quinta-feira, 20 de outubro de 2022

Para Todo O Mal - MESA

 
1 Porta de Entrada (Intro) (João P. Coimbra)   0:42
2 Estrela Carente (João P. Coimbra)   3:57
3 Tribunal da Relação (João P. Coimbra)   3:34
4 Quando as Palavras (João P. Coimbra)   4:14
5 Munição (João P. Coimbra/M. Ferraz)   4:18
6 Biombo Acústico (João P. Coimbra)   3:02
7 Boca do Mundo (Chama) (João P. Coimbra)   4:45
8 Fiordes (João P. Coimbra)   4:52
9 Não Vai Ser Bom (João P. Coimbra)   2:34
10 Paladar (João P. Coimbra)   5:20
11 Para Todo o Mal (João P. Coimbra)   6:08   

Ao terceiro registo de estúdio, editado em 2008, a sonoridade dos Mesa mantém intacta a Portugalidade que carateriza a toada lírica de João Pedro Coimbra na aprazível voz de Mónica Ferraz. Oriundo da cidade do Porto, Portugal, o projeto Mesa assume-se dentro de uma estética pop/rock convencional, recorrentemente pontuada pela adição de alguma ousadia eletrónica que lhe imprime alguma singularidade. João Pedro Coimbra é o mentor de toda esta obra, que para além de escrever as músicas grava tudo o que é teclas e baterias, enquanto Mónica Ferraz contribui com a elegância de um porte vocal definido e eloquente. Para este registo, o duo conta com as prestações de Jorge Coelho nas guitarras e Miguel Ramos no baixo; aparições especiais de José Pedro Coelho, sax-tenor em "Fiordes", Alexandre Soares, guitarra elétrica (à direita), em "Não Vai Ser Bom" e Jean-François Lézé, metalofone em "Fiordes" e carrilhão em "Para Todo o Mal".

A abrangência de estilos tão generalizados como a pop e o rock serve para definir grande parte da música que se faz um pouco por toda a parte e será mesmo esta etiqueta a que melhor identifica a sonoridade dos Mesa dentro do panorama musical a nível nacional. No entanto, João Pedro Coimbra contorna a aparente monotonia da vulgaridade de canções pop/rock convencionais, através de um bom domínio da componente eletrónica, do qual tira partido para criar texturas bem interessantes e chegar mesmo a explorar algum experimentalismo.

O registo inicia com um falso arranque, dado que a elegância pop de Mónica Ferraz não encaixa na urgência que a pujança rock de "Estrela Carente" reclama. A verdadeira essência dos Mesa apenas faz a sua aparição na faixa seguinte com a aguerrida electro/pop de "Tribunal da Relação" e irá manter-se até ao final do álbum. A perfeição de "Quando as Palavras" e a cuidada estrutura de "Boca do Mundo", justifica a escolha destas músicas como os singles de apresentação mas o entusiasmo deste trabalho manifesta-se em momentos como; a deliciosa aspereza eletrónica de "Munição", o contraste da frieza sintetizada de "Fiordes" com alguma vertente acústica, onde pontua a serenidade do sax-tenor de José Pedro Coelho, a intensidade elétrica de "Não Vai Ser Bom" (Alexandre Soares na guitarra elétrica, à direita), a peculiaridade maquinal de "Paladar" e de uma valsa bizarra, em ambiente saltimbanco, que encerra o registo como a faixa homónima.

Sem comentários: