sexta-feira, 31 de julho de 2020

Positive Touch - THE UNDERTONES


Side A
1 Fascination   2:17
2 Julie Ocean   1:44
3 Life's Too Easy   2:27
4 Crisis Of Mine   2:21   
5 You're Welcome   2:41
6 His Goodlooking Girlfriend   3:02
7 The Positive Touch   2:14
Side B
1 When Saturday Comes   2:46
2 It's Going To Happen   3:32
3 Sigh & Explode   2:42
4 I Don't Know   2:35
5 Hannah Doot   2:47
6 Boy Wonder   2:02
7 Forever Paradise   3:01

Editado em 1981, "Positive Touch" foi o terceiro registo oficial para os norte irlandeses The Undertones que assim disponibilizavam mais um trabalho destemido e dinâmico, preenchido com boa disposição e um vasto leque de pequenas canções rock/pop/new wave elaboradas com detalhe. Uma obra cativante que prende o ouvinte pelo rol de boas canções que a compõe e evidenciam a unidade de um registo maturo e coerente, dominado pela riqueza e pelo pormenor de uma pop curta e criativa, longe de se tornar repetitivo e fatigante. À medida que se aprofunda o registo, mais viciante se torna a sua audição. A peculiaridade do timbre vocal de Feargal Sharkey continua a ser um ponto forte na distinção do trabalho da banda mas não se pode descurar a qualidade e a forma como os restantes elementos se enquadram na importância do resultado final desta obra. A combinação das guitarras é sedutora e a inclusão de pianos e de alguns sopros abre ainda mais o leque composicional do registo. 
É interessante perceber que apesar do Undertones se encontrarem inseridos geograficamente dentro da complexidade do contexto político/social britânico da época, a banda não procura ser rebelde e contestatária optando por focar-se em temáticas mais divertidas e próprias da suas aventuras quotidianas (os amigos, as namoradas) o que transmite bastante leveza e frescura ao seu trabalho. "Positive Touch" é um registo exemplar que ajuda a reforçar a importância dos Undertones no panorama musical britânico na viragem da década de 70 para 80; e não era por acaso que eram uma das bandas mais referenciadas pelo radialista inglês John Peel... 

domingo, 19 de julho de 2020

Dominion - THE SISTERS OF MERCY


Side A
1 Dominion   5:07
2 Untitled   3:33 
Side B
1 Sandstorm   1:44
2 Emma (E. Brown/T. Wilson)   6:17 

Edição em formato 12" para "Dominion", o segundo single retirado de "Floodland" depois da apresentação com "This Corrosion". "Floodland" foi o segundo álbum de originais dos britânicos The Sisters Of Mercy, editado em 1987, sendo também visto como o primeiro álbum a ser editado após o polémico conflito que opôs todos os membros da formação contra o vocalista Andrew Eldritch, deixando-o sozinho na banda. 
A nova fase dos The Sisters Of Mercy, apenas com Eldritch a liderar, ficou marcada por uma nova sonoridade, mais distante do rock gótico que caraterizou e marcou o primeiro registo oficial. "Floodland" é um trabalho mais eletrónico e atualizado, bastante completo e maquinal, acentuado por fortes batidas. O trabalho de remistura para este 12" funciona como uma dissecação da mistura original que aparece tanto no álbum como no vídeo. A versão de "Dominion" é a mesma mas com uma sonoridade mais aberta, nomeadamente nos coros finais, e não inclui o apêndice "Mother Russia" como no álbum. "Untitled" é uma espécie de adaptação instrumental para "Dominion" mas com um andamento mais arrastado, acompanhado de alguns efeitos de produção, enquanto "Sandstorm" é nada mais nada menos do que o arranjo criado para a introdução da versão integral do belo vídeo de "Dominion", filmado na cidade de Petra na Jordânia. Espaço ainda para a inclusão de "Emma", uma versão para uma música dos Hot Chocolate. "Emma" era uma das versões que os The Sisters Of Mercy originais tocavam ao vivo com alguma frequência mas que nunca conseguiram gravar como devia ser. A versão incluída neste Ep foi gravada em janeiro de 1988 e é bastante interessante por Eldritch a conseguir tornar como uma música muito sua através de uma interpretação muito pessoal.

terça-feira, 14 de julho de 2020

Boogaloo To Beck - Dr. LONNIE SMITH w/ Special Guest DAVID "FATHEAD" NEWMAN


1 Paper Tiger   9:38
2 Tropicalia   5:51
3 Mixed Buziness   8:20
4 The New Pollution   7:12
5 Devil's Haircut   8:23
6 Sexx Laws   6:58
7 Loser   3:16
8 Jack Ass   6:55
9 Where It's At   6:58
10 He's A Mighty Good Leader   5:30
11 Nobody's Fault   9:20    

Curiosa abordagem, em forma de tributo, ao repertório do norte americano Beck por parte de uma formação de jazz liderada por Dr. Lonnie Smith, uma das lendas vivas do orgão Hammond B3. Juntam-se-lhe nesta prestação, Doug Munro na guitarra e na produção, Lafrae Sci na bateria e David "Fathead" Newman em sax tenor, como convidado especial para algumas músicas. 
A carreira de Beck começa a ganhar contornos a meio da década de 90 e evidencia um músico criativo que se mexe no mundo do pop/rock/indie e revela uma miríade de influências que vai espalhando pelos seus multifacetados trabalhos. À data deste tributo, editado em 2003, Beck tinha editado oficialmente seis álbuns e o repertório escolhido por Dr. Lonnie Smith para esta sessão assenta nas músicas mais relevantes dessas edições.
A estrutura do registo é muito fiel ao trabalho de composição dos originais, imediatamente reconhecíveis, apesar dos momentos de improviso em que esta distinta formação aproveita o groove para brincar um pouco com os solos. "Mixed Buziness" contêm uma referência a "Rhapsody In Blue" de Gershwinem "Jackass" é percetível a alusão a "Chameleon" de Herbie Hancock e em "Where It's At" há uma sugestão para o clássico da soul "In The Midnight Hour". A sessão é embalada por uma boa dinâmica, sem tempos mortos e sem exageros, em que a interpretação de Dr. Lonnie Smith se evidencia pela qualidade da sua habitual prestação no orgão Hammond B3. O guitarrista Doug Munro apresenta-se com uma sonoridade límpida e um fraseado muito definido, sempre presente, enquato as aparições de David "Fathead" Newman se distinguem pela precisão cool com que encaixam na estrutura harmónica do registo. O baterista Lafrae Sci quase que apenas se limita a marcar a sessão tendo um momento mais solto em "Loser", a prestação mais curta da edição, com o arranjo mais direto e fortemente apoiado na dinâmica da bateria. Os pontos altos encontram-se em "Devil's Haircut", que começa discreta para atingir alguma emoção nos solos de Smith e Munro, "Jack Ass" e "Where It's At" contêm as interpretações mais completas mas é a subtil atmosfera criada pela interpretação de "Nobody's Fault" que encerra o registo da melhor forma.

segunda-feira, 6 de julho de 2020

Thanks I'll Eat It Here - LOWELL GEORGE


1 What Do You Want The Girl To Do (A.Toussaint)   4:46
2 Honest Man   3:44
3 Two Trains   4:32
4 Can´t Stand The Rain (D.Bryant/B.Miller/A.Peebles)   3:20
5 Cheek To Cheek   2:21
6 Easy Money (Ricky L.Jones)   3:27
7 20 Million Things   2:48
8 Find A River   3:44
9 Himmler's Ring (J.Webb)   2:27

Uma vida de excessos e uma morte prematura aos 34 anos dão azo a que se crie uma lenda. Lowell George passou pelos Mothers de Frank Zappa e dali saiu para formar os Little Feat onde se evidenciou como líder, compositor e guitarrista, numa das bandas rock mais interessantes da década de 70 em território norte americano. Em 1979 editou "Thanks I'll Eat It Here", o seu primeiro e único registo a solo, e foi durante a digressão deste álbum que Lowell George sucumbiu a um ataque de coração. Para a história ficam os registos que gravou e a dúvida quanto ao que mais poderia ter feito. O registo a solo surge numa fase complicada dos Little Feat, o que levou Lowell George a anunciar o final da banda logo após a edição deste trabalho. Uma personagem problemática devido aos seus abusos mas muito respeitada e admirada musicalmente, Lowell George refere nos apontamentos que acompanham esta edição, que este foi um disco que demorou muito tempo a concluir, cerca de dois anos e meio, e foram tantos os intervenientes nas gravações que nesse período de tempo ele acabou por se esquecer de quem faz o quê em cada música. Nos créditos do álbum encontra-se ainda uma longa lista com os vários nomes que terão participado nas gravações e Lowell George convida a que seja o próprio ouvinte a descobrir quem toca o quê, e onde, através do estilo de cada um dos intervenientes. 
É um trabalho feito com alma, e a experiência e segurança de quem sabe o que quer. Lowell George reinventa cinco músicas, "Two Trains" é mesmo uma nova roupagem para uma música gravada anteriormente com os Little Feat, e apresenta quatro novas, sendo "Find A River" uma música do seu colaborador Fred Tackett. A sequência das primeiras quatro músicas é perfeita e sugere algum do espírito rock/funk/soul que caraterizava os Little Feat, "Cheek To Cheek" é uma aventura mariachi, e depois de "Easy Money" o registo entra numa fase mais comedida que fecha com o divertido dixie de "Himmler's Ring", original de Jimmy Webb. No fundo, um trabalho exímio que confirma a capacidade criativa e interpretativa de Lowell George.