sexta-feira, 22 de junho de 2012

Rima - SAMUEL JERÓNIMO

1 Verso 1 [09.21]
2 Verso 2 [09.46]
3 Verso 3 [15.03]
4 Verso 4 [09.36]

Editado em 2006 Rima é um registo que soa intemporal e difícil de definir acabando por ser inclusive um álbum literário na medida em que usa o conceito de rimas cruzadas, ou perfeitas, como estética de antevisão lógica, assim como de negação dessa mesma estética na medida em que busca também alguma imprevisibilidade. Samuel Jerónimo conduz-nos literalmente ao longo de quatro peças individualizadas que acabam por se cruzar duas vezes e a Rima é conseguida pelo estilo peculiar dessas mesmas peças. Peças estas que não sendo comuns foram compostas originalmente pelo autor mas há sempre um Passado inerente que nos influencia, um Presente onde trabalhamos e um Futuro subjacente que acaba por se voltar a tornar no Presente. Confuso? Nem por isso, e para todos os efeitos Samuel Jerónimo até expõe bem o conceito no folheto que acompanha o Cd.
A infinidade de um som prolonga-se numa eternidade, ou num eco espacial, aqui limitada nos 9.21’ do Verso 1 e nos 15.03’ do Verso 2, sendo de supor que estes Versos continuam a expandir para lá dos nossos limites convencionais perdendo-se no tempo e no espaço estelar. A manipulação elástica de um ou vários sons para lá do nosso âmbito pode tornar-se, em princípio, estranha mas também numa descoberta sensorial e onírica.
O poder Litúrgico do Verso 2 e do Verso 4 é avassalador. Qual J.S.Bach renascido em pleno século XXI e partilhando o teclado do Orgão com Keith Emerson temos duas peças, ou duas Rimas, demonstrativas da força do instrumento no seu pleno, numa respiração incontrolável e de progressiva entrega rítmica. Duas peças que tem tanto de frenético como de assustador o que as torna verdadeiramente respeitáveis.
Rima é um Cd de descoberta para ser ouvido com som bem alto.

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