segunda-feira, 11 de setembro de 2023

Goo - SONIC YOUTH

 

1 Dirty Boots (Sonic Youth)   5:24
2 Tunic (Song For Karen) (Sonic Youth)   6:17
3 Mary-Christ (Sonic Youth)   3:08
4 Kool Thing (Sonic Youth)   4:04
5 Mote (Sonic Youth)   7:36
6 My Friend Goo (Sonic Youth)   2:18
7 Disappearer (Sonic Youth)   5:08
8 Mildred Pierce (Sonic Youth)   2:12
9 Cinderella's Big Score (Sonic Youth)   5:50
10 Scooter + Jinx (Sonic Youth)   1:00
11 Titanium Expose (Sonic Youth)   6:26

A cumprirem praticamente dez anos de uma carreira autónoma e intensamente radical pelos meandros musicais mais alternativos da década de 1980, os norte-americanos Sonic Youth assinavam por uma grande editora, a Geffen, em 1990. Num ato de inteligência, a banda tinha a clara noção de que possuía a experiência e historial suficiente para enfrentar as condições de uma grande corporação discográfica que os podia suportar mesmo sabendo que não eram uma banda comercial mas que no entanto poderiam trazer outros contributos artísticos e comerciais para a editora. (Foram os Sonic Youth quem encaminhou os Nirvana para o catálogo da DGC (David Geffen Company), companhia subsidiária da Geffen Records, cujo álbum 'Nevermind' permanece ainda como o registo mais vendido da editora.)     

O que para muitos seria visto como uma traição, para os próprios Sonic Youth era encarado como um novo e aliciante desafio para a sua dignidade ao ponto deles próprios formarem uma questão: Até que ponto seria, uma produção sustentada por valores monetários bem mais elevados, capaz de afetar o som, nada convencional, da banda?

Os Sonic Youth nunca renegaram as suas 'origens' no wave, estilo nascido e estabelecido em Nova Iorque, nos finais da década de 1970, determinado em cortar todas as ligações com a tradição do rock'n roll. Afinações alternativas, feedback, dissonância e ruído, caraterizam a sua sonoridade desde sempre mas a harmonia foi progredindo naturalmente, nomeadamente ao nível vocal, e em 1990 os Sonic Youth eram mais acessíveis mas souberam manter-se impressionantemente dissonantes e irresistíveis. São estas as caraterísticas que se encontram em 'Goo', oficialmente registado como o sétimo álbum da banda em estúdio.  

Em 'Goo', os Sonic Youth permanecem firmes no universo musical criado pelo imenso poderio da perfeita combinação das guitarras de Thurston Moore e Lee Ranaldo, que provocam o efeito de uma envolvência delirante, sustentada numa estrepitante amálgama de dissonâncias produzidas por uma das duplas mais radical na forma de explorar a mecânica do som. É neste ponto que os Sonic Youth se separam do punk, onde buscam alguma da sua atitude. A música dos Sonic Youth é inteligente e muito mais complexa e expansiva do que o punk

"Mary-Christ" e "My Friend Goo" aproximam-se bastante do formato da canção punk - curta, direta e fácil - "Mildred Pierce" e "Scooter + Jinx" são dois apontamentos instrumentais, de caráter sombrio e algo corrosivo, mas a verdadeira força do registo encontra-se bem vincada no restante alinhamento. "Tunic", um tributo escrito pela baixista Kim Gordon a Karen Carpenter, "Kool Thing", que inclui uma intervenção do rapper Chuck D dos Public Enemy, "Mote" e "Disappearer", são peças ácidas e fundamentais na identificação da sonoridade 'atual' dos Sonic Youth, a que se juntam "Dirty Boots", que mereceu algum destaque como single, "Cinderella's Big Score", que expõe algum regresso ao passado, enquanto "Titanium Expose" soa menos impactante, mas não menos importante, pelo que tem uma presença algo discreta perante o restante alinhamento.

Sem comentários: