5 Sproston Green 5:10

Um ano antes, em 1989, os Stone Roses editavam o primeiro album e vaticinava-se que seriam maiores que o Mundo. Tal profecia não se veio a concretizar e a banda de Ian Brown acabou por ter uma carreira curta com apenas dois albuns de originais editados, no entanto o primeiro album dos Stone Roses acabou por servir de principal testemunho a uma época de ouro da cidade Inglesa de Manchester em que esta passou a ser conhecida como Madchester, e a discoteca Hacienda o seu ponto de encontro.
Os Charlatans dão-se a conhecer ao Mundo em 1990 com este registo, em vynil, em que se colam ao som Pop/Rock dançável dos Stone Roses mas adicionando o som de orgão Hammond, que acaba por caracterizar o som da banda. Pode-se afirmar que os Charlatans acabam por fundir o som das três grandes maiores bandas da altura em Manchester, os Stone Roses, os Inspiral Carpets e os Happy Mondays. Curiosamente os Charlatans acabaram por ter uma carreira maior, e mais equilibrada, que os outros.
Como primeiro album, "Some Friendly" é um trabalho bastante interessante de seguir e dançar. Melodias Pop, dançaveis e psicadélicas, dominam este trabalho. A voz de Tim Burgess é calma e discreta mas muito presente. O som da banda caracteriza-se pelo Orgão Hammond de Rob Collins e pela guitarra de John Baker. Temas a reter, "Opportunity" é longo e hipnotizante, "Then" tem uma linha de Baixo que sustenta o tema, e foi tambem a faixa que mais rodou. O lado B é todo de referir pela sua vertente mais Rock, a utilização de um pedal wha-wha em "Believe You Me" é brutal.
Como curiosidade há só que referir que a banda a partir de 1991 passou a designar-se por THE CHARLATANS UK, isto aquando da sua primeira digressão pelos Estados Unidos da Amércia. Uma banda de garagem Norte-Americana, de São Francisco, já detinha direitos sobre o nome pelo que a banda Britânica viu-se obrigada a adicionar "UK" ao nome de modo a evitar conflito.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Trilogy - EMERSON, LAKE & PALMER


Side A
1 The Endless Enigma, Pt. 1 6:41
2 Fugue 1:57
3 The Endless Enigma, Pt. 2 2:03
4 From the Beginning 4:16
5 The Sheriff 3:22
6 Hoedown (Copland, Emerson, Lake, Palmer) 3:47
Side B
7 Trilogy 8:54
8 Living Sin 3:13
9 Abaddon's Bolero 8:07

Este LP de 1972, o terceiro da banda, transpira virtuosismo por todos os poros do vinil. Três excelentes músicos, bastante criativos e plenos de formação musical, dão-nos torrentes de sons Catedráticos, um pouco de Saloon, e grandes devaneios clássicos recheados de Rock, que quase podem ser Heavy. Uma miscelânea de géneros que ajuda a construir o grandioso som deste Trio.
Keith Emerson e a sua parafernália de instrumentos são a principal referência do som estrutural da banda. Nesta altura este louco músico utilizava um Orgão Hammond C3, um Piano Steinway, um instrumento de palheta, por ele adquirido no Norte de África, chamado Zoukra, que é utilizado no início de "The Endless Enigma", e os famosos sintetizadores Moog; Moog Synthesizer III C e um Mini Moog Model D. Keith Emerson usa e abusa destas máquinas espremendo o seu sumo quente e debitando tórridos ambientes e loucos solos. Magnífico. Neste trabalho Emerson criou um Bolero intitulado "Abaddon's Bolero". Tal como no genuíno Bolero de Ravel é interessante seguir o percusso deste tema, em tudo inspirado no de Ravel, e acompanhar a sua lenta evolução até ao extasiante culminar.
Greg Lake é a voz e o Baixo do Trio, e tambem compõe. "From The Beginning" é a sua composição neste trabalho e foi o tema que mais se salientou na altura, tal como o semelhante "Lucky Man" no primeiro album. Neste grandioso tema Lake tambem toca Guitarra Acústica e Eléctrica.
Carl Palmer é o elemento que sustenta o Ritmo do Trio na Bateria, e tambem participa em algumas composições.
A referir, o tema "Living Sin" que é autênticamente um momento à "la Led Zeppelin", sem Guitarrra Eléctrica, e a utilização da peça "Hoedown", escrita em 1942 por Aaron Copland, compositor Norte-Americano, para o Ballett "Rodeo". Curiosamente este tema viria a tornar-se bastante popular, na versão original, devido à sua utilização, em 1992, numa campanha, em Tv Radio, Norte-Americana que aconselhava a inclusão de bifes numa dieta saudável.