segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

The Summer Of 1993 - Live At Saratoga, NY - STEELY DAN - CD 02

1 Deacon Blues 8:11
2 Tomorrow’s Girls 6:40
3 Babylon Sisters 6:48
4 Reelin’ In the Years 7:26
5 The Fall of ’92 6:11
6 Peg 4:40
7 Third World Man 6:29
8 Countermoon / Teahouse on The Tracks 13:36
9 My Old School 8:23
10 FM 6:30

Segunda parte da gravação não oficial do concerto de Nova Iorque em 1993 que conclui na sexta faixa, “Peg”, daí para a frente o resto da gravação foi feita em L.A. e a qualidade de som altera-se, nota-se ter sido captado no meio da assistência mas apesar de menos equilibrado continua a perceber-se bem o som de toda a banda.
Os Steely Dan não tocavam ao vivo desde 1974, ano em que deixaram os palcos para se dedicarem mais ao trabalho de estúdio. Esta Tournée foi um sucesso pois era uma oportunidade única para ver a banda ao vivo e tudo começou por causa da edição de “Kamakiriad” o álbum a solo de Donald Fagen editado neste mesmo ano. A Tournée serviu para a promoção do trabalho de Fagen mas assenta essencialmente no repertório dos Steely Dan. Do álbum de Donald Fagen temos aqui uma poderosa interpretação de “Tomorrow’s Girls” e a fusão dos dois temas, com cheiro a Jam Session, “Countermoon/Teahouse On The Tracks”. Walter Becker preparava na altura o álbum a solo “11 Tracks of Whack” que viria a ser editado em 1994, do qual se pode ouvir aqui o tema “The Fall of ‘92”.
O concerto é muito bom e este registo vale imenso tanto pelo espantoso repertório dos Steely Dan como pela Super-Banda que os acompanhou, ver CD 01. Particularidades a ter conta; o novo arranjo para “Reelin’ In The Years”, a aparição do Guitarrista Denny Dias, que fez parte da primeira formação da banda, em “Countermoon/Teahouse On The Tracks” e o final do concerto ao estilo de discos pedidos com “FM”, tema que os Steely Dan escreveram em 1978 para o filme do mesmo nome e foi editado como Single, não fez parte do alinhamento de nenhum dos álbuns da banda.
No seguimento do sucesso destas Tournées viria a ser editado oficialmente o álbum “Alive In America” em 1995.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

The Summer Of 1993 - Live At Saratoga, NY - STEELY DAN - CD 01


1 Intro Medley 7:57
   (The Royal Scam/Bad Sneakers /Aja)
2 Green Earings 5:26
3 Bodhisattva 5:31
4 I.G.Y. (International Geophysical Year) 6:15
5 Josie 7:16
6 Hey 19 6:31
7 Book Of Liars 4:34
8 Chain Lightning 6:36
9 Band Introductions 3:47
10 Green Flower Street 3:59
11 Home At Last 6:53
12 Black Friday 4:17
13 Tesla Shadows 6:11

Detentores de uma requintada e exemplar carreira que preencheu praticamente a década de 1970 e terminou em 1981, ano em que os líderes Donald Fagen e Walter Becker findaram os serviços da banda, os Steely Dan regressaram aos palcos em 1993 com o seu Rock adulto polvilhado de adereços Jazzísticos, para uma Tournée em que mostraram continuar em grande forma tendo ainda o privilégio de serem acompanhados por uma banda de luxo que denominaram “The Steely Dan Orchestra”. A Tournée assenta também na apresentação do álbum a solo de Donald Fagen editado nesse mesmo ano, “Kamakiriad”, e do quase acabado album solo de Walter Becker “11 Tracks Of Whack“. Temas de ambos os álbuns são incluídos no alinhamento assim como temas do primeiro álbum a solo de Donald Fagen, “Nightfly” editado em 1981. Este registo, não oficial, é composto por dois Cds que documentam com boa qualidade sonora o concerto na cidade de Nova-Iorque, a casa dos Steely Dan.
O concerto abre com uma interessante peça instrumental que é um Medley composto por três conhecidos temas dos Steely Dan em que o Trio de Saxofones se evidencia pois toda a harmonia passa por esta mesma secção. A meio do concerto Donald Fagen faz mesmo uma menção especial à secção de sopros por ser unicamente composta por Saxofones, tal como os Steely Dan gostam. De seguida o espetáculo passa pela revisão de carreira da banda e há momentos mágicos em “I.G.Y.” que remete ao primeiro álbum a solo de Donald Fagen, em “Josie” com direito a solo de Peter Erskine na Bateria, na formosura de “Hey Nineteen” e no charme Jazzístico de “Chain Of Lightning”. “Green Flower Street” volta a remeter ao primeiro trabalho a solo de Donald Fagen e o Rock quente de “Black Friday” encerra de forma enérgica a primeira parte do concerto. Pelo meio, Walter Becker apresenta um tímido “Book Of Liars”, tema a ser incluído no seu álbum a solo editado algum tempo depois, e é também Walter Becker quem faz as apresentações da super-banda que transpira confiança e acompanha os Steely Dan: Drew Zingg na Guitarra Elétrica, Warren Bernhardt no Piano, Tom Barney no Baixo, Peter Erskine na Bateria, Bill Ware em Vibrafone e algumas Percussões, o Trio de Saxofones composto por Bob Sheppard, Chris Potter e Cornelius Bumpus, e ainda as encantadoras harmonias das vozes de Brenda King, Catherine Russell, Diane Garisto. O misterioso instrumental “Tesla Shadows” inicia a segunda parte do concerto e encerra o primeiro Cd desta edição não oficial.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Caution Radiation Area - AREA

1 Cometa Rossa 4:00
2 ZYG (Crescita Zero) 5:27
3 Brujo 8:02
4 MIRage, Mirage 10:27
5 Lobotomia 4:23

A fusão de elementos que carateriza o som dos Italianos Area neste trabalho original editado em 1974 é deveras radioativa/corrosiva quanto baste para além de avant-garde e detentora de uma fabulosa contemporaneidade. Há uma complexidade progressiva ao longo do registo que se projeta num caos expansivo que termina com um registo de frequências eletronicamente processadas. É no entanto de forma bastante acessível que “Cometa Rossa” nos introduz neste álbum, um tema com influências de Rock Progressivo interrompido a meio pela invulgar capacidade vocal de Demetrio Stratos cuja particular interpretação impressiona pelo seu exotismo, não esquecer que Stratos era natural de Alexandria, Egipto. O sugestivo arranque Industrial de “ZYG” transforma-se de novo em Rock progressivo para passar imediatamente a um momento de fusão Jazz/Rock com diversos andamentos. É uma peça de força intensa em que se sente bem a coesão do grupo e a partir daqui a coisa começa a complicar. “Brujo” é já uma peça mais complexa, sempre com a presença progressiva em fundo mas ainda mais ousada. Patrizio Fariselli sola no Piano Eletrico sobre uma estrutura estética que nos remete automaticamente a “Bitches Brew” de Miles Davis até uma pausa final em que vozes etéreas se perdem no espaço e vagueiam sussurrantes sobre o tema até à sua conclusão operática. “MIRage, Mirage” é único e aterrorizante. Basta o seu principio, Demetrio Stratos e a sua performance vocal singular, para nos introduzir num momento estranho até o Contra-Baixo de Ares Tavolazzi e a Bateria de Giulio Capiozzo nos dar um fio condutor seguro mas à sua volta tudo deambula num experimentalismo desvairado e depois, chegam as Vozes. Num momento espantoso e deveras assustador, temos a demonstração perfeita de que as vozes também são instrumentos, não servem só para cantar textos. O tema volta a arrancar de forma progressiva e conclui como começou. “Lobotomia” é o final perfeito para este álbum num interessante enredo de frequências eletrónicas, mais experimental não podia ser.
Caution Radiation Area consegue ser “acessível” de início mas a sua progressão vai-se tornado complexa, ousada e abstrata de tema para tema até ao experimentalismo final. Fosse este álbum Anglo-Saxónico e a sua história teria sido outra certamente.

domingo, 2 de dezembro de 2012

The Cry Of Love - JIMI HENDRIX

1 Freedom 3:25
2 Drifting 3:48
3 Ezy Ryder 4:10
4 Night Bird Flying 3:50
5 My Friend 4:38
6 Straight Ahead 4:42
7 Astro Man 3:32
8 Angel 4:25
9 In from the Storm 3:41
10 Belly Button Window 3:37

The Cry Of Love, o primeiro album a ser editado após a morte de Jimi Hendrix em Setembro de 1970, parte da recolha de temas que Hendrix andava a trabalhar em estúdio para a edição de um novo trabalho, um Lp duplo. O critério de escolha desta edição póstuma centrou-se nos temas que se encontravam mais perto da sua conclusão e foi desta forma que em 1971 The Cry Of Love chegou ao acesso do público. É por muitos considerado como o quarto álbum de estúdio de Jimi Hendrix, uma afirmação que só peca pelo facto do trabalho não ter sido concluído e editado ainda em vida de Hendrix. Apesar de se tratar de uma recolha de material inédito quase concluído fica ainda a incógnita de se saber como Hendrix teria limado as arestas destes temas. Apesar das circunstâncias The Cry Of Love acaba por fazer parte do legado da curta e incrível carreira de Jimi Hendrix e como tal não desilude pois mais uma vez encontramos um forte set de músicas vigorosas, muito dinâmicas e singulares, que resultam numa riqueza harmoniosa digna da criatividade de um distinto autor como Jimi Hendrix.
É de forma intensa e possante que “Freedom” nos apresenta a edição assim como, “Night Bird Flying”, Straight Ahead”, “Astro Man” e “In From The Storm” são igualmente intensos e bastante conscientes pelo que se nota um trabalho mais elaborado bastante evidenciado na preciosidade de “Drifting” e “Angel”. A genuinidade dos Blues está bem patente em “My Friend” e na naturalidade clássica do estilo em “Belly Button Window” que Hendrix interpreta sozinho. Coloco “Ezy Rider” à parte por pertencer a uma sessão anterior ainda com a Band Of Gypsys (Billy Cox no Baixo e Buddy Miles na Bateria) assim como “My Friend” (Noel Redding no Baixo e Mitch Mitchell na Bateria) que pertence às primeiras sessões de gravação de Electric Ladyland. Todo o restante material foi gravado com Billy Cox no Baixo e Mitch Mitchell na Bateria, a última formação que gravou e tocou com Hendrix.
A curta aparição de Jimi Hendrix no universo mexeu redondamente com os cânones da música popular e acabou por abriu novos e inventivos caminhos para a progressão de um estilo que ainda hoje reconhece o contributo Hendrixiano como fulcral para a evolução do género e da forma de utilizar uma Guitarra Elétrica. The Cry Of Love fica como testemunho dos últimos dias de um génio que provavelmente ainda teria muito para dar…

domingo, 25 de novembro de 2012

Rainbow Bridge - JIMI HENDRIX

1  Dolly Dagger 4:45
2 Earth Blues 4:20
3 Pali Gap 5:06
4 Room Full of Mirrors 3:18
5 The Star Spangled Banner (Francis S.Key/John S.Smith) 4:07
6 Look Over Yonder 3:24
7 Hear My Train a Comin' 11:08
8 Hey Baby (New Rising Sun) 6:01

O registo “Rainbow Bridge”, editado em 1971, foi o segundo álbum póstumo a recolher material inédito em que Jimi Hendrix estaria a trabalhar, à data da sua morte, para a edição de um novo álbum, um Lp duplo ao que parece. Uma vez que uma grande parte do material gravado já tinha sido editado anteriormente em “The Cry Of Love”, o primeiro álbum póstumo e com o mesmo propósito, foram ainda adicionados em “Raibow Bridge” temas de sessões anteriores e até uma faixa captada ao vivo.
Os estimulantes “Dolly Dagger”, “Earth Blues”, um piscar de olho a Carlos Santana no instrumental “Pali Gap” e uma possível obra-prima, inacabada, intitulada “Hey Baby (New Rising Sun)” são os temas que fazem parte das últimas gravações feitas por Hendrix. Das restantes; o psicadélico “Room Full Of Mirrors” foi gravado em Novembro de 1969 numa sessão com a formação Band Of Gypsys, a famosa adaptação de “Star Spangled Banner” (o hino Norte-Americano) foi gravada em estúdio por Hendrix em Março de 1969, tema em que ele faz sozinho todas as partes de Guitarra que se ouvem no tema, “Look Over Yonder” é uma peça “perdida” da Jimi Hendrix Experience e “Hear My Train Comin’” foi captado ao vivo em Maio de 1970, num momento que volta a demonstrar como Hendrix era explosivo e intenso em palco. A formação que mais aparece nesta edição é constituída por Billy Cox no Baixo e Mitch Mitchell na Bateria, que foi a última formação conhecida de Hendrix, com exceção para “Room Full Of Mirrors” em que está Buddy Miles na Bateria e em “Look Over Yonder” está a formação Experience com Noel Redding no Baixo e Mitch Mitchell na Bateria. O percussionista Juma Edwards participa em “Pali Gap” e “Hey Baby”, em “Earth Blues” há um coro das Ronettes.
Apesar de ser uma edição de pesquisa e recolha do legado de Jimi Hendrix encontram-se em “Rainbow Bridge” momentos únicos que enriquecem ainda mais a curta carreira do malogrado Guitarrista Americano. As gravações tem boa qualidade sonora e indiciam que Hendrix continuava empenhado em descobrir novos caminhos.
O título deste album sugere uma banda sonora, que terá a ver com o Concerto Maui’s Rainbow Concert, mas de facto a edição visa simplesmente a recolha de peças que Jimi Hendrix deixou gravadas e nunca chegaram a ser editadas.

domingo, 18 de novembro de 2012

Band Of Gypsys - JIMI HENDRIX

1 Who Knows 9:32
2 Machine Gun 12:33
3 Changes (B.Miles) 5:10
4 Power to Love  6:53
5 Message to Love 5:22
6 We Gotta Live Together (B.Miles) 5:46

Editado originalmente em 1970, como forma de cumprir compromissos com a editora Capitol, o album “Band Of Gypsys” é o único registo ao vivo da discografia oficial de Jimi Hendrix e apresentava simultaneamente a nova banda com Billy Cox no Baixo e Buddy Miles na Bateria e Voz, denominada precisamente como Band Of Gypsys. A captação do album foi feita no último dia do ano de 1969 e no primeiro dia do ano de 1970, em quatro espetáculos que a banda deu no Fillmore East em Nova Iorque dos quais se escolheram os seis temas que compõem a edição.
Consegue-se perceber neste álbum, com alguma evidência, que Hendrix está no seu ambiente pois, enquanto enclausurado em estúdio explorava as máquinas procurando tirar o maior partido de todos aqueles “brinquedos” que lhe proporcionavam novos e inventivos sons, solto no palco Jimi explorava o espaço e o tempo de uma forma que a unidade Guitarra-Alma expandia-se num desempenho transcendental, assim como espontâneo e muito natural. “Band Of Gypsys” dá-nos o privilégio de podermos desfrutar de uma grande, e concentrada, atuação de Jimi Hendrix perto do limiar da sua curta vida.
Sendo Hendrix de facto a figura preponderante deste Power Trio, tal como na Experience os restantes elementos são também eles de importância vital para o resultado final da obra. Billy Cox no Baixo mostra-se bastante seguro e perfeitamente capaz de suportar o peso da estatura do líder e Buddy Miles, apesar de escondido atrás da Bateria, é uma figura muito dinâmica, muito presente e bastante ativa ao longo de todo o espetáculo, seja nas vozes secundárias ou até como Vocalista principal em “Changes”. Buddy Miles é tambem o autor dos temas “Changes” e “We Gotta Live Together”. O repertório aqui apresentado é todo novo, se bem que ao longo dos espetáculos houve interpretações de temas mais antigos, de forma a mostrar a separação entre a Experience e a banda nova. Dos seis temas inéditos aqui apresentados destaca-se “Machine Gun” pela temática e pelo inventivo solo de Hendrix que voltava a quebrar as barreiras. O resto do material é Rock de excelência, muito intenso seja através dos Power Riffs ou através da firmeza do Trio numa performance bastante coesa e inteligente, exceção para o Funky final de “We Gotta Live Together”. Sem dúvida um dos melhores álbuns de Rock já captados ao vivo.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Axis Bold As Love - JIMI HENDRIX EXPERIENCE

1 EXP 1:55
2 Up from the Skies 2:55
3 Spanish Castle Magic 3:00
4 Wait Until Tomorrow 3:00
5 Ain't No Telling 1:46
6 Little Wing 2:24
7 If 6 Was 9 5:32
8 You Got Me Floatin' 2:45
9 Castles Made of Sand 2:46
10 She's so Fine (J.Hendrix/N.Redding) 2:37
11 One Rainy Wish 3:40
12 Little Miss Lover 2:20
13 Bold as Love 4:09

Já muitas vezes se comparou o aparecimento de Jimi Hendrix na Londres de 1966 como se um alienígena ali tivesse aterrado e deixado todos perplexos pela sua extravagância e atitude musical, o que até se viria a refletir em muitos outros nos anos posteriores. É pois através da satirização alienígena de Hendrix, impregnada de rotundos efeitos e o manuseamento de algum feedback , que “EXP” nos introduz de forma alienada em “Axis Bold As Love, o segundo registo oficial da Jimi Hendrix Experience, editado em menos de um ano após a edição original de “Are You Experienced?”. Desta forma o Power Trio de Hendrix estreava-se então em 1967 não com um mas dois álbuns de originais.
“Axis Bold As Love” permanece intenso, psicadélico e experimental mas cedo se percebe ser um álbum mais meditado e menos espontâneo, que não se interprete isto num mau sentido antes pelo contrário. Hendrix permanece poderoso e viril em “Spanish Castle Magic” e “Little Miss Lover”, está totalmente arrojado em “If 6 Was 9”, talentoso em “Little Wing”, dinâmico em “One Rainy Wish”, mas mais Soul em “Wait Until Tomorrow” e mais Funky em “Ain’t No Telling” e “You Got Me Floatin’”. O groove consciente de “Up From The Skies” cheira a Jazz e no final do audaz Blues “If 6 Was 9” Hendrix dá-nos ainda um pouco de Free Jazz através de uma hábil Flauta libertina. Em “She’s So Fine”, o único momento do álbum que se enquadra perfeitamente na atmosfera Hippie da altura, Hendrix partilha os créditos de composição com o Baixista Noel Redding que dá simultaneamente voz ao tema, e no final de “Bold As Love” Hendrix dá-nos ainda um Solo de Guitarra daqueles que nos enchem a alma. “Axis Bold As Love” resulta assim num álbum muito completo, capaz de nos transportar por diversos e intensos momentos de deleite, em que mais uma vez a portentosa secção rítmica, composta por Noel Redding no Baixo e Mitch Mitchell na Bateria, tem um papel preponderante e influente no resultado final deste registo.

domingo, 28 de outubro de 2012

Are You Experienced? (US Version) - JIMI HENDRIX EXPERIENCE


1 Purple Haze 2:50
2 Manic Depression 3:42
3 Hey Joe (B.Roberts/D.Valenti) 3:30
4 Love or Confusion 3:12
5 May This Be Love 3:10
6 I Don't Live Today 3:54
7 The Wind Cries Mary 3:20
8 Fire 2:43
9 Third Stone from the Sun 6:44
10 Foxy Lady 3:18
11 Are You Experienced? 4:16

Obscurecido na primeira metade dos anos sessenta como Guitarrista secundário nos grupos de Little Richard, King Curtis e com os Isley Brothers, Jimi Hendrix só viria a ser realmente conhecido em finais da mesma década e após ter sido descoberto nos EUA por Chas Chandler, Ex-Baixista dos Animals, que procurava então começar uma carreira de manager de artistas e viu em Hendrix a oportunidade ideal para o fazer convencendo-o a ir para Londres, onde aterrou em Setembro de 1966, e arranjou-lhe banda e estúdio. O power Trio de Hendrix chamou-se Experience e era composto por Mitch Mitchell na Bateria e Noel Redding no Baixo, uma poderosa secção rítmica que muito ajudou Hendrix nos meandros do psicadelismo e loucas experimentações, uma reflexão da época liberal que então se vivia na cidade de Londres no mítico ano de 1967, de que “Third Stone From The Sun” é um “caótico” exemplo. “Love Or Confusion” também consegue refletir o espírito psicadélico da época mas é um pouco mais Flower Power. Lançado então em 1967 “Are You Experienced?” viria a ser o álbum que iniciava a, infelizmente curta, carreira de Jimi Hendrix.
Livre de preconceitos e apenas com vontade de tocar, Hendrix, que era um músico muito expressivo, explorava a sua Guitarra de forma a extrair novos sons e usando novas técnicas e uma nova abordagem de interpretação musical que começava por se distanciar de algum convencionalismo. A entusiástica exploração de efeitos em estúdio foi uma das vertentes utilizadas e sente-se neste album em momentos como as vozes Off de “Purple Haze”, os Delays e as panorâmicas de “May This Be Love”, o Feedback em “I Don’t Live Today” e no solo de Guitarra invertido em “Are You Experienced?”, mas o expoente do álbum encontra-se no arrojado instrumental de “Third Stone From The Sun”. Para além de toda a parafernália Hendrix revelou-se ainda um compositor diversificado capaz do Rock mais possante de “Purple Haze”, “Manic Depression”, “I Don’t Live Today”, “Fire” e “Foxy Lady”, capaz da etérea versão de “Hey Joe”, de ser volúvel em “May This Be Love” e baladeiro em “Wind Cries Mary”, e um experimentalista em “Third Stone From The Sun” e “Are You Experienced?”
O álbum conheceu duas edições diferentes, uma para o Reino Unido e outra posterior para os EUA. A que aqui se apresenta é a Americana. A principal diferença entre as duas edições é que a Americana contêm os três singles, “Hey Joe”, “Purple Haze”, e “The Wind Cries Mary”, lançados no Reino Unido antes da edição do album.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

KEITH JARRETT At The Blue Note - The Complete Recordings - CD VI

Cd 06
1  Time After Time (S.Cahn/J.Styne) 12:36
2 For Heaven's Sake (E.Bretton/D.Meyer/S.Edwards & Donald Meyer) 11:02
3 Partners 8:56
4 Desert Sun 28:32
5 How About You? (R.Freed/B.Lane) 7:11

Eis o último cd da sêxtupla edição captada integralmente ao vivo em 1994 durante três noites no conhecido clube Nova Iorquino, Blue Note. Em súmula resta confirmar o que foi exposto nos cinco Cds anteriores; Keith Jarrett para além de virtuoso é um músico bastante emotivo que se entrega de corpo e alma às suas atuações gerando performances espontâneas, fisicamente expressivas e musicalmente perfeitas. Gary Peacock é outro músico extraordinário, dono de uma harmonia admirável, que por vezes consegue rivalizar com Keith Jarrett nos Solos. Jack de Johnette completa o Trio sendo um elemento dinâmico e muito criativo que tem como missão conduzir e sustentar o ritmo desta experiente formação. A clareza deste Trio impressiona pela sua integridade e firmeza o que torna esta formação num dos maiores Trios de Jazz que a história já conheceu. Há ainda a salientar o vasto repertório de Standards que a banda percorreu nas três noites repetindo apenas três temas no total, e desses três dois, “No Lonely Nights” e “Partners”, são originais de Keith Jarrett.
É com as bonitas melodias de “Time After Time” e “For Heaven’s Sake” que arranca este Cd, duas interpretações proporcionais em dedicação e alma pela coesão do Trio. Gary Peacock tem inclusive um encantador Solo no segundo tema. “Partners” e “Desert Sun” são duas peças escritas por Keith Jarrett inseridas num repertório preenchido por Standards; e se o Jazz fluído de “Partners” entra bem no enquadramento da sessão a contemporaneidade de “Desert Sun” confere-lhe o estatuto da peça mais arrojada das três noites. Por fim o simpatiquíssimo “How About You?” encerra as hostes com caráter e boa disposição.

domingo, 14 de outubro de 2012

KEITH JARRETT At The Blue Note: The Complete Recordings - CD V


Cd 05
1 On Green Dolphin Street/Joy Ride (B.Kaper/N.Washington) 21:07
2 My Romance (L.Hart/R.Rodgers) 9:40
3 Don't Ever Leave Me (O.Hammerstein II/J.Kern) 5:08
4 You'd Be So Nice to Come Home To (C.Porter) 6:58
5 La Valse Bleue (R.Wilbur) 7:03
6 No Lonely Nights 6:21
7 Straight, No Chaser (T.Monk) 6:13

Ao quinto Cd continua a ser notório e indiscutível o elevado nível de qualidade do Trio de Standards de Keith Jarrett. Neste Cd encontram-se mais seis Standards, e um original, reinventados em distintas interpretações por um Trio de músicos que desenvolve o tempo de performance duma forma espontaneamente aberta e sincera quão simples parece ser para estes homens o facto de executarem os seus instrumentos com excelência, plena harmonia, dedicação e de forma tão satisfatória.
A abordagem inicial com “On Green Dolphin Street/Joy Ride” cedo sugere uma nova perspetiva do tema em mais um momento em que o Trio se alonga para lá dos limites acabando por entrar em ritmo de dança denotando uma evidente boa disposição e deixando desde logo a sala rendida ao seu encanto. Em “My Romance” encontramos Keith Jarrett concentrado para um tema íntegro e sentimental mas que acaba por se soltar mais perto do final. Temos uma modesta interpretação de “Don’t Ever Leave Me” que contrasta com um incansável “You’d Be So Nice To Come Home To” pleno de energia e requinte, e depois vem “La Valse Bleue” que soa comedida. “No Lonely Nights”, uma peça original de Keith Jarrett, é um dos poucos temas que volta a aparecer no alinhamento dos Gigs e que volta a demonstrar um bom enquadramento no meio da vasta lista de clássicos apresentada nas três noites captadas por esta edição. Para fechar em grande estilo o Cd numero 5 da caixa, uma rápida e intensa interpretação de “Straight No Chaser”.

domingo, 7 de outubro de 2012

KEITH JARRETT At The Blue Note: The Complete Recordings - CD IV

Cd 04
1 How Deep Is the Ocean? (I.Berlin) 11:25
2 Close Your Eyes (B.Petkere) 9:27
3 Imagination (J.Burke/J.Van Heusen) 8:44
4 I'll Close My Eyes (B.Kaye/ B.Reid) 10:11
5 I Fall in Love Too Easily/The Fire Within (S.Cahn/K.Jarrett/J.Styne) 27:08
6 Things Ain't What They Used to Be (M.Ellington/T.Persons) 8:58

A proeminência deste Trio reside na salubridade com que se consegue manter unido há alguns anos e com bastantes atuações por todo o Globo. A confiança alicerçada destes homens, a sua capacidade de execução e de improviso, garantem a certeza de um momento bem passado tal como se encontra bem refletido neste quarto Cd, de uma edição sêxtupla captada ao vivo em três noites. Keith Jarrett, ao Piano, é o elemento de destaque quer pelo seu virtuosismo quer pelo seu evidente entusiasmo e à vontade com que encara o seu instrumento. A sua entrega à execução é de tal forma intensa que nunca se sabe ao certo que rumo pode tomar cada um dos seus concertos, seja isso um bom ou um mau indício. Gary Peacock no Contra-Baixo é um pilar de força extrema que nos inebria com a sua melodiosa linha de Baixo e Jack de Johnette é incansável nos seus variados ritmos.
É de novo com atitude que o Trio começa mais um Cd. A sólida interpretação de “How Deep Is The Ocean” deixa antever uma boa sessão o que se comprova logo de seguida pelo balanço empregue a “Close Your Eyes” até que em “Imagination” acalma-se o ambiente. O rico “fraseado” de “I’ll Close My Eyes” volta a despertar o Swing e daqui passamos ao momento mágico dos 24:30’ de “I Fall In Love Too Easily/The Fire Within”. A lenta introdução da balada começa a crescer de intensidade após o Solo de Gary Peacock e o ambiente muda religiosamente apoiado num sentido rítmico algo minimalista em que o tema progride tal como um conhecido Bolero, mas aqui só existem três executantes e a peça não finaliza no seu auge. De novo como encore “Things Ain’t What They Used To Be” volta a encerrar a sessão mas desta vez numa forma mais liberal.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

KEITH JARRETT At The Blue Note: The Complete Recordings - CD III

                                                       Cd 03
1 Autumn Leaves (J.Kosma/J.Mercer/J.Prévert) 26:43
2 Days of Wine and Roses (H.Mancini/J.Mercer) 11:30
3 Bop-Be 6:18
4 You Don't Know What Love Is/Muezzi (G.DePaul/K.Jarrett/D.Raye) 20:31
5 When I Fall in Love (E.Heyman/V.Young) 5:42

Para abrir o terceiro Cd nada melhor que a elegante e intensa interpretação de “Autumn Leaves” que dura 26.43’. Keith Jarrett inicia o tema de uma forma discreta mas a partir do regular Solo de Gary Peacock o Trio evolui para uma autêntica Jam. O tema torna-se excitante e suspende o ouvinte que tenta perceber que caminho esta interpretação pode tomar mas o ideal mesmo é juntar-se à Jam e deixar-se levar pela onda. Segue-se a agradável serenidade de “Days Of Wine And Roses” que acaba por se desassossegar mas volta a aquietar para o final. “Bop-Be” é outra distinta e irrequieta composição original de Keith Jarrett, ao estilo Be-Bop e com o sugestivo título invertido. O momento de “You Don’t Know What Love Is / Muezzi” é expansivo pela combinação de dois momentos em que a peculiar perfomance de Jack de Johnette se ajusta num enquadramento onde a percussão acaba por se tornar fundamental no suporte da segunda parte desta interpretação. Por fim “When I Fall In Love” encerra em modo de encore num momento suave e relaxado.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

KEITH JARRETT At The Blue Note: The Complete Recordings - CD II


Cd 02
1 I'm Old Fashioned (J.Kern/J.Mercer) 10:36
2 Everything Happens to Me (T.Adair/M.Dennis) 11:49
3 If I Were a Bell (F.Loesser) 11:26
4 In the Wee Small Hours of the Morning (B.Hilliard/D.Mann) 8:45
5 Oleo (S.Rollins) 8:03
6 Alone Together (H.Dietz/A.Schwartz) 11:20
7 Skylark (H.Carmichael/J.Mercer) 6:36
8 Things Ain't What They Used to Be (M.Ellington/T.Persons) 7:53

No segundo de seis Cds desta edição sente-se o virtuosismo de Keith Jarrett aliado à forte presença de Gary Peacock ambos secundados por um compassado Jack de Johnette, indícios de um Trio cuja cumplicidade vai sendo evidente na naturalidade com que os temas são interpretados e no modo coeso como a sessão se vai prolongando. O ambiente conseguido é bastante rico em harmonias apesar da quantidade de notas debitadas e momentos que se estendem para lá do tolerável, perfeitamente aceitável tal é a envolvência dos músicos.
Com Keith Jarrett a arrancar sempre as introduções, “I’m Old Fashioned” inicia o segundo Cd noutro bom momento em que o Solo de Gary Peacock se volta a destacar e Jack de Johnette, que neste segundo Cd parece andar mais à vontade, tem direito a solo com frases curtas. A bonita balada “Everything Happens To Me” é mais uma ocasião de destaque pela cristalina interpretação de Keith Jarrett e um sensibilizado Solo de Gary Peacock. Em “If I Were A Bell” parece haver um despertar, estimulado por um tema com swing, em que o Trio “brinca”, praticamente, com as notas sendo inclusive o momento até aqui em que Jack de Johnette mais se manifesta. “In The Wee Small Hours Of The Morning” é uma peça bastante calma que acaba por funcionar como momento refletivo. No ritmado “Oleo” sugere-se um momento dançável com Jack de Johnette em evidência, no Solo. “Alone Together” é uma daquelas peças que permitem explorar o tema e nesse aspeto Keith Jarrett não se faz rogado. A melodia de “Skylark” é das mais conhecidas e rivaliza neste Cd com a interpretação cristalina de “Everything Happens To Me”. A fechar, a vividez de “Things Ain’t What They Used To Be” preenche o final da sessão de forma alegre e descontraída.

domingo, 9 de setembro de 2012

KEITH JARRETT At The Blue Note: The Complete Recordings - CD I

Cd 01
1 In Your Own Sweet Way (D.Brubeck) 17:59
2 How Long Has This Been Going On? (G.Gershwin) 9:09
3 While We're Young (A.Wilder) 11:01
4 Partners 8:28
5 No Lonely Nights 7:16
6 Now's the Time (C.Parker) 8:30
7 Lament (J.J.Johnson) 7:09

Esta edição de seis cds, apresentada em caixa, centra-se basicamente em três noites captadas integralmente em Junho de 1994 em que o famoso Trio de Standards de Keith Jarrett, composto com Gary Peacock no Contrabaixo e Jack de Johnette na Bateria, deliciou mais uma vez as audiências com o seu Jazz consciente que tem tanto de evidente como de natural, tal é a fluidez deste Trio. O repertório assenta essencialmente em Standards mas Keith Jarrett acaba sempre por incluir algumas das suas peças originais.
O primeiro Cd da caixa começa com uma composição de Dave Brubeck em que Keith Jarrett faz uma curta introdução a Solo para pouco depois o Trio se juntar numa interpretação acentuada e contínua até ficar suspensa pelo solo de Gary Peaccok. De seguida surge um pequeno interregno de frases do Trio em que Jack de Johnette parece querer ganhar terreno para um solo mas o Trio volta a pegar no tema e avança decidido para um final comedido em jeito de Blues. A subtil interpretação de “How Long Has This Been Going On?” é carinhosa, solo de Gary Peacock incluído, tal como o tema de Gershwin merece. “While We’re Young” é inspirativo e a certa altura sente-se mesmo Keith Jarrett a deixar-se levar pela progressão do tema, Gary Peacock volta a ter o seu momento para o Solo, mas o tema conclui de uma forma pouco vigorosa. “Partners” é uma das peças originais de Keith Jarrett, em que se ouve o Pianista a cantar o tema, uma particularidade bastante conhecida das suas atuações. É um tema enérgico e para além do habitual solo de Gary Peacock desta vez também Jack de Johnette tem o seu momento, repartido por curtas frases. Outra peça original de Keith Jarrett aqui incluída é a balada “No Lonely Nights”, um momento bastante sereno em que Gary Peacock tem uma intervenção notável. “Now’s The Time” é um clássico de Charlie Parker que anda à volta de uma frase, ou riff, inconfundível e é propício para o momento mais descontraído desta sessão e desta vez Jack de Johnette tem mesmo direito a Solo de Bateria. A terminar o primeiro Cd desta edição está outra peça calma, “Lament” de J.J.Johnson. Assente numa melodia simples com Gary Peacock sempre presente e Jack de Johnette a utilizar só os Pratos da Bateria.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Adventures In Modern Recording - THE BUGGLES


1 Adventures In Modern Recording 3:44
2 Beatnik 3:38
3 Vermillion Sands 6:47
4 I Am A Camera 4:53
5 On TV 2:49
6 Inner City 3:20
7 Lenny 3:14
8 Rainbow Warrior 5:19
9 Adventures In Modern Recording (Reprise) 0:47
10 Fade Away 2:36
11 Blue Nylon 2:24
12 I Am A Camera [12" Mix] 4:14

É importante frisar que este album sucede a curta prestação de Trevor Horn e Geoff Downes como membros integrantes dos Yes em 1980, ano em que participaram na gravação e edição do registo “Drama”. A colaboração dos dois elementos dos Buggles com os Yes intrometeu-se desta forma entre o primeiro álbum, e o sucesso do single “Video Killed The Radio Star”, e a preparação da gravação do que viria a ser o segundo trabalho dos Buggles. Logo após terem abandonado os Yes, Trevor Horn e Geoff Downes voltam à preparação do segundo álbum dos Buggles mas Downes vinha com outras ideias e acaba por ter uma curta participação na gravação do mesmo partindo quase de imediato para a formação dos Asia, o Super-Grupo de Prog Rock. Como tal resta-nos Trevor Horn, e para muitos este não é o segundo álbum dos Buggles mas sim o álbum a solo de Trevor Horn, que daqui partia para uma reconhecida e influente carreira como Produtor Musical. A participação de Geoff Downes neste trabalho limita-se a três temas “Vermillion Sands”, “I Am A Camera” e “Lenny”.
“Adventures In Modern Recordings” foi editado em 1982 e é um delicioso álbum de Electro-Pop que desde cedo revela, no homónimo tema inicial, um poderoso manancial de ambição e experimentação que se vai expandindo ao longo do álbum. Impregnado de perfeitas harmonias Pop, arranjos impecáveis e Vozes muito bem dirigidas, pormenores que fazem deste album um registo modelar, “Adventures In Modern Recording” é ainda hoje um trabalho a descobrir. É bastante interessante seguir “Vermillion Sands” e perceber a sua progressão Pop que termina num Swing eletrónico ou então entender que “Rainbow Warrior” é um tema sólido enraizado no Rock Progressivo, não faltando sequer o solo de Guitarra, ou descobrir ainda a influência dos Kraftwerk em “On Tv” e deixar “Inner City” inebriar-nos com as suas harmonias étereas. No meio de tudo isto está um single de excelência que dá pelo nome de “I Am A Camera” e que já tinha sido gravado com os Yes para o álbum Drama, sob o título “Into The Lens”, alvo aqui de duas versões, a do álbum e a do Single. Nesta edição são ainda incluídos dois bónus; “Fade Away”, que parece querer parodiar “Not Fade Away” de Buddy Holly, e o interessante “Blue Nylon” que parece ter fornecido o mote para algum do som que lhe sucedeu nos anos seguintes.
Trevor Horn, o principal responsável pela elaboração deste trabalho, acumula as funções de Produção, Guitarra, Baixo e Voz não sendo por isso totalmente descabido afirmar que este é um trabalho a solo mas apesar da curta prestação de Geoff Downes é de facto um álbum dos Buggles. Horn viria de seguida a tornar-se, e com alguma rapidez, como um dos Produtores mais solicitados e respeitados nos anos 80, e não só...

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Broadway Blues & Teresa - JACO PASTORIUS - CD02

Cd 02 - Teresa
1 Track I 13:46
2 Track II 15:08
3 Track III 8:56

Subtitulado como “Teresa” o segundo Cd da sessão Alemã foca-se somente na construção da estrutura da inédita composição homónima. Estamos perante uma situação que até podia ser bastante interessante mas que começa por ser monótona e aborrecida; o “Track I” são 13:46’ de Teclado a procurar tonalidades e notas de modo que se torna muito repetitivo e enfadonho. O “track II” regista uma fase mais evoluída da composição, já com Bateria, e ouve-se Jaco a comandar a sessão escolhendo sons e dando indicações até que acaba por se juntar à festa com o seu característico som de Baixo, Bireli Lagrène também aparece nesta fase. No “TrackIII” só falta o Baixo de Pastorius que provavelmente estaria atento ao resultado da prestação dos músicos.
Bastaria o “Track II”, sem dúvida o mais interessante dos três aqui apresentados, para ficarmos satisfeitos com o acesso privilegiado ao processo de elaboração em estúdio do último tema original que Jaco Pastorius escreveu. Mesmo para os mais curiosos ou os mais fanáticos penso ser demasiado penoso estar durante trinta e oito minutos a ouvir insistentemente a mesma composição com poucas variações ou bons apontamentos de interesse. Vale como Cd Bónus de um momento, para todos os efeitos, histórico.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Broadway Blues & Teresa - JACO PASTORIUS - CD01

Cd 01 - BROADWAY BLUES
1 Bluma (B.Lagrène) 3:15
2 Reza (J.Pastorius) 6:55
3 Broadway Blues (O.Coleman) 12:54
4 Teresa (J.Pastorius) 5:36
5 Jaco Reggae (J.Jankeje) 10:45
6 Chicken (A.J.Ellis) 5:47
7Medley (Pastorius/Lagrene/Jankeje)
  Donna Lee (C.Parker) 8:17
8 Berga (B.Lagrène) 4:05
9 Days of Wine and Roses (H.Mancini) 6:27

Antes de mais há que perceber que este Cd, editado em finais dos anos noventa, não é uma edição oficial e não faz portanto parte da discografia do incrível Jaco Pastorius. Não deixa, no entanto, de ser um documento bastante interessante pois é um registo de estúdio, captado em 1986 na Alemanha, numa fase em que já poucos acreditavam que Jaco Pastorius pudesse voltar a ser o ícone que tinha sido alguns anos antes, nomeadamente como membro dos Weather Report. A poucos dias de partir em digressão para Itália, com o Guitarrista Bireli Lagrène, Pastorius e Lagrène foram a estúdio, tendo o Baterista Peter Lubke como terceiro elemento desta sessão, e gravaram esta sessão com microfones abertos de forma a que tudo ficasse registado ao jeito de uma Jam Session. Este Cd dá-nos o resultado dessa sessão sem qualquer tratamento, Jaco gosta de ir falando ao longo da sessão dando dicas ou explicando a construção dos temas e alguns momentos de puro improviso do Trio vão surgindo espontaneamente, tudo muito real. Este registo tem pois um grande valor documental.
O primeiro Cd arranca com “Bluma” que é simplesmente o momento em que a sessão começa, afinações e Jaco a pedir microfone aberto para poder ir falando ao longo da sessão enquanto Lagrène pega em “Eruption” de Van Halen e um Pastorius entusiasmado diz logo “That's the shit right there - Eddie Van Halen. Turn it up!". “Reza” é assim o primeiro tema que o Trio agarra, e de forma bastante enérgica. “Broadway Blues” demonstra como Pastorius estava em perfeita sintonia com Lagrène e que nesta altura estava mesmo em boa forma, perto do final do tema Pastorius não consegue evitar um cheirinho de distorção, uma passagem pelo Riff de “River People” do Weather Report e até consegue finalizar com as notas de “The Sound Of Music”. “Teresa” pertence a outra sessão de gravação e é um inédito, escrito por Pastorius enquanto esteve internado. A primeira metade de “Jaco Reggae” regista o Trio a adaptar-se ao tema até arrancar de vez com este interessante Reggae de Jan Jankeje. O emblemático “Chicken” continua a ser um dos momentos altos, seja qual for a sessão. “Medley” é momento de groove que culmina com “Donna Lee”. “Berga” é um simpático tema de Lagrène. A fechar está a balada “The Days Of Wine And Roses” de H.Mancini, um tema que Jaco Pastorius já manifestara anteriormente vontade de gravar.
Um bom documento para os mais curiosos ou fãs acérrimos de Pastorius e com boa qualidade de som. Esta sessão também é conhecida como Stuggart Aria.

sábado, 11 de agosto de 2012

Wicked Game - CHRIS ISAAK

Side A
1 Wicked Game 4:49
2 You Owe Me Some Kind of Love 3:53
3 Blue Spanish Sky 3:58
4 Heart Shaped World 3:28
5 Heart Full of Soul (G.Gouldman) 3:20
6 Funeral in the Rain 3:22
Side B
1 Blue Hotel 3:13
2 Dancin' 3:45
3 Nothing's Changed 4:07
4 Voodoo 2:42
5 Lie to Me 4:15
6 Wicked Game (Instrumental) 4:47

Aproveitando de forma estratégica o “sucesso” da versão instrumental de “Wicked Game” como banda Sonora do filme “Wild At Heart” de David Lynch em 1990, foi editada no ano seguinte esta compilação centrada nos primeiros três trabalhos originais de Chris Isaak. Portador de uma sonoridade de época, com os anos 50/60 como referência e tendo o Country-Rock, o Surf-Rock, e o Rockabilly como os géneros adaptados, Chris Isaak consegue aparecer na segunda metade da década de oitenta com as suas Guitarras reverberadas e uma voz máscula e doce, algures entre Elvis Presley e Roy Orbison, e consegue inclusive algum reconhecimento mas o sucesso ainda estava para vir. É nesta parte da história que surge então este Lp.
Tendo o mesmo título do single “Wicked Game” e incluindo duas versões do mesmo, a versão instrumental é a do filme, resume-se nesta coletânea o início da carreira de Chris Isaak. Do primeiro álbum, “Silvertone” em 1985, recolheu-se “Dancin’”, “Voodoo” e “Funeral In The Rain”, destacando-se entre estas três escolhas o ritmo dominador de “Voodoo”. Do álbum “Chris Isaak” de 1986 vem uma colheita de luxo encabeçada por “Blue Hotel” e uma versão muito bem conseguida de “Heart Full Of Soul”, um clássico tema dos Yardbirds, a que se juntam o aguerrido “You Owe Me Some Kind Of Love” e “Lie To Me”. “Heart Shaped World” de 1989 é o responsável por “Wicked Game”, “Nothing’s Changed”, “Heart Shaped World” e “Blue Spanish Sky”, este último, tambem incluido na banda Sonora de “Wild At Heart”, contêm alguma influência Mariachi.
Este álbum é uma boa introdução à primeira fase da carreira de Chris Isaak onde um sugestivo deserto, com o seu ar quente e libertino soprado nas notas fluídas das Guitarras carregadas de efeitos Reverb e Tremolo apoiadas por um simples quarteto, sustenta as sedutoras melodias da costa Oeste Norte-Americana.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Trovante ao Vivo no Campo Pequeno - TROVANTE - LP02


Lado A
1 Fizeram os Dias Assim 3:14
2 Fiz-me à Cidade 8:41
3 Saudade 6:13
Lado B
1 Memórias de Um Beijo 5:00
2 125 Azul 5:50
3 Terra à Vista 6:44

O segundo disco desta dupla edição em vinil tem o papel da apoteose, por norma os momentos mais intensos do concerto. É a altura em que o público espera pelas músicas mais conhecidas para participar efusivamente no espetáculo, num evento em que o público se manteve participativo do princípio ao fim, e é de facto com a audiência conquistada que os Trovante chegam ao final da sua prestação no Campo Pequeno em Setembro de 1988.
Depois de mais uma visita a “Sepes”, com “Fizeram Os Dias Assim”, João Gil chega-se à frente com “Fiz-me à Cidade”, uma tentativa de Rock nada habitual para a banda, em que é aproveitado o balanço rítmico para se concluir o momento com um solo de Bateria de José Salgueiro. Segue-se de imediato a interpretação de “Saudade” que é grande e autêntica. O trio de convidados, Jorge Reis, Edgar Caramelo e Tomás Pimentel volta aqui a aparecer destacado, desta vez como solistas, e Luís Represas até comete uma pequena gaffe, imediatamente corrigida, ao apresentar Jorge Reis em Sax-Tenor em vez de Sax-Alto. Há ainda tempo para mais uma balada com “Memórias de Um Beijo” e para uma multidão entusiasmada segue-se “125 Azul”, o Hit da banda na altura, acompanhado por palmas do princípio ao fim. “Terra à Vista” fecha a noite de forma patriótica em jeito de ode à nação.
À data este era o único registo editado ao vivo da banda e acaba por servir de testemunho da fase final da banda. Apesar de se sentir a entrega dos músicos os Trovante eram por esta altura uma banda bastante diferente do conceito inicial, agora com ideias musicais e diferentes ambições a dividirem o seio do grupo. Fica, mesmo assim, registado para a posterioridade como um dos momentos altos da carreira dos Trovante.

domingo, 5 de agosto de 2012

Trovante ao Vivo no Campo Pequeno - TROVANTE - LP01


Lado A
1 O Viandante 4:05
2 Esplanada 4:00
3 Noites de Verão 4:05
4 Fim 5:10
Lado B
1 Um Caso Mais 3:24
2 Outra Margem 2:09
3 Perdidamente 4:22
4 Bye Bye Blackout 4:32

Ao boom do rock em Portugal, na aurora da década de 80, sucedeu no final dessa mesma década a gravação de duplos álbuns ao vivo pelos que conseguiram superar uma época em que se crescia aos poucos em Portugal. Havia muitas novidades e tentava-se alcançar os níveis de uma Europa já bastante adiantada em relação a nós. Na cultura havia grandes lacunas e a música era uma delas, os concertos ao vivo, de bandas nacionais, iam progredindo lentamente e a sua assistência ia evoluindo assim como as condições de trabalho para os músicos. Dos concertos para coletividades em cima de carrinhas de caixa aberta, aos palcos de Eucalipto nas festas, poucos terão tido oportunidade de pisar o palco de um Cine-Teatro, para não falar de uma Aula Magna ou de um Coliseu. Depois havia também a questão dos paupérrimos sistemas de som, ainda não se usava P.A., e acima de tudo ter público suficiente para assistir a um concerto de Pop/Rock. Isto tudo só para lembrar que a partir da segunda metade da dita década as coisas começaram de facto a mudar, e os Trovante por acaso até já tinham feito anteriormente uma Aula Magna e um Coliseu de Lisboa.
Em Setembro de 1988 os Trovante levaram oito mil pessoas ao Campo Pequeno, num concerto com grande aparato multimédia, gravação Audio e Video, que encerrava a digressão do bem sucedido álbum “Terra Firme”. Já um pouco distanciados do som mais popular dos inícios de carreira os Trovante eram por esta altura uma banda muito segura em palco, com sucesso comercial, agora assente numa sonoridade mais Pop/Rock com alguma influência Jazz e um pouco de sonoridade Latina. O repertório presente neste duplo Lp assenta quase integralmente em “Terra Firme” e no trabalho anterior “Sepes”, havendo neste primeiro disco a presença de um saudoso “Outra Margem” e de uma visita ao Lp “84” com “Esplanada”. Registe-se neste primeiro disco; o modesto arranque de “O Viandante”, o proporcionado momento de dança com “Noites de Verão” em que os três convidados especiais, Jorge Reis no Sax-Alto, Tomás Pimentel no Trompete e Edgar Caramelo no Sax-Tenor, se evidenciam a par do solo de Sax-Soprano de Artur Costa, “Perdidamente” é o momento alto de Luís Represas e o primeiro disco encerra com o ligeiro Swing de “Bye Bye Blackout”.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Animals - PINK FLOYD

Side A
1 Pigs on the Wing 1 1:23
2 Dogs 17:00
Side B
1 Pigs (Three Different Ones) 11:22
2 Sheep 10:18
3 Pigs on the Wing 2 1:23

Em 1977, para além da explosão do Punk, acentuava-se a tensão entre os egos Waters / Gilmour, sendo Waters quem mais se ressentia perante a descontraída passividade de Gilmour. Não admira por isso que todos os temas de Animals, com exceção de “Dogs”, sejam assinados somente por Roger Waters, que assim começava a assumir de vez a liderança da banda. É sob esta posição que Roger Waters avança de forma firme para Animals inspirando-se na obra literária de George Orwell "O Triunfo dos Porcos" para criar um álbum conceptual sob uma égide sombria e uma atmosfera pesada. Não sendo um trabalho harmonioso e envolvente como os Pink Floyd tinham criado até aqui não deixa de ser um dos seus trabalhos mais bem conseguidos e David Gilmour até consegue neste album uma das suas melhores prestações, se não mesmo a melhor, em todos os registos da banda. David Gilmour compensa de forma categórica o facto de estar de fora do trabalho de composição, a sua sonoridade nunca foi tão forte, tão suja e ao mesmo tempo tão impressionável como aqui, ouça-se a sensual utilização de uma Talk-Box em “Pigs”. E se Nick Mason nos aparece igual a ele próprio na Bateria é o Teclista Rick Wright o elemento mais deslocado do seu habitual. Sente-se a presença de Rick Wright no álbum mas é no momento de respiração em “Dogs” e na sua fundamental presença em “Sheep” que mais se ouve o seu registo habitual.
Longos temas, exceção para o minuto e pouco de “Pigs on The Wing” que abre e fecha o registo, sendo “Sheep” com os seus 10’ o tema mais curto, percebendo-se logo aqui que este não é um álbum para as massas, é inclusive no final da digressão deste álbum, num concerto em Montreal, Canadá, que Waters cospe literalmente a sua frustração, de não ser ouvido, na cara de um fã.
Problemas à parte, “Animals” é uma presença muito forte no catálogo da banda quer pela sua diferença quer pelo resultado final, um álbum muito denso e que apesar das divergências consegue ser coeso e brilhante.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Cantando Histórias - IVAN LINS



1 Abre Alas 4:40
2 Guarde Nos Olhos 4:27
3 Dinorah, Dinorah 3:46
4 O Tempo Me Guardou Você 3:31
5 Desesperar, Jamais 4:47
6 Aos Nossos Filhos/Cartomante 7:44
7 Bilhete 4:41
8 Porta Entreaberta 4:13
9 Vitoriosa 4:53
10 Vieste/Iluminados 5:49
11 Ai, Ai, Ai, Ai, Ai 6:35
12 Começar de Novo 4:14
13 O Amor É O Meu País 2:46
14 Madalena 4:08

Captado ao vivo em Setembro de 2004 no Café Teatro Arena – Rio de Janeiro, “Cantando Histórias” celebra trinta anos de parceria entre Ivan Lins e o letrista Vítor Martins. Para além de um álbum ao vivo que funciona como best of este é também um Cd galardoado com um Grammy, melhor album latino de 2005, o primeiro atribuído a um artista a cantar em Português. Se a tudo isto juntarmos uma carreira sólida e amplamente reconhecida, como a de Ivan Lins, só podemos estar na presença de um album com potenciais garantias de qualidade, tal como o resultado demonstra. Como Best Of será sempre um Cd discutível, pois o consenso de cada um varia na escolha dos temas, mas tendo como critério os trinta anos de parceria desta dupla essa questão é atenuada. O Cd não inclui o Show integral, o Dvd complementa essa situação, mas dá-nos o prazer de ouvir 66.22’ de boa música, executada com gosto e prazer por uma banda consistente num ambiente envolvente onde reina a contagiante boa disposição de Ivan Lins que destila alegria pelos meandros de uma assistência que demonstra, de facto, conhecer bem o trabalho de Ivan Lins. Para além de uma banda muito segura, liderada pelo Baterista Theo Lima e composta ainda por Nema Antunes no Baixo, Marco Brito em Teclados e Acordeão, Leo Amoedo na Guitarra, Zé Carlos nos Violões e no Cavaquinho, Layze Sapucahy na Percussão, este espetáculo conta tambem com a presença de três vocalistas convidados que participam em duetos com Ivan Lins; Jorge Vercilo em “Guarde Nos Olhos”, Zizi Possi em “Bilhete” e Simone em “Começar de Novo”, três convidados valiosos e bastante aplaudidos.
A consolidada carreira de Ivan Lins disponibiliza um repertório conhecido, para quem segue Ivan Lins, e este registo está repleto de peças essenciais destacando-se ainda assim momentos como, o firme arranque de “Abre Alas”, a expressiva alegria de “Dinorah, Dinorah”, a riqueza rítmica de “Desesperar Jamais”, a beleza natural de “Vitoriosa” ou a expressividade Latina de “Ai, ai, ai, ai, ai”.
É Música Popular Brasileira ao melhor nível, com laivos de Jazz e algum Pop/Rock mais adulto, muito bem condimentada por manifesta musicalidade.
Muito gostoso!

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Na Paz - FERNANDA ABREU

1 Brasileiro 4:56
2 Eu Vou Torcer 4:09
3 Zazuê 4:12
4 Bidolibido 3:24
5 Sol - Lua 3:45
6 2 Namorados 4:07
7 Padroeira Debochada 3:53
8 Vida de Rei 4:24
9 A Onça 4:02
10 Sou Brasileiro 1:50
11 Não Deixe O Samba Morrer 4:17

Em 2004 Fernanda Abreu lançou “Na Paz” e pelo estado de espírito refletido no álbum Paz parecia ser mesmo o que ela mais precisava na altura. É um Cd mais contido de Fernanda Abreu em que só a partir do meio do álbum se sente a sua libertação. Até chegar a “Padroeira Debochada” encontramos temas cuidados, de bom Groove, bastante sóbrios e airosos, onde até a introdução de uma Cítara em “Eu Vou Torcer” consegue transmitir alguma espiritualidade e harmonia ao ambiente registado. O jogo de “Bidolibido”, com passagem por “De Noite Na Cama” de Caetano Veloso, é o primeiro indício de atenção num tema bem explorado pela Voz e com um toque minimalista a que se segue a simplicidade radiante de “Sol – Lua”. É então ao chegar a “Padroeira Debochada” que se sente Fernanda Abreu soltar-se nas palavras e partir para a sequência de ataque à selva urbana com Funk nos lábios do Samba. “Vida de Rei” é a denúncia que se segue e “A Onça” cativa pelo refrão orelhudo e pela presença do Rapper Gustavo Black Alien. Um jogo de contrastes, tal como a posição de Guerrilheira Pacifista aqui assumida por Fernanda Abreu, vai-se sucedendo com Hip-Hop, Pop, Funky, MPB, e até dois bonitos Sambas no final, sendo o último deles, “Não Deixe O Samba Morrer”, um autêntico legado. É um trabalho completo e de qualidade que mesmo não sendo de referência merece pontuar como um momento de aparente tranquilidade.

domingo, 8 de julho de 2012

Kindred - STEFON HARRIS * JACKY TERRASSON

1 My Foolish Heart (N.Washington/V.Young) 3:18
2 Tank's Tune (C.Henderson) 5:54
3 Summertime (G.Gershwin/D.Heyward) 7:06
4 Déjà (B.Williams) 5:08
5 What Is This Thing Called Love? (C.Porter) 2:49
6 Titi Boom (T.Kinch) 4:43
7 John's Abbey (B.Powell) 4:05
8 Never Let Me Go (J.Livingston/R.Evans) 6:24
9 Rat Entrance (J.Terrasson) 1:28
10 Rat Race (J.Terrasson) 4:21
11 Shané (S.Harris) 6:01
12 Little Niles (J.Hendricks/R.Weston) 4:59
13 Body and Soul (F.Eyton/J.Green/E.Heyman/R.Sour) 6:08

Duas jovens promessas do Jazz com carreiras iniciadas a meio dos anos 90, o Norte-Americano Stefon Harris, Vibrafone e Marimba, e o Pianista de origem Francesa Jacky Terrasson, encontraram-se em Novembro de 1999 para uma sequência de noites ao vivo no Village Vanguard e em função do resultado positivo dessas mesmas noites acabaram por ir para estúdio gravar. As noites do Village Vanguard revelaram dois músicos que interagiram instantaneamente como se já tocassem juntos há muito tempo, no entanto era o seu primeiro encontro. Sentiu-se nessa altura alguma excitação pelo que esta dupla poderia vir a dar e o resultado foi então este Cd, “Kindred”, editado em 2001.
Kindred é assim o registo que testemunha como a dupla volta a interagir de uma forma mágica revelando-se matura, vigorosa e dinâmica, impondo um ritmo jovial a uma sessão onde predominam standards, havendo ainda espaço para duas peças originais, “Rat Race” por Jacky Terrason e “Shané” por Stefon Harris. Em formato de Quarteto são ainda secundados pelo Contra-Baixista Tarus Mateen e pelo activo Baterista Terreon Gully, que acaba por se revelar um elemento dominador. Há ainda a participação do veterano Baterista Idris Muhammad em dois temas, “My Foolish Heart” e “Never Let Me Go”, de uma forma mais comedida e experiente.
O álbum é dominado pelo diálogo constante entre Harris e Terrasson numa execução corrente a quatro mãos em que os solos são partilhados pelos dois músicos de forma imparável sempre apoiados pelo ritmo impaciente de Terreon Gully que parece querer reclamar também um lugar de destaque neste trabalho. Apesar de recheado de Standards é um trabalho vigoroso, atual e cativante pela genialidade e capacidade de improvisação da formação.

sábado, 30 de junho de 2012

Projecto XXI - ANTÓNIO ROSA * ANTÓNIO OLIVEIRA

1 Dez a Fio (Francisco Loreto) 6.12
  
   Sonata "Mari's" (Carlos Marques)
2 I Enérgico 4.04
3 II Adagio 3.48
4 III Andante e Allegro Vivo 3.11
  
   Duas Fantasias (Pedro Faria Gomes)
5 Sobre Mozart 3.35
6 Sobre Copland 2.18
  
   Plural - Fernando C. Lapa
7 I 0.56
8 II 1.01
9 III 1.08
10 IV 1.00
11 V 1.01
12 VI 0.41
13 VII 0.56

14 Serenata (Jorge Salgueiro) 3.53

     Nove Miniaturas Açorianas (Jean-François Lézé)
15 São Jorge 0.32
16 Santa Maria 0.29
17 Terceira 0.34
18 Graciosa 1.48
19 Flores 0.32
20 São Miguel 0.39
21 Faial 0.53
22 Corvo 0.26
23 Pico 1.54

O Cd Projecto XXI, editado em 2006, foi gravado por dois jovens e creditados músicos Portugueses, António Rosa no Clarinete e António Oliveira no Piano. Ambos são músicos de Orquestra, de formação Clássica obviamente, que neste trabalho aparecem como Intérpretes Solistas de um repertório “encomendado” a seis compositores contemporâneos que abrange diversificadas temáticas mas todas unidas num estilo clássico audaz e bastante emocional. A qualidade do repertório, aliado à cumplicidade dos dois músicos, resulta num trabalho de forte expressão em que a intensa interpretação do Duo ilumina sobremaneira os vários movimentos das peças aqui apresentadas.
Através de uma execução sóbria, cristalina e Exemplar, o Duo consegue prender e conduzir-nos ao longo do Cd sendo o ouvinte confrontado logo de início com um momento expansivo como a peça “Dez A Fio”, descrita pelo seu compositor, Francisco Loreto, como “o conjunto de uma sequência de 10 breves secções contrastantes.” De seguida a peça “Sonata Mari’s”, escrita por Carlos Marques, é composta por três andamentos em que no primeiro o Clarinete e o Piano interagem descontraidamente num diálogo alegre para assentarem pesadamente no grave martelar do Piano no sossego do segundo andamento. Ao terceiro andamento renasce suavemente a energia com que a peça arranca. “Duas Fantasias” são duas peças particulares de Pedro Gomes Faria tendo a primeira como inspiração o segundo andamento do quarteto de cordas KV 465 de Mozart e baseando-se a segunda numa melodia da Sinfonia nº1 de Aaron Copland. São dois momentos particularmente deliciosos. “Plural III”, autoria de Fernando C.Lapa, consiste em sete curtas peças sem qualquer relação entre elas. A sua interpretação é feita de pequenas frases tal como pequenos momentos, ou actos, distintos entre si. Em “Serenata” encontramos uma bonita melodia escrita por Jorge Salgueiro sugestiva de enamoramento. A encerrar o Cd Jean-François Lézé contribui com “Nove Miniaturas Açorianas”, peça originalmente escrita para Piano e Marimba. São nove curtas peças, inspiradas simplesmente nas ilhas Açorianas, e tal como na peça de Fernando C.Lapa a peça é composta por pequenas frases, mas mais melódicas.
Projecto XXI oferece a garantia de um momento bem passado. A interpretação límpida e talentosa do Duo e o Repertório, bastante expressivo, criam uma harmonia de requinte.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Rima - SAMUEL JERÓNIMO

1 Verso 1 [09.21]
2 Verso 2 [09.46]
3 Verso 3 [15.03]
4 Verso 4 [09.36]

Editado em 2006 Rima é um registo que soa intemporal e difícil de definir acabando por ser inclusive um álbum literário na medida em que usa o conceito de rimas cruzadas, ou perfeitas, como estética de antevisão lógica, assim como de negação dessa mesma estética na medida em que busca também alguma imprevisibilidade. Samuel Jerónimo conduz-nos literalmente ao longo de quatro peças individualizadas que acabam por se cruzar duas vezes e a Rima é conseguida pelo estilo peculiar dessas mesmas peças. Peças estas que não sendo comuns foram compostas originalmente pelo autor mas há sempre um Passado inerente que nos influencia, um Presente onde trabalhamos e um Futuro subjacente que acaba por se voltar a tornar no Presente. Confuso? Nem por isso, e para todos os efeitos Samuel Jerónimo até expõe bem o conceito no folheto que acompanha o Cd.
A infinidade de um som prolonga-se numa eternidade, ou num eco espacial, aqui limitada nos 9.21’ do Verso 1 e nos 15.03’ do Verso 2, sendo de supor que estes Versos continuam a expandir para lá dos nossos limites convencionais perdendo-se no tempo e no espaço estelar. A manipulação elástica de um ou vários sons para lá do nosso âmbito pode tornar-se, em princípio, estranha mas também numa descoberta sensorial e onírica.
O poder Litúrgico do Verso 2 e do Verso 4 é avassalador. Qual J.S.Bach renascido em pleno século XXI e partilhando o teclado do Orgão com Keith Emerson temos duas peças, ou duas Rimas, demonstrativas da força do instrumento no seu pleno, numa respiração incontrolável e de progressiva entrega rítmica. Duas peças que tem tanto de frenético como de assustador o que as torna verdadeiramente respeitáveis.
Rima é um Cd de descoberta para ser ouvido com som bem alto.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Rain Dogs - TOM WAITS


1 Singapore 2:46
2 Clap Hands 3:47
3 Cemetery Polka 1:51
4 Jockey Full of Bourbon 2:45
5 Tango Till They're Sore 2:49
6 Big Black Mariah 2:44
7 Diamonds & Gold 2:31
8 Hang Down Your Head (K.Brennan/T.Waits) 2:32
9 Time 3:55
10 Rain Dogs 2:56
11 Midtown 1:00
12 9th & Hennepin 1:58
13 Gun Street Girl 4:37
14 Union Square 2:24
15 Blind Love 4:18
16 Walking Spanish 3:05
17 Downtown Train 3:53
18 Bride of Rain Dog 1:07
19 Anywhere I Lay My Head 2:48

Rain Dogs é um daqueles álbuns que fará sempre parte da lista de discos que levaríamos connosco para uma ilha deserta no caso de só pudermos escolher alguns, não significa isto que seja o melhor trabalho de Tom Waits mas estará certamente incluído entre os seus melhores. Rain Dogs foi editado originalmente em 1985 e faz parte da trilogia iniciada em 1983 com Swordfishtrombones e concluída em 1987 com Franks Wild Years. É um álbum que nos transporta por diversas paisagens e podemos sentir o seu manancial nos ritmos, nos cheiros, nas personagens e nas suas curiosas e exóticas histórias. Tom Waits é o narrador que nos encanta e os diversos músicos que o acompanham são o nosso aconchego, executando uma diversidade de instrumentos que nos fascina. A abordagem deste trabalho é assim, para qualquer melómano, uma experiência sedutora e de deleite absoluto.
Para além de todas as maravilhas já referidas na alínea anterior há outras como: Marc Ribot, na Guitarra Elétrica, que partiu daqui para a conquista do Mundo. Atente-se na relevância do seu som ao longo da primeira metade deste registo mas essencialmente nos temas “Jockey Full of Bourbon” e “Rain Dogs”; Keith Richards, em modo de pausa na altura com os Rolling Stones, aparece-nos em “Big Black Mariah”, “Union Square” e “Blind Love”; as ambiências fantásticas de “Tango Till They’re Sore” e “Downtown Train”; a curta orgia de Metais em “Midtown”; e como não podia deixar de ser um excelente naipe de músicos que se divide ao longo deste trabalho onde podemos acrescentar os nomes de Michael Blair, Bateria e Percussões, Larry Taylor, Contrabaixo e Baixo Elétrico, Bob Funk, no Trombone, Ralph Carney, Saxofones e Clarinete, John Lurie, Sax-Alto em “Walking Spanish”, e a equipa de “Downtown Train” que é G.E.Smith, Guitarra, Mickey Curry, na Bateria, Tony Levin, no Baixo e Robert Kilgore, no Orgão.
Be a Rain Dog too…

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Burnt Weeny Sandwich - FRANK ZAPPA/MOTHERS OF INVENTION

1 WPLJ (The Four Deuces) 2:52
2 Igor's Boogie, Phase One 0:36
3 Overture to a Holiday in Berlin 1:27
4 Theme from Burnt Weeny Sandwich 4:32
5 Igor's Boogie, Phase Two 0:36
6 Holiday in Berlin, Full Blown 6:24
7 Aybe Sea 2:46
8 Little House I Used to Live In 18:41
9 Valarie (Jackie & The Starlites) 3:14

Antes de Frank Zappa se “lançar” definitivamente como artista dos mais completos que se conhece os Mothers Of Invention foram a sua base de testes onde começou por demonstrar os seus dotes de compositor genial e único. Aliados a alguma extravagância, provocação e princípios anárquicos, eram acima tudo uma banda que apenas queria fazer boa música e abanar o sistema obrigando as pessoas a pensar e agir para não se deixarem alienar por uma sociedade modelada para reagir a determinadas regras sociais. Devido à excentricidade da banda nunca foram levados muito a sério, sendo ao invés considerados mais como ameaça pública. “Burnt Weeny Sandwich” lançado originalmente em finais de 1969, como um álbum que simplesmente repesca temas não editados, vem provar a excelência de uma grande banda e de um grande líder chamado Frank Zappa.
Num trabalho onde se encontram os mais variados estilos e praticamente só com inclusão de peças instrumentais não deixa de ser interessante o facto de tanto o tema de abertura como o de encerramento serem duas peças de Doo-Wop não originais de Zappa. De resto há desde momentos mais classicistas a servirem de interlúdios, os solos inigualáveis de Frank Zappa na Guitarra Elétrica, belos momentos de Piano de Don Preston e Ian Underwood, tudo num álbum que não foi pensado de raiz mas cujo resultado é bastante bom e que tem em “The Little House I Used To Live” o momento chave deste registo. É a maior peça deste álbum com os seus 18:41 e começa com um solo de Piano de deleite para depois entrar num ritmo desenfreado através de um ablueasado e espasmódico solo de Violino de Sugar Cane Harris e culmina com uma louca improvisação de Zappa no Orgão. O tema em si não resulta de uma improvisação ao vivo como sugere o final do tema mas resulta do habitual processo de colagens que Zappa sempre gostou de fazer em fita, ainda faltavam uns tempos para o Sampler.
Burnt Weeny Sandwich é uma prova física da qualidade dos Mothers Of Invention sob a liderança de Frank Zappa. Sempre Zappa.

domingo, 3 de junho de 2012

Hoje Há Conquilhas, Amanhã Não Sabemos - BANDA DO CASACO


1 Acalanto 05.11
2 Despique 03.15
3 País: Portugal 03.20
4 Alvorada, Tio Lérias 04.54
5 Geringonça 06.00
6 Dez-Onze-Doze 05.47
7 Ont'à Noite 04.50
8 Água de Rosas 02.57

O Património Cultural Português apesar de desorganizado é rico e no que diz respeito à Música Tradicional Portuguesa sempre houve muito por onde vasculhar. Michel Giacometti fez a recolha e pesquisa nos idos anos 60/70 e registou em fita muito desse Património Sonoro perdido por aldeias remotas e lugares recônditos conservado apenas na memória, de algum ruralismo retardado, e condenado muito provavelmente ao esquecimento. A Banda do Casaco desde sempre pegou nesse reportório pátrio e adaptou e fundiu com grande mestria o género com estilos mais atuais e mais elaborados como o Rock e o Jazz.
“Hoje Há Conquilhas, Amanhã Não Sabemos” foi editado originalmente em 1977, é o terceiro registo da banda, mas ganhou contornos míticos ao longo dos anos por se terem perdido as Masters originais e daí nunca mais ter sido possível uma reedição do álbum deixando alguns dos possuidores da edição de vinil em estado de graça, isto até se chegar a 2006 e de se ter feito uma reedição em Cd captada precisamente através de uma edição em vinil. Voltou então a haver uma nova possibilidade de se mostrar o histórico álbum a quem não conhecia e também a possibilidade de aquisição por quem nunca chegou a ter a famosa versão de vinil.
Tendo António Pinho como letrista e Nuno Rodrigues como compositor juntam-se aos dois principais elementos da banda nomes como: Celso de Carvalho no Violoncelo, Rão Kyao no Saxofone em “País: Portugal”, Gabriela Schaaf e Mena Amaro nas Vozes, Tó Pinheiro da Silva na Guitarra Elétrica, Necas na Bateria, José Castro em Mellotron, Jorge Paganini e Miguel Coelho nos Violinos ou Carlos Amaro que se divide entre o Baixo, o Contrabaixo e a Harmónica. Há ainda uma miríade de instrumentos utilizados como o Stylofone, Cromo Harp, Pífaros, Taças Persas ou uma Cítara. É este conjunto de nomes e instrumentos que cria a original sonoridade que a Banda do Casaco nos proporciona neste álbum um tanto deslocado do que se fazia à época em Portugal, um trabalho elaborado, com algum toque de progressivo, tal como nos é apresentado logo de início no original instrumental “Acalanto”. “Despique” é adaptado de um texto tradicional e é um dos temas em que a fusão de estilos tão bem se sente. “País: Portugal” é crítico e revela já a desilusão dos autores, em 1977, de um 25 de Abril de que se esperava mais. “Alvorada, Tio Lérias” é um interessantíssimo e misterioso instrumental onde sobressaiem as Cordas, adaptado de um tema Tradicional. “Geringonça” é um momento único na Música Portuguesa pela temática envolvida, a descrição de um encontro imediato. Encontra-se aqui um dos melhores exemplos da fusão rural com a modernidade; “Estávamos nós a contar, ai as patas às Ovelhas, a ver se faltava alguma. Quando aquela Geringonça, ai Desceu lá do alto, e poisou entre molhos de caruma”. “Dez-Onze-Doze” é outra fusão perfeita sobre um tema Tradicional, das que melhor revela o estilo habitual da Banda do Casaco. Em “Ont’à Noite” continua a sentir-se a perfeição da fusão sobre mais um tema Tradicional e para fechar este registo ímpar vem o instrumental “Água de Rosas” a concluir de forma calma e serena um dos grandes álbuns da Música Popular Portuguesa.
E passados trinta e dois anos o amanhã continua a ser uma incógnita.

domingo, 20 de maio de 2012

Loose - NELLY FURTADO

1 Afraid 3:35
2 Maneater 4:25
3 Promiscuous 4:02
4 Glow 4:02
5 Showtime 4:15
6 No Hay Igual 3:35
7 Te Busque 3:38
8 Say It Right 3:43
9 Do It 3:41
10 In God's Hands 4:54
11 Wait for You 5:11
12 All Good Things (Come to an End) 5:12
13 Te Busque [Spanish Version] 3:39

“Loose” de Nelly Furtado, editado em 2006, aproxima-se perigosamente dos cumes de Produção de um trabalho quase perfeito e a culpa é de…Timbaland. Escolhido para produzir este álbum, não por acaso certamente, Timbaland consegue fazer maravilhas e consegue um trabalho exemplar que pode não agradar musicalmente a muita gente mas sim a quem tiver noção do que é um álbum de canções estruturalmente bem conseguidas para funcionar e atingir o seu objetivo que é o de agradar ao maior numero possível de ouvintes, sim é o conceito de música comercial. Fora de quaisquer preconceitos Loose é para ouvir com gosto e saborear cada momento independentemente de ser Hi-Hop, R&B, Pop ou simplesmente uma balada, pois todos os temas funcionam muito bem como canções exemplares.
Estruturalmente composto de forma maquinal “Loose” é um potente Cd que nos leva a apreciar de outra forma o género e o seu ponto forte é sem dúvida o trabalho de Produção de Timbaland que mostra como se cria, artificialmente mas com grande mestria, um álbum em estúdio.
A Nelly Furtado só falta, para já, o atrevimento de Madonna e a graciosidade de Kylie Minogue, mas disso se encarregará o tempo de concluir, ou não.

sábado, 5 de maio de 2012

Cê - CAETANO VELOSO


1 Outro 3:00
2 Minhas Lágrimas 5:09
3 Rocks 3:36
4 Deusa Urbana 3:46
5 Waly Salomão 3:24
6 Não Me Arrependo 4:08
7 Musa Híbrida 4:21
8 Odeio 5:58
9 Homem 4:46
10 Porquê? 3:53
11 Um Sonho 3:23
12 O Herói 3:44

Longe vão os tempos em que Caetano Veloso era um sóbrio músico Brasileiro envolto por sonoridades tropicais, e mesmo nessa altura notava-se que Caetano tinha algo mais a dar para além da Música Popular Brasileira. Caetano Veloso sempre foi inovador, provocador e original quanto baste. Todos estes valores, e muitos outros, estão incrustados na sua já longa carreira musical iniciada nos anos 60 e cinco décadas depois, Cê foi editado em 2006, Caetano ainda nos consegue surpreender com um Cd impregnado de Rock, bastante intelectual, num exercício elaborado e arriscado de música vanguardista onde por vezes Caetano até nem parece estar a cantar para este trabalho. E no final temos um resultado bastante positivo num registo invulgar para o que se podia esperar de Caetano nesta fase da sua vida, mas a imprevisibilidade também é uma constante da sua carreira. O som singular que pontua este álbum está completamente centrado no jovem Trio que acompanha o veterano Caetano. Pedro Sá, um arrojado e estratosférico Guitarrista elétrico, é o elemento que mais se destaca através de uma Guitarra evidente e inventiva e também como produtor deste trabalho a par do filho de Caetano, Moreno. Marcelo Callado na Bateria é outro destacado elemento que utiliza o instrumento nas mais variadas formas evidenciando-se ao longo do trabalho como um percussionista bastante criativo e amplo de imaginação. O Baixista Ricardo Dias Gomes completa o Trio sem grandes evidências mas sempre muito presente e enquadrado, o Fender Rhodes que aparece em “Porquê?” é tocado por ele também. Editado em 2006 Cê é um trabalho intenso, audacioso e afirmativo da capacidade criativa de um grande artista como Caetano Veloso.