terça-feira, 15 de junho de 2021

Love Jones - JOHNNY "GUITAR" WATSON


Lado A
1 Booty Ooty   5:06
2 Love Jones   4:44
3 Going Up In Smoke   4:31
4 Close Encounters   6:35
5 Asante Sana   0:53
Lado B
1 Telephone Bill   4:45
2 Lone Ranger   6:32  
3 Jet Plane   3:38
4 Children Of The Universe   5:10

Apesar de venerado e referenciado por nomes maiores como Frank Zappa, Etta James ou Stevie Ray Vaughan e certamente uma das inspirações para Jimi Hendrix, Johnny "Guitar" Watson é um dos nomes subestimados dentro do panorama musical anglo-saxónico. 

Com origens nos blues, onde se evidenciou pela forma ousada como explorava a sua guitarra, Watson era um músico completo que para além de tocar piano e bateria, compunha, gravava e produzia os seus próprios trabalhos, tendo apenas de recorrer ao serviço de músicos de instrumentos de sopro, quando necessário, para completar as suas obras. Era também detentor de um registo vocal notável que quando aliado à solidez da sua expressividade musical proporciona uma combinação explosiva.

As mudanças de época e estilos fizeram com que Johnny "Guitar" Watson se fosse reinventado ao longo da sua carreira como meio de sobrevivência. Ao chegar à década de 70 percebeu que o funk dominava e logo se adaptou ao género. "Love Jones", editado em 1980, encaixa ainda neste período eletrizante em que Watson podia rivalizar com George Clinton e os seus P-Funk/Parliament.  

Um trabalho claramente dominado pelo espírito funk, com algumas infusões soul e R&B, em que Watson já não se destaca tanto pelo seu trabalho de guitarra, praticamente "limitado" à excelência de pontuais solos que ainda carregam a sua escola de blues, mas sim pela compleição do seu trabalho onde para além da evidência do seu empenho musical é notória a satisfação e a alegria com que Watson brinda as suas músicas. Uma conduta impecável e uma entrega divertida que também pretende divertir quem ouve e tirar o máximo partido da audição. 

O registo abre em grande ritmo com a boa disposição do pulsante funk de "Booty Ooty" a que se segue a quente balada soul/funk que dá título ao álbum, interpretada em dueto mas não há créditos que identifiquem a segunda voz. A excitante dinâmica funk regressa logo em "Goin' Up In Smoke" e daqui passa-se para a maravilhosa frescura do exotismo bossa nova de "Close Encounters", cuja introdução é feita por um scat irresistível e deveras cativante. O lado A encerra com "Asante Sana", uma espécie de cântico ritualista. 

O lado B começa com atenção redobrada para o precoce rap de "Telephone Bill", comumente referido como uma das primeiras gravações do género. "Lone Ranger" é uma recuperação mais desenvolvida de "I Don't Want To Be A Lone Ranger", que Watson editou em 1975, e contêm outro belo momento scat. "Jet Plane" é um blues com caraterísticas gospel (à la Ray Charles) e "Children Of The Universe" limita-se a encerrar o álbum em modo auto-biográfico. 

Não há créditos atribuídos no álbum mas as pesquisas revelam que o naipe dos sopros era constituído por Albert Wing, Bruce Fowler e Walt Fowler, que o produtor assistente Emry Thomas terá sido o baterista em "Booty Ooty" e Ron Brown o pianista em "Children Of The Universe". O restante trabalho foi gravado e produzido por Johnny "Guitar" Watson sozinho.

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