sábado, 26 de novembro de 2022

Nº4 - THE SPOTNICKS


   Lado A
1 Piercing The Unknown (Gusten/Winberg)   2:05
2 Autumn in Japan (Gusten/Winberg)   2:45
3 Playboy's Bunny Hop (Gusten/Winberg)   2:00
4 Look Up To The Evening Star (T. Izumi/R. Ei)   2:20
5 Drum Diddley (Moorhouse/Rees)   1:50
6 The Old Love Letters (H. Hayakawa)   2:48 
   Lado B
1 Crying In A Storm (Y. Nakajima/R. H. River)   2:25
2 Memory Of Summer (D. Suzuki)   1:55 
3 Husky (R. Bryant)   4:52
4 From Russia With Love (L. Bart)   3:31
5 Happy Silence (H. Miyagawa/K. Yasui)   2:10
6 Ode To Dawn (T. Izumi/T. Iwatani)   2:25 

Os Frazers formaram-se no ano de 1958 na cidade de Gotemburgo, Suécia, mas pouco tempo antes da edição do primeiro single, em 1961, decidiram mudar o nome para Spotnicks. O grupo alcançou notoriedade com alguma rapidez e no espaço de um ano já fazia concertos na Alemanha, Inglaterra, França e Espanha, chegando a tornar-se, à época, na banda Sueca de maior renome mundial; ao que não deixa de ser curioso o facto de que o management da fase inicial dos Spotnicks fosse gerido por Stig "Stikkan" Andersson, que alguns anos depois viria a ser o manager de outra banda Sueca de enorme projeção mundial ... os ABBA. 

Na capa de um dos primeiros EP os Spotnicks surgiram vestidos de astronautas, visual que se tornou numa imagem de marca e que a banda teve de carregar consigo para os concertos durante algum tempo. À data da edição deste registo, em 1966, a banda já não usava essa imagem.

Musicalmente, os Spotnicks eram como que uma banda "gémea" dos britânicos Shadows e dos norte-americanos Ventures. Rock'n roll instrumental, límpido e harmonioso, com laivos de música surfNos primeiros anos de atividade funcionaram como um quarteto, composto por duas guitarras, baixo e bateria, passando ao formato de quinteto em 1965, com a adição de um teclista. O registo aqui apresentado terá sido editado em 1966, foi apenas denominado como "Nº4", e trata-se de uma compilação elaborada pela editora francesa Président tendo como base os três EP de 7", que a Président também editou, retirados do álbum original "In Tokyo" editado no mesmo ano pela editora sueca Swedisc. 

No entanto, a falta de algum rigor com esta edição incorre em que o alinhamento apresentado na capa do álbum não coincida na sua totalidade com o alinhamento apresentado no próprio disco. Não só o tempo de duração das músicas não coincide com a maior parte delas como a última faixa, "Ode To Dawn", não consta realmente desta edição.

Uma última curiosidade associada a este período dos Spotnicks é a presença do baterista inglês Jimmie Nicol, relevante nesta edição pela prestação bastante expressiva em "Drum Diddley" e "Husky". No entanto, a história de Jimmie Nicol com o rock ficaria marcada pelo breve episódio em que foi baterista dos Beatles por um curto período de tempo, durante o qual Ringo Starr esteve hospitalizado e a banda britânica precisava de assumir os compromissos de uma digressão que iria passar por três continentes, em Junho de 1964. O sonho de Nicol terminou ao fim de duas semanas, quando Ringo regressou para ocupar firmemente a sua posição atrás da bateria. 

Entre várias mudanças e algum pára-e-arranca, os Spotnicks foram mantendo a sua atividade ao longo das várias décadas seguintes e só pararam definitivemente em 2020, com a morte dos guitarristas Bo Winberg e Bob Lander que eram os últimos elementos originais ainda vivos. Os Spotnicks fizeram o seu último concerto em Março de 2019.

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

X - KYLIE MINOGUE


1 2 Hearts (J. Eliot/M. Stilwell)   2:52
2 Like a Drug (Mich H. Hansen/J. Jeberg/E. Andrina/A. Powers)   3:15   
3 In My Arms (K. Minogue/C. Harris/R. Stannard/P. Harris/J. Peake)   3:30
4 Speakerphone (C. Karlsson/P. Winnberg/H. Jonback/K. Ahlund)   3:52
5 Sensitized (G. Chambers/C. Dennis/S. Gainsbourg)   3:55
6 Heart Beat Rock (K. Minogue/K. Poole/C. Harris/J. Lipsey)   3:22
7 The One (K. Minogue/R. Stannard/J. Wiltshire/R. Small/J. Andersson/J. Emmoth/E. Holmgren)   4:03
8 No More Rain (K. Minogue/K. Poole/C. Karlsson/P. Winnberg/J. Quant)   3:58
9 All I See (J. Jeberg/Mich H. Hansen/E. Serrano/R. Calhoun)   3:02
10 Stars (K. Minogue/R. Stannard/P. Harris/J. Peake)   3:40
11 Wow (K. Minogue/K. Poole/G. Kurstin)   3:11
12 Nu-di-ty (K. Poole/C. Karlsson/P. Winnberg)   3:01
13 Cosmic (K. Minogue/Eg White)   3:07

De matriz deliciosamente pop, 'X' foi editado em 2007 e marca o saudável regresso da Australiana Kylie Minogue aos discos depois de um interregno de quatro anos em que a cantora teve ainda de lutar contra o infortúnio do cancro da mama, e é com uma enorme satisfação que se percebe que a luta foi ganha e que Kylie Minogue regressou forte e confiante, com um trabalho incrível, cheio de fulgor e vivacidade.

O registo combina várias tonalidades de uma pop moderna, muito bem produzida, eletronicamente processada num vasto catálogo de cores vivas, que deslumbra pelo imponente cintilar de canções milimetricamente calculadas para serem notáveis. Foram vários os nomes envolvidos no trabalho de produção do álbum, o que ajudou ao desenvolvimento de um registo versátil cuja dinâmica percorre sonoridades distintasÉ também notória uma participação ativa de Kylie Minogue no processo de construção musical, reveladora de uma clara vontade em definir e explorar os seus caminhos.

A ilusão rock de "2 Hearts" dissipa-se logo na segunda faixa com a electropop de "Like a Drug" e a aventura prolonga-se na excitação pop de "In My Arms" até adquirir contornos de hip-hop na postura fónica de "Speakerphone" e estabilizar na compleição estrutural de "Sensitized" que evolui sobre um sampler de Serge Gainsbourg. Os contornos de hip-hop voltam a fazer-se sentir em "Heart Beat Rock" e se as canções perfeitas existem "The One" é certamente uma delas. A ambiência celestial de "No More Rain" parece saída de uma fantasia, é depois interrompida pela sobriedade de "All I See" e integrada na orgânica convencional de "Stars", sendo recuperada na magia do glamour pop de "Wow". "Nu-di-ty" remete para Nelly Furtado e "Cosmic" é uma bonita canção de índole particular que encerra discretamente o registo.

A mestria e o arrojo com que este trabalho foi gerido faz de "X" um daqueles registos tão íntegros em que é difícil encontrar um ponto fraco por onde possa quebrar, ou ceder.