domingo, 2 de maio de 2021

Electric Ladyland - THE JIMI HENDRIX EXPERIENCE


1 ... And The Gods Made Love   1:23
2 Have You Ever Been (To Electric Ladyland)   2:09
3 Crosstown Traffic   2:26
4 Voodoo Chile   14:59
5 Little Miss Strange (N. Redding)   2:51     
6 Long Hot Summer Night   3:25
7 Come On (Let The Good Times Roll) (E. King)   4:08
8 Gypsy Eyes   3:42
9 Burning Of The Midnight Lamp   3:38
10 Rainy Day, Dream Away   3:42
11 1983....(A Mermaid I Should Turn To Be)   13:39         
12 Moon, Turn The Tides...gently gently away   1:00
13 Still Raining, Still Dreaming   4:23   
14 House Burning Down   4:32
15 All Along The Watchtower (B. Dylan)   3:59   
16 Voodoo Child (Slight Return)   5:12   

Depois da meteórica ascensão do período britânico, em que se inclui a gravação e edição dos dois primeiros álbuns com a Jimi Hendrix Experience em 1967 e que provocou sérios danos por terras de Sua Majestade, Jimi Hendrix regressou aos EUA ainda nesse mesmo ano para consolidar o seu estatuto no Festival de Monterey e gravar finalmente em solo norte americano. 

Editado em outubro de 1968, Electric Ladyland é o terceiro registo de estúdio da Jimi Hendrix Experience e será também o último da formação. Gravado no intervalo das datas que iam surgindo para tocarem pelos EUA, o álbum é o resultado de várias experiências em estúdio. Logo que Hendrix regressava a Nova Iorque dirigia-se para o estúdio Record Plant com intenção de explorar e gravar novas ideias num desenfreado processo de criatividade e uma enorme vontade de trabalhar com mais músicos para além do seu trio, o que levou a que Chris Chandler (o manager e produtor do trio) perdesse o controlo da situação ao ponto de abandonar o decurso dos acontecimentos e Hendrix agradeceu.    

Ao assumir o trabalho de produção, Hendrix ficou totalmente livre para trabalhar a seu bel-prazer. As longas sessões de improviso tornavam-se autênticas jams em demanda pelo take perfeito, não dispensava a oportunidade de trabalhar com os músicos que lhe iam surgindo ao longo de todo este processo e dispunha de tempo para explorar e criar novos sons e efeitos. Em suma, o desenrolar de criação de um álbum que não foi planeado como tal, acaba por se tornar no trabalho mais genuíno de Jimi Hendrix. Percebe-se logo ao primeiro impacto que Hendrix está mais solto que nunca e que para além de saber como explorar a guitarra sabe também explorar uma mesa de mistura, construir simples arranjos de teclas e claro que adora perder-se em jams tal como ficou registado em "Voodoo Chile", resultado de uma longa e hipnotizante blues jam com Steve Winwood e Jack Casady, orgão e baixo respetivamente. 

Em Electric Ladyland a música flui naturalmente e os estilos sucedem-se tendo o blues rock como base mas ora excedendo-se ora apontando para rotas inesperadas. A sessão de "Rainy Day, Dream Away", gravada com Mike Finnigan em orgão Hammond, Buddy Miles na bateria, Freddie Smith em sax e Larry Faucette em congas, começa com um groove funky que logo se transforma numa peculiar sessão de blues sendo recuperada mais tarde, com uma abordagem mais vigorosa, como "Still Raining, Still Dreaming". "1983....(A Mermaid I Should Turn To Be)" revela o extremismo de uma peça longa cuja essência reside na excelência de uma harmonia de caráter experimentalista. A excessividade de takes para tentar atingir a perfeição da emblemática "Gypsy Eyes" é outra das histórias reveladoras dos excessos da sessões. 

Igualmente interessante, o surpreendente resultado da inclusão de três músicas não originais de Hendrix; "Little Miss Strange" é uma composição original do baixista Noel Redding, que carrega todas as caraterísticas da pop britânicas à época, "Come On (Let The Good Times Roll)" é um original de Earl King que Hendrix destila com gosto e destreza e "All Along The Watchtower", original de Bob Dylan, fica para a história como uma das versões que ultrapassa o original. 

Electric Ladyland é o álbum em que melhor se entende como todo o universo musical girava à volta de Jimi Hendrix. A energia que emana da sua musicalidade é contagiante e apaixonante e este registo tem ainda tantas outras histórias para contar.

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