segunda-feira, 25 de setembro de 2023

Steps Ahead - STEPS AHEAD

 

1 Pools (D. Grolnick)   11:14
2 Islands (M. Mainieri)   6:24
3 Loxodrome (E. Gomez)   5:25
4 Both Sides Of The Coin (M. Brecker)   6:10
5 Skyward Bound (M. Mainieri)   4:03
6 Northern Cross (P. Erskine)   5:49
7 Trio (An improvisation) (M. Brecker/E. Gomez/M. Mainieri)   7:31

Formados inicialmente, em 1979, como um grupo para curtir umas sessões ao vivo no bar nova-iorquino '7th Avenue South', pertença dos irmãos Randy e Michael Brecker, os Steps eram compostos por um naipe de músicos extraordinários, sob liderança do vibrafonista Mike Mainieri. O grupo completava-se com músicos distintos e de elevado calibre, como o contrabaixista Eddie Gomez, o saxofonista Michael Brecker, o pianista Don Grolnick e o baterista Steve Gadd. Eram estes os Steps originais, que depois de gravarem três álbuns, apenas editados para o mercado japonês, se tornariam nos Steps Ahead, com uma formação renovada em que Don Grolnick e Steve Gadd foram respetivamente substituídos por Eliane Elias e Peter Erskine. A alteração do nome deveu-se simplesmente a questões de direito autoral relativamente ao nome Steps, já legalizado por uma banda da Carolina do Norte, mas acaba por ajudar a distinguir as duas fases iniciais da banda.   

A orientação inicial dos Steps passava por manter a rigorosidade de uma sonoridade essencialmente acústica, a alma do jazz, que fluía de forma tão natural e espontânea através da fusão dos estilos que caraterizavam cada um destes músicos. O grupo optou por manter a mesma estética neste registo de 1983, o primeiro já como Steps Ahead - título homónimo e o sub-título "introducing Eliane Elias" - que acaba por servir de ponte para a posterior fase elétrica. 

'Steps Ahead' é pois um registo praticamente acústico. A exceção recai apenas no uso subtil de algum processamento de sintetizador no vibrafone de Mike Mainieri, efeito mais percetível em "Trio", a faixa improvisada, com algum caráter vanguardista e de música de câmara, que encerra o álbum de forma bem distinta. De resto, o álbum sobressai por apresentar uma dinâmica excitante, mercê da elevada qualidade técnica e empenho destes músicos, que remete o ouvinte para o nível de energia e vigor da música eletrificada. É um trabalho estupendo, sem momentos enfadonhos ou que possam causar algum desinteresse momentâneo. 

O registo inicia com a apelativa "Pools", herança de Don Grolnick, e logo se percebe que Michael Brecker, Eddie Gomez e Peter Erskine estão endiabrados, enquanto que Mike Mainieri se mantém atento e fluído nas lâminas e Eliane Elias parece estar reservada nalguma timidez a aguardar o momento de se mostrar. E é com a sequência das duas músicas seguintes, no aroma latino de "Islands" e no swing desenvolto de "Loxodrome", que Eliane Elias recebe algum espaço para soltar o seu charme e enquadrar definitivamente na dinâmica do grupo. "Loxodrome" flui numa torrente estonteante de jazz sob o predominante andamento da possante secção rítmica, sensação que reaparece em "Northern Cross", uma composição da autoria de Peter Erskine que sobressai pelos mesmos motivos. Em "Both Sides Of The Coin", Michael Brecker demonstra estar ao seu melhor nível através da primorosa e desembaraçada execução de uma peça de sua autoria. Em "Skyward Bound" percebe-se a excelência de uma balada límpida e muito bem delineada nas delirantes vibrações das lâminas de Mike Mainieri. O registo encerra com o sabor deveras especial da distinta "Trio", já atrás referida.

Jazz moderno, refrescante e disciplinado, com personalidade e capacidade para cativar audiências alguns passos mais à frente.

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