terça-feira, 3 de novembro de 2020

Tales From Topographic Oceans - YES - LP01

 


Side A
1 The Revealing Science Of God: Dance Of The Dawn   20:37 
Side B
1 The Remembering: High The Memory   20:46   

À escala do rock convencional, Tales From Topographic Oceans é um monstro. Um registo épico cuja grandiosidade reside na longa estrutura que compõe a totalidade das quatro peças originais incluídas nesta obra dupla, editada em 1973, que para muitos representa o limite do rock progressivo; o excesso de um estilo cuja megalomania conduziu a peças extremas em que cada um dos lados do disco da edição original em vinil contém apenas uma música, com uma duração média de vinte minutos por faixa. A ambição dos Yes vinha a crescer de álbum para álbum e Jon Anderson percebeu que tinha encontrado a base perfeita para este trabalho enquanto lia o livro "Autobiografia de um Iogue" de Paramahansa Yogananda e deparou com as notas de rodapé da página 83 nas quais se descreviam as quatro regras (shastras) que sustentam a religião hindu. Simultaneamente causador de tanta paixão e controvérsia, o álbum foi desenvolvido pelo vocalista Jon Anderson em parceria com o guitarrista Steve Howe enquanto a restante banda contribuiria depois com a sua parte em estúdio. Concluído como uma obra maior, um registo duplo, pleno de ambição e metafísica, composto por quatro longas e meditativas suites, conduzidas pelos textos de Jon Anderson que dedica uma doutrina (shastra) a cada um dos lados do disco, não é um disco para se meter a tocar e deixar correr. É para se ouvir atentamente e experimentar a viagem que Jon Anderson e os Yes propõem. 
O primeiro andamento (shrutis) fundamenta-se na revelação espiritual sob o despertar da alvorada e preenche o lado A do primeiro disco. A interpretação de Jon Anderson domina a maior parte desta peça, com uma introdução vocal bastante interessante que lidera o crescendo que conduz ao início da jornada. A peça flui naturalmente, sem grandes devaneios, passando pelas habituais dinâmicas e segura pela estabilidade e experiência dos Yes para com este tipo de composição. O segundo andamento (suritis) invoca as recordações e a importância da memória, ou uma viagem à experiência do que se aprendeu no passado para se utilizar de forma significativa no presente. Uma peça mais linear e refletiva em que o teclista Rick Wakeman tem a função de criar as camadas atmosféricas necessárias para proporcionar o ambiente que induz os momentos meditativos que interrompem a dinâmica inicial e a voltam a lançar no seu espaço ordenado. Fecha assim a primeira parte desta obra tão delicada.

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