sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Chico Buarque (1978) - CHICO BUARQUE


Side A
1 Feijoada Completa 2:49
2 Cálice (Buarque, Gil) 4:00
3 Trocando Em Miúdos (Buarque, Hime) 2:49
4 O Meu Amor 4:00
5 Homenagem Ao Malandro 2:59
Side B
1 Até O Fim 2:23
2 Pedaço de Mim 3:14
3 Pivete (Buarque, Hime) 2:27
4 Pequeña Serenata Diurna (Rodriguez) 2:21
5 Tanto Mar 1:53
6 Apesar de Vocé 3:53

Lp intitulado simplesmente "Chico Buarque", editado em 1978, numa altura em que os autores Brasileiros começavam a poder respirar sem sentirem em cima o bafo da censura. Chico Buarque nunca se considerou um autor de protesto mas foi vitíma da censura por diversas vezes, o belo tema "Cálice", co-escrito com Gilberto Gil, e o Samba "Apesar de Você" tinham sido censurados uns anos antes desta edição.
Album com a sonoridade caracteristica da Musica Popular Brasileira desta década abre com um Samba em jeito de receita. "Feijoada Completa" é um trecho escrito para o filme "Se Segura Malandro" em que ao ritmo do Samba se vai dando as dicas para a confecção do dito prato. Saboroso início. O famosissímo "Cálice" vem logo a seguir cantado a meias com Milton Nascimento, um lindo tema com tão pouca inocência. "Trocando em Míudos", co-escrito com Francis Hime, é uma bonita balada acompanhada por Piano e Flauta e com um texto maravilhoso. Seguem-se dois temas escritos para a famosa peça "Ópera do Malandro", no primeiro tema Marieta Severo e Elba Ramalho cantam as duas, maravilhosamente, sobre "O Meu Amor", e o segundo tema da peça é "Homenagem Ao Malandro" em jeito de Samba.
O lado B abre com um divertido "Até ao Fim", seguido de mais um tema da peça "Ópera do Malandro", desta feita uma faixa com toada triste cantada por Chico Buarque e Zizi Possi. "Pivete", é mais uma co-escrita com Francis Hime, e "Pequeña Serenata Diurna", de Silvio Rodriguez, é uma herança da viagem a Cuba que Chico Buarque fez neste ano. "Tanto Mar" já tinha aparecido no album de Chico Buarque com Maria Bethânia "Ao Vivo", aqui é alvo de uma 2ªedição, revista, tal como ele faz questão de dizer.
A fechar o Lp está o famoso Samba "Apesar de Você" que na primeira edição em single passou incólume à censura, vendeu cerca de 100 mil cópias em 1970, mas consequentemente tornou-se numa espécie de hino da resistência à ditadura que singrava no Brasil na altura. Apesar de Chico Buarque numa entrevista referir que o "você" da canção é uma mulher muito autoritária, o público em geral interpretou-o como sendo o General Emilio Garrastazu Médici, o Presidente Brasileiro em funções à data. A canção acabou por ser censurada e foram retiradas todas as cópias do mercado, assim como fechada a fábrica da gravadora.
Em 1978 o ambiente já era outro e já se podia disfrutar melhor da Música Popular Brasileira, tal como hoje, passados 30 anos.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Appetite For Destruction - GUNS N' ROSES


Side G
1 Welcome to the Jungle 4:32
2 It's So Easy 3:21
3 Nightrain 4:26
4 Out Ta Get Me 4:20
5 Mr. Brownstone 3:46
6 Paradise City 6:45
Side R
1 My Michelle 3:38
2 Think About You 3:49
3 Sweet Child O' Mine 5:54
4 You're Crazy 3:16
5 Anything Goes 3:25
6 Rocket Queen 6:14

Excelente estreia para os Guns N' Roses, em 1987, com este vynil recheado de bom Hard Rock. A banda começava por demonstrar uma forte imagem de rebeldia, a qual por sua vez se reflecte nas composições agressivas que preenchem este primeiro registo em longa-duração.
Se o Vocalista Axl Rose e o Guitarrista Slash foram desde logo a imagem, suja e desbocada, da banda, Duff "Rose" McKagan o Baixista representava a vertente mais Punk, e os calmos Izzy Stradlin, o segundo Guitarrista, e Steven Adler, o Baterista, representavam a parte mais discreta mas tambem mais musical. Se bem que o album resulta como um colectivo da banda destaco o Baterista Adler que é aqui uma peça bastante marcante e acentuada, e este foi o único album em que participou. Izzy Stradlin apesar de estar por tras de Slash é tambem um excelente apoio. Axl Rose tornou-se dono de um timbre de voz inconfundível, e tambem uma personagem polémica que necessitava alimentar o ego. Slash tornou-se em... Slash.
Aparte tudo isto, somos recebidos com uma saudação de boas vindas que nos desperta o instinto de sobrevivência, a selva personifica o ambiente social que espera por nós ao longo de todo o album, as noites violentas, as drogas, as armadilhas da vida, a injustiça. Tudo isto é-nos servido sob altas doses de Riffs, e solos, de guitarra através dos 12 temas, bastante bem enquadrados, que constituem este trabalho, e onde a voz de Axl Rose se faz ouvir.
"Welcome To The Jungle", "Nightrain", Paradise City" e "Sweet Child O'Mine" tornaram-se hinos obrigatórios da banda, para alem de clássicos do Hard Rock. "It's So Easy", "Mr.Brownstone", e "Out Ta Get Me", para mim, são igualmente grandiosos.
Pena os Guns não voltarem a ser assim.
Como curiosidade refiro a questão da capa original. A capa que exponho em cima é a original. A violência da imagem, apesar de se tratar de uma animação, de uma violação explícita levou a que a mesma fosse alvo de censura. A banda viu-se obrigada a alterá-la para a capa que exponho aqui no fim, e que prevalece actualmente.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Live Scenes From New York - DREAM THEATER - CD03


1 A Mind Beside Itself: Erotomania 7:22
2 A Mind Beside Itself: Voices 9:45
3 A Mind Beside Itself: The Silent Man 5:09
4 Learning to Live 14:02
5 A Change of Seasons 24:35

Chego completamente rendido ao fim da audição do terceiro Cd deste excelente registo. Os Dream Theater comprovam aqui a capacidade estrutural de construir semelhante projecto e conseguirem mesmo sustentá-lo numa longa actuação ao vivo como esta em casa, em Nova Iorque. Há tambem que referir a coragem de finalizarem o concerto com "Change Of Seasons" ao longo de mais 24 minutos.
É um Cd para juntar ao leque dos albuns clássicos gravados ao vivo, em concerto. Está cá o carisma, a performance, o profissionalismo, e o trabalho perfeito, e de difícil e pormenorizada execução, de uma banda que exige bastante dela própria. Os temas estão cheios de pequenas acentuações, marcações e mudanças de ritmo, e muitos deles são bastante longos, no entanto conseguem prender a atenção da audiência e do ouvinte caseiro.
Para terminar vou só expôr a capa original que a banda respeitosamente, tambem como cidadãos Nova-Iorquinos, decidiu substituir após a fatídica data.

sábado, 16 de agosto de 2008

Live Scenes From New York - DREAM THEATER - CD02


1 One Last Time 4:11
2 The Spirit Carries On 7:40
3 Finally Free 10:59
4 Metropolis, Pt. 1 10:36
5 The Mirror 8:15
6 Just Let Me Breathe 4:02
7 Acid Rain 2:34
8 Caught in a New Millennium 6:21
9 Another Day 5:13
10 Jordan Rudess Keyboard Solo 6:40

Neste segundo Cd pouco há a acrescentar em relação ao que se disse do primeiro, acima de tudo há só que referir que se conclui aqui, com o tema "Finally Free", a longa suite, integral, do album conceptual "Scenes From A Memory", com a qual se iniciou o primeiro Cd. Daí para a frente a banda re-inicia o concerto com temas rebuscados a varios albuns.
"Acid Rain" é um instrumental arrojado que alguns dos membros já tinham gravado anteriormente com o projecto Liquid Tension Experiment, e "Metropolis Pt.1" é uma longa peça ao habitual estilo Prog-Metal. "The Mirror" e "Just Let Me Breath" são duas faixas impulsionadas por um forte ritmo Heavy. "Caught In A New Millenium" é um tema dividido entre um Riff melodioso e uma sequência mais pesada. "Another Day" é o reviver de um velho Hit e conta com a presença de Jay Beckenstein, fundador e líder dos Spyro Gyra, em Sax-Soprano. Do solo de Jordan Rudess esperava-se mais, um músico deste calibre e limita-se a mostrar alguns pormenores de estudo clássico, pouco inventivo.
O nível de trabalho da banda mantêm-se bastante alto neste segundo Cd, muita concentração, e bastante profissionalismo.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Live Scenes From New York - DREAM THEATER - CD01


1 Regression 2:46
2 Overture 1928 3:32
3 Strange Déjà Vu 5:02
4 Through My Words 1:42
5 Fatal Tragedy 6:21
6 Beyond This Life 11:16
7 John and Theresa Solo Spot 3:17
8 Through Her Eyes 6:17
9 Home 13:21
10 The Dance of Eternity 6:24

O fatídico dia 11 de Setembro de 2001 fica para sempre ligado às vidas de quem o viveu, de perto ou pela televisão, e dos Dream Theater. Foi precisamente neste dia que este Cd triplo, gravado ao vivo em Nova Iorque, viu a luz do dia e ainda por cima com uma capa que evocava precisamente uma Nova Iorque em chamas, grande coincidência. A capa que aqui exponho é a capa que sucedeu à original.
Ao vivo a banda oferece uma performance bem ensaiada, com muitos pormenores que não podem falhar, muita segurança, força e dinâmica. O alinhamento divide-se por três Cds totalizando 180 minutos de concerto em que por vezes a banda executa temas bastante longos, que ao vivo se podem tornar aborrecidos, mas que resultam bem perante fãs tão fieis.
Neste primeiro Cd destaco o possante instrumental "The Dance Of Eternity" que se revela em variados níveis de instrumentação. De ter em atenção tambem "Fatal Tragedy", um tema com alguma harmonia, fácil de ouvir, e que tambem se revela por diversas dinâmicas até fazer a transição para "Beyond This Life", um tema mais longo, pleno de diversos andamentos. "Home" tem uma introdução de vozes com ambiente de Médio Oriente, e até com uma cítara eléctrica. É a faixa mais longa deste primeiro Cd e tambem é plena em diversos andamentos.
Há ainda espaço para um pequeno, mas belo, solo/duo entre a voz de Theresa e a guitarra de John Petrucci. Este solo introduz a balada "Through Her Eyes" na qual se destaca veemente John Petrucci e um grande som de guitarra eléctrica.

domingo, 3 de agosto de 2008

The Sun Don't Lie - MARCUS MILLER


1 Panther 6:02
2 Steveland 7:22
3 Rampage 5:48
4 The Sun Don't Lie 6:25
5 Scoop 5:58
6 Mr. Pastorius 1:25
7 Funny (All She Needs Is Love) (Miller, Scaggs)5:25
8 Moons 4:52
9 Teen Town (Pastorius) 4:55
10 Juju 6:02
11 King Is Gone (For Miles) 6:05

Em 1993 Marcus Miller presenteia-nos com o terceiro trabalho da sua carreira a solo através de um Cd bastante cool, recheado de convidados de nomeada, em que mesmo assim é ele próprio quem assume uma grande parte das execuções. Tanto no Baixo eléctrico, como na Guitarra Eléctrica ou no Clarinete Baixo, ou ainda nos Teclados, Miller é um músico perfeitamente à vontade e seguro do que está a fazer. Exceptuando "Teen Town" de Jaco Pastorius e uma parceria com Boz Scaggs na escrita de "Funny", o restante album é totalmente de sua autoria.
Uma particularidade neste trabalho é a evocação de dois grandes músicos já falecidos à data da edição, Jaco Pastorius e Miles Davis. Miller, ele próprio uma referência do baixo eléctrico, recupera parcialmente o tema "Mr.Pastorius", originalmente gravado com Miles Davis no album Amandla em 1989, que aqui consta de um pequeno solo, vigoroso e bem elaborado. Atreve-se ainda a executar uma versão de "Teen Town", um dos temas mais conhecidos de Pastorius, gravado tambem pelos Weather Report. Em relação a Miles Davis, Miller privou de perto com ele nos anos 80 e é sempre prestigiante trabalhar com uma "personagem" histórica como Miles. "The King Is Gone", a faixa mais clássica que este Cd apresenta, acaba por ser o adeus de um pupilo ao seu mestre, Wayne Shorter, em Sax-Tenor e Soprano, e Tony Williams na Bateria partilham esse adeus.
"Rampage" conta com a colaboração Rock de dois membros dos Living Colour, Vernon Reid em Guitarra Elécrica e o Baterista William Calhoun, numa faixa em que ainda há a destacar a presença, tambem, de Miles Davis.
Todo o trabalho acaba por acentar nas composições de Marcus Miller tendo sempre o Baixo Eléctrico como principal protagonista, os convidados fazem o resto emprestando os seus dotes e dando mais cor aos bons trabalhos aqui expostos. Além dos músicos já referidos há que destacar ainda Joe Sample, Piano em "The Sun Don't Lie", David Sanborn, Sax-Alto em "Steveland", Jonathan Butler, Guitarra Clássica em "Steveland", Andy Narell em Steel Drums, o Baterista Poogie Bell que dá sempre um toque Hip-Hop onde aparece, e o guitarrista de serviço acaba por ser Dean Brown que é sempre uma referência, no entanto não posso deixar de referir Hiram Bullock como o Guitarra Solo em "Teen Town".
Vou referir por fim o tema "Juju" e os dois saxofonistas, Everette Harp em Sax-Alto e Kirk Whalum em Sax-Tenor, que nele intervêm a plenos pulmões. Estes dois homens agarram o tema com toda a garra e levam-no em desbunda até ao final bem suportados por uma forte secção rítmica.
É Jazz eléctrico, um pouco cool, feito com peso e medida, e bom gosto. Miller é um virtuoso do Baixo Eléctrico mas sem cair em exageros criou um album equilibrado com espaço para todos.