domingo, 18 de outubro de 2020

Under The Iron Sea - KEANE


1 Atlantic   4:12
2 Is It Any Wonder?   3:05
3 Nothing In My Way   3:58
4 Leaving So Soon?   3:58
5 A Bad Dream   5:02
6 Hamburg Song   4:36
7 Put It Behind You   3:36   
8 Crystal Ball   3:52   
9 Try Again   4:26
10 Broken Toy   6:06         
11 The Frog Prince   4:20

Em Under The Iron Sea, o segundo trabalho de estúdio para os britânicos Keane, editado em 2006, a nobreza das canções pop permanece altiva numa formação que continua a não incluir guitarras mas que teve aqui o arrojo de puxar um pouco mais pelos décibeis. O registo encontra-se afligido por uma ligeira excitação de volumes o que cria uma leve distorção, bastante evidenciada no single "Is It Any Wonder?" cujo efeito de piano distorcido ameaça um riff de guitarra e cria uma dinâmica mais rock do que pop, que se mantêm ativa ao longo do registo. Provavelmente, fruto de uma ideia pré-concebida para compensar a falta de enchimento de outros instrumentos que não existem ou mesmo uma tentativa de aproximação a uma sonoridade mais próxima do rock, mas trata-se de um recurso desnecessário porque as músicas são bastante ricas em harmonia e é por isso que funcionam tão bem. Numa banda em que a voz é sustentada essencialmente por um piano e por uma bateria, os Keane continuam a possuir a capacidade de criar canções bonitas, plenas de harmonia pop, e têm na voz de Tom Chaplin um enorme ponto de honra; a vontade que dá de cantar com ele mas não esquecer que é o pianista Tim Rice-Oxley quem assume o trabalho de escrita e composição e grava inclusive os baixos. 
Under The Iron Sea esconde-se por trás de um reino de fantasia cuja aurora se dá com os cautelosos acordes de "Atlantic", ou o despertar de um sonho, mas tudo se solta logo de seguida com a energia de "Is It Any Wonder?". A pureza e cristalinidade pop com que os Keane deliciaram as audiências no primeiro álbum surge bem destacada em "Nothing In My Way" seguindo-se depois um registo ligeiramente diferente em "Leaving So Soon?" com alguma maturidade sonora e um dos momentos mais moderados deste trabalho. "Bad Dream" é um momento emotivo e arrepiante, outra das maravilhas de harmonização, e leva airosamente até "Hamburg Song" uma música apenas para voz e teclados que soa quase como um exercício a solo, fica mesmo a ideia que Tom Chaplin a poderia cantar sozinho sem qualquer acompanhamento. Em "Put It Behind You" volta a sentir-se o álbum mais próximo da dinâmica rock e encerra-se aqui um capítulo. A candura de "Crystal Ball" transmite um enfâse extraordinário e marca uma transposição no álbum, acentuada pelo efeito dramático de uma intro de quase 3 minutos, feita em contagem decrescente, para a idade da inocência deste registo. A calma e ponderação de "Try Again" interpõe-se para dar depois lugar à curiosa aproximação da sonoridade dos Radiohead em "Broken Toy" e é de forma mágica, no reino da fantasia, que o álbum encerra com "The Frog Prince".

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