quarta-feira, 1 de maio de 2024

A Pagan Place - THE WATERBOYS


1 Church Not Made With Hands (M. Scott)   6:01
2 All The Things She Gave Me (M. Scott)   4:31
3 The Thrill Is Gone (M. Scott)   4:30
4 Rags (M. Scott)   5:17
5 Somebody Might Wave Back (M. Scott)   2:41
6 The Big Music (M. Scott)   4:41
7 Red Army Blues (M. Scott)   8:03
   a) A Song Of The Steppes
   b) Red Army Blues
8 A Pagan Place (M. Scott)   5:12

Editado em 1984, 'A Pagan Place' corresponde ao segundo álbum de originais para os Waterboys, projeto do escocês Mike Scott que no primeiro registo da "banda" assumiu todo o trabalho de compor e gravar, tocando a grande maioria dos instrumentos. Por aqui se podia afirmar que, de início, este seria o projeto a solo do notável e talentoso músico escocês mas a sua real pretensão baseava-se na evolução dos Waterboys como uma banda, na verdadeira aceção da palavra, que seria sustentada por vários músicos que podiam variar de disco para disco. 

Os Waterboys foram aparecendo a pouco e pouco enquanto Mike Scott ia também gravando as suas composições, aproveitando as capacidades disponíveis de cada um. 'A Pagan Place' é como que um reflexo da evolução da banda e contém músicas gravadas em diferentes períodos de tempo; "The Thrill Is Gone", "All The Things She Gave Me" e "Red Army Blues", pertencem ainda a sessões de gravação feitas em Novembro de 1982, "Church Not Made With Hands", "The Big Music", "A Pagan Place" e "Rags", correspondem a sessões de gravação efetuadas no Outono de 1983, enquanto que apenas "Somebody Might Wave Back" foi gravada em 1984, o ano de edição do registo. 

Nas gravações de 1982, Mike Scott contava já com a participação de Anthony Thistlethwaite no saxofone e também no bandolim, Kevin Wilkinson na bateria e Tim Blanthorn no violino. O baixista Nick Linden partilhou alguns dos momentos com Mike Scott. Para as sessões de 1983, Scott evidencia um bom entrosamento musical com Thistlethwaite e Wilkinson, a que se vão juntar o pianista Karl Wallinger e o trompetista Roddy Lorimer. A primeira formação dos Waterboys, como uma banda mais completa, ficava assim definida para os próximos tempos. 

Apesar da diferença temporal que separa os períodos de gravação, percebe-se haver um estilo que define a sonoridade de Mike Scott. As canções seguem uma linha predominantemente rock em que se sente o espairecer da naturalidade da música folk. É um trabalho tão natural e sincero que resulta de um percurso feito com aptidão e gosto, embalado pelo objetivo de alcançar a almejada big music. E pode-se dizer que ela está aqui. Não nos moldes mais elevados mas numa vertente mais singela e bem conseguida, determinada certamente pela vontade e devoção de uma entrega de corpo e alma para com todo o processo.  

A firmeza de "The Big Music" é realmente o ponto alto do registo com a altivez e distinção da sua riqueza musical. Segue-se-lhe o sentido dramatismo de "Red Army Blues", numa composição triste mas tão cheia de significado, cuja introdução é feita através de um pequeno apontamento coral para "A Song Of The Steppes", uma das melodias clássicas da música Russa. A sucessão ordenada por este escriba dita ainda, preferencialmente, que "Somebody Might Wave Back" é o momento que se segue, por também evidenciar alguma daquela grandiosidade atrás descrita. "Rags" é intensa, vigorosa e expansiva, a moderada musicalidade de "All The Things She Gave Me" é agradável e atraente, enquanto que "Church Not Made With Hands é suficientemente enérgica mas pouco expressiva. Em "The Thrill Is Gone" encontra-se a sonoridade folk que os Waterboys iriam explorar alguns anos depois e o registo encerra com a faixa homónima ainda sob o desígnio de algum teor acústico. 

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