sexta-feira, 28 de julho de 2023

King For A Day, Fool For A Lifetime - FAITH NO MORE

 

1 Get Out (Faith No More)   2:17
2 Ricochet (Faith No More)   4:28
3 Evidence (Faith No More)   4:53
4 The Gentle Art Of Making Enemies (Faith No More)   3:28
5 Star A.D. (Faith No More)   3:22
6 Cuckoo For Caca (Faith No More)   3:41
7 Caralho Voador (Faith No More)   4:01
8 Ugly In The Morning (Faith No More)   3:06
9 Digging The Grave (Faith No More)   3:04
10 Take This Bottle (Faith No More)   4:59
11 King For A Day (Faith No More)   6:35
12 What A Day (Faith No More)   2:37
13 The Last To Know (Faith No More)   4:27
14 Just A Man (Faith No More)   5:35      

'King For A Day, Fool For A Lifetime' foi oficialmente editado em 1995, como o quinto registo de estúdio para os norte-americanos Faith No More. À semelhança dos registos anteriores, este álbum é um nicho de versatilidade abrangente, com capacidade de levar o ouvinte para uma viagem imprudente e algo indefinida, através de desígnios inconstantes em que a empolgante precisão dos detalhes cria ansiedade pelo momento seguinte. Confuso? Nem por isso. Isto é apenas uma amostra descritiva do que estes californianos podem fazer.  

Vários são os géneros, mundos e estilos, que podem surpreender a cada momento da audição. O jazz dissimulado na leve subtileza da guitarra elétrica em "Evidence", a excitação funk/jazz que o naipe de sopros incute a "Star A.D.", a curiosa nuance latina que perfuma "Caralho Voador" e a incrível sobriedade de "Take This Bootle", são momentos minuciosos que funcionam como contrapeso num álbum de medidas excessivas, imprecisas e, ainda assim, profundas, que culminam na inebriante "Just A Man", iniciada por algum exotismo nipónico que muda para um coro angelical e encerra o registo em êxtase divino, mas há mais.

O vocalista Mike Patton é uma personagem onomatopeica, senhor de uma voz ampla e de um caráter bem distinto e impressionante, capaz de interpretar seja o que for nos mais diversos cenários, e os cenários são essenciais e abundantes no processo criativo dos Faith No More. As músicas desenvolvem-se no furor de autênticos episódios de ação desenfreada, intercalados pela doce harmonia de momentos de pura lucidez ou pelo organizado descontrolo de um extremismo total. Os melhores exemplos da amplitude musical que os Faith No More podem percorrer música a música estão aqui bem evidentes em "The Gentle Art Of Making Enemies", "Cuckoo For Caca", "Ugly In The Morning", "Digging The Grave", "King For A Day" e "What A Day".

Este é também o primeiro registo da banda sem o guitarrista Jim Martin, a vertente heavy-metal da banda, que foi substituído por Trey Spruance, companheiro de Mike Patton no projeto paralelo Mr. Bungle. A passagem de Spruance pelos Faith No More resume-se a este trabalho apenas, em que a imponência da sua guitarra ficou bem vincada. Nunca as guitarras soaram tão expressivas e completas em registos anteriores. Uma participação menor que o habitual do teclista Roddy Bottum, a atravessar, por esta altura, uma fase mais complicada da vida, também pode ter contribuído para a elevação das guitarras no registo mas ainda assim sente-se bem a presença de Bottum ao longo do registo e o quanto ele é importante na identificação da sonoridade da banda. A secção rítmica mantêm-se impecável com os incontornáveis Billy Gould e Mike Bordin, respetivamente baixo e bateria, a garantirem o apoio seguro à cadência da banda.

Sem dúvida, um dos álbuns mais interessantes dos Faith No More. 

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