sábado, 28 de setembro de 2013

Sandinista! - THE CLASH - LP03


Side A
1 Lose This Skin (T.Dogg) 5:08

2 Charlie Don't Surf 4:54
3 Mensforth Hill (Instrumental) 3:42
4 Junkie Slip 2:48
5 Kingston Advice 2:37
6 The Street Parade 3:28
Side B
1 Version City 4:23
2 Living in Fame 4:52
3 Silicone on Sapphire 4:14
4 Version Pardner 5:23
5 Career Opportunities 2:30
6 Shepherds Delight (Instrumental) 3:27

E ao terceiro Lp, desta tripla edição em vynil, os Clash entram definitivamente na sua fase mais experimentalista claramente sentados em estúdio misturando um pouco daqui e um pouco dali. É tal a ousadia experimental da banda que os Clash se tornam praticamente irreconhecíveis na grande parte dos temas que compõem este último vynil. Num disco com um total de doze faixas, apenas sete são canções e destas sete apenas "Charlie Don’t Surf" se consegue aproximar do perfil habitual da banda. Com os Clash a assumir o trabalho de produção deste registo houve liberdades para se experimentar de tudo um pouco e dessa forma percorreram diversos caminhos, experimentaram estilos, e criaram um álbum inocente na medida em que a banda se divertiu a criar e explorar músicas nos mais variados formatos.
Praticamente desfigurados pela vontade, ou intenção, de criar, os Clash começam por partilhar com Timon Dogg a honra de abertura do terceiro Lp, "Lose This Skin" é um dos melhores momentos do álbum com o músico Britânico, antigo companheiro de Joe Strummer nos 101ers, a regravar um dos seus temas originais num momento de Folk desgarrado que nos deixa pregados ao disco tal é a intensidade desta música em que um acelerado Violino dita o andamento do tema. Em "Version City" encontramos uma espécie de Blues que sugerem ser uma continuação de "Train In Vain", de London Calling. Bastamente inspirados pelo Dub os Clash entregam-se ainda a várias misturas na fase final deste último Lp explorando novamente músicas já utilizadas nesta edição; "If Music Could Talk" torna-se em "Living In Fame" com a participação de Mikey Dread, "Washigton Bullets" em "Silicone On Sapphire" e "Junco Partner" em "Version Pardner". "Mensforth Hill" é uma boa incursão instrumental através de uma banda sonora fictícia que basicamente não passa de uma versão invertida de "Something About England", outra brincadeira de estúdio dos Clash. "Career Opportunities" é satiricamente posta na voz de uma criança numa clara alusão a um negro futuro.
"Sandinista!" demonstra ser uma espécie de "White Album" dos Clash onde serenamente encontramos os seus maiores defeitos assim como as suas grandes virtudes.


quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Sandinista! -THE CLASH - LP02

Side A
1 Lightning Strikes (Not Once But Twice)   4:51
2 Up In Heaven (Not Only Here)   4:31
3 Corner Soul   2:42
4 Let's Go Crazy   4:24
5 If Music Could Talk   4:36
6 The Sound Of Sinners   4:01
 Side B
1 Police On My Back (E.Grant)   3:17
2 Midnight Log   2:10
3 The Equaliser   5:46
4 The Call Up   5:28
5 Washigton Bullets   3:51
6 Broadway   5:49

No segundo Lp desta tripla edição os Clash tendem a focar-se no continente Americano percorrendo caminho desde os EUA até às Caraíbas. A miscelânea de géneros, temáticas e estilos que a banda explora é abrangente e muito calculada ora optando pela via cultural através da música Caribenha em "Let’s Go Crazy" e do Dub em de "The Equaliser", ora pela via política que explora a intromissão das "Washigton Bullets" em vários regimes (ditatoriais) Sul-Americanos. "Washigton Bullets" é inclusive o único tema da tripla edição em que o movimento Sandinista é mencionado.
Agressivamente políticos e contestatários os Clash atacam a polícia com uma esplêndida versão de "Police On My Back", que Eddy Grant escreveu em 1967 para os Equals, experimentam um primário Hip-Hop em "Lightning Strikes", contestam o serviço militar com o manifesto "The Call Up" e ainda conseguem passar por Londres em "Up In Heaven" e voltar à América pela esquina Soul. Em "If Music Could Talk" um solitário Saxofonista-Tenor, não identificado tal como o resto dos convidados do álbum, é o confidente do diálogo que domina o tema de início ao fim. Ainda há tempo para penitência na pregação evangelista de "The Sound Of Sinners" e Rockabilly em "Midnight Log". O soturno "Broadway" merece estar à parte do resto pela diferença estética da sua gradual evolução que termina com Joe Strummer em modo Jim Morrisson.
De mencionar, que este Lp inicia com um pedrado radialista numa radio Nova-Iorquina e fecha com uma criança a cantar descontraidamente "Guns Of Brixton", um dos temas emblemáticos de "London Calling", acompanhada apenas por um Piano, e que ao fim de duas estrofes remata "I’m tired of singing!".

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Sandinista! - THE CLASH - LP01




Side A
1 The Magnificent Seven   5:33
2 Hitsville U.K.   4:21
3 Junco Partner   4:52
4 Ivan Meets G.I.Joe   3:05
5 The Leader   1:42
6 Something About England   3:42
   Side B
1 Rebel Waltz   3:26
2 Look Here (M.Allison)   2:45
3 The Crooked Beat   5:28
4 Somebody Got Murdered   3:34
5 One More Time   3:32
6 One More Dub   3:36

Logo aquando da edição original de “Sandinista!” em 1980 houve motivo de discórdia entre a banda e a editora. A decisão dos Clash em lançar este vynil sob formato triplo mas a preço de um Lp convencional não caiu bem nos escritórios da editora mas a banda Britânica conseguiu impor-se levando avante os seus intentos. Politicamente ativos e delatores, tendo a voz de Joe Strummer como arma, os Clash utilizaram ainda o título Sandinista como uma chamada de atenção ao movimento de guerrilha Sul-Americano que se opunha ao regime ditatorial de Luís Somoza Debayle na Nicarágua. Não estando este trabalho diretamente relacionado com o referido movimento rebelde, como é óbvio, “Sandinista!” é um registo audaz, versátil e experimental quanto baste.
Sendo contudo um álbum político, ao nível do que os Clash já faziam anteriormente, não se encontra aqui uma linha condutora que defina um rumo em particular e somos assim confrontados com os mais diversificados estilos musicais ao longo das seis faixas que preenchem cada um dos lados de cada vynil, num total de trinta e quatro temas em que apenas o Dub parece ser o filão recorrente. O primeiro Lp arranca sob o Groove do Single “Magnificent Seven”, respira-se Gospel em “Hitsville U.K.”, em “Ivan Meets G.I.Joe” a abordagem Disco, carregada de efeitos, parodia as duas super potências da época, temos Rockabilly para a depravação política de “The Leader” e a consciencialização de uma nação em “Something About England”. O lado B deste trabalho abre ao ritmo de Valsa  com ”Rebel Waltz” a que se segue a adaptação Jazz para o original de Mose Allison “Look Here”. “Somebody Got Murdered” é o tema que mais se enquadra no habitual estilo Punk Rock dos  Clash. Em “Junco Partner”, “Crooked Beat” e “One More Time” os Clash mostram a facilidade com que se adaptaram ao Reggae através do domínio do Dub, patenteado de forma perfeita em “One More Dub” a versão Dub de “One More Time”. Entusiasmante a secção rítmica, Paul Simonon no Baixo e Topper Headon na Bateria.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Lionheart - KATE BUSH

Side A
1 Symphony In Blue 3:36
2 In Search Of Peter Pan 3:46
3 Wow 4:00
4 Don’t Push Your Foot On The Heartbrake 3:15
5 Oh England My Lionheart 3:12
Side B
1 Fullhouse 3:14
2 In The Warm Room 3:35
3 Kashka From Baghdad 3:56
4 Coffee Homeground 3:39
5 Hammer Horror 4:39

Lionheart”, editado em Novembro de 1978, foi um rápido sucessor do êxito de “The Kick Inside”, o primeiro trabalho de Kate Bush lançado logo no início do mesmo ano. Povoado de referências literárias e teatrais, parte das fantásticas canções que compõem este registo serão fruto de peças que Kate Bush compôs em plena adolescência. Para além de ser uma figura sensual, expressiva e dinâmica Kate Bush demonstra ser uma autora culta, bastante criativa, com forte carácter, pelo que gosta de traçar o seu próprio caminho não deixando que lhe imponham exigências. Daqui advém o seu estilo caraterístico e único no universo musical, carregado de teatralidade e ambientes mágicos como num reino de fantasia muito particular.
A capacidade inebriante da voz de Kate Bush preenche por completo este registo, ela consegue passar de momentos etéreos a fortes timbres através da sua amplitude vocal de mais de quatro oitavas. Sempre ao Piano, Kate Bush entoa-nos ternos momentos sob a forma de melodias Pop originalíssimas tornando-se por vezes operática impondo-se altiva e grave. Os temas assemelham-se nas temáticas mas musicalmente conseguem surpreender com uma originalidade progressiva que percorre várias vertentes tendo como fio condutor a voz e a magia de Kate Bush.
Resumidamente, a primeira tríade do álbum complementa-se de forma perfeita em três temas exemplares do fantástico universo particular de Kate Bush, culminando num tema de sonho como “Wow”. Sozinha, ao Piano, Kate Bush interpreta o confortante “In The Warm Room” e em “Oh England My Lionheart” cria uma ode à nação Britânica. “Fullhouse” tem tiques de Jazz com refrão Reggae, “Coffee Homeground” sugere Kurt Weill e “Hammer Horror” é Pop Rock de ficção. No mundo Pop da fantasia e perfeição Kate Bush seria a Fada ideal.