sexta-feira, 28 de abril de 2023

Flick Of The Switch - AC/DC


  Lado A
1 Rising Power (Young/Young/Johnson)   3:43
2 This House Is On Fire (Young/Young/Johnson)   3:23 
3 Flick Of The Switch (Young/Young/Johnson)   3:17
4 Nervous Shakedown (Young/Young/Johnson)   4:22
5 Landslide (Young/Young/Johnson)   3:56 
  Lado B
1 Guns For Hire (Young/Young/Johnson)   3:25
2 Deep In The Hole (Young/Young/Johnson)   3:17
3 Bedlam In Belgium (Young/Young/Johnson)   3:48
4 Badlands (Young/Young/Johnson)   3:37
5 Brain Shake (Young/Young/Johnson)   4:00

Editado em 1983, "Flick Of The Switch" é um dos trabalhos menos referenciados na já longa carreira dos "Australianos" AC/DC. Não o será por falta de atributos, certamente, porque o álbum contém os ingredientes habituais que identificam a obra da banda; um registo enérgico e sincero que respira de forma tão natural sob a dinâmica de um lote de boas canções de rock'n'roll pesado e arrebatador.

Este é o nono álbum que a banda registou em estúdio e o terceiro que gravou com o vocalista Brian Johnson, encarregado da difícil tarefa de substituir o malogrado Bon Scott em 1980. A nova fase, com Brian Johnson, iniciou da melhor forma, com os dois álbuns a serem muito bem recebidos, mas este período ascendente seria interrompido precisamente com "Flick Of The Switch", parecendo mesmo que alguém tenha desligado algum interruptor. No entanto, o registo não evidencia pontos fracos ou alguma falta de qualidade que justifique este tratamento.

É sabido que houve algum atrito na relação do baterista Phil Rudd com o guitarrista Malcolm Young durante as gravações do álbum e que Rudd abandonaria a banda ainda no decorrer das gravações, mas já com a sua parte de trabalho concluída. A banda recorreu aos préstimos de um baterista de estúdio, B. J. Wilson, para ajudar a concluir as gravações mas acabou por ser o trabalho de Rudd que permaneceu no disco para manter a sonoridade original. Phil Rudd era o baterista dos AC/DC desde 1975. Também não terá sido este conflito a causa da má receção do disco.
  
1983 pertence a uma época de grandes mudanças musicais, o que poderá ser revelador de que a edição de "Flick Of The Switch" não se encontrou com a conjuntura certa para a sua receção. A distinta nobreza da obra dos AC/DC permanece bem presente neste registo que à data pode ter sido recebido como 'mais do mesmo', perante um leque bem variado de novas ofertas. Para ajudar à má sorte do álbum, não tem músicas cruciais, daquelas que são incontornáveis no alinhamento de qualquer concerto, mas, no entanto, "This House Is On Fire", "Nervous Shakedown" ,"Landslide", "Guns For Hire", "Bedlam In Belgium" ou "Badlands, poderiam integrar essa lista com relativa facilidade.

Preconceitos à parte, este é um álbum de calibre AC/DC, excitante e cativante, como a banda sempre habituou, e merece toda a atenção que se lhe possa dedicar. Tomariam muitas bandas ter um álbum menor como este.

domingo, 16 de abril de 2023

Rock The Nations - SAXON


   Lado A
1 Rock The Nations (Byford/Glocker/Oliver/Quinn)   4:42
2 Battle Cry (Byford/Glocker/Oliver/Quinn)   5:37
3 Waiting For The Night (Byford/Glocker)   4:52
4 We Came Here To Rock (Byford/Glocker/Oliver/Quinn)   4:20
   Lado B
1 You Ain't No Angel (Byford/Glocker/Oliver/Quinn)   5:27
2 Running Hot (Byford/Glocker/Oliver/Quinn/Dawson)   3:36
3 Party Till You Puke (Byford/Glocker/Oliver/Quinn)   3:27
4 Empty Promises (Byford/Glocker/Oliver/Quinn)   4:10
5 Northern Lady (Byford/Glocker/Oliver/Quinn)   4:42  

A par dos Iron Maiden e dos Def Leppard, os Saxon foram um dos nomes mais importantes na eclosão da New Wave Of British Heavy Metal (também denominada como NWOBHM). As três bandas foram preponderantes na propulsão do género que despoletou quase em paralelo com a crucial detonação do movimento punk. E se o punk, por um lado, ofuscou o rock clássico, pelo outro, também ajudou ao despontar do heavy metal, visto como uma alternativa para os que queriam ouvir novo rock e não se interessavam minimamente pela desordem do punk nem pelas correntes que se lhe seguiram.  

Das três bandas, os Saxon acabaram por ser os mais indefinidos quanto ao trajeto a seguir. Enquanto os Iron Maiden foram sempre crescendo, conseguindo manter os seus princípios à medida que (ainda) acompanham a evolução musical, e os jovens Def Leppard não pararam até conquistar os tops, ambição que a banda nunca escondeu, os Saxon não conseguiram ir para um lado nem para o outro, ficaram no meio do caminho e era precisamente aí que se encontravam em 1986 com a edição do álbum 'Rock The Nations'.

Neste registo os Saxon conseguem ser uma banda de rock, contam até com a curiosa prestação de Elton John ao piano, para duas músicas, e ainda mantêm, simultaneamente, o seu estatuto heavy metal, apesar da sonoridade polida, das cores garridas e de algum teor mais comercial. No fundo parece haver uma certa ambição, ao nível de produção, para se alcançar um estatuto maior mas falta a definição do género e a força para estabilizar a determinação da banda. Este é também o primeiro álbum dos Saxon sem o baixista original, Steve Dawson. Apesar dos créditos da edição indicarem Paul Johnson como o novo baixista da formação, foi o vocalista Biff Byford quem gravou as linhas de baixo para este trabalho; antes de ser vocalista, Byford iniciou-se musicalmente como baixista.    

O rock faz questão de ser o fio condutor do registo, não esquecer que o heavy metal é um derivado do género, começando logo por se afirmar na descritiva "Rock The Nations" que também dá título ao álbum. Uma música que evoca a nobre relação da banda com a estrada e com os palcos e, para que não restem dúvidas quanto ao seu intento, tem continuidade na afirmação de "We Came Here To Rock". No entanto, a maior evidência rock 'n roll do registo está contida em "Party Till You Puke" onde Elton John ajuda a reforçar o vigor do género com a sua destreza nas teclas. 

Mas apesar da inconstância, os Saxon são realmente uma banda heavy metal que aqui se manifesta na belicosidade de "Battlecry", na entusiasmante agilidade de "Running Hot", faixa que ainda tem a assinatura de Steve Dawson, o baixista original, e são diretos na revelação da falsa inocência de uma adolescente atrevida em "You Ain't No Angel".

E há um terceiro ponto a considerar neste trabalho, no qual se evidencia a vertente comercial do disco. O single "Waiting For The Night" é efetivamente a faixa que mais sobressai em todo o registo e é descaradamente inspirada no estilo de Van Halen, detalhe que também é possível de reconhecer em "We Came Here To Rock" e em "Party Till You Puke" - algo inspirada por ... "Hot For Teacher"? "Empty Promises" é uma música simples e acessível, sem grandes devaneios ou artifícios, mas contém a quase discreta utilização de uma talk-box, para finalizar o solo de guitarra, efeito que voltava a estar em voga nesse mesmo ano graças a ... "You Give Love A Bad Name" dos Bon Jovi. Elton John reaparece no final do registo para colorir "Northern Lady", outro dos singles retirados deste álbum. Um encerramento airoso, com uma balada que também tem o seu quê de Bon Jovi ... 

Este é um trabalho claramente pensado para entrar no sempre apetecível mercado norte-americano. Concebido numa época em que as companhias discográficas procuravam tirar algum proveito do género apostando nas grandes produções para sofisticar um estilo que prefere ser natural. Os Saxon não lidavam muito bem com a ideia mas souberam tirar o devido proveito do momento.