domingo, 24 de maio de 2015

Royal Scam - STEELY DAN


1 Kid Charlemagne   4:37
2 The Caves Of Altamira   3:32
3 Don't Take Me Alive   4:15
4 Sign In Stranger   4:22
5 The Fez   4:00
6 Green Earrings   4:05
7 Haitian Divorce   5:49
8 Everything You Did   3:55
9 The Royal Scam   6:30

Todos os trabalhos dos Steely Dan têm cunho de qualidade e obviamente que "Royal Scam", editado em 1976, não foge à regra. Composto numa altura em que a banda já só se dedicava a trabalho de estúdio (tendo mesmo deixado de tocar ao vivo) Royal Scam é o quinto álbum de originais da banda a ser editado e mantêm a linha de distância e inteletualidade que Donald Fagen, Voz e Teclados, e Walter Becker, Baixo e Guitarras, impõem como regra fundamental desde os primórdios da banda. As fortes personalidades de Fagen e Becker, os verdadeiros Steely Dan pois os restantes membros são sempre convidados e são sempre de luxo, conseguem rigorosamente manter uma linha de trabalho qualitativa em que todo o processo de trabalho passa obrigatoriamente pelos dois, e os dois são pouco dados a modas e por isso fazem o seu trabalho exatamente como pretendem. Não são Rock nem Pop, não são Jazz nem Soul, mas conseguem ser um bocado de cada e sabem compor como ninguém. Nunca foram uma banda Mainstream, sempre funcionaram do lado de fora do sistema, mas mesmo assim conseguiram alguns êxitos. Os temas são harmoniosamente bem conseguidos, compostos de forma inteligente e irónica. 
Os Steely Dan não foram criados para se mostrarem. Nós é que temos de os descobrir.                 

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Far Cry - ERIC DOLPHY with BOOKER LITTLE


1 Mrs. Parker of K.C. (Bird's Mother) (J.Byard)   8:00
2 Ode To Charlie Parker (Byard)   8:41
3 Far Cry   3:51
4 Miss Ann   4:14
5 Left Alone (Waldron/Holiday)   6:39
6 Tenderly (Gross/Lawrence)   4:17
7 It's Magic (Styne/Cahn)   5:38
8 Serene   6:36 

Far Cry foi o terceiro de três trabalhos originais gravados por Eric Dolphy em 1960, os seus primeiros registos em nome próprio. Logo de início percebe-se que Far Cry começa por funcionar como um tributo a Charlie Parker, facto evidente nos temas "Mrs.Parker Of K.C." e "Ode To Charlie Parker" escritos pelo pianista Jack Byard. Ao longo do álbum Eric Dolphy divide-se entre o clarinete baixo, o sax alto e a flauta, e manifesta-se um claro herdeiro da sonoridade de Bird nos temas similares "Far Cry" e "Miss Ann". Ao lado de Dolphy está o trompetista Booker Little que aqui surge como uma alma gémea, com os dois músicos a entenderem-se perfeitamente através dos rápidos fraseados. Booker Little é ainda dono de um belo apontamento com um solo melodioso em "Ode To Charlie Parker". 
Nos restantes quatro temas entra-se numa fase diferente do registo com Eric Dolphy a aparecer espiritualmente mais aberto e mais desenvolvido, envolto numa sonoridade mais evoluída marcada pela sua clara distinção artística. A interpretação de Dolphy para "Left Alone", em flauta, é demonstrativa da sua inovação e capacidade de domínio do instrumento assim como a corajosa interpretação a solo, sem qualquer acompanhamento, para "Tenderly" em sax Alto é também inovadora pela segurança e estabilidade que Dolphy transmite. Até à data de edição deste álbum, apenas Coleman Hawkins e Sonny Rollins tinham conseguido tamanha proeza e Dolphy foi até o primeiro a fazê-lo com um  sax alto. 
Algum classicismo em "It's Magic" mas é realmente um momento mágico com um fascinante Eric Dolphy no clarinete baixo e "Serene", que não aparecia na edição original, marca o regresso de Booker Little à formação para um encerramento harmonioso.

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Mirage - FLEETWOOD MAC


1 Love In A Store   3:14
2 Can't Go Back   2:42
3 That's Alright   3:09
4 Book Of Love   3:21
5 Gypsy   4:24
6 Only Over You   4:08
7 Empire State   2:51
8 Straight Back   4:17
9 Hold Me   3:44
10 Oh Diane   2:33
11 Eyes Of The World   3:44
12 Wish You Were Here   4:45       

Editado originalmente em 1982, "Mirage" apresenta-se como um trabalho menos inspirado dos Fleetwood Mac. Neste registo a banda Norte-Americana aparenta menos garra que o habitual mas em compensação os temas estão mais harmoniosos e cuidados. A coleção de canções aqui apresentada pode não ser a melhor mas os arranjos e a qualidade do trabalho da banda mantêm-se elevada e as harmonias vocais estão mesmo por cima. 
Dos três compositores habituais da banda Stevie Nicks surge neste álbum como a mais inspirada, Lindsey Buckingham como o menos inspirado e Christine McVie está igual a ela própria. Stevie Nicks iniciou a carreira a solo no ano anteiror ao deste álbum e talvez por isso a sua contribuição é a menor, com três temas apenas, mas as suas canções são realmente as que mais se destacam; o Country de "That's Alright", a ligeireza de "Gypsy" e a solidez de "Straight Back", no entanto o tema que mais se encaixa na dinâmica habitual da banda é "Eyes Of The World" de Lindsey Buckingham. A velha parceria da secção rítmica da banda, com os únicos elementos originais da formação inicial da banda, Mick Fleetwood na Bateria e John McVie no Baixo, permanece sólida e eficaz na sua posição habitual. 

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Solitude Standing - SUZANNE VEGA


1 Tom's Diner   2:09
2 Luka   3:52
3 Ironbound/Fancy Poultry   6:19
4 In The Eye   4:16
5 Night Vision   2:47
6 Solitude Standing   4:49
7 Calypso   4:14
8 Language   3:57
9 Gypsy   4:04
10 Wooden Horse (Caspar Hauser's Song)   5:13
11 Tom's Diner (Reprise)   2:40       

Suzanne Vega é uma contadora de histórias. Com a Guitarra dá vida a essas histórias criando harmonias simples mas musicalmente eficazes que em estúdio são depois limadas e arranjadas pela banda. Em "Solitude Standing", o segundo álbum de Suzanne Vega, a maior parte das histórias foram escritas alguns anos antes da edição original do álbum em 1987 e cada uma dessas histórias está referenciada nos créditos do álbum com o respetivo ano em que foi escrita. Constata-se então que apenas os temas "Fancy Poultry", "Solitude Standing" e "Wooden Horse" foram realmente escritos para este álbum, por terem sido escritos no mesmo ano da edição e por serem os únicos que tem a assinatura de toda a banda. 
Ao segundo álbum Suzanne Vega surge com uma sonoridade mais elétrica, apresentando um registo de linhagem mais Pop mas mantendo a sonoridade Folk e partilhando alguma ambiência Jazzy. Sente-se aqui um trabalho mais equilibrado, muito adulto e estruturalmente inteligente, com bastante requinte. O Single "Luka" resultou satisfatoriamente como estandarte deste álbum e a entrada A Capella de "Tom´s Diner" viria a dar frutos mais tarde....
Globalmente, "Solitude Standing" resulta num trabalho sincero que merece ser apreciado pela sua elegância e qualidade.