quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

Bach - GLENN GOULD - CD02


  Johann Sebastian Bach (1685-1750)
  Concerto para Piano Nº 1 em Ré menor, BWV 1052
1 I. Allegro   08:34
2 II. Adagio   07:08
3 III. Allegro   08:18
  Partita Nº 5 em Sol Maior, BWV 829
4 I. Praeambulum   01:45
5 II. Allemande   01:49
6 III. Corrante   00:41
7 IV. Sarabande   02:02
8 V. Tempo di Minuetto   01:05
9 VI. Passepied   00:48
10 VII. Gigue   01:40
  Partita Nº 6 em Mi menor, BWV 830
11 I. Toccata   09:51
12 II. Allemande   02:05
13 III. Courante   02:19
14 IV. Aria   00:44
15 V. Sarabande   03:40
16 VI. Tempo di Gavotta   00:52
17 VII. Gigue   03:28

O segundo cd desta dupla edição contempla o ouvinte com duas gravações de Glenn Gould, ambas retiradas das edições originais de 1957, nas quais o jovem pianista canadiano mantinha, aos vinte e quatro anos, a sua enorme devoção à obra memorável de Johann Sebastian Bach. Estas gravações possibilitam ouvir Glenn Gould como solista com a Columbia Symphony Orchestra, sob direção do prestigiado maestro norte-americano Leonard Bernstein (1918-1990), para a interpretação do "Concerto para piano nº1 em ré menor", e depois apenas como executante solo da "Partita nº5 em sol maior" e da "Partita nº6 em mi menor".

Calcula-se que o formato musical 'concerto' surgiu em Itália por volta de 1700. A etimologia da palavra italiana 'concerto' designa, por norma, um trabalho em conjunto no qual se evidencia um elemento em particular. 

Bach foi admitido como violinista na orquestra da corte do duque Johann Ernst de Weimar em 1703. O duque possuía uma vasta biblioteca, onde pontuavam inúmeras obras italianas, e terá sido no período em que Bach esteve ao serviço da corte que descobriu o género musical 'concerto', enquanto consultava os manuscritos existentes na biblioteca. Os primeiros concertos eram escritos, na sua maioria, para instrumentos de cordas ou para sopros e Bach sentiu o potencial melódico do género e pensou numa adaptação à sonoridade do cravo. Foi apenas em Leipzig, onde foi investido nas funções de Cantor (o responsável pelo coro de uma igreja) de 1723 a 1750, que Bach começou realmente a compor alguns arranjos com base no conceito do género musical 'concerto'. 

O "Concerto para piano nº1 em ré menor" foi designado, de início, como "Concerto para cravo nº1 em ré menor" e há até quem sugira que tenha sido escrito originalmente para violino, dado ser o concerto mais antigo que Bach compôs. O 'concerto' é composto por três andamentos; inicia com um dinâmico "Allegro", encontra alguma sobriedade no "Adagio" do segundo andamento e regressa ao estimulante dinamismo do primeiro andamento para finalizar em "Allegro". A interpretação de Gould é intensa e muito atenta. 

O termo 'partita' designa uma suite, composta por uma série de andamentos de danças tendo por base a mesma tonalidade. As seis 'partita' que Bach publicou individualmente, por sua conta, entre 1726 e 1730, correspondem à primeira publicação de uma obra sua. As seis 'partita' seriam depois reunidas numa só publicação, em 1731, com o título "Clavier-Übung, Part I" (exercícios para teclado, parte I). Apesar da simpática menção com que o autor atraía a sua clientela, indicando que a obra era destinada 'à agradável recreação dos amadores de música', os intérpretes cedo se apercebiam da complexidade e do elevado grau de exigência técnica que a obra detinha. 

Os "exercícios para teclado" foram sendo completados ao longo da carreira de Bach e tiveram continuidade com o "Concerto Italiano" e a "Abertura Francesa", algumas obras escritas para orgão e ainda as célebres "Variações Goldberg". Não é por isso de estranhar que haja algumas semelhanças entre a abordagem e a interpretação de Glenn Gould para as 'partita' e para as "Variações Goldberg". É bem notória, no entanto, a intensidade e o vigor com que Glenn Gould se entrega à inspirada interpretação das "Variações Goldberg" em contraste com a descontraída gravação das duas 'partita'. Só para virtuosos.

Sem comentários: