sexta-feira, 27 de julho de 2007

The Magazine - RICKIE LEE JONES


1 Prelude to Gravity 2:49
2 Gravity 4:43
3 Juke Box Fury 4:11
4 It Must Be Love 4:54
5 Magazine 4:42
6 The Real End 4:58
7 Deep Space 3:12
8 Runaround 4:59
9 Rorschachs [Theme for the Pope] 3:15
10 The Unsigned Painting/The Weird Beast 2:18

Rickie Lee Jones é uma sra. muito "dona do seu nariz", os seus trabalhos são mais sérios, mais amadurecidos, e mais cultos do que a maioria das outras senhoras que passeiam a sua fama pelo meio musical. Joni Mitchell será a "mãe" desta vertente, Rickie Lee Jones e Annette Peacock serão as "filhas" e, já nos anos 80, Suzanne Vega será a "neta". Os albuns de qualquer uma delas não são de facil audição, uma vez que a componente comercial está ausente, salvo a excepção de Suzanne Vega que terá conhecido melhor o sabor dos tops, as formas de escrita destas autoras são de facto muito amadurecidas, e tem todas practicamente uma pequena influência jazzistica na forma de composição, para além de um conhecimento muito culto de tudo o que se passa à sua volta, dificilmente lhes escapa algum pormenor. São contadoras de histórias, maioritariamente pessoais, mas tambem literárias. Mantêm uma posição firme na sua forma de estar na musica, e normalmente estão rodeadas de excelentes músicos.
Falando particularmente deste LP de 1984 constatamos tudo o que foi referido no parágrafo anterior, resta referir, como não podia deixar de ser, a presença dos músicos e alguns temas em particular.
Steve Gadd, na bateria, é o nome mais importante deste trabalho, e não será por acaso que os quatro temas em que aparece são, para mim, os mais interessantes desta gravação, "Gravity", "Juke Box Fury", "The Real End" e "Runaround". As marcações, as pausas, os pormenores, os "breaks", são de facto únicos. Lenny Castro, em percussão , é tambem presença muito importante aqui, ele assegura de forma muito segura e presente a arte de percutir tudo e mais alguma coisa, ouve-se sempre, lá por trás, a presença dele. Outra presença, tambem na bateria e não menos importante, é Jeff Porcaro o mitico e malogrado baterista dos Toto que aparece por aqui em "It Must Be Love" e "Magazine". "It must Be Love" é tambem um bom momento do album.
Nathan East, no baixo aparece sempre ao lado de Steve Gadd, e David Hungate, tambem no baixo, sempre ao lado do parceiro de banda, tambem dos Toto, Jeff Porcaro.
Um tema curioso deste album é "Theme For The Pope", em que Rickie Lee Jones é acompanhada por Sal Bernardi, tambem co-autor deste tema, em guitarra acustica, Jeffrey Pevar em guitarra 12 cordas e bandolim, e ainda por Nick de Caro em acordeão. O tema é cantado em Francês e tem o sub-titulo de (Marrants d'eau Douce).
Rickie Lee Jones para alem de cantar divide-se pelo piano e pelos sintetizadores, juntamente com o co-produtor James Newton Howard.
Só para quem for apreciador das senhoras mencionadas logo no inicio.

domingo, 22 de julho de 2007

Hounds Of Love- KATE BUSH


Lado A - HOUNDS OF LOVE
1 Running up That Hill (A Deal With God) 5:03
2 Hounds of Love 3:03
3 The Big Sky 4:41
4 Mother Stands for Comfort 3:08
5 Cloudbusting 5:10

LADO B - THE NINTH WAVE
6 And Dream of Sheep 2:45
7 Under Ice 2:21
8 Waking the Witch 4:18
9 Watching You Without Me 4:07
10 Jig of Life 4:04
11 Hello Earth 6:13
12 The Morning Fog 2:34

Kate Bush têm um significado muito especial para mim. Desde a primeira vez que a ouvi, e vi, despertou-me todos os sentidos. A voz hipnotiza-me, a maneira dela se expressar no canto deixa-me absorto pelas belas harmonias, que ela tão bem coloca, e eleva-me a níveis mais espirituais. Sinto mesmo o encanto da sua voz, e teatralidade.
A imagem de Kate Bush tambem me deixou sempre maravilhado, a visão de uma mulher que transpira sensualidade, e os seus movimentos de bailarina perfeitamente executados. Posso mesmo afirmar que vi nela, e continuo a ver, o paradigma da mulher ideal. A sensualidade, o mistério, os movimentos graciosos, a independência, o timbre da voz. Em suma, é a minha musa "platónica".
Este LP é de 1985 e foi todo gravado em casa de Kate Bush, longe de qualquer pressão editorial. Foi todo construido como ela queria, e isso nota-se. O album está dividido em duas suites, em vinil pelo Lado A, intitulado "Hounds Of Love", e pelo Lado B com o titulo "The Ninth Wave". No CD a distinção não é tão óbvia e quem não estiver atento acaba por ouvir o trabalho de uma forma simples, sem se aperceber de duas partes distintas.
A suite "Hounds Of Love" contêm os 2 temas mais conhecidos do album, o belissímo "Running Up That Hill (A Deal With God)", acompanhado de um tambem muito belo video em que Kate Bush demonstra, mais uma vez, os seus dotes de bailarina, e "Cloudbusting" que tem um bonito acompanhamento de sexteto de cordas. O video de "Cloudbusting" é tambem muito interessante e conta com a representação de Donald Sutherland. "Mother Stands For Comfort" é outro belo momento acompanhada por baixo Fretless. Toda a suite é composta por canções, escritas na forma singular de Kate Bush.
A suite "The Ninth Wave" é um pouco diferente, entramos num campo mais experimental. Kate Bush explora diversas linhas musicais, entre elas uma evidente influência celta para "Jig Of Life". Há muitas experiências a nivel de voz, quer a solo quer em coros, e há uma grande aura mistíca em toda esta suite, numa relação entre água e morte. "Waking The Witch" é o momento mais alienado do album com um dialogo, deveras, incomum.
É estranho, mas belo. Adoro esta mulher.

domingo, 15 de julho de 2007

Top Priority - RORY GALLAGHER


1 Follow Me 4:40
2 Philby 3:51
3 Wayward Child 3:31
4 Key Chain 4:09
5 At the Depot 2:56
6 Bad Penny 4:03
7 Just Hit Town 3:37
8 Off the Handle 5:36
9 Public Enemy No. 1 3:46

Rory Gallagher, Irlandês de nascença, é um nome a ter em conta sempre que se fala de grandes guitarristas. Neste LP de 1979 temos uma sessão de Blues-Rock de alto nível e com muita energia no ar. Apesar do som não ser o melhor, o trio é explosivo, e a sua entrega é total, não é preciso aqui mais nada, nem mais ninguem, os três elementos bastam. Rory Gallagher, guitarra, Dulcimer e harmónica, faz-se acompanhar pelo habitual baixista Gerry McAvoy e por Ted McKenna na bateria. Ao longo dos temas consigo ver similiaridades com Eric Clapton, Jimi Hendrix ou até ZZ Top. Por vezes, tal é a energia, que chegam a soar a um nível de domínios do Hard-Rock.
Logo a abrir o album, "Follow Me" e "Philby" fazem as honras e serão mesmo os temas mais em evidência. Em "Philby" Gallagher faz uso do Dulcimer, instrumento de cordas com um som semelhante a uma cítara. "Keychain" recorda-me Hendrix pela forma como está composto, muito pausado. "Off The Handle" é o momento mais calmo, mas não é uma balada. O resto é tudo de ouvir e tentar perceber e receber a energia destes três homens num album de estúdio que podia ser uma captação ao vivo.
Essencial para quem aprecie grandes guitarristas.

sábado, 14 de julho de 2007

Talk Talk Talk - PSYCHEDELIC FURS


1 Dumb Waiters 5:04
2 Pretty in Pink 3:59
3 I Wanna Sleep With You 3:17
4 No Tears 3:14
5 Mr. Jones 4:03
6 Into You Like a Train 4:35
7 It Goes On 3:52
8 So Run Down 2:51
9 All of This and Nothing 6:25
10 She Is Mine 3:51

Segundo album de originais para os Psychedelic Furs, corria o ano de 1981. Era o inicio de uma nova década em que se procuravam novos caminhos, o Punk ainda mexia mas a nova geração tinha uma visão mais futurista. A estética começou a ser muito importante em todos os contextos e a MTV ajudava a tal. Os Psychedelic Furs apanharam o inicío disto tudo, mas não foram uma das bandas que mais desse nas vistas, acabando por se tornar numa das bandas de culto mais acarinhadas. O seu som é duro, mas tambem consegue ser suave. Apresentam um pop-rock pouco melódico, não muito fácil de entrar em qualquer ouvido. Trazem a influência do Punk, mas até têm mais de Românticos. A voz de Richard Butler é rouca, muito linear, no entanto é única e assenta na perfeição com o trabalho da banda. Ainda hoje as primeiras audições de qualquer trabalho deles me deixa um pouco baralhado, mas logo começo a entrar no seu som, e de facto mantenho-os como uma das referências obrigatórias dos anos 80.
Neste CD de 1981 destaca-se "Pretty In Pink" que 5 anos mais tarde viria a servir de titulo e banda sonora ao filme de 1986. Temos tambem o bom trabalho de "All Of This And Nothing", e "Mr.Jones" é outro bom momento.
Cada audição a este album parece ser a primeira. Gosto bastante dessa sensação.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Old Loves Die Hard - TRIUMVIRAT

1 I Belive 7:52
2 A Day in a Life; Uranus ' Dawn/Pisces at Noon/Panorama Dusk 8:14
3 The History of Mystery, Pt. 1 7:51
4 The History of Mystery, Pt. 2 4:00
5 A Cold Old Worried Lady 5:50
6 Panic on 5th Avenue 10:31
7 Old Loves Die Hard 4:27

O ano é 1976, a época do chamado Rock Sinfónico, ou Progressivo. A Grã-Bretanha detinha as melhores bandas, ou as mais evidentes (King Crimson; Yes;Emerson, Lake & Palmer; Gentle Giant; Camel; Genesis; etc...) mas a corrente estendeu-se até ao resto da Europa. Por cá temos o exemplo desse grandioso album que é "10 000 anos depois entre Vénus e Marte" de José Cid, ou os Tantra, da Holanda apareceram os Focus, em Itália os Area, e na Alemanha os Kraan, os Psico e este Triumvirat, só para nomear alguns exemplos. .
Os Triumvirat terão sido das bandas, fora do mercado Inglês, mais notada. Liderados por Jurgen Fritz um pianista, teclista, de formação evidentemente clássica que se divide neste Lp por um piano Steinway, por um orgão Hammond C3, pelos pianos eléctricos Fender Rhodes, Wurlitzer e Hohner, e pelo caracteristico Moog, o sintetizador da época. Todos os temas do album são de sua autoria, é ele o maestro evidente desta banda secundado por Hans Bathelt numa bateria Slingerland, por Dick Frangenberg em baixo Fender, e pela voz do britânico Barry Palmer.
As composições são longas e elaboradas, como o género requer, e a predominância é obviamente das teclas, a banda nunca teve nenhum guitarrista, por aqui podemos encontrar semelhanças com o som de Emerson, Lake and Palmer, se bem que no piano cai mais para a sonoridade de Rick Wakeman.
"I Believe" é a introdução ao album em formato de canção. Participação do coro Cologne Kinder Choir, no final deste tema.
"A Day In A Life" é uma suite, instrumental, composta por 3 partes distintas. A introdução ao tema, em piano eléctrico Fender Rhodes, faz-me lembrar um pouco o ambiente de "Brain Damage" dos Pink Floyd em "Dark Side of the Moon, não os tinha referido mais atrás pois tinha de ser agora. Na segunda parte do tema Jurgen Fritz sola em Grand Piano, a fazer lembrar Rick Wakeman, já referido mais atrás. A conclusão do tema é já mais acelerada com o Moog em evidência.
Segue-se "The History of Mistery" dividido em duas partes. O tema assenta numa frase que vai sofrendo alterações ao longo de diversos andamentos. Barry Palmer dá a voz no inicio e volta próximo da conclusão. A segunda parte do tema é baseada apenas numa pequena variação assente na repetição da parte cantada por B.Palmer perto do final da primeira parte.
"A Cold Old Worried Lady" é uma peça para piano e voz, acompanhada por um Ensemble de cordas arranjado e dirigido por Jurgen Fritz.
"Panic On The 5th Avenue" para além de ser o tema mais longo é tambem o mais interessante. Aqui domina o orgão, numa sonoridade muito próxima de "Emerson, Lake & Palmer", e os sintetizadores fazem breves aparições nomeadamente no final. O tema é quase um longo solo de orgão.
A terminar temos o tema-título "Old Loves Die Hard". Assim como começou com uma canção é tambem uma canção que encerra o album. É uma "quase balada" cantada por Barry Palmer secundado em coro pela voz feminina de Jane Palmer. Sinceramente não sei se existe algum garu de parentesco entre as duas vozes.
Curiosamente os registos de voz de Barry Palmer fizeram-me lembrar por diversas vezes Ozzy Osbourne.
Pormenor importante a salientar é que a capa que apresento no inicio é a da re-edição em vinil em 1984, e parece que foi a que perdurou para posteriores edições em CD, a capa original da edição em 1976 era a que apresento de seguida.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Reality -DAVID BOWIE


1 New Killer Star 4:41
2 Pablo Picasso 4:05
3 Never Get Old 4:24
4 The Loneliest Guy 4:11
5 Looking for Water 3:31
6 She'll Drive the Big Car 4:31
7 Days 3:19
8 Fall Dog Bombs the Moon 4:03
9 Try Some, Buy Some 4:24
10 Reality 4:25
11 Bring Me the Disco King 7:45

O Camaleão continua em grande forma neste CD de 2003. Impressiona-me bastante a forma como David Bowie se soube adaptar aos anos 90 e ao mundo da Internet, e do partido que soube tirar desse mundo novo. Todo esse processo continua em permanente evolução no inicio deste milénio.
Este album confirma isso mesmo. Bowie continua a ser Bowie mas actualizado no tempo. As canções tem o seu toque, mas a sonoridade tem a "sujidade" de um novo som, criado por uma nova geração que cresceu a ouvi-lo e misturou essa velha sonoridade com novos sons, a iventividade, criação, e busca de uma nova sonoridade Rock. Esse som, mais sujo, foi mais caracteristico na década de 90, sob responsabilidade do mestre Trent Reznor, o senhor dos Nine Inch Nails, do som industrial, da paranóia e da ira. Os albuns "Outside" de 1995 e "Earthling" de 1997 são bons exemplos dessa sonoridade que contagiou, bastante, Bowie. É claramente evidente que David Bowie não se quis deixar ficar para trás e agarrou aqui a oportunidade de uma nova vida.
Em 2003, já se respira um novo ar, um som mais limpído e mais harmonioso. Bowie já estará aqui a descansar da loucura que foi a década passada e volta ao seu estilo mais "cool", mas com garra e dinâmica.
"Pablo Picasso" é aguerrido e possante, a introdução ao tema é interessante, a nova sonoridade aplicada a uma introdução espanholada. "She'll Drive The Big Car" têm forte batida e um coro no refrão para apreciar e saborear. "Never Get Old" é pop. "Days" a música fácil que entra logo no ouvido. "Bring Me The Disco King" é jazzy. "Try Some, Buy Some" é de George Harrison, a versão. "New Killer Star" foi a apresentação do disco, a água na boca.
É um album de guitarra. Não só, mas a predominância é das cordas, para isso não será totalmente alheia a presença do Sr. Earl Slick (guitarrista ex-Jefferson Airplane) um veterano, tambem ele, nestas andanças.

terça-feira, 3 de julho de 2007

Daylight Again - CROSBY, STILLS & NASH


Side A
1 Turn Your Back on Love 4:47
2 Wasted on the Way 2:51
3 Southern Cross 4:40
4 Into the Darkness 3:21
5 Delta 4:12
Side B
6 Since I Met You 3:10
7 Too Much Love to Hide 3:57
8 Song for Susan 3:07
9 You Are Alive 3:02

10 Might as Well Have a Good Time 4:25
11 Daylight Again 2:28

Os tempos aqui já são outros. Estamos em 1982 e para trás ficou o saudoso ano de 1970, ano da minha vinda ao mundo e de "Déjà-Vu", album desta mesma banda mas acompanhada pelo Sr. Neil Young. É a segunda vez, em muito curto espaço de tempo, que refiro este album, de 1970, aqui. Pelo meio houve um album ao vivo em 1971, "4 Way Street", e um album de estudio, CSN, em 1977 que ainda não tive o prazer de conhecer.
Este vinil custou-me a agradar de inicio, esperava um album mais acustico, mas de facto temos de nos localizar na época e ouvi-lo noutro contexto, noutra década.
É o inicio da década de 80, a vida começa a ser mais dependente da electronica, a sociedade cada vez mais consumista, começa-se a viver mais rápido. O Woodstock e tudo o que significou estava perdido num mundo mais acelerado, mais preocupado em acompanhar as modas e em possuir as ultimas novidades.
David Crosby atravessava por esta altura um período conturbado com as drogas, que veio a culminar com a sua prisão, no entanto são os 2 temas por ele cantados," Delta" de sua autoria e que é soberbamente cantado por esta magnifica voz e "Might As Well Have a Good Time" acompanhado só por piano e orgão, que mais me emocionam ouvir.
Três temas são da autoria de Graham Nash no seu estilo caracteristico, "Wasted On The Way" que foi single, "Into The Darkness" balanço rock com bom riff e "Song For Susan" é uma canção ao estilo melódico de Nash como era "Our House".
O resto do trabalho de escrita pertence a Stephen Stills, sempre em parceria com mais alguém, excepção para o acustico e curto "Daylight Again" cantado em conjunto com Art Garfunkel. Não deixa de ser curioso que num grupo como este, de magnificas vozes, seja Art Garfunkel a fazer o que qualquer um deles poderia fazer à vontade. "Southern Cross" foi o hit do album, "Turn Your Back on Love" mostra-nos estas magnificas vozes complementadas pelo som da época, com um sintetizador de fundo que me faz lembrar o som dos The Who em "Who's Next", e refiro "Since I Met You" só pela presença de Jeff Porcaro na bateria.
É sempre um prazer ouvir estes homens a cantar.