domingo, 16 de dezembro de 2012

Caution Radiation Area - AREA

1 Cometa Rossa 4:00
2 ZYG (Crescita Zero) 5:27
3 Brujo 8:02
4 MIRage, Mirage 10:27
5 Lobotomia 4:23

A fusão de elementos que carateriza o som dos Italianos Area neste trabalho original editado em 1974 é deveras radioativa/corrosiva quanto baste para além de avant-garde e detentora de uma fabulosa contemporaneidade. Há uma complexidade progressiva ao longo do registo que se projeta num caos expansivo que termina com um registo de frequências eletronicamente processadas. É no entanto de forma bastante acessível que “Cometa Rossa” nos introduz neste álbum, um tema com influências de Rock Progressivo interrompido a meio pela invulgar capacidade vocal de Demetrio Stratos cuja particular interpretação impressiona pelo seu exotismo, não esquecer que Stratos era natural de Alexandria, Egipto. O sugestivo arranque Industrial de “ZYG” transforma-se de novo em Rock progressivo para passar imediatamente a um momento de fusão Jazz/Rock com diversos andamentos. É uma peça de força intensa em que se sente bem a coesão do grupo e a partir daqui a coisa começa a complicar. “Brujo” é já uma peça mais complexa, sempre com a presença progressiva em fundo mas ainda mais ousada. Patrizio Fariselli sola no Piano Eletrico sobre uma estrutura estética que nos remete automaticamente a “Bitches Brew” de Miles Davis até uma pausa final em que vozes etéreas se perdem no espaço e vagueiam sussurrantes sobre o tema até à sua conclusão operática. “MIRage, Mirage” é único e aterrorizante. Basta o seu principio, Demetrio Stratos e a sua performance vocal singular, para nos introduzir num momento estranho até o Contra-Baixo de Ares Tavolazzi e a Bateria de Giulio Capiozzo nos dar um fio condutor seguro mas à sua volta tudo deambula num experimentalismo desvairado e depois, chegam as Vozes. Num momento espantoso e deveras assustador, temos a demonstração perfeita de que as vozes também são instrumentos, não servem só para cantar textos. O tema volta a arrancar de forma progressiva e conclui como começou. “Lobotomia” é o final perfeito para este álbum num interessante enredo de frequências eletrónicas, mais experimental não podia ser.
Caution Radiation Area consegue ser “acessível” de início mas a sua progressão vai-se tornado complexa, ousada e abstrata de tema para tema até ao experimentalismo final. Fosse este álbum Anglo-Saxónico e a sua história teria sido outra certamente.

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