Tres Hombres - ZZ TOP

   Lado A

1 Waitin' For The Bus (Gibbons/Hill)   2:59

2 Jesus Just Left Chicago (Gibbons/Hill/Beard)   3:29

3 Beer Drinkers & Hell Raisers (Gibbons/Hill/Beard)   3:23

4 Master Of Sparks (Gibbons)   3:33

5 Hot, Blue And Righteous (Gibbons)   3:14  

   Lado B

1 Move Me On Down The Line (Gibbons/Hill)   2:30

2 Precious And Grace (Gibbons/Hill/Beard)   3:09

3 La Grange (Gibbons/Hill/Beard)   3:51

4 Shiek (Gibbons/Hill)   4:04

5 Have You Heard (Gibbons/Hill)   3:14   

Na melhor tradição Texana, o rock másculo, saturado e pungente, dos ZZ Top, traduz-se na poderosa solidez do trio e da sua natural capacidade para produzir uma sonoridade blues/rock excitante e provocadora. Editado em 1973, numa altura em que as barbas não eram ainda proeminentes e em que o baterista Frank (Beard) ainda era creditado como Rube (Beard), 'Tres Hombres' foi o álbum que colocou definitivamente a 'Li'l Ol' Band from Texas' na ribalta do panorama musical norte-americano, e não só. O single "La Grange" foi o grande impulsionador para a projeção do terceiro trabalho de estúdio dos ZZ Top, que andavam em estrada a promover o disco, a abrir os espetáculos para bandas credenciadas, mas logo os papéis se inverteram e passaram, subitamente, de banda de abertura para banda principal. 

As referências musicais na época eram óbvias, entre os grandes nomes do rock e dos blues, e foi a partir dessas influências que os ZZ Top foram criando o seu estilo, ainda assim com uma sonoridade muito própria e vigorosa. É difícil não lembrar de John Lee Hooker em "La Grange" ou não sentir o fulgor dos Rolling Stones em "Move Me On Down The Line" mas tratam-se de detalhes importantes que fazem parte do processo evolutivo do género. Em "Beer Drinkers & Hell Raisers" criaram uma espécie de manifesto "maldito", cantado a duas vozes, "Master of Sparks" revela a loucura de uma aventura insana e contém uma linha de guitarra enigmática que carateriza a singularidade desta música, o rock'n roll escorregadio de "Precious And Grace" é outro dos momentos mais significativos do registo e a união das faixas "Waitin' For The Bus" e "Jesus Just Left Chicago" foi casual, mas resultou bem e acabou por ficar.

Tal como sempre nos habituaram, os ZZ Top apresentam-se na melhor das formas com a genuína plenitude do seu blues/rock vigoroso, made in Texas, e não enganam, nunca.

Hot Fuss - THE KILLERS

1 Jenny Was A Friend Of Mine (Flowers/Stoermer)   4:04

2 Mr. Brightside (Flowers/Keuning)   3:43

3 Smile Like You Mean It (Flowers/Stoermer)   3:54

4 Somebody Told Me (Flowers/Keuning/Stoermer/Vannucci)   3:18

5 All These Things That I've Done (Flowers)   5:02

6 Andy, You're A Star (Flowers)   3:14

7 On Top (Flowers/Keuning/Stoermer/Vannucci)   4:19

8 Glamorous Indie Rock & Roll (Flowers/Keuning/Stoermer/Vannucci)   4:14

9 Believe Me Natalie (Flowers/Vannucci)   5:07

10 Midnight Show (Flowers/Stoermer)   4:03

11 Everything Will Be Alright (Flowers)   5:45

Na viragem do século/milénio, surgiu uma revoada de bandas que recuperaram alguma da sonoridade new wave, género nascido dos escombros do movimento punk em finais da década de 1970. Com a edição de 'Hot Fuss', em 2004, os norte-americanos The Killers eram mais uma banda nova a beber desse filão e não mostraram qualquer receio em entrar logo a matar com o álbum de estreia.

A troca de influências entre músicos situados em ambos os lados do Atlântico, nomeadamente norte-americanos e britânicos, tem sido recorrente ao longo da história do pop/rock e não só. Os The Killers são oriundos de Las Vegas, gravaram 'Hot Fuss' na solarenga Califórnia, mas logo se manifestaram como revivalistas da música britânica que dominou os inícios da década de 1980. É difícil não lembrar dos Duran Duran em "Somebody Told Me" ou dos U2 em "Midnight Show" mas, no entanto, pode ser complicado perceber a camuflada alusão ao clássico "Bohemian Rhapsody" dos Queen em "Glamorous Indie Rock & Roll", mas ela está lá. Há ainda lugar para alguma vertente americana no disco que surge apenas nas músicas que o vocalista Brandon Flowers assina sozinho, nomeadamente na inclusão de um coro gospel em "All These Things That I've Done" e "Andy You're A Star". 

Tendo em conta as reconhecidas influências, 'Hot Fuss' revela-se como um trabalho confiante e original que se desenvolve numa torrente de pop/rock enérgico e ambicioso, sendo bem evidente que os The Killers almejam "chegar" ao nível das suas referências. Ao longo do registo, a banda demonstra estabilidade e domínio, e até prova ter a lição glamorosamente bem estudada.

O registo divide-se em momentos decisivos e instantâneos como; o arranque imponente de "Jenny Was A Friend Of Mine", o selo indie-pop de "Mr. Brightside", o esplendor de "Smile Like You Mean It", a importância de um single tão distinto como "Somebody Told Me", a sólida integridade musical de "On Top" e a pujante dinâmica de "Midnight Show". Tem momentos para se irem descobrindo como; o expressivo manifesto "Glamorous Rock & Roll" e a discreta frescura de "Believe Me Natalie" e ainda tem os momentos particularmente espirituais do vocalista Brandon Flowers como, "All These Things That I've Done", "Andy You're A Star" e "Everything Will Be Alright".

The Killers a serem realmente ofuscantes com a sua estreia nas edições discográficas.