quinta-feira, 17 de março de 2022

Yellow Laughter - ORCHESTRE ROUGE

 

1 Soon Come Violence (T. Hakola/Orchestre Rouge)   3:53
2 Je Cherche Une Drogue (Qui Ne Fait Pas Mal)   (T.Hakola/Orchestre Rouge)   4:43
3 Soft Kiss (T. Hakola/Orchestre Rouge)   3:33
4 Red Orange Blue (T. Hakola/Orchestre Rouge)   4:20
5 Hole In His Thigh (T. Hakola/Orchestre Rouge)   4:54
6 The Consul (T. Hakola/Orchestre Rouge)   4:54
7 Speakerine (T. Hakola/Orchestre Rouge)   4:24
8 Slugs (T. Hakola/Orchestre Rouge)   3:55
9 Crows (T. Hakola/Orchestre Rouge)   5:28
   Bónus Track
10 Kazettlers Zeks (T. Hakola/Orchestre Rouge)   3:42   

O período post-punk francês não foi tão significativo como o seu homólogo britânico, onde o movimento despontou em finais da década de 1970 e de onde se lançaram as sementes que foram florescendo por esse mundo fora. À semelhança de outras bandas europeias, os franceses Orchestre Rouge assimilaram o espírito de rebelião da nova época e entre 1981 e 1983 gravaram os dois álbuns que registam a sua breve passagem por uma das épocas mais distintas do novo rock europeu. 

As origens dos Orchestre Rouge remontam a 1981, em Paris, sendo formados por músicos franceses mas eram liderados pela natureza inquieta da forte personalidade do norte-americano Theo Hakola. Em busca de um ideal de vida libertário e satisfação pessoal, Theo Hakola saiu de casa, em Spokane, Washington, em 1973, com os seus dezanove anos, para procurar um lugar no mundo, demanda que o levou da Guatemala a Espanha e de Nova Iorque a Londres, até se fixar em França no final dessa mesma década.        

Evidenciando ainda alguma da provocação do movimento punk, os Orchestre Rouge foram buscar a sua denominação ao movimento de resistência comunista criado pela extinta U.R.S.S. na Europa durante a Segunda Guerra Mundial. 

Fortemente influenciados pela vertente britânica do post-punk, os Joy Division eram então a principal referência, os Orchestre Rouge gravaram o seu primeiro álbum, "Yellow Laughter", em Manchester, sob a supervisão de Martin Hannett, o esteta por detrás do som de estúdio dos Joy Division. Editado em 1982, o registo contém vários indícios que caraterizam o género desde, composições pulsantes e diretas, o domínio da linha de baixo, elementos reggae e uma voz cénica, articulada e muito expressiva. A marcante referência aos Joy Division fica-se pela grande admiração que os Orchestre Rouge nutriam pela icónica banda de Manchester porque, musicalmente, os franceses apresentam uma postura mais dinâmica e politizada, dentro dos cânones de bandas como os Clash e os Gang Of Four, ou os nova-iorquinos Televison, e bem distante do ambiente gélido e claustrofóbico que carateriza a banda de Manchester.

A edição do álbum foi antecedida pelo lançamento do single "Soon Come Violence", cujo lado B continha um reggae curioso intitulado "Kazettlers Zeks". É precisamente com este single que se inicia a jornada de Yellow Laughter, um arranque entusiasmante que tem continuidade no dinamismo das duas faixas seguintes, "Je Cherche Une Drogue" e "Soft Kiss". Por esta altura já se percebe que Hakola se divide a cantar em inglês e francês, e, aparentemente, até em franglês. O reggae envolve "Red Orange Blue" com a sua ambiência inebriante e conduz a "Hole In My Thigh", uma música linear, sem grandes dinâmicas, mas hipnótica. "The Consul" carrega uma estrutura irregular e interessante, pontuada por uma guitarra bem tratada, enquanto "Speakerine" se evidencia como a faixa que mais se aproxima da sonoridade Joy Division. "Slugs" resulta como outro dos momentos mais bem conseguidos do registo, com um riff de guitarra cativante. O reggae reaparece no final do registo, em "Crows", para encerrar um trabalho importante na medida em que se apresenta como uma obra bem representativa, por parte de uma banda francesa, deste período. 

O álbum foi reeditado em 2007, em formato duplo cd que inclui ainda o álbum 'More Passion Fodder', de 1983, e tem "Kazettlers Zeks", o já mencionado lado B do single "Soon Come Violence", como faixa extra.

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