sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

Still Life - VAN DER GRAAF GENERATOR


  Lado A
1 Pilgrims (Hammill/Jackson)   7:01
2 Still Life (Hammill)   7:16
3 La Rossa (Hammill)   9:41
  Lado B
1 My Room (Waiting For Wonderland) (Hammill)   7:54
2 Childlike Faith In Childhood's End (Hammill)   12:12

Nome incontornável no movimento de rock progressivo britânico, os Van Der Graaf Generator são no entanto uma referência à parte no género por deterem uma personalidade coletiva muito própria e pouco reveladora dos seus intentos como banda, ao ponto de não se sentirem confortáveis com a associação a este género musical. A instabilidade como banda foi uma constante desde o seu início, em 1967, e seria no decorrer da década de 1970 que os Van Der Graaf Generator conheceriam um período de maior produtividade, com a edição de alguns registos notáveis, onde se inclui este 'Still Life' de 1976.

Esta é uma obra de caráter particular, que emana de uma entidade muito própria, cujas dimensões artísticas perpassam o estigma do rock para atingir desígnios intelectuais e filosóficos, aproximando-se assim da sensibilidade emotiva da representação teatral. É aqui que entra a incrível personagem de Peter Hammill; a voz, imagem e liderança do grupo, desde sempre. Uma figura única e bastante admirada no universo da música progressiva cujas qualidades como autor e intérprete são incontestáveis e marcantes. É claramente a sua postura que define a sonoridade complexa e cerebral dos Van Der Graaf Generator. Para reforçar ainda mais o caráter particular desta formação, ela complementa-se com Hugh Banton, no orgão e pedais de baixo, Guy Evans, na bateria, e David Jackson, saxofone soprano, alto e tenor, e flauta. Peter Hammill também toca piano e guitarra em algumas secções. Outra imagem de marca da banda era o saxofonista David Jackson a tocar com dois saxofones ao mesmo tempo.

As cinco peças originais que compõem o alinhamento de "Still Life" sobrevivem no constante dramatismo de uma intensidade musical expressa em férteis encenações racionais, e pouco convencionais, que evoluem através do primor de uma estrutura vigorosa em que a métrica é ditada pelo resoluto andamento dos longos textos de Peter Hammill. "My Room (Waiting For Wonderland)" é a peça mais cativante do registo, com uma melodia fácil de apanhar, que flutua serenamente entre o canto grave de Peter Hammill e o sax soprano de David Jackson até entrar numa aparente catarse musical, mas o verdadeiro sentido artístico deste trabalho encontra-se realmente exposto no restante alinhamento. A consciente ponderação inicial sob a insígnia de "Pilgrims" e "Still Life" é deliciosa e abrangente, o dissoluto vigor de "La Rossa" proporciona a relevância do momento mais dinâmico sendo no entanto na desembaraçada complexidade de "Childlike Faith In Childhood's End" que se revela a verdadeira essência do álbum.

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