domingo, 17 de janeiro de 2021

On The Edge Of Tomorrow - STEVE COLEMAN AND FIVE ELEMENTS


1 Fire Revisited (S. Coleman)   4:48
2 Fat Lay Back (S. Coleman)   2:12
3 I'm Going Home (Kevin B. Harris)   2:58
4 It Is Time (G. Haynes)   2:06
5 (In Order To Form) A More Perfect Union (S. Coleman)   6:56
6 Little One I'll Miss You (B. Green)   4:33
7 T-T-Tim (S. Coleman)   1:54
8 Metaphysical Phunktion (K. Bell)   4:49
9 Nine To Five (S. Coleman)   1:40
10 Profile Man (S. Coleman)   2:54
11 Stone Bone (Can't Go Wrong) (S. Coleman)   6:41
12 Almost There (Kevin B. Harris)   2:06
13 Change The Guard (S. Coleman)   6:01

Editado em 1986, este é um dos álbuns em que o saxofonista norte americano Steve Coleman se apresentou finalmente em registo discográfico com o projeto Five Elements. Um coletivo que vinha do percurso das ruas e pequenos bares de Nova Iorque, composto por uma formação jovem, de sangue fervilhante e muita vontade e aptidão para saltar convenções, que se rege por uma orientação concetual denominada M-Base (acrónimo para Macro-Basic Array of Structured Extemporizations) desenvolvida por Steve Coleman e pelo trompetista Graham Haynes. 

O conceito é um pouco mais complexo mas no fundo trata-se de uma perspetiva pessoal que ambiciona um desenvolvimento musical centrado na evolução criativa através da experiência do momento, a importância do improviso, sem limites estruturais, e que não pretende ser conetado com jazz, que Coleman considera ser apenas uma palavra sem qualquer significado. O seu interesse é que todos se foquem no processo criativo do momento em que se vive e se toca, experiência esta que deve ser também vivida pelo ouvinte, absorvendo e utilizando toda a série de influências que chegam diariamente de todo o mundo, evitando as limitações criadas pelas definições dos géneros musicais.

Contrariando o conceito original do seu líder, "On The Edge Of Tomorrow" é indubitavelmente um registo funky, com muito jazz e até mesmo algum hip-hop. Um trabalho manifestamente ousado e imprevisível, detentor de uma frescura sonora bem dinâmica que se evidencia como uma orgia sonora em que todos contribuem para o seu momento mas de forma ordenada. 

Metade do registo é composto por pequenas composições que parecem ter sido elaboradas como bases de improvisação mas que não vão muito além dos dois minutos. Apesar de curtas apresentam uma estrutura de composição muito rica que em prestações ao vivo podem ser realmente mais prolongadas. A outra metade do registo manifesta-se em peças bastante sólidas, ritmicamente poderosas, que impressionam pela força, dinamismo e segurança deste coletivo no seu todo. Exceção, pela sobriedade da voz de Cassandra Wilson, na interpretação de "Little One I'll Miss You", original de Bunky Green, um saxofonista norte americano que Steve Coleman admira e respeita.   

Para além da evidência das capacidades técnicas desta formação sobressai ainda a expressão das suas vozes que têm um papel igualmente preponderante, evidenciado não pelo formato de canções mas por jogos de palavras que intervêm como elemento rítmico ou pela força do poder da palavra em si.

Um trabalho inovador, situado algures no limiar do amanhã, feito com a determinação e propósito de criar música não estereotipada através da experiência coletiva. No entanto, conceitos e teorias serão sempre discutíveis ...

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