sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

Alibi - MANUELA MOURA GUEDES


1 Violetango (R. Reininho/Tóli C. Machado/V. Rua)   3:09
2 A Hora Do Lobo (R. Reininho/Tóli C. Machado/V. Rua)   3:47
3 Equinócio De Outono (R. Reininho/Tóli C. Machado/V. Rua)   4:53
4 Cocktail Party (R. Reininho/Tóli C. Machado/V. Rua)   3:50
5 Prova Oral (R. Reininho/Tóli C. Machado/V. Rua)   1:24
6 Um Óscar (R. Reininho/Tóli C. Machado/V. Rua)   4:11
7 Fortuna É ... (R. Reininho/Tóli C. Machado/V. Rua)   3:21
8 Procuro Um Alibi (R. Reininho/Tóli C. Machado/V. Rua)   4:57
9 O Homem Bala (R. Reininho/Tóli C. Machado/V. Rua)   3:03
10 Cruela (R. Reininho/Tóli C. Machado/V. Rua)   3:19
   TEMAS EXTRA
11 Flor Sonhada (Miguel E. Cardoso/R. Camacho)   4:18
12 Foram Cardos Foram Prosas (Miguel E. Cardoso/R. Camacho)   3:51

O enorme sucesso do single "Flor Sonhada" em finais de 1981, cujo lado B apresenta uma música marcante como "Foram Cardos Foram Prosas", fez de Manuela Moura Guedes a artista do ano em Portugal numa época em que a nova música Portuguesa procurava a direção certa para se expressar. Como consequência do êxito deste single, Manuela Moura Guedes viu-se envolvida na gravação de um álbum que seria composto, produzido e gravado por três elementos dos GNR - Vítor Rua, Tóli César Machado e Rui Reininho.
 
A já conhecida radialista e apresentadora de televisão, não tinha pretensões em ser uma artista pop mas até tinha jeito para cantar. Manuela Moura Guedes gravou três singles entre 1979 e 1981 mas seria realmente o single de 1981 a despoletar a atenção geral da nação para os seus dotes artísticos. A gravação deste single partiu de um incentivo por parte de dois amigos pessoais, Miguel Esteves Cardoso e Ricardo Camacho, que foram também os nobres autores das músicas "Flor Sonhada" e "Foram Cardos Foram Prosas". Para a gravação em estúdio colaboraram; Ricardo Camacho, que assumiu também o trabalho de produção e gravou os teclados, Tó Pinheiro da Silva, guitarra, Vítor Rua, baixo e guitarra, e Tóli, na bateria. 

O álbum 'Alibi' surge como uma reação natural ao sucesso do single para aproveitar o momento e os GNR surgem como uma das bandas em foco na altura. Integrados na mesma editora, Vítor Rua, Tóli e Rui Reininho foram então abordados para compor, tocar e produzir aquele que seria o único trabalho de longa duração para Manuela Moura Guedes. 

Em certa medida, 'Alibi' pode ser visto como uma obra à parte na carreira dos GNR, apesar da participação se cingir a apenas três dos seus elementos. O álbum foi primeiro gravado por estes três músicos, Manuela Moura Guedes acrescentou depois a voz sobre o material previamente registado. O resultado revela um trabalho interessante dentro dos cânones evolutivos da música moderna Portuguesa através de uma estética pop, plástica e ousada, a que o País não estava ainda habituado. Tamanho arrojo, ou até mesmo alguma incompreensão, provocou o desprezo pelo registo ao ponto de que algumas rádios nem se atreviam a passá-lo, em parte muito devido à fantástica e delirante lírica de Rui Reininho.

É assim inevitável não identificar o traço da banda Portuense ao longo de todo o registo mas torna-se mais evidente em momentos como, "Violetango", "Hora Do Lobo", "Cocktail Party", "Um Óscar" e "Procuro Um Alibi". A sensibilidade lírica dos GNR ganha algum ênfase em "Equinócio De Outono" e "Fortuna É ..." e a música dos Talking Heads é uma clara influência para os GNR deste período e encontra-se descaradamente pronunciada em "Cocktail Party". O álbum encerra com a estranheza pop western de "O Homem Bala" e com uma parábola rítmica muito ao jeito dos ... Heróis do Mar.  

A edição aqui apresentada refere-se à reedição em formato CD pela Som Livre, Som e Imagem Lda., com licença exclusiva da Valentim de Carvalho. A reedição insere-se na coleção 'Do Tempo Do Vinil', que se propunha a relançar o catálogo da editora com obras que nunca conheceram edição em CD. Para além do álbum 'Alibi', esta edição inclui como extra o já destacado single de 1981 - "Flor Sonhada"/"Foram Cardos Foram Prosas".

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