domingo, 10 de outubro de 2021

Border Affair - LEE CLAYTON


Lado A
1 Silver Stallion (L. Clayton)   4:48
2 If You Can Touch Her At All (L. Clayton)   4:35
3 Back Home In Tennessee (L. Clayton)   4:33
4 Border Affair (L. Clayton)   3:47
5 Old Number Nine (L. Clayton)   3:07
Lado B
1 Like A Diamond (L. Clayton)   4:36
2 My Woman My Love (L. Clayton)   5:02 
3 Tequila Is Addictive (L. Clayton)   4:32   
4 My True Love (L. Clayton)   4:36
5 Rainbow In The Sky (L. Clayton/P. Donnelly)   3:33

Um dos cowboys menos conhecidos do grande público, Lee Clayton é uma daquelas personagens solitárias que atravessam o deserto sem preocupações, seguindo apenas o seu caminho. No entanto, Lee Clayton não se livra do facto de que a sua música "Ladies Love Outlaws" seja responsável pelo cunho da denominação Outlaw que deu nome ao movimento dos músicos country que então rompiam radicalmente com a tradição do estilo a meio da década de 70. A música foi gravada por Waylon Jennings em 1972, para o álbum do mesmo nome.   

A simplicidade de Lee Clayton conduziu-o através de uma carreira tímida, honesta e sincera, sem grande pretensão artística que não fosse escrever e tocar a sua música. Após a edição de um discreto primeiro álbum em 1973, Lee Clayton refugiou-se no deserto de Joshua Tree, Califórnia, o qual serviria de referência para o título do álbum que os irlandeses U2 editaram em 1987; o que não deixa de ser curioso porque Lee Clayton já foi várias vezes referenciado pelo vocalista Bono como uma das suas influências. 

Longe de tudo, Clayton dedicou-se a escrever canções para nomes como Waylon Jennings, Tom Rush, Jerry Jeff Walker ou Willie Nelson, até que em 1977 decidiu regressar a casa e, inclusive, assinar contrato com a Capitol para a edição dos seus trabalhos. Editado em 1978, Border Affair foi o primeiro de três álbuns que marcaram o período mais produtivo da curta carreira discográfica do norte-americano Lee Clayton.

Border Affair é um registo manifestamente country-rock, cujo alinhamento é complementado pela genuinidade de canções modestas e pela prestação de uma banda capaz de transmitir a naturalidade que emana da escrita de Lee Clayton, que para além de ser o autor de todas as músicas que compõem o registo assume-se como vocalista, guitarrista ritmo e ainda se presta à harmónica. A seu lado assinala-se a distinta importância da presença de um guitarrista de alto calibre como Philip Donnelly, de origem irlandesa. Donnelly é fundamental no resultado final deste álbum pela precisão cirúrgica das suas intervenções eletrizantes que rasgam o álbum de forma ordenada e bem medida. Partilha também a co-autoria de "Rainbow In The Sky" com Lee Clayton. 

A curiosa aparição de uma pequena secção de sopros, composta apenas por um trompete e um saxofone, logo nas duas primeiras músicas, começa por dar um brilho interessante ao registo, "If You Can Touch Her At All" até soa como uma bonita melodia country-mariachimas é o vincado western de "Back Home In Tennessee" que mostra realmente onde se está. Em "Old Number Nine" Clayton cria um peculiar momento nashville com uma canção sobre um avião, provavelmente o seu, pois Clayton fez três anos de carreira de piloto de aviação na força aérea norte-americana nos anos 60. "Like A Diamond" é uma das músicas mais completas, quase rock, e o vício é um tema recorrente nas suas músicas, aqui patente em "Tequilla Is Addictive". Outra particularidade recorrente nas composições de Lee Clayton é uma verdadeira sensibilidade baladeira que aqui se pode encontrar em momentos como, "If You Can Touch Her At All", "Border Affair", "My Woman My Love" e "My True Love".

Quando alguém se cruza no caminho de Lee Clayton, dificilmente escapa ao encanto natural da sua espontaneidade. 

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