domingo, 30 de outubro de 2022

The Confessions Tour - MADONNA

 

1 Future Lovers/I Feel Love (Madonna/M. Ahmadzai/D. Summer/P. Bellotte/G. Moroder)   8:00
2 Like a Virgin (T. Kelly/W. Steinberg)   4:12   
3 Jump (Madonna/S. Price/J. Henry)   4:52
4 Confessions (Madonna/P. Leonard)   3:53
5 Isaac (Madonna/S. Price)   6:44
6 Sorry (Madonna/S. Price)   5:02
7 Sorry (Remix) (Madonna/S. Price)   3:44
8 I Love New York (Madonna/S. Price)   5:35
9 Let It Will Be (Madonna/S. Price/M. Ahmadzai)   4:44
10 Music Inferno (Madonna/M. Ahmadzai/L. Green/T. Kersey)   7:40
11 Erotica (Madonna/S. Pettibone/A. Shimkin)   4:54
12 Lucky Star (Madonna)   3:49
13 Hung Up (Madonna/S. Price/B. Ulvaeus/B. Andersson)   9:48
 
As digressões de Madonna foram sempre um Acontecimento, assim mesmo com um "A" bem grande. Um espetáculo de grande aparato visual, para encher o olho e vender o produto, que atrai inúmeros fans e curiosos, e que surpreende pelo profissionalismo empregue em todos os detalhes de produção; desde uma escolha rigorosa de todos os elementos que integram o espetáculo até aos pormenores de uma cuidada preparação do repertório selecionado. A dimensão da 'Confessions Tour' tem a capacidade de surpreender pela força e caráter da sua estética assim como pela sua intensidade musical e esta edição em formato CD é uma súmula da deliciosa atuação na Wembley Arena, Londres, em 16 de Agosto de 2006, data especial por se tratar do aniversário de Madonna

A digressão serviu de promoção ao registo 'Confessions On a Dance Floor', cujo grafismo apela à época de ouro da música disco, e o conceito do concerto/espetáculo gira à volta daquele que foi um dos fenómenos musicais mais expressivo que dominou as noites da cidade de Nova Iorque em finais da década de 1970. O repertório selecionado foca-se essencialmente nas músicas que compõem o registo promocional, com a adição, óbvia, de alguns êxitos mais antigos. O interessante é que o repertório foi muito bem adaptado ao conceito estético do espetáculo e músicas mais antigas como "Like a Virgin", "Lucky Star" e "Erotica" soam aqui extremamente bem.  

O alinhamento inclui três referências musicais à época disco o que torna esta digressão numa celebração, ou mesmo num tributo, ao calor da 'febre de sábado à noite'. Madonna transporta a magia das pistas de dança nova-iorquinas para o seu enorme palco e funde o êxito de Donna Summer, "I Feel Love", com o seu "Future Lovers", usa "Disco Inferno" dos The Trammps para uma nova roupagem de "Music" e o single "Hung Up" contêm a célebre linha sintetizada de "Gimme! Gimme! Gimme!" dos ABBA.

A poderosa ambiência que envolve o esplendor da atuação exala uma energia contagiante que prende a atenção das audiências e faz vibrar os corpos com o pulsar do ritmo constante. Madonna e Stuart Price, o diretor musical da digressão, que também acumula a função de teclista e programador, esmeraram-se na elaboração de um espetáculo dinâmico e atrativo capaz de agradar a várias audiências. Há pouco de pop por aqui e mais de criação musical, e até um cheirinho rock (as guitarras rasgam mesmo em "I Love New York", com Madonna a empunhar uma Gibson Les Paul). 

Trata-se de uma dupla edição (CD + DVD) que saiu para o mercado discográfico em Janeiro de 2007. O CD é composto por apenas 13 músicas do alinhamento e o DVD inclui o concerto integral. É um registo simplesmente fantástico e isto é Madonna ao melhor nível.

quinta-feira, 20 de outubro de 2022

Para Todo O Mal - MESA

 
1 Porta de Entrada (Intro) (João P. Coimbra)   0:42
2 Estrela Carente (João P. Coimbra)   3:57
3 Tribunal da Relação (João P. Coimbra)   3:34
4 Quando as Palavras (João P. Coimbra)   4:14
5 Munição (João P. Coimbra/M. Ferraz)   4:18
6 Biombo Acústico (João P. Coimbra)   3:02
7 Boca do Mundo (Chama) (João P. Coimbra)   4:45
8 Fiordes (João P. Coimbra)   4:52
9 Não Vai Ser Bom (João P. Coimbra)   2:34
10 Paladar (João P. Coimbra)   5:20
11 Para Todo o Mal (João P. Coimbra)   6:08   

Ao terceiro registo de estúdio, editado em 2008, a sonoridade dos Mesa mantém intacta a Portugalidade que carateriza a toada lírica de João Pedro Coimbra na aprazível voz de Mónica Ferraz. Oriundo da cidade do Porto, Portugal, o projeto Mesa assume-se dentro de uma estética pop/rock convencional, recorrentemente pontuada pela adição de alguma ousadia eletrónica que lhe imprime alguma singularidade. João Pedro Coimbra é o mentor de toda esta obra, que para além de escrever as músicas grava tudo o que é teclas e baterias, enquanto Mónica Ferraz contribui com a elegância de um porte vocal definido e eloquente. Para este registo, o duo conta com as prestações de Jorge Coelho nas guitarras e Miguel Ramos no baixo; aparições especiais de José Pedro Coelho, sax-tenor em "Fiordes", Alexandre Soares, guitarra elétrica (à direita), em "Não Vai Ser Bom" e Jean-François Lézé, metalofone em "Fiordes" e carrilhão em "Para Todo o Mal".

A abrangência de estilos tão generalizados como a pop e o rock serve para definir grande parte da música que se faz um pouco por toda a parte e será mesmo esta etiqueta a que melhor identifica a sonoridade dos Mesa dentro do panorama musical a nível nacional. No entanto, João Pedro Coimbra contorna a aparente monotonia da vulgaridade de canções pop/rock convencionais, através de um bom domínio da componente eletrónica, do qual tira partido para criar texturas bem interessantes e chegar mesmo a explorar algum experimentalismo.

O registo inicia com um falso arranque, dado que a elegância pop de Mónica Ferraz não encaixa na urgência que a pujança rock de "Estrela Carente" reclama. A verdadeira essência dos Mesa apenas faz a sua aparição na faixa seguinte com a aguerrida electro/pop de "Tribunal da Relação" e irá manter-se até ao final do álbum. A perfeição de "Quando as Palavras" e a cuidada estrutura de "Boca do Mundo", justifica a escolha destas músicas como os singles de apresentação mas o entusiasmo deste trabalho manifesta-se em momentos como; a deliciosa aspereza eletrónica de "Munição", o contraste da frieza sintetizada de "Fiordes" com alguma vertente acústica, onde pontua a serenidade do sax-tenor de José Pedro Coelho, a intensidade elétrica de "Não Vai Ser Bom" (Alexandre Soares na guitarra elétrica, à direita), a peculiaridade maquinal de "Paladar" e de uma valsa bizarra, em ambiente saltimbanco, que encerra o registo como a faixa homónima.

quarta-feira, 5 de outubro de 2022

Aystelum - ED MOTTA


1 Awunism (E. Motta)   5:37
2 Pharmácias (E. Motta/N. Lopes)   3:17
3 Aystelum (E. Motta)   6:48
4 É Muita Gig Véi !!! (E. Motta)   3:53
5 Samba Azul (E. Motta/N. Lopes)   4:49
6 Balendoah (E. Motta)   4:19
   ["7" O Musical Medley (E. Motta/C. Botelho)]
   [7] Abertura   1:33
   [8] Na Rua   2:06
   [9] Canção Em Torno Dele   1:54
10 A Charada (E. Motta/R. Bastos)   4:00
11 Patidid (E. Motta)   2:26
12 Guezagui (E. Motta)   3:50

Para além de compositor, músico e produtor, o Brasileiro Ed Motta é um entusiasta da arte de bem gravar um disco procurando obter o melhor aproveitamento possível do tempo passado em estúdio. O seu processo de trabalho é deveras meticuloso e bem organizado, partindo sempre de um conceito previamente estudado, que irá demorar quanto tempo for necessário para alcançar a perfeição desejada e só depois concluir o processo de gravação.

Os detalhes das doze músicas que compõem Aystelum, editado em 2005, são reveladores da exigência estética que Ed Motta imprime à sua obra. O registo evidencia uma forte orientação jazzística mas também se move por terrenos tão abrangentes como a riqueza rítmica da música Brasileira e o musical de teatro, ao melhor estilo da Broadway. Das doze composições originais que formam as cores de Aystelum; seis são peças instrumentais, de uma riqueza musical exímia e excitante, três músicas compõem o pequeno medley de "7" (O Musical), que antecipa as peças do espetáculo que Ed Motta assinou como autor ao lado de Cláudio Botelho, e ainda há espaço para três canções em formato samba/MPB, com caráter de bossa e um triste blues.

Tendo em conta que o curto medley "7" (O Musical) é apenas uma pequena amostra, que não perfaz mais que 6 minutos, o registo é maioritariamente instrumental e predominantemente inspirado no jazz de teor espiritual e em alguma da componente elétrica da fusão que criou raízes na década de 1970, daí que a profusão de pianos elétricos vintage que Ed Motta e Rafael Vernet partilham entre si seja uma grande referência para este registo - Fender Rhodes, RMI 368X, Elka Rhapsody 490 String, Arp String Ensemble, Hohner D6 Clavinet, Piano Celesta, Multivox MX20 Electronic Combo Piano e o Piano Hohner Pianet T são os variados modelos aqui utilizados e que podem deliciar os amantes das sonoridades vintage. 

Para além da prestação nas teclas, Ed Motta dá voz a "Pharmácias" e "A Charada", e faz dueto com Alcione em "Samba Azul". No resto do álbum, essencialmente instrumental, Ed Motta usa a voz como um "instrumento", recorrendo à técnica de scat. Andrés Perez no saxofone-tenor e Jessé Sadoc Filho no trompete, destacam-se pela proeminência de solos expansivos e vigorosos. A riqueza musical de Aystelum manifesta-se na excelência e no dinamismo da sua conceção como um trabalho versátil e integro.