segunda-feira, 30 de julho de 2012

Cantando Histórias - IVAN LINS



1 Abre Alas 4:40
2 Guarde Nos Olhos 4:27
3 Dinorah, Dinorah 3:46
4 O Tempo Me Guardou Você 3:31
5 Desesperar, Jamais 4:47
6 Aos Nossos Filhos/Cartomante 7:44
7 Bilhete 4:41
8 Porta Entreaberta 4:13
9 Vitoriosa 4:53
10 Vieste/Iluminados 5:49
11 Ai, Ai, Ai, Ai, Ai 6:35
12 Começar de Novo 4:14
13 O Amor É O Meu País 2:46
14 Madalena 4:08

Captado ao vivo em Setembro de 2004 no Café Teatro Arena – Rio de Janeiro, “Cantando Histórias” celebra trinta anos de parceria entre Ivan Lins e o letrista Vítor Martins. Para além de um álbum ao vivo que funciona como best of este é também um Cd galardoado com um Grammy, melhor album latino de 2005, o primeiro atribuído a um artista a cantar em Português. Se a tudo isto juntarmos uma carreira sólida e amplamente reconhecida, como a de Ivan Lins, só podemos estar na presença de um album com potenciais garantias de qualidade, tal como o resultado demonstra. Como Best Of será sempre um Cd discutível, pois o consenso de cada um varia na escolha dos temas, mas tendo como critério os trinta anos de parceria desta dupla essa questão é atenuada. O Cd não inclui o Show integral, o Dvd complementa essa situação, mas dá-nos o prazer de ouvir 66.22’ de boa música, executada com gosto e prazer por uma banda consistente num ambiente envolvente onde reina a contagiante boa disposição de Ivan Lins que destila alegria pelos meandros de uma assistência que demonstra, de facto, conhecer bem o trabalho de Ivan Lins. Para além de uma banda muito segura, liderada pelo Baterista Theo Lima e composta ainda por Nema Antunes no Baixo, Marco Brito em Teclados e Acordeão, Leo Amoedo na Guitarra, Zé Carlos nos Violões e no Cavaquinho, Layze Sapucahy na Percussão, este espetáculo conta tambem com a presença de três vocalistas convidados que participam em duetos com Ivan Lins; Jorge Vercilo em “Guarde Nos Olhos”, Zizi Possi em “Bilhete” e Simone em “Começar de Novo”, três convidados valiosos e bastante aplaudidos.
A consolidada carreira de Ivan Lins disponibiliza um repertório conhecido, para quem segue Ivan Lins, e este registo está repleto de peças essenciais destacando-se ainda assim momentos como, o firme arranque de “Abre Alas”, a expressiva alegria de “Dinorah, Dinorah”, a riqueza rítmica de “Desesperar Jamais”, a beleza natural de “Vitoriosa” ou a expressividade Latina de “Ai, ai, ai, ai, ai”.
É Música Popular Brasileira ao melhor nível, com laivos de Jazz e algum Pop/Rock mais adulto, muito bem condimentada por manifesta musicalidade.
Muito gostoso!

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Na Paz - FERNANDA ABREU

1 Brasileiro 4:56
2 Eu Vou Torcer 4:09
3 Zazuê 4:12
4 Bidolibido 3:24
5 Sol - Lua 3:45
6 2 Namorados 4:07
7 Padroeira Debochada 3:53
8 Vida de Rei 4:24
9 A Onça 4:02
10 Sou Brasileiro 1:50
11 Não Deixe O Samba Morrer 4:17

Em 2004 Fernanda Abreu lançou “Na Paz” e pelo estado de espírito refletido no álbum Paz parecia ser mesmo o que ela mais precisava na altura. É um Cd mais contido de Fernanda Abreu em que só a partir do meio do álbum se sente a sua libertação. Até chegar a “Padroeira Debochada” encontramos temas cuidados, de bom Groove, bastante sóbrios e airosos, onde até a introdução de uma Cítara em “Eu Vou Torcer” consegue transmitir alguma espiritualidade e harmonia ao ambiente registado. O jogo de “Bidolibido”, com passagem por “De Noite Na Cama” de Caetano Veloso, é o primeiro indício de atenção num tema bem explorado pela Voz e com um toque minimalista a que se segue a simplicidade radiante de “Sol – Lua”. É então ao chegar a “Padroeira Debochada” que se sente Fernanda Abreu soltar-se nas palavras e partir para a sequência de ataque à selva urbana com Funk nos lábios do Samba. “Vida de Rei” é a denúncia que se segue e “A Onça” cativa pelo refrão orelhudo e pela presença do Rapper Gustavo Black Alien. Um jogo de contrastes, tal como a posição de Guerrilheira Pacifista aqui assumida por Fernanda Abreu, vai-se sucedendo com Hip-Hop, Pop, Funky, MPB, e até dois bonitos Sambas no final, sendo o último deles, “Não Deixe O Samba Morrer”, um autêntico legado. É um trabalho completo e de qualidade que mesmo não sendo de referência merece pontuar como um momento de aparente tranquilidade.

domingo, 8 de julho de 2012

Kindred - STEFON HARRIS * JACKY TERRASSON

1 My Foolish Heart (N.Washington/V.Young) 3:18
2 Tank's Tune (C.Henderson) 5:54
3 Summertime (G.Gershwin/D.Heyward) 7:06
4 Déjà (B.Williams) 5:08
5 What Is This Thing Called Love? (C.Porter) 2:49
6 Titi Boom (T.Kinch) 4:43
7 John's Abbey (B.Powell) 4:05
8 Never Let Me Go (J.Livingston/R.Evans) 6:24
9 Rat Entrance (J.Terrasson) 1:28
10 Rat Race (J.Terrasson) 4:21
11 Shané (S.Harris) 6:01
12 Little Niles (J.Hendricks/R.Weston) 4:59
13 Body and Soul (F.Eyton/J.Green/E.Heyman/R.Sour) 6:08

Duas jovens promessas do Jazz com carreiras iniciadas a meio dos anos 90, o Norte-Americano Stefon Harris, Vibrafone e Marimba, e o Pianista de origem Francesa Jacky Terrasson, encontraram-se em Novembro de 1999 para uma sequência de noites ao vivo no Village Vanguard e em função do resultado positivo dessas mesmas noites acabaram por ir para estúdio gravar. As noites do Village Vanguard revelaram dois músicos que interagiram instantaneamente como se já tocassem juntos há muito tempo, no entanto era o seu primeiro encontro. Sentiu-se nessa altura alguma excitação pelo que esta dupla poderia vir a dar e o resultado foi então este Cd, “Kindred”, editado em 2001.
Kindred é assim o registo que testemunha como a dupla volta a interagir de uma forma mágica revelando-se matura, vigorosa e dinâmica, impondo um ritmo jovial a uma sessão onde predominam standards, havendo ainda espaço para duas peças originais, “Rat Race” por Jacky Terrason e “Shané” por Stefon Harris. Em formato de Quarteto são ainda secundados pelo Contra-Baixista Tarus Mateen e pelo activo Baterista Terreon Gully, que acaba por se revelar um elemento dominador. Há ainda a participação do veterano Baterista Idris Muhammad em dois temas, “My Foolish Heart” e “Never Let Me Go”, de uma forma mais comedida e experiente.
O álbum é dominado pelo diálogo constante entre Harris e Terrasson numa execução corrente a quatro mãos em que os solos são partilhados pelos dois músicos de forma imparável sempre apoiados pelo ritmo impaciente de Terreon Gully que parece querer reclamar também um lugar de destaque neste trabalho. Apesar de recheado de Standards é um trabalho vigoroso, atual e cativante pela genialidade e capacidade de improvisação da formação.