domingo, 1 de junho de 2025

La Pop End Rock - UHF - CD01


1 Nascer/Os Primeiros Acordes (António M. Ribeiro)   3:51
   a) Nascer
   b) Os Primeiros Acordes
   c) Comprei Uma Guitarra Eléctrica
   d) Uma Hora Fantástica (Na Garagem)
2 Sem Disfarce (António M. Ribeiro)   2:07
3 O Presságio Da Fada (António M. Ribeiro)   2:06
4 O Primeiro Concerto (António M. Ribeiro/F. Delaere)   3:54
5 E Ele Escreveu Genial (I) (António M. Ribeiro)   0:55
6 Um Anjo No Meu Quarto (António M. Ribeiro)   4:57
7 Fora Da Garagem, Já! (A. Côrte-Real)   1:22
8 Quero Um Lugar No Top Inglês (António M. Ribeiro)   1:16
9 O Velho Pastel De Belém Rosna (António M. Ribeiro)   1:22
10 Uma História Com (A)Gente (António M. Ribeiro)   3:38
11 A Legenda E A Lenda (II) (António M. Ribeiro)   1:07
12 Era Nani (E Era Minha) (António M. Ribeiro)   3:42
13 Rumo Ao Céu (Não Dói Nada) (António M. Ribeiro)   4:52
14 Do Céu Ao Inferno (António M. Ribeiro)   6:31
15 Joey Ramone (Tributo) (António M. Ribeiro)   3:16
16 A Noite Inteira (António M. Ribeiro)   1:12
17 A Lágrima Caiu (António M. Ribeiro)   4:46

Para todos os efeitos, 'La Pop End Rock' é uma obra conceptual, de caráter autobiográfico, em que António Manuel Ribeiro, um eterno resistente, desde 1978, do denominado rock Português, celebra 25 anos de atividade artística inspirando-se no percurso dos UHF onde ainda permanece como único elemento da formação original. Esta é uma história feita de episódios - e momentos - romanceados que também podiam pertencer ao corolário de muitos outros músicos.

O conteúdo do registo desenvolve-se em dois cd, sob os contornos de uma auspiciosa "opereta rock" que progride ao sabor do sonho, da aventura, da ousadia e ambição, com uma estrutura ponderada e bem equilibrada entre o desenrolar da história e a consequente sequência musical. A obra começou a ganhar raízes no Outono de 2000 e foi editada em 2003

A história começa a desenhar-se na subtileza etérea de uma intro com sabor progressivo, na forma de uma peça instrumental que se reparte por quatro pequenos trechos que representam o princípio do artista; "Nascer/Os Primeiros Acordes". Ainda com cautela, é ao som da doce intimidade do piano e da nobre solenidade das cordas de arco que a timidez destes quatro putos se começa a desvanecer "Sem Disfarce". A predição divina surge determinante e concisa em "Presságio Da Fada" incitando à aventura e o rock acaba mesmo por se revelar com "O Primeiro Concerto".  

Lançadas as bases, logo chegam as primeiras notícias, as críticas, a divulgação e os inevitáveis mexericos. O alinhamento do primeiro cd inclui dois interlúdios que funcionam ao jeito de um coro grego que apregoa as mediáticas "E Ele Escreveu Genial (I)" e "A Legenda E A Lenda (II)", e ainda ri do desdém de "O Velho Pastel De Belém Rosna" e exprime a sua terna devoção para ficar "A Noite Inteira". Pode ainda incluir-se neste peculiar lote de apontamentos musicais a imponência instrumental de "Fora Da Garagem, Já!", o sarcasmo de "Quero Um Lugar No Top Inglês" e "Uma História Com (A)Gente", divertida manifestação de um momento típico que muitos músicos conhecem de ginjeira.

UHF é rock e, apesar deste registo ser uma obra mais detalhada, a adrenalina sobressai nos seus momento adequados. Revelou-se em "O Primeiro Concerto", soa mais convencional e orelhuda com "Era Nani (E Era Minha)" e reaparece bem determinada para um tributo a Joey Ramone, o emblemático vocalista dos Ramones que faleceu em 2001, ainda os UHF estavam a gravar este álbum. A relevância deste tributo reaviva a memória de um momento inesquecível para os UHF quando foram a banda de abertura para as três noites de concertos que os Ramones fizeram em Portugal - Porto e Lisboa - em Setembro de 1980. 

A resenha do primeiro cd conclui-se com um breve destaque para as músicas mais distintas do alinhamento. Conscientemente ou não, é neste parágrafo que se encontram as músicas que evocam dois grandes mitos do rock'n roll - o sexo e as drogas; "Um Anjo No Meu Quarto" é uma peça de rock comedido que permite absorver a essência do rescaldo do artista num quarto de hotel sob a forma de uma nova mulher, o fascínio da veneração, "Rumo Ao Céu (Não Dói Nada)" expõe a oportunidade de cair na tentação estupefaciente, elevada pela crescente amplidão musical que conduz à refletida propagação de um momento de devaneio - à la Jim Morrison - bem sustentado pelo controlo rítmico que banda impõe religiosamente. A primeira parte da obra conclui com a competente ligeireza pop de "A Lágrima Caiu".

O próximo ato prossegue de seguida com o segundo cd ... 

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