domingo, 12 de dezembro de 2021

The Bride Stripped Bare - BRYAN FERRY


Lado A
1 Sign Of The Times (Ferry)   2:28
2 Can't Let Go (Ferry)   5:14
3 Hold On (I'm Coming) (Hayes/Porter)   3:37
4 The Same Old Blues (J.J.Cale)   3:21
5 When She Walks In The Room (Ferry)   6:23   
Lado B
1 Take Me To The River (Green/Hodges)  4:29
2 What Goes On (Reed)   4:11
3 Carrickfergus (Traditional)   3:46
4 That's How Strong My Love Is (Jamison)   3:17
5 This Island Earth (Ferry)   5:06

Aproveitando o hiato de dois anos em que os Roxy Music decidiram cessar atividade, entre 1976 e 1978, Bryan Ferry deu seguimento à elegância da sua carreira a solo que já tinha sido iniciada em 1973 com "These Foolish Things", um trabalho preenchido na sua totalidade por versões de músicas de autores que o carismático líder dos Roxy Music admirava. A tendência de Bryan Ferry para gravar versões manteve-se ao longo da década de 70 mas foi adicionando, a pouco e pouco, algum trabalho original. O registo anterior, "In Your Mind" de 1977, já era totalmente composto por músicas originais de Bryan Ferry.

"The Bride Stripped Bare" foi editado em 1978 e ficou registado como o quinto álbum a solo de Bryan Ferry. Volta a ser um registo dominado por versões contando apenas com quatro originais de Bryan Ferry, que nunca escondeu o prazer que tem em interpretar músicas de outros autores. Os alicerces deste trabalho começaram a ser desenhados em Los Angeles, Califórnia, onde Bryan Ferry se encontrava a recuperar do desgaste da última digressão dos Roxy Music e da rutura da sua relação com a modelo Jerry Hall que lhe fugiu para os braços de ... Mick Jagger. O resultado transparece num trabalho bastante pessoal e emocional. 

É um registo carregado pela sobriedade da forte personalidade do frontman dos vistosos Roxy Music. Bryan Ferry entrega-se a uma interpretação calculada para uma "desmedida" seleção musical que vai desde a habitual predileção pela riqueza do repertório soul, aqui representado por "Hold On (I'm Coming)" e pela frescura de uma música mais recente como "Take Me To The River", original de Al Green que os Talking Heads também gravaram neste mesmo ano, o toque Memphis de "That's How Strong My Love Is", a visita ao sempre apetecível repertório blues/rock de J.J. Cale com "The Same Old Blues", a canção folk Irlandesa "Carrickfergus", até aos Velvet Underground de Lou Reed com "What Goes On". Uma fusão de vários estilos e ambientes unidos num álbum só, à semelhança do conceito que o pintor Marcel Duchamp usou para a sua obra artística "The Bride Stripped Bare" (1915-1923) e que dá o título a este registo.

A inebriante presença do charme e carisma com que Bryan Ferry envolve as suas músicas originais é o outro ponto forte do álbum. A destreza rock de "Sign Of The Times" introduz o registo de forma célere e curta concedendo depois espaço para o retrato tortuoso que Bryan Ferry fez da sua estadia em L.A. através de "Can't Let Go". "When She Walks In The Room" é uma peça emocional, com Bryan Ferry ao piano, e "This Island Earth" é um momento ímpar que carrega alguma da enigmática atmosfera que carateriza a sonoridade dos Roxy Music e "revela" o porquê dos Japan de David Sylvian, que editavam o seu primeiro álbum neste mesmo ano de 1978, serem comparados, com alguma regularidade, aos ... Roxy Music.

Sem comentários: