sexta-feira, 4 de junho de 2021

10.Um - XIZ


1 A Tua Moral É Imoral   2:59   
2 Radio Está Ga Ga   3:07
3 Erros Meus, Erros Teus   2:34   
4 Deixar Limpo   3:06   
5 Relacionamentos Sãos   3:42
6 Tenho Um Segredo   2:38   
7 Ana Maior Que O Amor   1:59
8 2 Que Não Sabem Dançar   2:53
9 O Que Me Falta Fazer   3:40      
10 Animais Soltos   2:56
11 Sais Às Dezoito   3:00
12 Continua A Falar   3:21      
13 Escrever Canções   1:50

Manolo é o nome pelo qual o baixista português Ângelo Cardoso é carinhosamente reconhecido dentro do circuito musical de Leiria, arredores e mais além. Um resistente do circuito das denominadas bandas de bares, caminho que percorre há muitos anos, Manolo é um músico experiente que apesar de estar ligado às covers gosta de criar a sua própria música e conta ainda com diversas passagens por bandas de originais e uma notória participação, com a banda Bar-A-Bar, na gravação do álbum "Alta Vai A Lua" do ex-Jáfu'mega Luís Portugal, em 1995.

Há tantos anos a tocar as "músicas dos outros"; a ambição de ter o seu próprio trabalho foi crescendo naturalmente mas faltava uma ocasião que proporcionasse o momento ideal para uma dedicação mais intensa à sua música. Em 2020, o ano da pandemia causada pela propagação do novo coronavírus SARS-COV-2, as atividades musicais como concertos em bares, festivais, salas de espetáculo ou estádios foram forçadas a parar totalmente e Ângelo Cardoso viu aqui a oportunidade de fazer, finalmente, o que tinha de ser feito. Uma vez que não havia possibilidade de tocar ao vivo pôde dedicar-se, em casa, à criação do seu próprio trabalho, para o qual assumiu a nova denominação Xiz (o i é invertido).  

É desta forma que surge o álbum 10.UM. Uma edição de autor em 2021, com treze músicas originais, todas escritas em Português, que se movem entre a carga do rock mais ligeiro, com tendência pop, algum teor crítico e pontuais piscadelas de olho à sonoridade bossa nova. Xiz assume a interpretação vocal, o baixo, a guitarra ritmo e os teclados em grande parte das músicas mas conta ainda com o precioso auxílio de várias colaborações, requisitadas a habituais parceiros de palco e de outras aventuras.    

O registo apresenta-se com uma estrutura musical muito direta, é notória a quase ausência do formato convencional verso-refrão-verso, tal como direta é também a sua abordagem lírica. Xiz canta sobre desilusões quotidianas como a indignação política de "A Tua Moral É Imoral", o desgaste radialista de "Radio Está Ga Ga" ou a má-língua em "Continua A Falar", é ecológico em "Deixar Limpo" e "Animais Soltos", sabe ser divertido em "2 Que Não Sabem Dançar", enamorado em "Ana Maior Que O Amor" e homenageia os colegas que, como ele, fazem da música um prazer pós-laboral em "Sais Às Dezoito". Em suma há de tudo um pouco.

Musicalmente, há por aqui muito boas ideias mas algumas músicas denunciam-se precipitadas. Um pouco mais de detalhe ou cuidado podiam ter melhorado momentos como "Radio Está Ga Ga", "Erros Meus, Erros Teus", "Relacionamentos Sãos", "Tenho Um Segredo", "Sais Às Dezoito" e "Escrever Canções", que até daria um bom rap certamente.

As peças mais sugestivas encontram-se no dinamismo de "A Tua Moral É Imoral", na cristalinidade latina de "Deixar Limpo" e na alegria pop de "O Que Me Falta Fazer" mas o destaque absoluto vai para o delicioso sabor latino de "2 Que Não Sabem Dançar" e para a firmeza de "Continua A Falar" que são manifestamente as músicas mais completas e bem conseguidas desta edição.   

Interessante também a abordagem que Xiz faz para intimidade maior de uma bonita dedicação em "Ana Maior Que O Amor" e no manifesto ecológico "Animais Soltos", duas composições em que assume sozinho toda a interpretação.

No final fica a promessa de que haverá um upgrade com 10.DOIS.

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