terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Stateless - LENE LOVICH

Side A
1 Home 3:40
2 Sleeping Beauty 3:00
3 Lucky Number 2:47
4 Too Tender (Too Touch) 4:04
5 Say When (O'Neill) 2:49
Side B
1 Writing on the Wall 3:08
2 Telepathy (O'Neill) 2:45
3 Momentary Breakdown 3:18
4 I Think We're Alone Now (Cordell) 2:45
5 One in a 1,000,000 2:48
6 Tonight (Lowe) 4:27

Figura invulgar dentro do universo musical Lene Lovich, de raízes Jugoslavas e Britânicas, nascida em Detroit nos Estados Unidos da América e que aos 13 anos foi viver para Inglaterra com a mãe, caracterizava-se precisamente por absorver as influências de diversas culturas acabando por escolher a raiz Balcânica, paternal, como o seu modo de estar, representar e cantar. É notável a forma como ela emprega o sotaque de Leste às canções dando-lhes uma sonoridade tão diferente e ao mesmo tempo tão familiar. De repente podemos lembrar-nos de Nina Hagen mas Lovich consegue ser uma personagem mais fantástica, mais artística. Hagen era mais ordinária mas nem por isso menos interessante.
Em 1979 Lene Lovich lançava-se ao mundo com este "Stateless", o seu primeiro album, impregnado de boa New Wave e de canções bastante ritmadas e interpretadas com o seu sotaque. Chega por vezes a lembrar Patti Smith, como na balada "Too Tender (To Touch)", e há por aqui algum pós-Punk à mistura, como seria óbvio nesta altura, mas é de facto um excelente album de New Wave e aqui pontua um dos hinos deste estilo, que tantas saudades deixou, "Lucky Number". Será o tema mais conhecido mas não se podem esquecer "I Think We're Alone Now", para os mais desatentos, de hoje, o riff inicial desta música poderia ser os actuais Interpol, "Momentary Breakdown", "Say When" e a dita balada "Too Tender (To Touch)". "Writing On The Wall" tem um começo Swingado mas acaba por revelar-se um tema com uma sonoridade de Leste, tal como "One In A 1.000.000" que respira totalmente a um ritmo tambem característico da zona.
Falta-me só referir a faixa "Tonight", um tema de Nick Lowe, que é um autêntico manifesto de Romantismo, e que incluo sem qualquer preconceito ao lado de outro semelhante que é "Because The Night", escrito na mesma época por Bruce Springsteen para interpretação de Patti Smith. São temas com uma força temática poderosa a que ninguem poderá ficar indeferente. A estrutura musical, apesar de diferente em ambos, é tambem intensa.
A carreira curta de Lene Lovich, que practicamente acabou quando o próprio género acabou tambem, arrancava aqui em alto nível e na altura certa. Uma vez que o género está outra vez a ser revisitado é uma boa altura para voltar a ouvi-la, e ela ainda anda por aí.

2 comentários:

José Alberto Vasco disse...

É isso mesmo, caro Brother Wolf. A mulher cantava que se desunhava e a sua música era mesmo irresitível. Ainda me lembro de o Lucky Number ser um dos temas que mais animava a pista da minha discoteca favorita do passado século: a do Bambi, em S. Pedro de Moel. Recordo-me também de ela ter actuado em Cascais, em 1980, numa noite em que até a Polícia de Choque animou o espectáculo, quer no Pavilhão do Dramático, quer pelas ruas de Cascais fora. Ah grande Lene Lovich!

Brother Wolf disse...

Invejo a oportunidade. Só me resta ficar com os registos magnéticos, que tão bem me sabem. Abraço